ANIELLE KALINE DA SILVA ANDRADE
PESQUISA QUALITATIVA NO CURSO DE PSICOLOGIA





RESUMO DO LIVRO: PESQUISA SOCIAL.
TEORIA, MÉTODO E CRIATIVIDADE.







CARUARU/2009

CAPÍTULO I: CIÊNCIA, TÉCNICA E ARTE: O DESAFIO DA PESQUISA SOCIAL.
É inegável que desde os primórdios o Homem procura o conhecimento da realidade, buscando, muitas vezes, explicá-la através da filosofia, da religião, da ciência ou das artes.
A ciência é hoje considerada a verdade, a explicação para tudo, mas é necessário ressaltar que ainda há questionamentos e problemas globais sem respostas e que mesmo no campo científico há conflitos e controvérsias, a exemplo, podemos citar a discussão existente sobre a cientificidade das ciências sociais.
A cientificidade é mais que uma forma de conhecer e esse questionamento a respeito do caráter científico das ciências sociais se dão devido ao agente da pesquisa ser também um objeto dela, também pelo fato de ao se buscar a objetividade descaracteriza-se os fenômenos sociais que tem sentido através da subjetividade e pelo fato de haver a indagação sobre qual método utilizar para explorar dados específicos e subjetivos.
Nas ciências sociais o objeto de estudo, o homem, é histórico e possui consciência histórica. É preciso ressaltar que o nas ciências sociais há a identidade entre sujeito e objeto, e que as ciências sociais são intrínseca e extrinsecamente ideológicas e fundamentalmente qualitativa.
Este texto de Minayo vem tratar sobre o caráter qualitativo das ciências sociais e da metodologia que se deve aplicar para reconstruir, de forma teórica, o seu significado.
Sendo a metodologia a junção de conteúdos, pensamentos(do investigador) e existência, a teoria e o método andam de mãos dadas, mas a criatividade do pesquisador é fundamental na elaboração de uma pesquisa.
Pesquisa é uma junção entre teorias, pensamentos e ação, onde a teoria é a explicação parcial da realidade (proposições) e desempenha várias funções em relação ao estudo do objeto de investigação, dando um sentido a ele (conceitos).
Enquanto a proposição é uma espécie de hipótese comprovada, os conceitos são importantes para a ordem dos objetos e dos processos que devem ou não ser investigados.
A pesquisa qualitativa se dedica a investigar significados, motivos, valores e atitudes, impregnados de subjetividade, enquanto que a pesquisa quantitativa explora o lado estatístico e visível. Mesmo com tal distinção entre dados quantitativos e qualitativos eles se complementam.
As fases da pesquisa são: o ciclo da pesquisa (conjunto de conceitos, métodos e técnica), fase exploratória (fase onde se faz a construção do projeto de investigação), trabalho de campo (entrevistas, observações, levantamento de material) e tratamento do material ( ordenação, classificação e análise propriamente dita).
CAPÍTULO II: A CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA.
A fase exploratória da pesquisa é muito importante, compreende varias fases do trajeto de investigação e acaba quando o investigador definiu seu objeto de pesquisa, construiu o marco teórico, definiu instrumentos de coleta de dados, escolheu o espaço e o grupo de pesquisa, definiu a amostragem e estabeleceu estratégias para entrada no campo.
A construção do projeto se dá através das dimensões técnica (regras científicas), ideológica (escolhas do pesquisador) e cientifica.
O projeto de pesquisa é necessário para trilhar o caminho a ser percorrido na investigação e para esclarecer quais os rumos do estudo, bem como para conseguir financiamentos. No projeto de pesquisa é necessário que se explicite a definição do problema, a justificativa da escolha do problema, os objetivos do estudo, a metodologia, o cronograma de execução, orçamento e por quem foi pesquisado.
O tema da pesquisa é a área de interesse enquanto que a problematização e as indagações feitas ao tema e deve responder as seguintes questões: o problema é original? É relevante? É adequado para mim? Tenho possibilidades de executá-los? Existem recursos financeiros? Há tempo suficiente para a investigação?
Nos elementos que constituem um projeto de pesquisa estão: as definições teóricas e conceituais são a base da sustentação da investigação cientifica e as formulações das hipóteses surgem como uma forma de criar questionamentos a serem " comprovados" na investigação. A justificativa é o porquê que a pesquisa deve ser feita e os objetivos são o que é pretendido com a investigação. Na metodologia é preciso uma descrição formal dos métodos e técnicas utilizados e também as leituras realizadas. Os principais elementos da metodologia são: definição da amostragem, coleta de dados, organização e analise de dados. Nos custos ou orçamentos os gastos aparecem divididos em gastos com pessoal e gastos com materiais. No cronograma deve haver o tempo gasto para realização das etapas. Nos elementos do projeto de pesquisa ainda se encontram as referências bibliográficas e os anexos.
CAPÍTULO III: O TRABALHO DE CAMPO COMO DESCOBERTA E CRIAÇÃO.
Após a definição do projeto de pesquisa se faz necessário selecionar formas de investigar o objeto de estudo. Além do trabalho de campo é necessário o questionamento. Campo de pesquisa é, segundo Minayo, 1992, "o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço". No campo encontram-se manifestações intersubjetivas e interações entre o investigador e os grupos estudados.
A entrada no trabalho de campo se dá através da aproximação com os participantes selecionados para o estudo, através da apresentação da proposta de estudo aos grupos envolvidos (situações de troca), da postura do pesquisador em relação a problemática a ser estudada e se faz presente também um cuidado teórico- metodológico com a temática a ser explorada.
O trabalho de campo é feito a partir de entrevistas e da observação participante. Na entrevista o investigador procura dados explícitos na fala dos entrevistados, a entrevista pode ser estruturada, não estruturada ou semi-estruturadas e pode ser realizada em discussão de grupo e história de vida.
A observação participante se dá através do contato direto do investigador com o que é pesquisado, seria a "convivência", que pode ser realizada através da participação plena ou do distanciamento total de participação da vida do grupo.
Para realizar uma pesquisa é necessário também associar as informações contidas em campo com a fundamentação teórica. Os dados devem ainda estar com material audiovisual gravado para uma melhor explanação das informações ou ainda redigir anotações em um diário de campo.
CAPÍTULO IV: A ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISA QUALITATIVA.
Na analise de dados é remetida a todas as fases anteriores, de uma pesquisa e é nela que se dá a interpretação dos dados colhidos.
Minayo traz três obstáculos para uma analise eficiente: ilusão do pesquisador, esquecimento dos significados e dificuldade em articular as conclusões concretas dos conhecimentos mais abstratos, havendo assim o distanciamento entre fundamentação teórica e a pratica da pesquisa.
As finalidades da fase da análise são: estabelecimento de uma compreensão dos dados colhidos, confirmação ou não dos pressupostos da pesquisa e ampliação do conhecimento sobre o assunto pesquisado envolvendo-o ao contexto cultural.
Ao trabalhar com categorias iremos criar classificações através de idéias ou expressões acerca de um conceito. Trabalhando com categorias estaremos em uma representação social para expressar a realidade das pessoas.
A técnica de analise de conteúdo tem duas funções: verificações de hipóteses e/ou questões e a descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos.
Podemos analisar conteúdos através de unidades de registro ou de unidades de contexto, porém, estes recursos vêm sofrendo muitas críticas e Minayo nos oferece o método hermeneutico-dialético que se utiliza do interior da fala e do campo da especificidade histórica e totalizante que produz a fala e vai se dar através de níveis de interpretação e terá como operacionalização os seguintes passos: ordenação de dados, classificação dos dados e análise final.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MINAYO, M. C. DE S.; DESLANDES, S. F.; NETO, O. C.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.