RESENHA SOBRE O LIVRO “A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS “, DE BRUNO BETTELHEIM

 

                                                 Marcos Espindola Macedo

                           

Bruno Bettelheim, foi um psicólogo austríaco nascido em Viena, de grande destaque histórico nos estudos sobre crianças com problemas mentais, sobretudo autistas. Discípulo de Freud, doutorou-se pela Universidade de Viena. Logo em seguida foi internado pelos nazistas nos campos de concentração, ao ser libertado (1939), emigrou para os Estados Unidos. Nomeado pesquisador assistente, ganhou fama quando publicou um artigo de muita repercussão, sobre suas observações e experiências nos campos de concentração. Revalidado seu doutorado da Universidade de Viena, naturalizou-se cidadão estadunidense e tornou-se professor assistente de psicologia. Iniciou, então, seus estudos com crianças vítimas de distúrbios emocionais graves, principalmente as autistas. Foi um dos especialistas que mais se debruçou sobre o estudo da influência dos contos de fadas. Para ele a grande diferença entre este tipo de contos e os modernos é que os primeiros, ao contrário dos segundos, não remetem apenas para o encantamento, tratando também de problemas existenciais, algo que permanece inalterável com a passagem do tempo.

Em seu livro sobre os contos de fadas, Bruno Bettelheim (2002, pag. 40) cita que: “O conto de fadas oferece materiais de fantasia que sugerem à criança sob forma simbólica o significado de toda batalha para conseguir uma auto realização, e garante um final feliz.” ou seja, os contos de fadas possuem materiais simbólicos para que a criança encontre saídas às suas dificuldades internas, dificuldades estas que fazem parte da vida de todas as crianças. Muitas dessas crianças ao passar por dificuldades em sua casa precisam de um apoio, e os contos de fadas fazem esse trabalho muito bem. O sonho tem várias peculiaridades com os contos de fadas, mas a vantagem deste sobre aquele é que tem uma estrutura consistente, com começo definido e uma trama que se movimenta na direção de uma solução satisfatória, além disso diversas vantagens sendo uma delas que a criança pode em muitos momentos estar vivenciando o que ocorre nos contos de fadas e não se sente culpada por isso; pois pode manter em segredo seus sentimentos muitas vezes “vergonhosos” para ela(BETTELHEIM,2002).

O herói do conto de fadas tem um corpo que pode executar feitos miraculosos. Identificando –se com ele, qualquer criança pode se compensar em fantasiar-se em herói, vencendo seus medos, escalando montanhas e tudo o que ela almejar, depois de satisfeitos seus desejos mais grandiosos na fantasia, a criança fica em paz com seu corpo tal como é na realidade.

Em seu livro Bettelheim deixa claro alguns aparatos do aparelho psíquico humano, o ID, o Ego e o Superego.

O ID seria a fonte de energia psíquica formada pelas pulsões e instintos humanos, seria a área humana que se preocupa pela busca do prazer e evita o que lhe é contrário.

O ego seria o princípio da razão em contraste com os desejos do Id, ou seja, ele geralmente é a força inibidora que retarda os avanços do Id, como por exemplo o desejo de roubar(inconsciente), que pode ser um impulso do Id.

O superego trata-se da parte moral da psique humana, representada pelos valores da sociedade. Entre seus objetivos estão o cumprimento das regras, forçar o ego a comportar-se moralmente e conduzir o indivíduo à “perfeição”.

Qual o motivo de sabermos sobre estes três pontos?

-Principalmente pelo motivo de entendermos que o homem e principalmente as crianças possuem partes em seu cérebro que não podem ser controladas, sendo assim, ele   pode aprender a conviver com essas partes usando para isso os contos de fadas.

Temos aqui uma boa relação entre a vida e os contos de fadas, em Hércules, há a escolha entre os prazeres da vida, ou seguir o destino deforma honrosa: O mito de Hércules enfrenta a escolha entre seguir o princípio do prazer ou o princípio da realidade da vida. De certa forma semelhante o faz o conto de fadas “Os três porquinhos” (BETHELLHEIM,2002).

Assim, a criança entra na história e baseada nas ações dos

personagens pode decidir aquilo que mais lhe agradar, obviamente aqui se encontra uma das importâncias dos contos, que é mostrar o caminho do bem e de uma forma que a criança encontre sua realização. Como cita Bethelleim (2002, p.40): “O conto de fadas oferece materiais de fantasia que sugerem à criança sob forma simbólica o significado de toda batalha para conseguir uma auto realização, e garante um final feliz”.

A criança de certa forma “entra” na história e toma o lugar do personagem que mais se assemelha ao seu momento de vida, e através desse faz-de-conta consegue aprender com essas histórias e assim, passar para a vida real o que aprendeu nelas.

Atualmente vemos nossa sociedade tendo que conviver com a mudança de valores relacionados a moral e aos costumes, estes são necessários para a sobrevivência em sociedade, e é através dos contos de fadas que pode-se transmitir essas mensagens à criança que um dia será um adulto, responsável por seus atos.

Deste modo a criança pode aprender a viver em sociedade e trabalhar em equipe, crescendo assim de forma totalmente saudável.

O professor como mediador do saber tem o dever de induzir a criança ao caminho do bem e do belo e isto de forma lúdica, não esquecendo que os contos de fadas não são apenas modos de ludicidade e sim importantes ferramentas para a educação das crianças.

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Ed. Paz e Terra, 2002

Fonte disponível: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/BrunoBet.html acesso em: 17.Jun.2015.