2.RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

A responsabilidade social está se transformando em um parâmetro segundo Tachizawa (2011) e ainda um referencial de excelência, para o mundo dos negócios e para todo o Brasil corporativo. Segundo a Fundação Nacional da Qualidade, as organizações socialmente responsáveis devem abordar suas responsabilidades perante a sociedade e o exercício da cidadania, por meio de estágios que vão desde uma fase embrionária até sua fase mais avançada, como Tachizawa (2011) pontua:

*Estágio 1 – a organização não assume responsabilidade perante a sociedade e não toma ações em relação ao exercício da cidadania. Não há promoção do comportamento ético;

*Estágio 2 – a organização reconhece os impactos causados por seus produtos, processos e instalações, apresentando algumas ações isoladas, no sentido de minimizá-los. Eventualmente, busca promover o comportamento ético;

*Estágio 3 – A organização está iniciando a sistematização de um processo de avaliação dos impactos de seus produtos, processos e instalações e exerce alguma liderança em questões de interesse da comunidade. Existe envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social;

*Estágio 4 – O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações está em fase de sistematização. A organização exerce liderança em questões de interesse da comunidade de diversas formas. O envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social é frequente. A organização promove o comportamento ético;

*Estágio 5 – O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações está sistematizado, buscando antecipar as questões públicas. A organização lidera questões de interesse da comunidade e do setor. O estímulo à participação das pessoas em esforços desenvolvimento social é sistemático. Existem formas implementadas de avaliação e melhoria da atuação da organização no exercício da cidadania e no tratamento de suas responsabilidades públicas. Segundo Tinoco (2001), o conceito de responsabilidade social corporativo:

Deve enfatizar o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem (stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidade. (TINOCO, 2001, p. 68).

Esse conceito deve expressar compromisso com a adoção e a difusão de valores, conduta e procedimentos que induzam ou estimulem o contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental.

Segundo Tinoco (2001), a responsabilidade social relaciona-se ao conceito da governança corporativa e da gestão empresarial em situações cada vez mais complexas nas quais questões ambientais e sociais são crescentemente mais importantes para o êxito e a sobrevivência dos negócios. Insere-se ainda, no contexto da globalização dos mercados, o que amplia as possibilidades de trocas internacionais ao mesmo tempo em que impõe barreiras e desafios nos campos éticos, cultural, político e comercial como pontua o autor:

*o posicionamento mais consciente e exigente dos clientes, atentos ao padrão competitivo das empresas em todo o mundo;

*a questão do dumping social que envolve tanto valores éticos quanto argumentações de caráter protecionista não formais;

*a minimização de choques culturais, no âmbito interno e externo às empresas, e a conquista de aceitação e credibilidade dos novos mercados;      (TINOCO, 2001, p. 69).

A responsabilidade ainda segundo Tinoco (2001) é convergente com estratégias de sustentabilidade de longo prazo, inclui a necessária preocupação dos efeitos das atividades desenvolvidas no contexto da comunidade em que se inserem as empresas e exclui, portanto, atividades no âmbito da caridade ou filantropia tradicionalmente praticada pela iniciativa privada.

Neste contexto existem indicadores utilizados no processo de certificação das empresas, os quais segundo Tachizawa (2011) concentram as avaliações em três grandes áreas, conforme especificado:

Processos produtivos:

*relações trabalhistas;

*respeito aos direitos humanos;

* contratação de mão-de-obra, inclusive de fornecedores;

*gestão ambiental;

*natureza do prosuto ou serviço;

Relações com a comunidade:

*natureza das ações desenvolvidas;

*problemas sociais selecionados;

*beneficiários;

*parceiros;

*foco das ações;

Relações com os empregados:

*benefícios concedidos, inclusive às famílias;

*clima organizacional;

*qualidade de vida no trabalho;

*ações para o aumento da empregabilidade;

2.1RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL NO SETOR FINANCEIRO

Quando mencionamos o setor financeiro e econômico abrangem organizações como bancos, seguradoras, financeiras, crédito imobiliário, leasing, corretoras e distribuidoras de valores, que se caracterizam segundo Tachizawa (2011) por:

a)existência de barreiras institucionais e governamentais à entrada de novas empresas;

b)elevada regulamentação estatal;

c) competição básica via lançamento de novos serviços financeiros, em busca da conquista de novos clientes;

d)significativo volume de investimento e de capital para entrada no setor;

O setor econômico-financeiro está vinculado diretamente à rentabilidade das empresas que o compõem está diretamente interligada às macropolíticas econômicas, em que períodos de alta inflacionária estão associados a altas margens de rentabilidade, ou alternativamente, em períodos normais da economia, rentabilidade baseada na intermediação financeira e expansão de suas operações normais.

O incremento das fusões e aquisições de empresas, captação de recursos externos, bem como a tendência de privatização da economia influencia sobremaneira o desempenho do setor inteiro.

Assim, no setor de instituições financeiras, que congrega empresas como bancos e seguradoras, há a possibilidade de adoção de estratégias segundo Tachizawa (2011) voltadas a:

a)deslocamento da prestação de serviços do ambiente intraorganizacional para o ambiente externo, em direção ao aceleramento da massificação dos serviços eletrônicos para esvaziar as agências bancárias;

b)diversificação de serviços financeiros prestados aos clientes atuais e em potencial, como diferencial competitivo;

c)maior eficiência no armazenamento e recuperação de grande volume de documentos operacionais, como elemento de racionalização e agilização na prestação de serviços aos clientes;

No setor de serviços financeiros, as organizações, normalmente, têm possibilidade de implementar estratégias de gestão de pessoas com ênfase em salários e benefícios, bem como contemplar de forma privilegiada as relações trabalhistas em sua esfera de atuação.

Segundo Tachizawa (2011) as estratégias de negócios das instituições financeiras são as da diferenciação em relação aos concorrentes pelo lançamento de novos produtos financeiros e da promoção institucional da imagem da organização. Isso demanda estratégias de gestão específicas, principalmente voltadas para o pessoal do nível gerencial e da alta administração.

Por outro lado, a adoção de outras estratégias corporativas, voltadas à descentralização do atendimento de clientes e de tecnologias de automação bancária e da informação aplicada à integração de clientes (pessoas físicas e pessoas jurídicas), exige estratégias de preparação da mão-de-obra do nível operacional para fazer frente a essa abordagem empresarial.

2.2ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Em função das características básicas e das estratégias empresárias genéricas próprias das organizações pertencentes ao setor altamente concentrado, podem-se delinear estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade social conforme enumeradas por Tachizawa (2011), essas estratégias não são obrigatoriamente aplicáveis a todas as instituições, todavia são normalmente aplicáveis e praticadas pelo principal gestor em cada organização em particular.

*Projetos sociais em meio ambiente;

*Projetos sociais em educação;

*Projetos sociais em saúde;

*Projetos sociais em cultura;

*Projetos sociais em apoio à criança e ao adolescente;

*Projetos sociais em voluntariado;

*Projetos sociais da empresa para fins de marketing;

Dessa forma, analisaremos no próximo capítulo a comparação entre o Banco Itaú e o Banco Bradesco, os de maior impacto e crescimento atualmente no mercado financeiro, com relação à sustentabilidade a responsabilidade social.

2.3 TRANSFORMAÇÕES EMPRESARIAIS – GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Diante das transformações empresariais necessárias para que as empresas adotem para possuir uma postura mais significativa no âmbito da gestão ambiental e responsabilidade social fica evidente também como essencial as mudanças de natureza econômica, das organizações internas e externas das empresas, ou seja, uma abordagem inovadora à maneira de pensar para poder compreender e tratar as novas realidades.

Segundo Tachizawa (2011) esse novo contexto e forma de gerenciamento das empresas exigem novos empresários, executivos e trabalhadores, fortalecidos e autônomos, que estarão agrupados em torno de equipes e despojados do tradicional conceito de hierarquia, comando e controle.

Por sua vez, Tapscott (2000) entende que as empresas dispõem de oportunidades sem precedentes para poder desfrutar de novos mercados. Por outro lado, os mercados tradicionais estão mudando acentuadamente, encolhendo ou então se tornando intensamente competitivos.

Assim, menores margens de lucros combinados com exigências de qualidade e postura ética cada vez maior dos consumidores de produtos e serviços (advento do mercado verde e produtos ecologicamente corretos) estão colocando pressões insuportáveis na forma de gerenciamento das organizações e, particularmente, na gestão ambiental e da responsabilidade social.

Ainda segundo Tachizawa (2011), a marca é fator crucial para o êxito de uma empresa, associada a imagem da empresa, liderança e a tradição no mercado, até recentemente itens necessários e imprescindíveis para uma empresa, todavia, atualmente não podemos esquecer do desenvolvimento da organização.

Assim, a gestão da empresas na era da economia digital segundo Tachizawa (2011) além da gestão ambiental e sua preocupação, há a responsabilidade social, a qual deve ser levada em consideração uma organização com suas fronteiras ampliadas.

Um novo tipo de relacionamento está surgindo entre a organização e seus fornecedores, clientes e demais instituições em seu ambiente de atuação. Esses relacionamentos segundo Tachizawa (2011) deverão capacitar as organizações a desenvolver enfoques abrangentes para seus mercados, responder rapidamente às novas oportunidades, ter acesso interorganizacionalmente a clientes comuns, criar novos mercados, compartilhar informações, atuar de forma conjunta, expandir geograficamente em empreendimentos comuns, entre outras possibilidades.

Assim a ampliação das fronteiras da organização passa a ocorrer em função das questões ambientais e sociais, parcerias e alianças estratégicas entre organizações e tecnologias da informação.

A empresa do futuro precisa agir de forma responsável em seus relacionamentos internos e externos, já que esses novos tempos caracterizam-se por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuem de forma ecologicamente responsável.

Segundo Tachizawa (2011), a responsabilidade social e ambiental pode ser resumida no conceito de efetividade, como alcance de objetivos do desenvolvimento econômico-social. Portanto, uma organização é efetiva quando mantém uma postura socialmente responsável.

Essa afetividade está relacionada à satisfação da sociedade, ao atendimento de seus requisitos sociais, econômicos e culturais. Para Tachizawa (2011), a transformação e a influência ecológica nos negócios se farão sentir de maneira crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem decisões estratégicas integradas à questão ambiental e ecológica conseguirão significativas vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros e médio e longo prazos.

Assim, a gestão ecológica é o exame e a revisão das operações de uma empresa da perspectiva da ecologia profunda, ou do novo paradigma. É motivada por uma mudança de valores de cultura empresarial, da dominação para a parceria, da ideologia do crescimento econômico para a ideologia da sustentabilidade ecológica. Envolve dessa forma segundo Tachizawa (2011) uma mudança correspondente do pensamento mecanicista para o pensamento sistêmico e, por conseguinte, um novo estilo de administração conhecido como administração sistêmica.