Em relação aos aspectos positivos, o filme aborda como os surdos veem a vida, não como um documentário especialista da deficiência auditiva. Os surdos são capazes de fazer as mesmas coisas que pessoas que têm audição perfeita fazem.

Mesmo com algumas dificuldades, as pessoas com problemas auditivos em sua grande maioria, usam do humor para superar algumas dificuldades. As abordagens da forma de vida desde seu contexto familiar, ao passar pelo escolar e seus laços afetivos.

Mostra-se como se sentem na sociedade de uma maneira geral, mostrando através de depoimentos, como o surdo lida e como a sociedade o enxerga.

 Em relação ao âmbito escolar, utilizando o filme como exemplo, a preparação das escolas(pelo menos as francesas), com métodos de ensino diversificados para esta demanda de alunos.

No âmbito familiar, famílias (os que não possuem surdez, na maioria da família), aprendendo a se comunicar por sinais. Além de uma maior interação, possibilita ainda mais a pessoa surda a querer aprender. As crianças mostradas estavam com esse tipo de motivação, quando em grande parte de sua família não tinham um histórico de comunicação por sinais.

É interessante mostrar que o surdo é uma pessoa capaz de tudo como qualquer outra pessoa, capaz de participar de um coral e de atuar; o que ao olhar de alguns seria impossível devido deficiência auditiva.

A comunicação em libras pode ser desenvolvida ainda na infância embora requeira muita concentração, o filme mostra como é desenvolvido o processo de comunicação com deficientes auditivos. Outro ponto muito interessante é que além dos gestos o olhar também faz parte da comunicação. O tato e a visão tem desenvolvimento maior quando são estimulados.

            Em relação aos aspectos negativos, o filme mostra a forma em que a escola avalia e ensina seus alunos surdos. Eles são ensinados separadamente das outras crianças. São estimuladas para que falem e são avaliados por essa desenvoltura. Escolas que antes e algumas que ainda hoje, se recusam a “inserir” esses alunos surdos, em uma aprendizagem com um método de ensino diferenciado. Muitos se recusando a ensinar a linguagem de sinais, impondo ao aluno que ele se force a aprender igual aos outros, como relatado pelo senhor que disse que chegavam a amarrar as mãos dos alunos, para que eles falassem sem usar sinais.

É explicito a dificuldade da sociedade em “lidar” com os surdos. As pessoas tentam normaliza-lo, fazer com que se adeque a sociedade. Muitos veem os surdos como pessoas “anormais” somente pelo fato de não ouvirem. Há uma falta de paciência e compreensão com essas pessoas.

Há a dificuldade das famílias lidarem com os seus filhos surdos. As famílias surdas são mais harmônicas e felizes do que as famílias que são ouvintes e tem um membro surdo. O surdo se sente muitas vezes excluído e triste, preferem assim ficar com outros surdos, pois são melhores compreendidos. Muitos que foram e/ou são abandonados, por suas famílias por serem surdos. Chegando muitas vezes por não aceitarem este fato a abandoná-los em hospícios, e/ou orfanatos, simplesmente por não aceitarem seu familiar dessa forma. Muitas famílias não percebem que a criança têm problemas na audição e tratam como simples casos de timidez. Sendo descoberto mais tarde, na fase de maior desenvolvimento com das crianças, por volta dos 05 anos de idade, como muitos relatam no filme.

O filme requer muita atenção, principalmente de que não domina libras. Sem a legenda é praticamente impossível de compreender o filme. O documentário mostra um grupo de crianças com a mesma deficiência em níveis diferentes em um mesmo espaço. Os que escutam parcialmente não necessitam de classe especial. A convivência com as crianças sem a deficiência pode estimular o processo de comunicação mesmo que seja o básico. Além disso, sempre é interessante aprender a conviver com as diferenças.

O filme retrata a surdez de um modo não especialista, como se fosse uma deficiência, mas apresenta como as pessoas que não ouvem veem a vida.

A história é uma “colcha de retalhos” mostrando como os surdos eram vistos e tratados. Há relatos e amostras de experiências, o filme não fala só sobre o surdo, ele é feito por eles.

É interessante (não certo ou errado) a forma que a escola enfatiza o ensino das crianças surdas. Elas são ensinadas separadamente em uma escola comum onde todos ouvem, seus professores não são surdos. Existe um enorme esforço para que a criança fale.

Durante todo o documentário vemos através dos depoimentos e do agir da escola que é apresentada, uma necessidade de tentar “normalizar” o surdo; fazer com que ele ouça para que se adeque a sociedade.

Observamos também como o surdo se sente um estrangeiro dentro do próprio país por ter a sua cultura própria. Vemos como algumas famílias não sabem lidar com os seus filhos. Em contraponto observamos os diferentes modelos de famílias; aquelas em que todos são surdos (e às vezes um só membro é ouvinte) e quando todos são ouvintes e somente um é surdo. Através dos relatos é possível notar como estes surdos se sentem tristes e excluídos nas famílias em que todos são ouvintes, diferentemente da família em que todos são surdos.

Mostra-se também no filme a difícil aceitação da sociedade em relação à cultura surda. As pessoas acham que quando tem um filho surdo devem super protegê-los em vez de estimulá-los e ensina-los como se faz com qualquer criança. A sociedade enxerga o surdo como um “anormal” somente pelo fato dele não poder ouvir. Observamos que com isso existe uma recusa em relação à linguagem de sinais nas escolas. O filme nos deixa a lição de que os surdos são pessoas normais como qualquer ser humano.