RESSALTOS DE UMA OBSERVAÇÃO

 

     O início de uma análise é um momento propício para estabelecer algumas opiniões. É certo que qualquer pessoa, seja aluno ou não, que lê, aumenta muito o seu vocabulário, haja vista que a leitura enriquece o nosso conhecimento. Além, é claro, de promover o saudável hábito de levar os alunos a se expressarem o máximo possível por meio de textos argumentativos.

     Esta análise será feita por intermédio de uma entrevista concedida por uma professora do Ensino Médio de uma escola pública de MT, na qual argumentou dizendo que o aluno que não lê não consegue escrever um texto. Isto de fato é verdade, pois lendo o aluno saberá criar, elaborar, escrever, argumentar e, por fim concluir as suas ideias.

      Segundo a professora, ela faz experiências na sala de aula pedindo que os alunos escrevam sobre determinado assunto, porém a maioria não consegue escrever quase nada, pois às vezes não conhecem o assunto que ela propôs para que eles escrevessem.

     No entanto, isto mostra a grande importância da comunicação para a criação de um bom texto, pois, se em primeiro passo trouxesse ao conhecimento dos alunos o assunto proposto e depois pedisse que eles argumentassem sobre o assunto ou pedisse que eles falassem o que entenderam sobre o mesmo, talvez os resultados fossem melhores. Desenvolver esse tipo de atividade com a classe permite explorar inúmeras formas de fazer textos. É experimentando que os alunos descobrem cada vez mais ferramentas, suportes e procedimentos. Na escola, contemplar essa avaliação amplia o leque de possibilidades expressivas dos alunos.

       Para a professora, a experiência deveria começar antes mesmo de se propor a atividade aos alunos, seria interessante se a professora investigasse assuntos variados e dedicasse especial atenção aos assuntos do cotidiano dos alunos, que poderia servir de base para a construção de bons textos.

     Sabemos que a leitura enriquece o vocabulário e também a linguagem. Sobre esse assunto, Antunes (2007, p.77) diz o seguinte:

“As línguas têm, em seu comando, pessoas; seres atuantes, sujeitos ativos, capazes de administrar, entre possíveis opções, aquela que mais se ajusta á situação. É preciso, sempre que oportuno, mostrar ao aluno contextos em que ele pode escolher entre uma forma ou outra, entre uma organização ou outra do período, do paragrafo, ou até do texto.”

Observamos que a professora citada está mais preocupada com o tamanho do texto do que com o conteúdo e isso é muito “perigoso”; porque, se o próprio educador acredita que o crescimento do texto (aumento de palavras) é o que enriquece o texto, acaba contribuindo para que os alunos escrevam simples “balelas”, e acabam fugindo totalmente do objetivo final da criação de um bom texto. Posso destacar a opinião de Geraldi (2001, p.98): “como quadro de fundo, lembremos que um texto é o produto de uma atividade discursiva onde alguém diz algo a alguém”. Geraldi foi feliz nesta observação, pois é certo que ninguém termina um diálogo sem uma conclusão e assim também deve ser feita na escrita, ou seja, no texto.

     É preciso ter em mente que a “fabricação” de texto não é mera preparação para a aula. No entanto, o texto já é um conteúdo, pois o aspecto final da obra depende diretamente da estrutura e dos argumentos utilizados. Pode-se e deve-se pontuar o processo com uma questão relativa ao produto final, ou seja: que tipo de texto vai produzir?

     Esse tipo de indagação metodológica faz todo sentido, pois o texto é um artefato com forma e função. A construção não deve ser entendida como uma linha de produção, mas como um processo de desenvolvimento de estratégias artísticas e pessoais.

     A professora terminou a fala dizendo que ainda não havia conseguido “colocar” os alunos dela para produzir bons textos, entretanto, enquanto ela não entender que existem muitas formas de trabalhar gêneros textuais, ela irá se decepcionar inúmeras vezes. Não basta passar um tema ao aluno, o professor deve provocar debates, argumentos e familiarizar os alunos com textos literários e informativos e desenvolver entre eles um comportamento leitor e assim possibilitar-lhes momentos para se expressarem por meio de textos a fim de construírem assim suas ideias. Por fim, vale ressaltar que, quando os gêneros (textos com funções comunicativas) são ensinados como instrumento para a compreensão da língua, não importa quantos ou quais serão trabalhados, desde que o objetivo seja usá-los como um jeito de formar alunos que aprendam a ler e escrever  de verdade, isso de fato é o que realmente importa.