REUNIÕES PEDAGÓGICAS: CANAL DE COMUNICAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR.

Lidiane de Souza Assante[1]

Waltair Vieira Machado[2]

 

RESUMO

A elaboração deste artigo foi motivada a partir da reflexão voltada à preocupação com os caminhos da educação, principalmente em relação ao papel do gestor e ao educador no ambiente escolar. A metodologia utilizada baseou-se na pesquisa bibliográfica, com consultas em livros, periódicos e sítios da internet, desta forma buscou-se uma mediação reflexiva da gestão escolar em torno de como se desenvolve as reuniões pedagógicas. Isto porque, tanto o modelo de educação brasileira, quanto às instituições responsáveis pelo ensino, são articuladores de uma política educacional vinculada à realização social. Neste trabalho focou-se a importância de discutirmos formas práticas de atender educadores na atuação escolar por meio de uma prática reflexiva voltada às reuniões pedagógicas. A comunicação interativa entre gestor e educador tornou-se imprescindível para a revitalização da prática pedagógica, portanto, o objetivo deste estudo visou contextualizar e apresentar alguns parâmetros de mudança na realização das reuniões pedagógicas no âmbito escolar. Desta forma, traçaram-se, cenários a respeito da temática e esboçaram-se ações necessárias para que as reuniões pedagógicas: canal de comunicação do gestor escolar possa em parceria com os coordenadores pedagógicos e docentes, ser realizadas com sucesso, qualificando com uma pratica reflexiva de excelência que contribua a melhoria do processo educativo desenvolvido na escola.

Palavras - chave: Gestão Escolar. Reuniões Pedagógicas. Prática Reflexiva.

 

INTRODUÇÃO

 Ao falarmos em gestão escolar, entendemos que se trata de uma ação permeada de princípios e processos vinculados á direção e organização escolar. Mas, hoje, gestão vai além destes princípios, pois seu papel é de um agente integrador e articulador das ações encaminhadas com vista a uma gestão escolar em que todos fazem parte do processo de mudanças organizacionais e pedagógicas de uma escola.

O gestor escolar é o ator principal na busca da participação e envolvimento do grupo escolar no projeto político pedagógico da escola e na tomada de decisões importantes, tendo em vista a melhoria da comunidade adjacente e da própria escola.

A comunicação interativa entre gestor e educador necessita de profissionais que acreditam no processo de construção de novos conhecimentos, metodologias e estratégias, a fim de subsidiar a mudança no contexto do cotidiano escolar a convivência dos indivíduos envolvidos. Nesse sentido, acredita-se que as reuniões pedagógicas, ocorridas mensalmente, bimestral, trimestral e anuais, com a participação de todos os professores da Educação Básica, além de caráter informativo, propõe espaço e discussões e planejamento necessários as ações coletivas direcionadas ao bem comum.

Partindo do pressuposto de que a dinâmica do planejamento e execução de uma reunião pedagógica, a qual visa à comunicação eficaz e a organização das tarefas, bem como alcançar os objetivos das relações interpessoais e da interatividade. E, sendo o gestor e o professor mediador e gerenciador do processo de ensino e aprendizagem, e que ser interativo apresenta uma característica fundamental das relações humanas. Abordar-se-á nesta pesquisa informações como é possível promover uma reunião pedagógica de forma prática/reflexiva que atenda os educadores na atuação escolar conforme o pensamento de Alarcão, Schön e outros intelectuais.

Gestão escolar com qualidade

Gestão costuma ser associada à atividade de chefia ou controle de ações relacionadas a determinadas tarefas atribuídas a outros. Isso decorre do fato de que, cotidianamente, convivemos com o livre arbítrio e a dominação, e quase não nos damos conta disso. Daí, ser compreensível, portanto, que gerir, administrar, seja confundido com “mandar”, “chefiar”.

CHIAVENATO apud LODI (2001, p. 195) diz que:

Para os neoclássicos a Administração (Gestor) consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum. E o bom administrador é, naturalmente, aquele que possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e de esforço e com menos atritos com outras atividades úteis.

A Gestão, portanto, é uma atividade essencial, a qual compete todo esforço humano coletivo, seja na empresa de indústria, de serviços, hospital, igreja etc. As pessoas cada vez mais precisam cooperar com outras pessoas para atingir objetivos. Administrar é coordenar grupos em atividade social.

A gestão escolar para que possa interligar-se com a sociedade a fim de obter como conceito -  a escola como instituição de formação - precisa estar dotada de habilidade para promover, cumprir e sustentar sua principal finalidade, a Educação.

A nova organização escolar requer do gestor a inspiração de iniciativas destemidas, tanto em relação aos professores quanto aos alunos, este por sua vez, precisa ser a escola e o aluno, e o professor deve ser sua sina.

Hoje a gestão é mais uma questão de princípios e de habilidade próprias que favoreça qualidade no estar juntos.

O gestor escolar, hoje, é aquele que compreende antes de agir, buscando utilizar a reflexão e julgamento, apoiado na informação e vivência internas, ricas e variadas mais do que em instrumentos prontos. E, sobretudo, é aquele que sabe provocar o interesse, a novidade e a capacidade criadora.

O conhecimento e a experiência profissional favorecem uma significação mais completa às decisões e aos atos de gestão.

De acordo com BOSSA (2000, p. 11 e 12), o qual robustece ao falar da aprendizagem escolar a ser empregada em uma instituição de ensino, enfatiza a seguinte afirmação:

Descobrir e aprender devem ser um grande prazer. Se não é, algo está erra do. Costumo dizer que não adianta combater a febre, que é o sintoma, sem identificar e combater a infecção, a causadora do sintoma. É assim com o problema da aprendizagem escolar. É preciso Identificar a causa, e combatê-la e tratar o sintoma.

Então, a identificação das causas dos problemas dentro da instituição e na aprendizagem escolar requer uma intervenção especializada, uma gestão digna e capacitada com reuniões pedagógicas de qualidade, o qual busque resultados positivos para solucionar as situações problemas advindos do contexto escolar. Segundo a Revista Gestão Escolar (2011, p. 23) a:

escola é formada por uma estrutura complexa, sujeita a inúmeras variáveis, que não pode ter uma rotina afetada por imprevistos ou outros problemas que emperram seu funcionamento, impedindo-a de atingir seus resultados, ou seja, a aprendizagem dos alunos.

A gestão da educação é responsável por garantir a qualidade educacional, por se constituir no único mecanismo de humanização de formação de cidadãos. Cujo princípio da educação é comprometer-se com o domínio dos conteúdos que habilitem ao mundo do trabalho, com a “sabedoria” de viver em sociedade respeitando as diferenças, com a construção de um mundo mais justo e humano para todos, independentemente de raça, cor, credo ou opção de vida.

É dessa forma que se imagina o modelo da Gestão Escolar, que está sempre buscando inovar, criar e principalmente renovar. Nada está pronto, há sempre o que melhorar, pois segundo Paro (1998, p.04) ao falar sobre “a gestão da educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola” diz que:

Se está envolvida a educação, é importante, antes de qualquer coisa, levar em conta os objetivos que se pretende com ela. Então, na escola básica, esse caráter mediador da administração deve dar-se de forma a que tanto as atividade-meio (direção, serviços de secretaria, assistência ao escolar e atividades complementares, como zeladoria, vigilância, atendimento de alunos e pais), quanto a própria atividade-fim, representada pela relação ensino-aprendizagem que se dá predominantemente (mas não só) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da educação. Se isto não se dá, burocratiza-se por inteiro a atividade escolar, fenômeno que consiste na elevação dos meios à categoria de fins e na completa perda dos objetivos visados com a educação escolar.

E sabe-se que o gestor não consegue sozinho, dar conta de todas as atividades que uma excelente gestão necessita, pois é imprescindível o exercício da liderança para identificar os problemas, estabelecer e priorizar metas e coordenar ações institucionais. E ainda, é necessário possuir conhecimento técnico, o fazer pedagógico e conhecer os métodos de gerenciamento no qual se permite administrar uma instituição com a participação de toda a comunidade escolar, o aprendizado contínuo da equipe e a divisão de papéis.

A postura do gestor escolar pode estabelecer diferentes ambientes em sua organização. Por exemplo, pode estabelecer um ambiente em que os professores, alunos, funcionários e pais, façam pleno uso de suas potencialidades, para atingir os objetivos da instituição de forma saudável, expressando, abertamente, as suas ideias ou sentimentos; ou pode também, estabelecer um ambiente em que as pessoas se sintam satisfeitas com a organização, com a realidade de suas tarefas sociais. Outro dado significativo é de que o gestor escolar precisa estar atento às peculiaridades que caracterizam a organização escolar, onde trabalham profissionais de diferentes realidades sociais.

A qualidade do ensino deve estar vinculada à avaliação. Não haverá melhoria de qualidade se não houver avaliação, no sentido de reflexão e não de nota. É por meio da reflexão que podemos parar, pensar e perceber os dados negativos do processo, o que precisa ser revisto e o que pode permanecer.

GAVALDON (2003, p. 48) ao falar da qualidade de ensino diz que:

A qualidade não é problema só do professor, mas é um problema de todos os que interferem no processo educacional, principalmente dos destinatários. Qualidade é responsabilidade de cada um e cada um deve assumir a sua parte. Aceitar produtos sem qualidade, uma formação mais ou menos do nosso aluno, é ser um cliente pouco exigente, é  compactuar com a falta de qualidade de ensino, de vida, é se submeter, aceitar o que está aí, é não querer melhorar a própria vida.

O desafio da escola, hoje, é manter em elevado grau a capacidade de leitura do mundo, no tempo histórico em que está imerso. Os alunos devem receber o devido cuidado na escola, considerando-os a vida, a alegria da escola, justamente com suas dores e tristezas que são também as da escola, contribuindo consideravelmente a garantia do ensino com qualidade e de excelência.

GAVALDON (2003, p.15), novamente, afirma que “A educação é a transmissão dos usos e costumes da sociedade em que se vive, transmissão que é levada pelos mais velhos aos mais novos”

É através desta educação base que o indivíduo, para atuar em sociedade, deva ser capaz de compreender e refletir sobre a realidade do mundo o qual está inserida.

Ao mesmo tempo em que há necessidade de conhecer o papel de transformação social, é exatamente nesta escola da vida que se insere o aprendizado.

Com isso nos faz pensar sobre o processo educacional contínuo que busca melhorias na formação continuada de docentes e consequentemente melhorias no ensino de discentes, pois, a ação formativa implica um conceito de mundo e que se manifesta simultaneamente com o outro.

A educação não tem uma receita exata a ser seguida que estimule os nossos alunos ao aprendizado, estes, por sua vez, têm seus conhecimentos prévios que devemos levar em conta. E agregar estímulos a essa “receita” do educar, sugere-se inserir a história da comunidade no currículo da escola para que estas se incluam na educação, despertando assim interesse ao método de ensino-aprendizagem.

 

Reuniões Pedagógicas: dos erros e acertos na organização do trabalho pedagógico

 

Iniciar-se-á esta discussão a partir da concepção trazida pelos teóricos FULLAN E HARGREAVES (2000), os quais afirmam que a reunião pedagógica é considerada uma das ferramentas que proporciona ao docente a compreensão e a ressignificação do seu trabalho na Instituição de ensino.

O trabalho coletivo de algumas horas semanais reservados ao planejamento da instituição de ensino é um direito dos profissionais da Educação prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB N. 9394/96, art. 12, 13 e 14). No Plano Nacional de Educação (PNE, LEI N. 10172/2001, Item 10.3, inciso 3) é destinado “entre 20 e 25% da carga horária dos professores para preparação de aulas, avaliações e reuniões pedagógicas”. E ainda, o próximo PNE (2011 -2020) que está em tramitação no Congresso Nacional, em suas principais diretrizes, prevê a formação coletiva, a fim de consolidar um ensino-aprendizagem significativo e com excelência.

Agora, enquanto esse novo PNE (2011-2020) não vem, faz necessário conferir se os horários reservados ao trabalho pedagógico coletivo são bem utilizados, para se tomar diretrizes relevantes que  evitem os setes pecados listados na Revista Gestão Escolar (2011, N.12, p.23), classificados e identificados como problemas da efetividade na reunião pedagógica. São eles: Participação facultativa; Ausência de regularidade das reuniões; Falta de plano anual de formação; Indefinição de pautas; Inadequação do espaço; Uso de atividades de motivação; e Dispensa de alunos.

Faz-se assim, necessário para a formação na escola ser de excelência e de qualidade, reavaliar esses erros e buscar ferramentas que o transforme em acertos.

Primeiro, temos a participação facultativa o qual nos traz como erro a não obrigatoriedade dos professores a participação na formação continuada como proposta de trabalho, o que com certeza traz resultados negativos. Com isso faz-nos pensar o que é importante saber: o professor deve entrar e sair da sala de aula sem planejar as aulas nem avaliar o trabalho dos pares? Ou é fundamental que este reflita e troque as experiências vivenciadas em sala de aula com os colegas da área? 

Fazendo estes questionamentos, podemos refletir como é importante que todos os profissionais da área da educação, participem das reuniões pedagógicas, para melhor desempenhar seu trabalho. A ideia de ser professor hoje, não é só de entrar na sala de aula, expor os conteúdos, elaborar provas e pronto. É ser participativo, gosta de planejar aulas, avalia o desempenho, e nesse processo buscar refletir sobre as experiências vividas com os pares.

Em contrapartida, questiona-se: Por que essa falta de seriedade na participação destas reuniões? É porque a rede não paga pelos horários de estudos coletivos, os docentes trabalham em mais de uma escola e priorizam as tarefas individuais (correção das lições de casa), em detrimento das coletivas.  E quando alguns participam e outros não, o ensino deixa de desenvolver-se como um todo.

Uma pesquisadora, socióloga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais em entrevista a revista Gestão Escolar (2011) comentou que “o trabalho pedagógico pede um esforço conjunto para o planejamento de maneiras eficazes a fim de que os alunos avancem. Caso contrário, há um empobrecimento do currículo e dos processos didáticos”.

Por isso, para acertarmos nas reuniões pedagógicas devemos tornar essa atividade como parte da rotina de educadores e a forma de corrigi-las é buscando alternativas como montar calendário acadêmico que prevejam essas reuniões regularmente do coordenador e professores, agrupados por séries ou disciplinas. E mais, buscar, resolver o problema quanto à parte da equipe que não cumprem jornada integral. Contudo se os docentes são dispensados, os gestores precisam rever seus conceitos sobre a qualidade do ensino e procurar capacitação profissional.

O segundo, a ausência de regularidade das reuniões a qual atrapalha a evolução para o melhoramento do ensino. Pois, em alguns casos, o problema de obrigatoriedade é solucionado, mas pecam em não prever as reuniões no calendário da escola, fazendo com que os encontros sejam cancelados, e as que são programadas, realizam-se em caso de urgência. Com isso, o Gestor Escolar em consonância com o Coordenador Pedagógico, não conseguirão o acompanhamento de estratégias que prevejam as dificuldades dentro da escola e o que melhorou ao longo do ano.

Daí a importância de se realizar encontros pedagógicos, pois são essas atividades que nortearão a melhoria do ensino, criando um cronograma que preveja a freqüência do trabalho coletivo e, respeitando-o na íntegra, não haverá falhas.

No terceiro momento é a falta da elaboração do plano anual de formação que muitas das vezes, a não realização deste instrumento atrapalha com diagnósticos referentes à aprendizagem dos alunos e o histórico da formação de professores realizado na escola.  

É mister buscar a otimização dos processos pedagógicos, através da formação coletiva que implemente a capacidade reflexiva da equipe, de maneira a adotar metodologias investigativas e transformadoras. Pensar e programar encaminhamentos junto ao corpo docente é estimular a autonomia e redução do distanciamento destes profissionais e a dicotomia entre a prática e teoria, de forma a promover a aproximação cada vez maior com o perfil de professor expresso no Projeto Político Pedagógico que Escola busca.

O quarto ponto importante é a falta de indefinição de pauta da reunião, o que discutir? Sobre o que falar? O tempo das reuniões formativas deve tratar exclusivamente de assuntos pedagógicos, mas em muitas reuniões peca-se na condução dos encontros e se deixa atropelar por temas administrativos o qual podem ser tratados em reuniões específicas ou por meios de comunicação (cartas, email, etc.).

O que é importante versar é a relação da prática de sala de aula com as necessidades de aprendizagem dos alunos; verificar como desenvolver os conteúdos e as didáticas específicas; as necessidades do docente em relatar as experiências vivas sem relacioná-las as teorias e procurar interação entre os professores.

Dessa forma, o gestor em parceria com o coordenador pedagógico não deixará perder o foco da reunião.  É fundamental que o gestor assegure o tempo necessário ao coordenador para planejar adequadamente a hora de trabalho pedagógico coletivo.

O quinto item é não possuir um local adequado para o andamento e progressão dos trabalhos. Muitas escolas não possuem nem sala dos professores para se trabalhar e planejar melhorias para o ensino. Não basta criar pautas bem planejadas com foco pedagógico se os encontros acontecem em locais tumultuados, o espaço influencia no desenrolar das atividades e o professor deixa de se concentrar e fazer seus registros.

Para acertar neste quesito basta oferecer um ambiente confortável, com sala tranqüila, com mesas e cadeiras apropriadas, com um quadro negro ou flip-chart que faça com que os professores sintam-se felizes e a vontade para ler, estudar, escrever, pensar e discutir com os colegas.

O sexto item é saber trabalhar os usos de atividades motivacionais que busque refletir sobre como as atividades desenvolvidas no horário de trabalho pedagógico coletivo incidem no processo de ensino-aprendizagem, pois não existirá reflexão produtiva sem considerar os conhecimentos prévios, didáticos e pedagógicos da equipe.

E, para uma escola reflexiva, hoje, segundo ALARCÃO (2004, p. 85),

É uma escola que sabe onde está e para onde quer ir. Pensa-se, tem um projeto orientador de ação e trabalha em equipe. É uma comunidade pensante. Ao pensar a escola, os seus membros enriquecem-se qualificam-se a si próprios. Nessa medida, a escola é uma organização simultaneamente aprendente e qualificante.

Nesse sentido, confirmam a assertiva de SCHÖN (1992), no qual destaca a acuidade da reflexão sobre a ação, aspecto da prática docente, configurado como subsídio para ampliação do conhecimento sobre seu trabalho, da capacidade de entender as situações e possibilidades de mudança de sua prática, resolvendo conflitos e superando esses limites.

Já TARDIF (2002), destaca a importância dos saberes da experiência incorporando a experiência individual e coletiva sob a forma de hábitos e habilidades, de saber-fazer e de saber-ser.

Agora, de nada adianta construir, desconstruir e reconstruir novamente novo paradigma de ensino aos nossos alunos, se em todas as reuniões previstas os alunos são dispensados, outro item que merece destaque. Compreendemos que os educadores não são pagos para serviços extras, mas existem métodos de leitura e escritas que poderia ser implantados na sala de aula, enquanto os professores encontram-se ausentes, solicitando a cooperação dos funcionários das escolas até o término da reunião previamente planejada. Mesmo porque, todos fazem parte do processo formativo e podem sim receber capacitação para desenvolvê-los.

Em entrevista com Mathew Crowley (Revista Gestão Escolar (abril/maio, 2011), diretor assistente da Brochkyton High School, a maior escola pública do estado de Massachusetts nos Estados Unidos e uma das maiores escola do país, diz que: “somos uma prova de que o êxito de qualquer escola é ditado pelos profissionais que nela trabalham.”  

Por isso, não é valido só alguns participarem deste processo de melhoria do ensino, todos devem participar na construção de ensino-aprendizado de qualidade, criando estratégias, metas visionárias, com decisões e ações devidamente compartilhadas.

HENGEMÜHLE (2004) afirma que “se queremos que a escola toda caminhe para a qualificação e efetivação das metas, a equipe diretiva tem nas reuniões oportunidades enriquecedoras para refletir, analisar, avaliar o propósito do projeto político pedagógico” e “as reuniões devem, por tanto, ser espaço de oportunidades de construção, servindo para disciplinar e comprometer a todos na efetivação do proposto”.

Com isso para acertar nas reuniões pedagógicas devemos: Participar efetivamente; Regularizar as reuniões pedagógicas; Elaborar plano anual de formação; Definir as pautas de forma adequada; Ter espaço adequado para a realização das reuniões; Uso de atividades de motivação no sentido de reflexão do trabalho ao invés de discurso motivacional; e Evitar dispensar os alunos, buscando alternativas para que os mesmo permaneçam na sala de aula.

Por fim, PERRENOUD (2002), sinaliza uma demanda bastante importante para a equipe pedagógica ao afirmar “todos nós refletimos na ação, mas nem por isso nos tornamos profissionais reflexivos. É preciso estabelecer a distinção entre a postura reflexiva episódica de todos nós sobre o que fazemos”.

Repensar a própria prática não é fácil, e se torna mais difícil no espaço escolar no qual além das características individuais, a ansiedade de competência se torna evidente. Transformar a forma de ver as coisas é um processo contínuo, dinâmico, em que se esperam insights, para que as situações problemas possam ser repensadas. É preciso uma ação imediata, o professor e a equipe pedagógica precisam pensar sobre o que sabem, visando à qualificação desta prática.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A perspectiva deste artigo foi de conhecer situações que nos levassem a mostrar como nós, educadores, somos tão alheios à problemática das reuniões pedagógicas.

Sempre buscamos nos inteirar sobre a prática das reuniões pedagógicas de maneira coerente, para que dentro de um contexto possa haver uma participação efetiva dos profissionais que atuam nas redes de ensino.

Mediante o andamento de todo o processo de pesquisa, leitura e análise do tema abordado, percebemos que as reuniões pedagógicas far-se-iam necessárias para uma melhor eficiência do processo ensino aprendizagem.

Pesquisas e estudos relacionados ao tema mostraram-nos que nas escolas em que as reuniões pedagógicas acontecem com frequência e responsabilidade, a aprendizagem dos alunos tornar-se mais significativa, pois os educadores e a equipe pedagógica que estão inseridos direta ou indiretamente no processo educativo conseguem alinhar pensamentos para que todos obtenham melhores resultados.

Sabemos que às vezes torna-se difícil participar de reuniões que de certo modo são cansativas e que nos parece mostrar sempre as mesmas coisas, sem haver real preocupação e aplicação direta no cotidiano educacional. Essa educação nos levou a percorrer obstáculos como nos mostram autores consagrados que tanto lutaram para contribuições na área pedagógica.

Neste aspecto, analisamos como o papel do gestor é importante para que haja uma integração relevante associada a uma prática construtora de conhecimentos e que estes possam formar cidadãos críticos e conscientes de que ser educador não é apenas estar em uma sala de aula para ganhar seu sustento ou aquele que por muitas vezes abdicou do convívio familiar para organizar reuniões que muitos, até então, acreditavam que seria apenas mais uma daquelas conversas intermináveis e sem perspectivas concretas.

Salientamos que o despreparo dos órgãos governamentais em relação às políticas educacionais e a falta de condições nas estruturas das escolas do nosso país, desmotivam os educadores a se interarem nas reuniões pedagógicas o que acarreta práticas educativas que não condizem com a verdadeira missão do professor, que é ser verdadeiramente um educador.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALARCÃO, I. Professores reflexivos numa escola reflexiva. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2004.

BOSSA, Nadia A. Dificuldade de Aprendizagem: o que são? como tratá-las. São Paulo: Artmed S.A,2000

CHIAVENATO, Idalberto. Cartas a um jovem administrador: o future está na administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

FULLAN, M. e HARGREAVES, A. A escola como organização aprendente: buscando uma educação de qualidade. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

GAVALDON, Luiza Laforgia. Desnudando a Escola. São Paulo: Pioneira, 2003.

LEI DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm/. Acesso em: 25 de setembro de 2011.

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm. Acesso em: 25 de setembro de 2011.

PARO, Vitor Henrique. A gestão da educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública. São Paulo: Abril. 1998, p. 04

PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão docente. Porto Alegre: Artmed, 2002.

REVISTA GESTÃO ESCOLAR. Modelos de Gestão. Ano III. N.13, abril/maio, 2011

REVISTA GESTÃO ESCOLAR. Pecados da reunião Pedagógica. Ano III. N. 12, fevereiro/março, 2011.

SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: ARMED, 2000.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

 

 

 



[1]  Professora Especialista em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar pela Faculdade Metropolitana de Manaus -FAMETRO.   Graduada em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa pelo UNINORTE , Aluna do Curso de Pós-Graduação em Línguas Brasiliras de Sinais – LIBRAS pela UNIASSELVI e aluna no curso de Mestrado em Eng. de Produção pela UFAM em parceria com a UNINORTE.

[2] Doutor em Física Aplicada e Engenharias - Essex University (1985), com experiência em nível de Pós-Doutorado na Universidade de Brasília (1998). Possui graduação em Física e em Matemática pela Universidade de Brasília (1976), mestrado em Física de Plasmas pela Universidade Estadual de Campinas (1980).