RETARDO MENTAL E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO FAMILIAR E ESCOLAR

RESUMO  

            O retardo mental é o funcionamento significante abaixo da média que ocorre junto a uma deficiência em acompanhamento adaptativo, sendo manifestado durante o período de desenvolvimento da criança, e também pode ser definida como uma condição onde houver interrupção no desenvolvimento, prejudicando o nível global de inteligência, aptidões de aprendizagem, da fala, de habilidades materiais e sociais. A causa do retardo mental pode ocorrer de origem muito variada, alguns casos são de origem conhecidas, como exemplo o erro genético, doenças causadas na gestação, acidentes traumáticos no crânio impedindo a circulação sanguínea pelo cérebro, intoxicação, meningite, etc. O retardo mental não tem tratamento, a solução é dar subsídios a esta pessoa, segundo métodos especiais para convivência  mais próxima possível da realidade do ambiente em que vive.
 
Palavras chaves: Retardo mental, dificuldades de aprendizagem,família e os meios sociais.
 
Abstract
Mental retardation is significantly below average functioning that occurs with a deficiency in adaptive tracking, as expressed during the development of the child, and can also be defined as a condition where there is an interruption in development, affecting the overall level of intelligence , learning skills, speech, physical and social skills. The causes of mental retardation can occur in very diverse origin, some cases are known to rise as an example the error genetic diseases in pregnancy, traumatic injuries to the skull preventing blood flow to the brain, poisoning, meningitis, etc.. Mental retardation has no treatment, the solution is to give subsidies to this person, according to special methods for living closer to the real environment in which they live.
 Palavras chaves: Mental retardation(MR), difficulties of learning,family and means social.


INTRODUÇÃO

O retardo mental é a capacidade intelectual inferior à normal que está presente desde o nascimento ou que se manifesta nos primeiros anos da infância. Os indivíduos com retardo mental apresentam um desenvolvimento intelectual inferior ao normal e dificuldades de aprendizado e de adaptação social. Aproximadamente 3% da população mundial apresentam retardo mental.
            Segundo, PAZ (2002,P.23), "Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, no sentido de que o não-aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensação". Alguns autores que se dedicam a esse assunto usam os termos problemas ou distúrbios de maneira indiscriminada. Portanto estabelecer claramente os limites que separam problemas de aprendizagem dos chamados distúrbios de aprendizagem é uma tarefa muito complicada, que esse assunto venha a ser manifestado por vários especialistas de várias áreas inclusive o professor, o pedagogo, o psicopedagogo, o fonoaudiólogo e o psicólogo.
            A inteligência é determinada tanto pela hereditariedade quanto  pelo meio ambiente. Na maioria dos casos de retardo mental, a causa é desconhecida. Contudo, várias condições durante uma gestação podem causar ou contribuir para o retardo mental da criança. As causas comuns incluem  o uso de certas drogas, o consumo excessivo de álcool, a radioterapia, a má nutrição e certas infecções virais ( por ex: rubéola). Anomalias cromossômicas (Síndrome de Down) são causas comuns de retardo mental. Diversos distúrbios hereditários também podem causá-lo. Alguns (p.ex., fenilcetonúria e cretinismo, devido á concentração baixa de hormônio tireoidiano, podem ser corrigidos antes que o retardo mental ocorra. As dificuldades associadas ao parto prematuro, o traumatismo crânio-encefálico ou a concentração muito baixa de oxigênio durante o parto também podem causar retardo mental.
            Uma vez ocorrido o retardo mental, ele é geralmente irreversível. O diagnóstico precoce do retardo mental torna possível a educação terapêutica e o planejamento em longo prazo. A inteligência inferior à normal pode ser identificada e quantificada através de testes padrão de inteligência. Esses testes apresentam um viés do tipo médio, mas conseguem prever com razoável exatidão o desempenho intelectual, sobretudo em crianças maiores.
As crianças com um QI de 69 a 84 apresentam dificuldades de aprendizagem, mas não são consideradas como mentalmente retardadas. Elas raramente são identificadas antes de começar a escolarização, quando os problemas educacionais e, algumas vezes, comportamentais, tornaste evidentes. Com um auxílio educacional especializado, essas crianças geralmente conseguem prosseguir os estudos e levar uma vida normal. Cabe ao educador, detectar as dificuldades de aprendizagem que aparecem em sua sala de aula e encaminhá-las aos profissionais competente, Fonoaudiólogo, Neurologista, Psicólogo e Psicopedagogo  com a autorização dos pais.
            Todas as crianças com retardo mental podem beneficiar-se com a educação. Aqueles com um retardo mental leve (QI de 52 a 68) podem atingir um nível de leitura similar aos das crianças que cursam entre a 5º ano e a 6º  ano escolar. Embora apresentem dificuldade de leitura, a maioria das crianças com retardo mental leve pode aprender as habilidades educacionais básicas necessárias no dia-a-dia. Elas exigem supervisão, suporte e instituições educacionais e de treinamento especiais. Posteriormente, podem exigirem um sistema de vida e de trabalho sob tutela. Embora geralmente não apresentem defeitos físicos evidentes, os indivíduos com retardo mental leve podem apresentar epilepsia. Os indivíduos com retardo mental leve são freqüentemente imaturos e pouco refinados, com uma capacidade de interação social pouco desenvolvida. A sua linha de pensamento é muito específica para cada situação e, em geral, eles são incapazes de generalizar. Eles apresentam dificuldades para ajustar-se a situações novas e podem apresentar uma má capacidade de julgamento, falta de prevenção e credibilidade excessiva. Embora não costumem cometer ofensas sérias, os indivíduos com retardo mental leve podem cometer crimes impulsivos, geralmente tornando-se membro de um grupo e, algumas vezes, para obter um status dentro do grupo.
            As crianças com retardo mental moderado (QI de 36 a 51) apresentam uma maior lentidão para aprender a falar e para atingir outras metas do desenvolvimento (p.ex., sentar). Quando recebem treinamento e apoio adequados, os adultos com retardo leve a moderado conseguem viver com um grau variável de independência  no seio da comunidade. Alguns requerem somente uma pequena ajuda, enquanto outros necessitam de uma supervisão muito mais importante, ou seja, pessoas que trabalhe só com eles.
            Uma criança com retardo mental grave (QI de 20 a 35) não pode receber o mesmo grau de aprendizagem que uma criança com um retardo mental moderado.
A criança com retardo mental profundo (QI de 19 ou menos) geralmente não consegue aprender, falar ou compreender em um grau apreciável.  A expectativa de vida da criança com retardo mental pode ser mais curta, dependendo da causa e da gravidade do mesmo. Em geral, quanto mais grave o retardo mental, menor a expectativa de vida.
      De acordo com      um plano individualizado e global para uma criança com retardo mental, a participação de um programa de intervenção,pode ajudá-lo em suas dificuldades físicas e cognitivas. O aconselhamento genético provê aos pais de uma criança com retardo mental informações e compreensão sobre a causa do problema. O aconselhamento os ajuda a avaliar o risco de ter um outro filho com retardo mental. A amniocentese e a coleta de amostra do vilo coriônico são exames diagnósticos que podem detectar diversas anomalias fetais, inclusive anomalias genéticas e defeitos cerebrais ou da medula espinhal. A amniocentese ou a coleta do vilo coriônico é aconselhável para todas as mulheres grávidas com mais de 35 anos de idade, pois essas apresentam maior risco de gerar uma criança com Síndrome de Down. A ultra-sonografia também pode identificar defeitos cerebrais no feto. A concentração sérica (no sangue) de alfafetoproteína na mãe também pode ser mensurada para se investigar a Síndrome de Down e a espinha bífica. Um diagnóstico de retardo mental antes do nascimento permite aos pais optarem pelo aborto e pelo subseqüente planejamento familiar. A vacina contra a rubéola reduziu acentuadamente a incidência dessa doença com causa de retardo mental.
            O médico responsável, ao consultar vários especialistas, elabora precoce assim que o diagnóstico seja estabelecido. O apoio emocional da família é parte integrante do programa. Geralmente, uma criança com retardo mental pode viver melhor em casa ou em uma residência comunitária e, quando possível, deve freqüentar uma creche para crianças normais ou uma pré-escola normal.
            O nível de competência social é tão importante quanto o QI para determinar até que ponto o retardo mental limitará a criança. Ambos representam grandes problemas para as crianças que se encontram na escala mais baixa do QI. Para as crianças com Qis mais elevados, outros fatores (p.ex., deficiências físicas, distúrbio da personalidade, doenças mentais e habilidades sociais) podem determinar o grau de ajuda necessário.
            A internação de uma criança em uma instituição é raramente indicada e essa decisão exige uma discussão profunda entre os familiares e os médicos. Embora a presença de uma criança com retardo mental em casa possa ser desagregadora, isso dificilmente será a principal causa da discórdia familiar. De qualquer modo, a família necessita de assistência psicológica e também pode requerer ajuda para o cuidado diário da criança. O auxílio pode ser fornecido por creches, empregados domésticos, babás e por casas de cuidados temporários. Um adulto com retardo mental pode chegar a necessitar de atenção permanente e, por essa razão, ele pode ser internado em um centro especial para deficientes, em um asilo ou em uma clínica especializada.
            Até aqui podemos perceber que foram apresentados as causas, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento com crianças portadoras de deficiência mental leve e que podem serem inclusas em qualquer escola.
E a escola? O que ela pode estar oferecendo para crianças portadoras de deficiência mental e outros? Será que ela está preparada para receber alunos especiais?
A escola deve desenvolver atitudes de atenção com a chegada de qualquer  crianças a sua instituição, sejam  crianças ditas normais ou especiais, o tratamento ao acolhimento deve ser o mesmo. Embora, a escola por ter conhecimento da LDBEN de 1996 ? Capítulo V da Educação Especial, dando ênfase a inclusão do alunos na Rede Regular de Ensino, tem condições através   dessa lei acolher toda criança dita especial a ser incluída nessa escola, desde que esta escola possa estar comportando o número suficiente para o atendimento, pois, toda crianças   tem o direito pela educação e inserção social. A escola deve estar preparada ou consciente do que fazer, para quando as crianças forem chegando a escola, não houver surpresas negativas que vão causar desconforto para a criança e seus familiares. A escola deve ter nesses casos um olhar não  preconceituoso, e sim, enxergar o aluno especial  mesmos com seus limites, mas, vivendo processos que uma criança normal vive.
           Para BUSCACGLIA (1997), "...quando uma criança nasce deficiente, nasce primeiro uma criança, e depois, uma criança portadora de deficiência. As crianças portadoras de uma deficiência são mais semelhantes do que diferentes das crianças não-deficiêntes, como essas, terão que passar pelas mesmas experiências sociais, os processos de desenvolvimento, o mesmo aprendizado psicológico que as outras crianças".
            Podemos perceber que as pessoas, as famílias e a sociedade por inteiro, tivessem um olhar igual para todos, os portadores de deficiência não estariam tão dependentes, inseguros, sem nenhuma autonomia e alguns até se escondem para não serem vistos,pois, o novo olhar, fariam com que eles sentissem iguais, mesmo conhecendo as suas limitações, pois, a sua deficiência talvez cause problemas que interfiram nesse processo até certo ponto, mas essas habilidades devem ser adquiridas se permitirem que sejam crianças, que experimente, aprendam e vivam como crianças. E continuarão a caminho de um crescimento e desenvolvimento mais maduros, na qual elas só aprenderão aquilo que lhes ensinarem.
            Seus pais, são seus primeiros mestres, e precisam conhecer como e o porquê dos seus processos iniciais do desenvolvimento mental, físico e emocional. Na medida em que os pais as vejam como crianças com imitação, mas que, como as outras, tenham direito a experiências e oportunidades iguais, elas alcançarão a realização.
            A escola tem um papel muito importante nessa tarefa que, para  alguns colegas, dizem serem árduos demais. A escola, seja ela de Ensino Especial ou de inclusão com alunos ditos normais, ao fazer o acolhimento dessa criança portadora de deficiência mental e outros, a escola não está somente recebendo  à criança, e sim, toda a sua bagagem histórica interna e externa dessa criança.
            De acordo com Fernández & Marcote (1999), "Se a criança tem a possibilidade de encontrar na escola, a segurança afetiva, a emoção de conhecer e o prazer de existir, se nós educadores somos capazes de despertar o desejo e o prazer de conhecer na criança, a escola estará cumprindo sua finalidade: ser um lugar de emoção, comunicação e desenvolvimento. Os meios para isso, indubitavelmente são muitos. Podemos preparar a criança para que seja aprendiz de suas próprias aprendizagens, a ser investigador e aprender com prazer".
Lembro-me de quando fiz o estágio do curso de Psicopedagogia Clínico e Institucional, na Escola Especial Albert Sabin, que fica no Município de Belford-roxo, onde se atende crianças especiais; quando olhei esse espaço, vi várias crianças, adolescentes, jovens e até adultos, com vários tipos de deficiências. Todos demonstravam que estavam felizes em estar naquele espaço.
Percebe que determinadas crianças que podiam correr , outras estavam nas suas salas aprendendo tarefas do dia-a-dia. Os mais adultos aprendiam cursos diferentes, como por exemplo: padaria, marcenaria, pinturas, etc. Os menores estava usando a sala de informática junto com as professoras, uma delas é a auxiliar, estando juntas com os 12 alunos, onde eles estavam  aprendendo palavração, ou seja, construção de palavras.

E foi nessa sala que conheci o aluno Y, do qual me chamou a atenção pela sua atuação em sala de aula, e pela sua deficiência, que era o de retardo mental leve. É um menino que quem olhasse para ele não dizia que ele tinha retardo mental. Era dinâmico com o grupo, percebia que ele tinha acompanhamento em casa, pois os seus pertence eram bem cuidados, pensava até mesmo em trabalhar.
            As professoras interagindo com os alunos e vice-versa, numa empolgação, alunos tentando dentro das suas limitações construir mais palavras, e, Y se destacando em suas habilidades, construindo mais palavras do que os outros. Foi percebido também, a atenção que as professoras davam para eles, eram trocas, cada um podiam se expressar da forma que podiam, expressando livremente, o que as faziam lembrar das palavras que estavam construindo.
            Ressalta BUSCACGLIA (1997), ressalta  que, "...a característica mais necessária ao professor do deficiente é a capacidade de ouvir, aceitar e compreender, o professor deve oferecer aos alunos a oportunidade de falar de si mesmos e de entrar em contato com seus próprios sentimentos, é importante para o professor a compreensão da auto imagem de seus alunos. Para isso, precisam compreender o processo de como ajudá-los a transformar imagens negativas, em positivas, devem também, saber como acentuar o desenvolvimento de seu auto conceito no ambiente da aula".
            Explorando mais o espaço da escola, conheci uma sala muito rica em conhecimento, expressão e trocas interpessoais, estou falando da sala do brincar, onde as crianças exploram os espaços físicos como se fossem delas propriamente, mas, são! É ali que começam atuarem os seus verdadeiros papéis.
          Ao definir o brincar, precisamos consultar os maiores especialistas no assunto: as crianças. Com elas aprendemos que essa tarefa, que muitos adultos desconsideram por acharem uma perda de tempo, é de vital importância na formação do ser humano. Dizemos tarefa, porque entendemos que o brincar é o trabalho da criança. É brincando que ela constrói seus conhecimentos, de si, dos objetos e dos outros e de tudo que a rodeia.
            A partir da visão de WINNICOTT (1979), aborda que "as experiências tanto externas como internas podem ser férteis para os adultos, mas para as crianças essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia", na escola, as crianças encontram oportunidade de estimular a imaginação, descobrir suas capacidades corporais,e vivenciá-las iniciando sua sua participação na socialização através do brincar.
            Ao olhar para aquele grupo de alunos, que estavam naquela sala do brincar, interagindo um com o outro, mas, que para o mundo são diferentes..., pude perceber então, a disposição deles de colocar para fora o que estavam sentindo e desejosos de mostrarem que de uma certa forma eles são capazes.
            De acordo com WINNICOTT (1975), referindo-se a importância  do brincar, cita que "o brincar por si só é uma terapia" e quando o professor estimula a criança a aprender através da brincadeira, provavelmente terá mais sucesso nessa aprendizagem. Entre o brincar da criança e o brincar da outra pessoa, há a possibilidade de introduzir enriquecimento e, o professor visa esse enriquecimento, pois no brincar a criança desenvolve sua percepção criativa, e enquanto brinca ela está acrescentando uma nova aprendizagem ao seu rol de conhecimentos e desenvolvendo novas habilidades.
            O ser humano precisa de amor, compreensão, afeto e atenção. A escola, na forma do possível faz a parte dela. A família também deve estar proporcionando um ambiente social capaz de atender a essas exigências na formação de seus filhos, independente da idade, criando-lhe condições, para que tenha maturidade emocional suficiente dentro de suas deficiências e limitações, para integrar-se ao meio social. Para isso, a família e escola, juntas vão estar fazendo com que esse aluno especial fique mais dinâmico.
            No enteder de PAIN (1992), "para uma ajuda eficiente é muito importante que os pais conheçam a escola onde o seu filho estuda, onde fica, o endereço, telefone, como funciona, como são distribuídas as classes, como é o pátio, a cantina, se possui biblioteca e quem é o responsável por ela, onde é a diretoria..."
            A escola é muito importante para a resocialização da criança, não é apenas depósitos de coisas que não queremos mais.   
            O portador de necessidades especiais, pode desenvolver sua maturidade emocional e cognitiva com a ação das duas importantes instituição: família e escola, para que ela possa ter uma  aceitação de si mesmo, e reconhecer os próprios limites, respeitar o outro, aceitar responsabilidade, ser capaz de tomar iniciativas.
            Um dos grandes  distúrbios de comportamento, reflete o desequilíbrio  social e emocional das relações existentes na família, em cujo núcleo existem problemas que podem interferir na aprendizagem, refletindo no desempenho escolar, como por exemplo: separação dos pais, morte dos pais ou de figuras próximas. Pais atentos, interessados e envolvidos no desenvolvimento escolar do filho facilitam a aprendizagem e cumprem o seu papel, educando e preparando para a vida adulto. A escola é passageira para o indivíduo com uma finalidade de enriquecimento intelectual, entre outros, visto que a família, seus costumes, hábitos, conceitos perduram por toda a vida. Os pais devem mostrar, sem críticas e ameaças, interesse pelas atividades realizadas diariamente na escola. Esta ação deve ser uma constante, com atitudes positivas, palavras de elogio e valorização dos esforços, incentivo e encorajamento sobre o desempenho escolar, diálogo e apoio que elevam a auto estima e fazem com que as crianças enfrentem as dificuldades com maior força e segurança, pois se sentem fortes, confiantes e compreendidas.
Na visão de TIBA (2002), "A escola percebe facilidades, dificuldades e outras facetas na criança que em casa não eram observadas, muito menos avaliadas". A escola deve estar sempre atenta, observando as necessidades específicas de cada aluno, tendo sempre em vista que ele é o foco principal do processo. Dessarte, incube ao psicopedagogo, um cuidado especial no sentido de contextualizar os problemas de aprendizagem atuais e compreender tanto o contexto familiar em que emergiu o sintoma, quando os mecanismos de exclusão esboçados pela escola e pela sociedade. Sendo assim, é necessário auxiliar a família a adquirir consciência a respeito dos mecanismos que atuam na formação do sintoma apresentado pelo filho. A inclusão do suporte familiar no atendimento psicopedagogico do indivíduo caracteriza-se como um recurso valioso que ajuda, normalmente, na solução das dificuldades encontradas pelos familiares no contexto educacional daquela criança.
            O entendimento do contexto mais amplo, de acordo com Polity (2001), não torna a criança mais inteligente, mas possibilita que se formem novas construções que redefinem a carga de responsabilidade, distribuindo aquilo que anteriormente foi determinado como sintoma de um, por todos os envolvidos: família, escola, sociedade, comunidade e psicopedagogo, formando assim, uma verdadeira rede relacional evitando que a desatenção, como sintoma, seja reflexo de um descaso dos pais, da sociedade e da escola com as crianças portadoras ou não com deficiência mental.
            É relevante que o atendimento psicopedagogico torne-se o lugar em que ocorre uma reflexão sobre as práticas educativas, a partir da dinâmica familiar vivenciadas naquele ambiente.
  "Para a escola, os alunos são apenas transeuntes psicopedagogicos. Passam por um período pedagógico  e, com certeza, um dia vão embora. Mas, família não se escolhe e não há como mudar de sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos".
TIBA (2002).
            Somos peças importantes na construção dos nossos filhos, alunos e pacientes. Não podemos permitir que as barreiras do preconceito que existe dentro de nós, impeçam da criança crescer com liberdade, impedindo-a de exercer os seus direitos como pequenos cidadões que são. Para Deus,  todos são iguais, mesmos sendo diferentes: brancos e negros, altos e baixos, gordos e magros. Pessoas perfeitas e pessoas deficientes.
           
  CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
            Conclui-se que, os indivíduos com retardo mental apresentam um desenvolvimento intelectual inferior ao normal e dificuldades de aprendizado e de adaptação social. Na maioria dos casos de retardo mental, a causa é desconhecida. Contudo, várias condições durante uma gestação podem causar ou contribuir para o retardo mental da criança.
As causa comuns incluem o uso de certas drogas, o consumo excessivo de álcool, radioterapia, má nutrição e certas infecções virais, etc. O diagnóstico precoce do retardo mental torna possível a educação terapêutica e o planejamento a longo prazo. A inteligência inferior à normal pode ser identificada e quantificada através de testes padrão de inteligência. Aquelas com um retardo leve (QI de 52 a 68) podem atingir um nível de leitura similar aos das crianças que cursam entre a 4º  e a 6º  série escolar. As crianças com um retardo mental moderado (QI de 36 a 51) apresentam uma maior lentidão para aprender a falar e para atingir outras metas do desenvolvimento, ex: andar.
            A criança com o retardo mental grave (QI de 20 a 35) não pode receber o mesmo grau de aprendizagem que uma criança com um retardo metal moderado, já a criança com retardo mental profundo (QI de 19 ou menos) geralmente não consegue aprender, a falar ou compreender em um grau apreciável.
Aconselha-se fazer a amniocentese ou a coleta do vilo coriônico, que é aconselhável para todas as mulheres grávidas com mais de 35 anos de idade, pois essas apresentam maior risco de gerar uma criança com Síndrome de Down. Um diagnóstico de retardo mental antes do nascimento permite aos pais optarem pelo aborto.
            Uma criança com retardo no desenvolvimento deve participar de um programa de intervenção precoce assim que o diagnóstico seja estabelecido. O apoio emocional da família é importante no programa. Geralmente uma criança com retardo mental pode viver melhor em casa ou em uma residência comunitária e, quando possível, deve freqüentar uma creche para crianças normais ou uma pré-escola normal.
            A escola deve desenvolver atitudes de atenção com a chegada de qualquer  crianças a sua instituição, sejam  crianças normais ou especiais, o tratamento ao acolhimento deve ser o mesmo. Embora, a escola por ter conhecimento da LDBEN de 1996 ? Capítulo V da Educação Especial, dando ênfase a inclusão do alunos na Rede Regular de Ensino, tem condições através   dessa lei acolher toda criança dita especial a ser incluída nessa escola, desde que esta escola possa estar comportando o número suficiente para o atendimento, pois, toda crianças   tem o direito pela educação e inserção social.
A escola deve ter nesses casos um olhar não  preconceituoso, e sim, enxergar o aluno especial  mesmos com seus limites, mas, vivendo processos que uma criança normal vive.
            BUSCACGLIA (1997), "...quando uma criança nasce deficiente, nasce primeiro uma criança, e depois, uma criança portadora de deficiência. As crianças portadoras de uma deficiência são mais semelhantes do que diferentes das crianças não-deficiêntes, como essas, terão que passar pelas mesmas experiências sociais, os processos de desenvolvimento, o mesmo aprendizado psicológico que as outras crianças".
            A escola tem um papel muito importante nessa tarefa que, para  alguns colegas, dizem serem árduos demais. A escola, seja ela de Ensino Especial ou de inclusão com alunos ditos normais, ao fazer o acolhimento dessa criança portadora de deficiência mental e outros, a escola não está somente recebendo  à criança, e sim, toda a sua
bagagem histórica interna e externa dessa criança.
            A escola é muito importante para a ressocialização da criança, não é depósitos de coisas que não queremos mais.   
O portador de necessidades especiais, deve desenvolver sua maturidade emocional e cognitiva com a ação das duas importantes instituição: família e escola.
            Um dos grandes  distúrbios de comportamento, reflete o desequilíbrio  social e emocional das relações existentes na família, em cujo núcleo existem problemas que podem interferir na aprendizagem, refletindo no desempenho escolar, como por exemplo: separação dos pais, morte dos pais ou de figuras próximas.      
A escola é passageira para o indivíduo com uma finalidade de enriquecimento intelectual, entre outros, visto que a família, seus costumes, hábitos, conceitos perduram por toda a vida. Os pais devem mostrar, sem críticas e ameaças, interesse pelas atividades realizadas diariamente na escola. Esta ação deve ser uma constante, com atitudes positivas, palavras de elogio e valorização dos esforços, incentivo e encorajamento sobre o desempenho escolar.
            O entendimento do contexto mais amplo, de acordo com Polity (2001), não torna a criança mais inteligente, mas possibilita que se formem novas construções que redefinem a carga de responsabilidade, distribuindo aquilo que anteriormente foi determinado como sintoma de um, por todos os envolvidos: família, escola, sociedade, comunidade e psicopedagogo, formando assim, uma verdadeira rede relacional evitando que a desatenção, como sintoma, seja reflexo de um descaso dos pais, da sociedade e da escola com as crianças portadoras ou não com deficiência mental.
Define-se a criança deficiente mental treinável (correspondente ao deficiente
moderado na classificação da AAMD) como aquele que tem dificuldades em aprender as habilidades acadêmicas a qualquer nível funcional (2) desenvolver independência total a nível adulto e (3) alcançar adequação vocacional suficiente para , a nível adulto, sustentar-se em supervisão aou ajuda. A pessoa treinável é capaz de conseguir: (1) capacidade de cuidar de sí própria ( como vestir-se, despir-se, usar a toalete e alimentar-se); (2)capacidade de se proteger de perigos comuns no lar, na escola e na vizinhança; (3) ; ajustamento social ao lar e à vizinhança (aprender a compartilhar, respeitar direitos de propriedade e cooperar numa unidade familiar e comunitária); (4) utilidade econômica no lar e na vizinhança , auxiliando em tarefas em casa, trabalhando em ambientes
especiais ou m,esmo em trabalhos rotineiros , sob supervisão. Na maioria dos casos estas crianças são identificadas como deficientes durante seus primeiros anos de vida. A deficiência é geralmente notada devido a estigmas, desvios físicos ou clínicos da criança,ou por demorar em aprender a falar e a andar. pag. 124 (Autor: DSM-IV-TR American Psychiatric Association).

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