RETRATO DE ADEUS

O artista se entregava, pintando de maneira vigorosa,

Da mesma forma que o tempo por ele teimava em passar.

Ele punha a alma na pintura,

Um quadro onde retratava uma rosa,

E o fazia com tanta precisão e formosura

Que até se esquecia do mundo, aliás, não,

Para o artista, o mundo era a própria rosa.

Os dias foram passando lentos,

Nem se davam contas dos meses em que se transformaram,

E que dizer dos anos, que para trás já ficaram?

O artista não se dava a uma folga sequer,

Fosse para um alimento, fosse para um dedo de prosa,

Para ele eram só eles:

O pintor, o pincel e a rosa.

Para amar, o pintor não tinha tempo,

Tamanha era a sua obsessão,

Que da mulher perdeu a paixão.

Afinal o que importava?

Era a rosa a sua verdadeira paixão!

Humildemente, sentiu-se prosa, mas pintou e pintou

Sem parar até que desaparecessem os sentidos seus,

Até que o coração parou.

Por fim terminou,

De sua morte nasceu a mais bela rosa,

Que era na verdade, o seu retrato de adeus.