ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO ASSESSORIA PEDAGÓGICA DE COLIDER- MT ESCOLA ESTADUAL ANDRÉ ANTONIO MAGGI PROJETO: RESGATE DE VALORES, RESPEITO E BOA CONVIVÊNCIA NA ESCOLA DEITOS, ROBERTA IRIS PAULO, ROSANGELA JIZUATO FERREIRA, ROSEMARY JULIANI COLIDER 27/03/2014 1- RESUMO O projeto Resgate de valores, Respeito e Boa convivência na Escola, proposto pelas professoras da Escola André Maggi, busca uma mudança de comportamento social que somente através da reeducação escolar pode-se alcançar sucesso. A violência escolar tem alcançado índices surpreendentes em nossa sociedade, ganhando contornos alarmantes, e faz alunos, professores, gestores e a comunidade reféns. A violência contra professores tem preocupado especialista em segurança pública e autoridades responsáveis; inúmeras são as propostas que tentam diminuir tal fenômeno, mais nenhuma medida ainda conseguiu controlar a crescente violência escolar. Considerando que a escola é o espaço onde diversas opiniões e conflitos de interesses convivem, é quase normal que a violência escolar seja um fenômeno aceitável, não há receitas ou soluções prontas, é necessário uma mudança de postura daqueles que sofrem qualquer tipo de violência, cabendo também às instituições escolares uma mudança em seus paradigmas, por esse motivo. Palavras – Chaves: Reeducação, Violência Escolar, Resgate de valores e Comportamento. 2- INTRODUÇÃO A violência nas escolas não é um fenômeno novo. Todavia tem vindo a assumir proporções tais que a escola não sabe que medidas tomar para sanar este problema. Por ser um fenômeno social, o único caminho para a prevenção e controle da violência é buscar as causas na própria organização da sociedade para atuar sobre elas, e insurgir-se ativamente contra este fenômeno. No Brasil, algumas iniciativas estão se concretizando em termos de legislação e experiências da sociedade civil organizada, por meio de passeatas, palestras e projetos educativos. Dessa forma, perante a gravidade do problema, a cada dia novas manifestações e propostas surgem, expressando o inconformismo da sociedade com o avanço da violência ao dia-a-dia dos cidadãos. De igual modo, a escola terá que ajustar os seus conteúdos programáticos e acercar-se mais as crianças, pois devido às exigências, as famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, delegando-a à escola. No meio de toda esta confusão, estão as crianças que atuam conforme aquilo que observam e agem consonantemente aos estímulos do meio, que por vezes oferece modelos de conduta e referências positivas questionáveis. Ao analisar o comportamento da nossa sociedade atual pode-se perceber a necessidade da contribuição da escola, para a construção de uma sociedade mais igualitária, menos excludente, menos violenta e com capacidade de discernir o mal que estes fazem na formação de nossas crianças e jovens. Entendemos que a escola, em todos os níveis e modalidades da Educação Básica, tem como função social formar o solidário, crítico, ético e participativo. O projeto Resgate de valores, Respeito e Boa convivência na Escola proposto a escola André Maggi, busca uma mudança de comportamento social que através da reeducação escolar pode-se alcançar sucesso. Destacar a importância da harmonia entre os alunos e professores em sala de aula, discutir o cumprimento dos acordos estabelecidos coletivamente para que se tenha uma boa convivência na escola, desenvolver junto às famílias através de palestras, filmes, apresentações musicais, jogos cooperativos, mensagens, dinâmicas, peças teatrais e danças, além de pesquisas em trechos bíblicos e outros a importância do respeito, ética, amizade, honestidade e valores para uma convivência social. 3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Apesar de ser muito discutida em nossos dias, a violência acompanha toda história do ser humano. Tem hoje um lugar de destaque, pois se tornou um modo de relação dominante, presente em todas as áreas do cotidiano e compromete a vida e a saúde física e mental das pessoas. Crianças e adolescentes são as principais vítimas da violência, tornando a primeira causa de morte de adolescentes e jovens brasileiros. E vigor desde 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, costitui estratégias legais e da sociedade para preservar os direitos da população brasileira nessas faixas etárias. O ECA afirma que: Nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência, exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família e que todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes tem o dever de comunicar aos Coselhos Tutelares situações de maus-tratos físicos, psicológicos ou sexuais.( Brasil, 1990). A definição de volência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. É uma trangressão da ordem e das regras da vida em sociedade. É o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros. As drogas, as gangues, as armas, agressões verbais, discriminação, intimidação, furtos e ameaças estão inseridos no contexto das escolas de Mato Grosso, mas não são percebidos pelos pais, professores e próprios alunos. O alerta é da socióloga e secretária- executiva do Observatório Ibero – Americano de Violências nas Escolas, Mirian Abramovay. Segundo os números do Observatório, 51% dos alunos não se concentram nos estudos e 39% ficam nervosos e revoltados com as diversas situações de violência escolar. O resultado é drástico: 34% admitem desejo de deixar a escola por causa dessa situação. Segundo Mirian Abramovay, (2000): Essas formas de violência são pouco discutidas dentro das instituições de ensino. Nas pesquisas, quando perguntamos se há violência na escola, o primeiro ímpeto é dizer que não, porque também a violência está tão banalizada que nem as escolas dão conta do que está acontecendo no seu dia-a-dia. Há a necessidade de se fazer um diagnóstico de todas as escolas do país para que haja a criação de políticas públicas, para saber o que elas consideram violência; a relação professor-aluno o papel dos pais e o que pensam da escola. ‘’É necessário formar mediadores escolares, criar locais e espaços de diálogo, além de ampliar os projetos de convivência escolar’’. ABRAMOVAY, (2000). A violência dentro das escolas deve ser considerada como problema social, pois se manifesta de diversas formas e envolve a todos que estão inseridos no processo educativo. Não deveria ser assim, já que a escola é lugar de formação ética e moral dos sujeitos inseridos nela, independente de serem alunos, professores e demais profissionais. Nas escolas, as relações dia-a-dia devem traduzir respeito ao próximo, através de atitudes que levem à amizade, harmonia e integração das pessoas, visando atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico da instituição. Mesmo porque a violência estampada nas ruas das cidades, a violência doméstica, os latrocínios, os contrabandos, os crimes de colarinho branco tem levado os jovens ao descrédito em uma sociedade justa e igualitária, que seja capaz de promover o desenvolvimento social de condições iguais para todos, tornando-o assim violentos, conforme estes moldes sociais. Afinal, a credibilidade e a confiança são as melhores formas de mostrar para as crianças e jovens que é possível vencer os desafios e problemas que a vida apresenta. Esse tipo de violência, quando põe em risco a ordem, a motivação, a satisfação e as expectativas dos alunos e do corpo docente, tem efeitos graves sobre as escolas, contribuindo para o insucesso dos propósitos e objetivos da educação, do ensino e do aprendizado. (ILANUD, 2005). As agressões verbais ou ameaças são os acontecimentos mais presentes nas escolas. A localização perigosa da escola, diferenças religiosas, de classes sociais ou de opção sexual são os motivos mais frequentes que levam os jovens a sofrer violência. Estes atos violentos vão desde a agressão física, humilhações psicológicas que influenciam na perda do desejo de permanecer na escola. Levar este assunto para a sala de aula desde as séries iniciais é uma forma de trabalhar com um tema controverso e presente em nossas vidas, oportunizando momentos de reflexão que auxiliarão na transformação social. Nesse sentido (GRISPINO, 2004) faz a seguinte observação quanto o posicionamento da escola frente ao ‘’problema violência escolar’’. A escola vem se preocupando cada vez mais com o problema da violência. Violência na sociedade que acaba na escola. Investe em atividades esportivas e culturais, cria projetos alternativos que envolvem os alunos e os afastam da violência. Vai além, estimula a participação dos pais e da comunidade nos programas desenvolvidos por ela, ampliando o sentido de escola, escola da família. Ela se transforma em espaço de atividades também para a comunidade. O resultado de trabalhos desenvolvidos como o acima citado tem sido muito positivo, pois as escolas que assim se programam, que apostam num ensino diversificado, em atividades prazerosas para os alunos, e que envolvam a família, tem conseguido frequência participativa dos mesmos em grau estimulador, assim como um envolvimento cada vez menor de violência nas escolas. Segundo Silva, ‘’o papel da escola é importante’’, pois: Entendemos que um projeto de escola busque a formação da cidadania, precisa ter como objetivos: tratar todos os indivíduos com dignidade, com respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom; fazer com que a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela; trabalhar a problemática da violência e dos direitos humanos, a partir do processo de conscientização permanente, relacionando esses conteúdos ao currículo escolar; incentivar comportamentos de trocas, de solidariedade e de diálogos (2005). Ao entendermos que a educação é um processo de construção coletiva, contínua e permanente de formação do ser humano, e que se dá na relação entre estes e a natureza, portanto a escola é o local onde acontece essa interação, porque trabalha com o conhecimento, com valores, atitudes e a formação de hábitos. Conforme Silva, Dependendo da concepção e da direção que a escola venha assumir, esta poderá ser local de violação de direitos ou de respeito e de busca pela materialização dos direitos de todos os cidadãos, ou seja, de construção da cidadania. A formulação de um projeto de convivência na escola, que implica a realização de um trabalho conjunto de definição dos modos de relacionamento e normas de convivência aceita pela comunidade escolar é uma das propostas mais valiosa para o trabalho em âmbito escolar. Buscar acordos e consensos para resolver os problemas e dar conta das diferenças de opinião já constitui, em si mesmo, a base da experiência educativa, pois permite a experimentação de práticas de convivência cidadã e resolução não violenta de conflitos. A incorporação de valores e práticas cidadãs pode servir de suporte para a construção de alternativas pessoais e sociais, visando à resolução de conflitos através da violência. É também, uma condição importante para o aprendizado possa ser aplicado às situações enfrentadas na vida social. 4- MATERIAIS E MÉTODOS O intuito desse projeto é trabalhar com a comunidade escolar com também os familiares da Escola Estadual Andre Antonio Maggi. Para isso, a comunidade escolar como as famílias dos estudantes participarão de atividades diferenciadas como filmes, apresentações musicais, jogos cooperativos, mensagens, dinâmicas, peças teatrais e danças, além de pesquisas em trechos bíblicos e outros. Todos os temas são relacionados a valores éticos, morais e de convivência. As ações serão aplicadas na rotina escolar desta escola durante um semestre de 2014, que terá início no mês de Abril. A iniciativa é uma necessidade de interferir no excesso de estímulos tecnológicos que tem prejudicado as relações humanas. Os novos significados da vida moderna deixaram de lado os bons costumes da saudação, da tolerância e do diálogo que influenciam diretamente na formação do caráter. São valores esquecidos que o projeto pretende resgatar. O Projeto será desenvolvido da seguinte forma: Trabalho com textos e ou livros diversos que sugerem temas como solidariedade, respeito aos outros, boas maneiras, cooperação, estímulo à sensibilidade e reflexão; - Jogos e dinâmicas que estimulem a amizade, cooperação e o respeito às diferenças; - Elaboração de frases e histórias que enfatizem a convivência adequada no grupo; - Dramatização de situações de conflito que podem surgir na escola, confrontando com a dramatização do que seria a atitude mais adequada para o momento; - Conversas informais (rodinha) para refletir sobre situações que surgem em aula ou temas abordados em textos, buscando soluções no grupo e valorizando a participação e o comprometimento de todos; - Atividades em grupo e duplas; -Manual da Convivência; -Definição das regras de convivência da turma; - Eu vi uma barata: forma-se um círculo com as crianças. Uma inicia dizendo “ eu vi uma barata na fulana”. Quem estiver a sua direita deverá defender seu amigo dizendo: “ não, na fulana a barata não está. Eu vi foi na beltrana”. O jogo prossegue até que todos sejam chamados; Os alunos deverão conversar com o seu colega da frente sobre o que mais gosta de fazer em casa quando não está no colégio. Ao sinal da professora, a roda do meio irá girar uma vez, seguindo a mesma conversa até que todos conversem com todos; Jogo do nome: cada aluno tira de um saco o nome de um colega. Escreve seu nome, bem grande, numa folha de ofício e procura escrever o maior número de palavras que conhece que começam com a mesma letra; Empresta-me tua casinha? Desenha-se no chão vários círculos ( um a menos que o número de crianças). Cada círculo será ocupado por uma criança. A que ficar sem a casinha deverá chegar a uma criança e dizer: “ empresta-me tua casinha?”.Todas as outras deverão responder: “ pois não!”. Todas saem do seu círculo, trocando de lugar. A que estava fora, deverá buscar um círculo também. Quem ficar sem lugar, recomeça o jogo; Bingo humano: Cada criança receberá uma cartela. Após, deverá escolher o seu codinome: formado pelo seu apelido mais seu prato predileto. Ao sinal, todos deverão preencher sua cartela com nome dos colegas. Após joga-se bingo com as cartelas. Quem preencher a sua primeiro vence o jogo; - Jogo do rabisco: joga-se em dupla. Cada uma recebe uma folha. Uma criança inicia um desenho e passa a folha para a outra continuar e assim por diante até terminar o desenho; - Autógrafo: Cada aluno recebe uma folha. Deverá conseguir o maior número de autógrafo dos seus colegas.; - Expressão de amizade: forma-se um círculo. Quem começa, olha para o colega da direita e diz “ amo o meu colega com A, porque ele é... ( e diz um adjetivo que comece com a letra A). O jogo prossegue com todas as letras do alfabeto; - Sinais de trânsito: os alunos deverão início da aula, colocar uma carinha ao lado do seu nome conforme seu humor; Avaliação: Que cada aluno consiga integrar-se no grupo, participando ativamente, trocando experiências, resolvendo situações de conflito de forma tranquila e convivendo adequadamente conforme as regras elaboradas pela da turma e os valores trabalhados em aula. Que o grupo como um todo consiga demonstrar maior autonomia e sensibilidade para resolver os problemas que surgem com mais tolerância e amabilidade. 5- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A avaliação do Projeto Resgate de Valores, Respeito e Boa Convivência na Escola desenvolvido pelas professoras da Escola Estadual Andre Antonio Maggi será realizada diariamente com leitura, mensagens, dinâmicas, valorização das relações interpessoal, organização de atividades de grupo, estimulando a solidariedade, a cooperação, a tolerância e o respeito mútuo, crítica de materiais como vídeos, jornais, revistas e textos literários durante o período do desenvolvimento do projeto. 6-CRONOGRAMA MÊS ATIVIDADES Abril e Maio Reunião para discussão e elaboração projeto teórica. Seleção dos alunos que serão convidados a participar do projeto. Junho, Julho e Agosto Atividades realizadas semanalmente com os alunos em horários contrários a jornada de trabalho (Ex. leitura e produção de textos, utilização dos aparelhos multimídia, confecção de cartazes). Setembro Fechamento e exposição dos trabalhos. 6 REFERÊNCIAS Argentina. Ministerio de educacion y cultura. Dirección de Planificacion y Estratégias Educativas. La prevencion de la violencia em el âmbito educativo. Córdoba, 1998.( Rede Federal de Formacion Docente Contínua). Lei n° 8.069, de 13 de Julho 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência: Legislação Federal e marginalia, São Paulo, v.54, p. 849 – 94, jan./fev./mar. De 1990. (D.O de 16- 7- 1990). CASTELLS, M. Novas perspectivas críticas em educação. Porto Alegre: Ates Médicas, 1996. COSTA, João Cruz. Contribuição à História da ideias no Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1956. FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez. 1995. FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousar ensinar: São Paulo. Editora olho d’àgua. 1993. Maus – tratos contra crianças e adolescentes: proteção e prevenção: guia de orientação para professores. Petrópolis: Autores e agentes Associados, 1992. (coleção Garantia de Direitos).