RESENHA DO LIVRO: OS SETES SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO – EDGAR MORIN

 

O texto de Edgar Morin tem como objetivo dar início a uma nova e criativa reflexão no contexto das discussões sobre a educação do séc. XXI.

Aborda temas fundamentais para a educação contemporânea, por vezes ignorados ou deixados à margem dos debates sobre a política educacional. Sua leitura leva à revisão das práticas pedagógicas da atualidade, tendo em vista de necessidade em situar a importância da educação na totalidade dos desafios e incertezas dos tempos atuais. O livro é composto por sete capítulos em que descreverei e colocarei opiniões pessoais para um melhor entendimento a seguir.

O primeiro saber diz a respeito da idéia de erro. A ciência sempre afastou os erros das suas concepções. Contudo, precisamos urgentemente integrar o erro nas concepções para que o mundo avance no conhecimento.

Já o segundo saber fala sobre o conhecimento pertinente. Sempre convivemos e aprendemos com a idéia de fragmentação, ou seja, a separação de um conhecimento do outro. Contudo, o conhecimento pertinente diz o contrário a essa idéia de fragmentação. Ele nos diz a respeito da rearticulação dos conhecimentos em qualquer contexto.

O terceiro saber fala sobre o ensinar a condição humana. Quem nós somos? Aprendemos que somos apenas culturais, mas precisamos reaprender que também somos naturais, físico, psíquico, míticos, imaginários e etc. Portanto este saber trata sobre o reaprendizado da nossa própria condição humana.

Já o quarto saber diz a respeito da identidade terrena, ou seja, a identidade da Terra e a nossa Terra pátria. É necessário ensinar aos alunos que a Terra é um pequeno planeta que precisa ser sustentada a qualquer custo.  A idéia deste saber está ligada a sustentabilidade. O que significa constituir um planeta sustentável? É complexamente construir um planeta que seja viável para as futuras gerações. Se não conseguirmos mantê-lo sustentável, ele certamente terá sinais de irritabilidade - como já vem acontecendo há alguns anos. 

A ciência Cartesiana construiu a idéia de que tudo que é cientifico pertence ao reino das certezas. Nós, humanos, somos seres individualizados, mas também somos seres portadores de muitas multiplicidades. Então é necessário ensinar nas escolas a idéia da incerteza e que o conhecimento científico nunca é produtor absoluto de certezas. Na verdade deve-se motivar a incerteza, pois ela é quem comanda o avanço do saber e da cultura sem as certezas, então é necessário incorporar essas incertezas nos conhecimentos variados. É importante ressaltar que tudo o que foi criado pelo homem começou a com a idéia da incerteza, portanto o quinto saber ressalta a necessidade de enfrentar as incertezas.

Já a compreensão deve ser o meio e o fim da comunicação humana. Se olharmos para nossas instituições de ensino, veremos que a caracterização da escola ou faculdade é a incompreensão. Ou seja, disciplinas que “brigam” com as outras, departamentos que não se entende com os outros e áreas de conhecimento que não fala com as outras. Portanto, seria necessário introduzir o ensino da compreensão nas unidades de ensino em qualquer nível que ela se exerça. Pode-se estender o assunto para falar que o Planeta Terra também precisa de mais compreensão, pois se verifica que a caracterização da Terra é a incompreensão por todas as partes como as políticas, ideológicas, econômicas e etc. Contudo, o sexto saber diz a respeito de ensinar a compreensão.

E por ultimo, o sétimo saber ressalta sobre a ética do gênero humano. A ética do gênero humano é chamada de antropoética (antropo= homem). Portanto esse ensino antropoética precisava ser reintroduzido nas escolas, pois ela está ancorada em três elementos: o indivíduo, a sociedade e a espécie. Contudo, é extremamente importante arrumarmos uma antropoética que religasse o indivíduo, sociedade e espécie e não se mantiver separado como se encontra nos dias atuais.

Pode-se dizer que o Brasil vive uma verdadeira explosão política, econômica e social e por ser um país em desenvolvimento dinâmico cria condições propícias de receber os pensamentos de Morin e colocá-los em prática. Mas é necessário haver uma reforma do pensamento, pois o ser humano é reducionista por natureza e, por isso, é preciso esforçar-se para compreender a complexidade e combater a simplificação e fragmentação. O currículo escolar é mínimo e fragmentado, essa estrutura não oferece a visão geral e as disciplinas não se complementam nem se integram, dificultando a perspectiva global que favorece a aprendizagem. A escola se fragmentou em busca da especialização. Dividiu os saberes em áreas e, dentro delas, priorizou alguns conteúdos. Para que as idéias de Morin sejam implantadas, é necessário reformular essa estrutura, uma tarefa complicada, pois é difícil romper uma linha de raciocínio cultivada por várias gerações, mas é possível.

A responsabilidade para que ocorra uma mudança no sistema educacional se faz necessário não apenas para os professores, mas também a coordenadores, diretores, supervisores, pais, alunos e a todos os que envolvam a estrutura do sistema educacional.

A questão da formação do educador deve ser não só durante o tempo de vida acadêmica, deve o profissional estar sempre atento às mudanças que envolvam sua área, mas principalmente ser dinâmico, entender não somente de sua especialidade e sim obter um conhecimento como um todo. Existe um abismo muito grande entre ser professor e ser educador, e esta é a transformação que se faz necessária, que nossa sociedade tenha mais educadores do que professores.

Geralmente, a lógica da aprendizagem é longe da realidade dos jovens e das crianças. Se o ensino é muito descolado da vida ou das experiências delas, elas mesmas desqualificam o ensino por sua falta de relevância. O professor tem que fazer uma conexão entre a vida cotidiana e os materiais. É necessário olhar mais para a complexidade da realidade e da vida para ter a capacidade de analisar. Seria muito interessante desenvolver momentos em sala de aula a partir das questões cotidianas que acontece na vida dos alunos e que ao mesmo tempo daria para fazer reflexões, trabalhar o conhecimento científico e as opiniões. Isto permite avançar no pensamento mais complexo, de não limitar o mundo a uma realidade estreita.

Então, para a educação ser completa e eficaz ela tem que ser transformada, inovada e reinventada constantemente de forma a atender e se adequar à realidade social, cultural e política de cada geração. Nesse contexto, a internet vem como ferramenta fundamental para o desenvolvimento de uma nova educação, pois é um meio de abrir a escola e desenvolver o conhecimento crítico dos alunos.  Ouvir os alunos, naturalmente sintonizados com o presente, é a melhor maneira de o professor investir na própria formação. Esse também é o caminho para construir um programa de ensino focado no próprio estudante e suas referências culturais, porque as grandes metas da educação deveriam ser o desenvolvimento da compreensão e da condição humana. A aprendizagem precisa ser ativa, focada na experiência, em projetos, em solução de problemas, em criar situações novas. Não tem mais sentido focar as aulas só no conteúdo teórico, na memorização, na competição.

Contudo, o livro Os Sete Saberes Necessários à Educação Futura deve ser encarado como implicações e modalidades que estimularia o educador a redefinir sua posição na sua escola, na sua relação com os alunos, com os currículos, com a disciplina e a relação com a variação.