UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

Departamento de Geografia - DG

 Resumo do Livro de Iná Elias de Castro, O Problema da Escala.

 Por: José Carlos de Oliveira Ribeiro, 2008      Orientador: Mário Rubem Santana.

 De uso tão como a própria escala encontra-se de tal incorporação ao vocabulário e ao imaginário geográfico que qualquer discussão a seu respeito parece desprovida de sentido, ou de utilidade. Como recurso matemático fundamental da cartografia a escala é, e sempre foi, uma fração que indica a relação entre as medidas do real e aquelas da sua representação gráfica.

 A abordagem geográfica do real enfrenta o problema básico do tamanho, que varia do espaço local ao planetário. Esta variação de tamanhos e de problemas não é prerrogativa da geografia. Os gregos já afirmavam que, quanto o tamanho muda, as coisas mudaram: a arquitetura, a física, a biologia, a geomorfologia, a geologia, além de outras disciplinas, enfrentam esta mesma situação. Recentemente, as descobertas de microfisica e da microbiologia colocaram em evidência que na relação entre fenômeno e tamanho não se transferem leis de um tamanho a outro sem problemas, e isto é válido para qualquer disciplina.

Pra a autora o geógrafo tem dificuldade em se fazer entender quando utiliza os termos grandes e pequenas escalas para designar superfícies de tamanho inverso a estes qualitativos. Refere-se ao local como grande escala e ao mundo como pequena escala é utilizar a fração como base descritiva e analítica, quando ela é apenas um instrumento.

 

A escala como questão introduz a necessidade de coerência entre o percebido e o concebido, pois cada escala sé faz o campo da referência no qual existe a pertinência de um fenômeno. O problema central nesta perspectiva é a exigência tanto de um nível de abstração como de alguma forma de mensuração, inerente à representação dos fenômenos. Nesse sentido, a escala permite tratar a questão da pertinência da medida em relação a um espaço de referência.

 É preciso ser justo. A escala enquanto problema epistemológico e metodológico tem sido tema de reflexão de alguns geógrafos, embora em número menor do que seria esperado, tendo em vista sua importância para a compreensão da essência de algumas questões com as quais se defrontam os estudiosos da organização espacial.

A partir de fenômenos tradicionais estudados na geografia. Além disso, ao tentar separar as acepções de escala, nível de análise e espaços de concepção, indicando o delicado problema que cada uma representa, o autor voltou ao ponto, isto é, à idéia fundamental de que a escala é uma medida de superfície. Há outras dificuldades na proposta de Lacoste, embora restando que a escala é um dos problemas epistemológicos primordiais da geografia, o uso do termo escala apenas como medida de proporção entre a realidade e sua representação, indica um raciocínio fortemente analógico com a escala cartográfica, e o paralelismo estabelecido entre níveis de análise e recorte espaciais limita o conceito de escala às medidas de representação cartográfica.

 

Em síntese, a escala só é um problema epistemológico enquanto definidora de espaços de pertinência da medida dos fenômenos, porque enquanto medida de proporção ela é um problema matemático.

Na tentativa de liberar a noção de escala da cartografia o autor procura colocar o mapa no seu devido lugar, apontando o fato de que todo mapeamento é sempre empírico e que o mapa não possa por um estágio conceitual. Para, (Grataloup, 1979 p.77) a escala geográfica como uma hierarquia de níveis de análise do espaço social, que pode ser concebido como um encaixamento de estruturas. O conceito é criado a partir da crítica a empírica cartográfica e aos supostos fenomenológicos da escala subjetiva da geografia humanística, buscando articular a necessidade em empírica dos recortes espaciais com a fidelidade ao paradigma do materialismo histórico, ou seja, das relações sociais de reprodução.

 

Na realidade, este autor define a escala geográfica como uma hierarquia de níveis de análise do espaço social, que pode ser concebido como um encaixante de estruturas, esclarecendo, porém, que nem toda área é uma estrutura. O conceito é criado a partir da crítica à empírica cartográfica e aos supostos fenomenológicos  da escala subjetiva da geografia humanista, buscando articular a necessidade empírica dos recortes espaciais com a fidelidade ao paradigma do materialismo histórico, ou seja, das relações sociais de produção.

 Outros autores como Racine, Raffestin e Rufey em 1983 Também destacam a inconveniência da analogia entre as escalas cartográficas e geográficas. Para eles este problema existe porque a geografia não dispõe de um conceito próprio de escala e adotou o conceito cartográfico, embora não seja evidente que este lhe seja apropriado, pois a escala cartográfica exprime a representação do espaço como forma geométrica, enquanto a escala geográfica exprime a representação das relações que as sociedades mantêm com esta representação geométrica.

 Algumas questões recorrentes surgiram: a escassez bibliográfica sobre o assunto; a geografia não dispõe de um conceito próprio de escala; há poucos autores que se preocupam com a escala como um problema metodológico essencial; a escala como problema metodológico na geografia é difícil e requer ainda esforço de reflexão e de abstração.

 

Bibliografia

CASTRO, Iná Elias. O Problema da Escala. In: GOMES, Paulo César da Costa, Papirus, São Paulo, 1988 (p. 59-94)