ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS DE ENSINO UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 

Cláudia Cristina Santos Bastos1 

Resumo:

Trata-se de uma pequena abordagem a cerca das práticas e estratégias de ensino que são utilizadas na Educação de Jovens e Adultos, através das quais identificamos métodos infantilizados que interferem no processo de aprendizagem dos educandos. Os educandos por sua vez, apresentam desmotivação por não conseguirem fazer um liame entre o que lhe é proposto em sala de aula com suas experiências de vida. Não há uma contextualização de forma a proporcionar a esses educandos uma interação entre a sua realidade e o mundo que o cerca. O papel do educador frente à valorização das experiências de vida dos educandos da Eja é de suma importância no processo ensino/aprendizagem.

 

Palavras Chaves: Eja. Práticas de ensino. Estratégias de ensino. Experiências dos educandos.

 

A ação docente implica a mobilização do tripé professor-aluno-conhecimento, sendo que este se organiza em função da visão de homem mundo na qual se apóia. Esses elementos se modificam em virtude do contexto sócio-histórico e geográfico originando uma teoria pedagógica. Cada teoria ou paradigma possibilitará a formação de um tipo de homem (aspecto antropológico) e um tipo de finalidade (aspecto teológico).  

Eyng (2007, p. 115).

É sabido que os educadores agregam saberes diversos ao longo de sua trajetória profissional. Implícitos nesses saberes estão suas emoções, suas crenças, seus valores, seus ideais, sua cultura, dentre outros aspectos subjetivos.

Como bem pensa Tardif e Lessard (1999), a personalidade do profissional, nas profissões de interação humana, é aderida no processo de trabalho e forma a principal mediação da interação.

Os educadores, em especial, sentem a necessidade de contextualizar os seus saberes profissionais. Geralmente suas experiências profissionais são citadas como referências para o desenvolvimento do seu trabalho. Há uma maior segurança naquilo que fazemos quando conhecemos o que estamos fazendo. Fica muito mais fácil falar de algo que entendemos, que faz parte da nossa realidade, do nosso mundo.

Entretanto os educadores não podem perder de vista os anseios dos educandos da Eja, que ao buscar uma educação, vê a possibilidade de interagir num mundo capaz de transformar sua vida. Variadas são as expectativas desses educandos da Eja, que ao saírem de suas casas rumo à escola, desejam conhecimentos, mudanças, crescimento e acreditam que o educador tem potencial para ajudá-los a alcançar seus objetivos.

A partir daí, há uma grande importância no olhar desse educador ante as experiências de vida dos educandos da Eja. Menosprezar o saber, as experiências trazidas por esses educandos é o mesmo que tolir suas possibilidades de crescimento.

Na sociedade contemporânea, urge repensar a educação. Nesta sociedade faz-se necessária uma educação que possibilite a formação integral do ser, haja vista que vivemos em constantes transformações e que nos são exigidos múltiplos papéis e precisamos estar preparados para atender as necessidades desta sociedade.

Para tanto as práticas educativas que são utilizadas na Eja devem ser repensadas, adequadas à realidade cultural dessa clientela. Nesta perspectiva, Fuck (1994, p. 14-15) diz que:

Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo  toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de sua escolha.  Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizandos  com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende.


De acordo com a visão de Paulo Freire:

Em todo homem existe um ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inconclusão do homem. A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve este ímpeto ontológico de criar. A educação deve ser  desinibidora e não restritiva. É necessário darmos oportunidades para que os educadores sejam eles mesmos. (FREIRE 2001, p.32)

 

O papel do educador é de mediador da aprendizagem, priorizando nesse processo as experiências de vida trazidas por esses educandos auxiliando assim na transposição desse conhecimento secular para um “conhecimento letrado”.

Presenciamos práticas infantilizadoras na Educação de Jovens e Adultos. A linguagem, os métodos, as práticas de ensino utilizadas na Eja devem estar contextualizadas e adequadas aos jovens e adultos que compõem essa classe. As necessidades e anseios de vida dos educandos da Eja são diferentes dos educandos das classes regulares. As práticas utilizadas em sala de aula devem estar de acordo com o perfil da turma. As estratégias utilizadas devem atender as necessidades desses alunos, devem estar coadunadas com o seu nível de entendimento e suas expectativas. 

A andragogia é um instrumento de suma importância na Eja que possibilita um ensino aprendizagem contextualizado a faixa etária dos educandos desta modalidade de ensino.  A andragogia que se contrapõe a pedagogia tem por base a necessidade do saber, a autonomia do aluno, suas experiências de vida, a motivação. Porém a grande maioria dos educadores ainda não se apropriaram do modelo andragógico na Eja, perpetuando assim as práticas pedagógicas inadequadas a esse público específico.

A partir dessas conclusões, impende salientar que todos podem e devem contribuir para o desenvolvimento da Eja, desde os governantes aos profissionais da educação, elaborando um projeto adequado aos educandos, capacitando em formações os educadores para que os alunos sintam-se valorizados e saibam aproveitar a oportunidade para ampliar seus conhecimentos.

REFERÊNCIAS: 

EYNG, A.M. Currículo escolar. Curitiba: IBEPEX, 2007.

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 41a edição, Coleção: Questões de Nossa Época, Cortez Editora: São Paulo - SP, 2001.

1 – Pedagoga, pós-graduadaem Gestão Escolar, Acadêmica de Direito, Mestranda em Ciências da Educação