Resolvendo conflitos – comunicação e auto-análise

Alguma vez, você já se deparou com uma opinião contraditória do outro sobre você?

Alguma vez, você, segundo a sua opinião própria, já foi julgado injustamente?

Se isso aconteceu, talvez você tenha razão e os outros estavam errados sobre você, talvez, não. Mas, no mínimo, isto indica que seu processo de comunicação não fluiu.

Comunicamo-nos não apenas com palavras ditas, mas também com aquelas não ditas. Comunicamos-nos com um sorriso, mas também com a falta dele. Comunicamo-nos pelas roupas que usamos ou não, os lugares que freqüentamos ou não, pelas pessoas que abraçamos ou evitamos.

Depois de muitos "mal-entendidos", aprendi que a opinião do outro pode me servir como um espelho. Ela pode refletir a forma como estou me comunicando com o mundo, ou, no mínimo, me alertar sobre os ruídos presentes nessa comunicação.

Hoje, quando me sinto julgada ou incompreendida, a minha primeira moção não é maisa de reagir, fugir, negar, criticar ou assumir o papel de vítima. É perguntar-me: "Porque o Outro pensou isto de mim? O Outro não compreendeu o que eu disse ou não disse; o que fiz ou não fiz; o que eu acho ter dito, ter feito? Será que o que eu disse, foi o que o Outro entendeu? Afinal, o Outro não está no mesmo contexto que eu, ou vivendo as mesmas emoções, e nem teve a mesma história..."

Penso que o importante é reagirmos contrário à nossa primeira intenção que, na maioria das vezes, é de nos colocarmos no papel de vítima, nos sentirmos injustiçados e decretarmos o fim do relacionamento, da conversa, do projeto, etc...

Essa primeira reação, e nossa atitude frente a ela, demonstra nosso grau de amadurecimento.

Quando isso acontecer, e vai acontecer muitas vezes!,  não fuja da discussão. Não se omita a contrapor-se. Não renegue a si próprio o direito à réplica e permita a tréplica. Pode ser que tudo se esclareça e você seja finalmente bem compreendido, pode ser que não.

Se você esgotou as possibilidades acima. Se você fez uma auto-análise séria e refletiu sobre a forma como você está se comunicando com o Outro e com o mundo. Se você olhou para si próprio, a partir do ponto de vista do Outro. Se você dialogou com o Outro sobre o que ele entendeu e o que você na verdade quis dizer. Se você fez isto tudo e, ainda assim, o Outro não conseguiu te entender, então, agora resta a você compreender que o Outro não teve condições para isto, neste momento, pode ser que tenha faltado algum dado importante que prejudicou o entendimento da sua mensagem. O que fazer? Sorry, só você pode responder... É bem provável que a única alternativa seja arcar com a conseqüência, embora ela não seja justa. Quem sabe um dia o Outro perceba o erro cometido e possa repará-lo, quem sabe não (e daí?).

Ainda, para que uma auto-análise seja bem sucedida, considero importante pensar: Será que é o Outro quem esta mesmo me julgando ou ele apenas fez uma brincadeira comigo - ou falou mesmo uma verdade, porém, sem intenção de condenar - e eu me feri porque, eu próprio, estou a algum tempo me questionando, me julgando e me condenando a este respeito? Cuidado! O espírito de auto-condenação nos leva, muitas vezes, a nos separarmos das pessoas que são francas para conosco, aquelas que mais se importam e torcem pelo nosso sucesso e bem estar. Geralmente, quem nos fala a verdade quer o nosso bem.

Reitero: Foi ou sentiu-se julgado indevidamente? Analise-se! Algo pode não estar fluindo na sua comunicação.

Se foi injusto e indevido o julgamento que você recebeu, o que fazer:

_Isto te prejudica?

_Não!

_Então, perdoe!;

_Sim!

_Então, defenda-se!;

_Indiferente!

_Então, tolere e releve! O Outro tem um outro ponto de vista, que é diferente do seu e só.

Agora, se o mundo do Outro é totalmente diferente do seu, vocês dois podem estar parcialmente com a razão. Nesse caso, ou você passa para o mundo dele, ou ele passa para o seu, ou vocês dois continuam vivendo em mundo diferentes, respeitando-se e tolerando-se reciprocamente. O que não dá é para você querer casar com um(a) oriental e querer que ele(a) aceite você entrar de traje de praia num supermercado... Algumas visões são diferentes! Reconhecer as diferença é um princípio fundamental para criar a igualdade e a convivência fraterna.

           Em quase duas décadas atuando na educação, mediando conflitos entre alunos X alunos; alunos X professores; alunos X pais; pais X professores... Aprendi que quando se coloca os dois lados, frente a frente, os problemas que se arrastavam a dias, meses, anos ou décadas são resolvidos ou apaziguados em menos de meia-hora de conversa porque, geralmente, de certa forma, ambos os lados têm razão... E, no meio, há sempre palavras "mau" ditas, cruzadas, interpostas...

Eu própria, já entrei em saia justa, muito justa. Certa ocasião, em que andava muito preocupada com situações importantes no trabalho, passava pelos corredores do local onde trabalhava com a cabeça no "mundo da lua"... sem notar, em duas ocasiões cruzei com uma colega e não respondi ao seu "Bom dia!", na verdade, nem mesmo a vi... Aquela "simples" distração, aquele "simples" "bom dia", quase pôs a perder um grandioso trabalho e uma preciosa relação profissional e de amizade.

O que eu disse aqui não faz sentido? Hum! E, agora? Quem está com a razão?

Autora: Marcia Dalva Machinski

Pedagoga

Florianópolis/SC – 17/07/2009

Ps: Se eu puder te pedir algo, por favor, nunca rompa relacionamentos comigo, sem antes esgotar todas as possibilidades de entendimentos... Às vezes eu sou teimosa, tenho pontos de vista um tanto quanto rígidos, mas estou aberta a conversar e, quem sabe, você possa me convencer do contrário... Combinado?