RESPEITO, O QUE É E ONDE FOI PARAR?

Pais, professores e alunos estão envolvidos. Para uns, significa obedecer às normas do lar e demais ordens vindas deles. Para outros significa sentar-se à carteira, copiar a matéria, não conversar e prestar muita atenção a tudo o que é apresentado. Já para outros ainda, significa que todos devem entender suas opiniões e ponto final. Mas afinal, o que é respeito? Onde foi parar o respeito?

É difícil definir alguns termos com precisão, ainda mais quando são utilizados de forma tão ampla no dia a dia da sociedade, podendo sofrer mudanças de significado dependendo da cultura em que está inserido ou o tempo de uso. Por isso vamos nos utilizar de uma ferramenta linguística que nos ajudará a compreendê-lo melhor, a etimologia. Etimologia, do grego antigo ἐτυμολογία, composto de ἔτυμον (origem) e λογία (estudo), é uma ferramenta gramatical que estuda a origem e história das palavras e também seu significado.

A palavra respeito vem do latim RESPECTUM que é o particípio passado de RESPICERE, onde RE (novamente) e SPECERE (olhar) dão a ideia de “olhar ao redor” ou “olhar novamente”. Podemos considerar, portanto que respeito significa um olhar novamente ao redor, analisar, perceber que não estou só e que existe um mundo ao redor, pessoas ao redor. Essa definição pode lançar luz sobre o que é respeito ou o que é respeitar.

A prática do respeito deve ser equilibrada ou pode levar a dois extremos: falta de respeito ou excesso de respeito. Quando há falta de respeito o indivíduo não percebeu, que não está só no mundo. Não percebeu que deve olhar para o lado, olhar ao redor. Não percebeu que há limites para tudo e que a quebra dos limites trás um prejuízo para todos, inclusive para ele mesmo. Do outro lado há o excesso de respeito que se caracteriza pelo medo de que algo aconteça ou superestimação da opinião dos outros. Em outras palavras, não ter opinião própria e por isso concordar com tudo que está sendo falado. Não exerce seu direito de opinar, não faz diferença o que pensa, os outros decidem.

No contexto da educação formal, ou seja, aquela que é dada na instituição de ensino, o respeito é fundamental. Há aqueles que atribuem à escola o dever de ensinar o respeito, outros acreditam ser da família esse papel, outros ainda acreditam que a própria vida ensinará o respeito, mas quem deve ensinar o respeito? Quem deve transmitir esse valor? Esse também foi o questionamento de diversos psicólogos, mestres e doutores em educação ou psicologia, como por exemplo, a doutora em psicologia pela USP, Luciana B. Fevorini:

percebo que não há, no contexto educacional em que atuo (e, talvez, no contexto educacional como um todo), clareza sobre o papel que a escola deve desempenhar diante das famílias. Como partilhar com as famílias a formação de crianças e jovens? Há um papel formativo também para elas? Se sim, como deve ser desenvolvido? (2009, p.11)

Percebe-se, portanto, que até nos círculos acadêmicos há um interesse de se estabelecer, se isso for possível, uma divisão entre o que cabe a cada um na educação dos filhos e alunos.

Não é tarefa fácil delimitar o campo de atuação para a família ou para a escola, mas Cláudio Moura de Castro, economista e articulista da revista Veja (10 de novembro de 2004, p.20), num artigo intitulado: “A vovó na janela”, por exemplo, afirma que o bom resultado dos coreanos em exames internacionais sobre aprendizado de leitura é devido a enorme importância que eles (famílias) atribuem à educação. Vários estudos indicaram que o acompanhamento da vida escolar dos filhos pelos pais é um fator importante para o desenvolvimento acadêmico dos filhos. (PINHEIRO, 2007; POLÔNIA, DESSEN, 2005; PEREZ, 2004; CHECHIA, 2002; MARQUES, 2002; FRAIMAN, 1997). Não significa dizer que as famílias de nosso Brasil não se preocupam com os filhos, mas o que percebemos é que muitos pais não sabem como fazer esse acompanhamento de forma benéfica. Em reuniões pedagógicas ou palestras promovidas pela escola em que trabalho, sempre há muitos pais que perguntam: Como posso ensinar os limites para meu filho? Ou ainda, como devo ensinar o respeito ás pessoas, professores e colegas da escola?

Claro, seria ótimo se houvesse uma cartilha ou manual, como nos aparelhos eletrônicos, mas não existe receita pronta. A sabedoria apenas nos diz que o melhor caminho é a preparação prévia, se possível, e observação. Como assim observação? Exatamente! Observar o que deu certo com tantas famílias ao redor e tentar aplicar, orientar. Uma preciosa dica é nunca esquecer que todos os pais passaram pela mesma fase. Estude sobre o assunto, há muitos materiais bons que podem ajudar. Outra boa dica é não considerar a escola como um inimigo, pelo contrário, a escola está para contribuir e ajudar, compartilhar com a educação dos filhos. O professor não tomará o lugar dos pais! Eles devem ser vistos como cooperadores na educação.