RETRATO DE ADEUS
Publicado em 06 de novembro de 2009 por ANTÔNIO CARLOS MEDEIROS
RETRATO DE ADEUS
O artista se entregava, pintando de maneira vigorosa,
Da mesma forma que o tempo por ele teimava em passar.
Ele punha a alma na pintura,
Um quadro onde retratava uma rosa,
E o fazia com tanta precisão e formosura
Que até se esquecia do mundo, aliás, não,
Para o artista, o mundo era a própria rosa.
Os dias foram passando lentos,
Nem se davam contas dos meses em que se transformaram,
E que dizer dos anos, que para trás já ficaram?
O artista não se dava a uma folga sequer,
Fosse para um alimento, fosse para um dedo de prosa,
Para ele eram só eles:
O pintor, o pincel e a rosa.
Para amar, o pintor não tinha tempo,
Tamanha era a sua obsessão,
Que da mulher perdeu a paixão.
Afinal o que importava?
Era a rosa a sua verdadeira paixão!
Humildemente, sentiu-se prosa, mas pintou e pintou
Sem parar até que desaparecessem os sentidos seus,
Até que o coração parou.
Por fim terminou,
De sua morte nasceu a mais bela rosa,
Que era na verdade, o seu retrato de adeus.