Resenha do Artigo:
MOURA, S.F, HERREIRA F.N, SOUZA J. L.e PONTES V. L. O Valor do Intangível em Instituições de Ensino Superior: Um Enfoque no Capital Humano. FECAP ? ano 7 números 18 - 2005

Resenha por Douglas B Rodrigues

O VALOR DO INTANGÍVEL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: UM ENFOQUE NO CAPITAL HUMANO

Um artigo importante onde os autores abordam os conflitos das políticas de gestão do capital intelectual nas Instituições de Ensino Superior (IES) privadas e públicas localizadas em Fortaleza- CE. Para enriquecer o artigo é trazido para o diálogo autores como: Maria Tereza Antunes, Peter Druker, Malone, Edvinsson, Kaplan, Norton entre outros.
O trabalho aborda a gestão das IES quanto aos ativos intangíveis conceituados como capital intelectual, frente ao crescimento mercadológico e obrigatoriedade no cumprimento de metas definidas pelo Plano Nacional de Educação, onde, identificou-se a importância desse capital, bem como, necessidade de um método que aponte retorno sobre esse investimento diante do estabelecido na Lei das Diretrizes de Base Educacional Nacional.
Os autores têm o foco na apresentação comparativa entre ativos tangíveis e intangíveis demonstrando a relevância em considerar o Capital Humano como condição essencial para a IES se manterem competitivas. Visa identificar que políticas estão sendo desenvolvidas na gestão do Capital Intelectual, priorizando o foco humano nas IES públicas e privadas, por meio de um levantamento das ações desenvolvidas no âmbito da capital cearense.
O referencial teórico estruturado aborda três eixos: o capital intelectual na perspectiva de agregar valor à prestação de serviços, valorização do capital humano nas organizações e o cenário das IES no Brasil, onde o argumento central é a pesquisa exploratória descritiva de natureza qualitativa desenvolvida em duas fases: por meio de desk research objetivando identificar características específicas das IES e o conhecimento dos gestores responsáveis. A segunda fase foi realizada por método de pesquisa survey para identificação de três aspectos: compreender o reconhecimento e valorização do capital humano, identificar as ações realizadas para gestão do capital humano e verificar o interesse por modelos de mensuração do valor agregado à instituição pelo capital humano.
A estruturação contempla uma seção de introdução, outra seção com abordagem do Capital Intelectual na perspectiva de agregar valor à prestação de serviços, outra seção aprofunda-se no Valor do Capital Humano nas organizações, na quarta seção é tratado o cenário das IES no Brasil, na quinta seção, apresentam-se os procedimentos metodológicos considerados, na sexta seção são abordados os respectivos resultados obtidos e finaliza-se o artigo com a sétima seção referente às Considerações Finais.
Chamamos a atenção quando os autores abordam que "O modelo contábil responsável por descrever as demonstrações Financeiras, não acompanham o mundo dos negócios" (p.61, 2005). Observa-se que não foram consideradas as premissas definidas na Lei Nº 11.638/07 associada à convenção do Comitê de Pronunciamentos Contábeis que tornam ainda mais transparentes critérios de prestação de contas, equidade e alterações na estrutura do balanço patrimonial, reforçando justamente o valor justo dos ativos intangíveis, sendo assim, posição contrária aos descritos pelos autores.
Reforça-se o conceito de que "cada vez mais se busca profissionais gestores do conhecimento e que desenvolvam habilidades e capacidades inovadoras." (p.61, 2005), pois o sucesso das IES está na habilidade dessas captarem funcionários alinhados a sua cultura, filosofia e linha de pensamento educacional.
Muito interessante quando é citado o conceito de Goodwill na valoração dos ativos não identificáveis, onde através do uso dos recursos humanos identifica-se a qualidade do serviço prestado através da medição do esforço intelectual e resultados obtidos, pois segundo PADOVEZE: "Goodwill é o valor da diferença obtida entre o valor total da empresa, avaliada por determinados critérios, e o valor resultante da soma aritmética do valor dos ativos e passivos avaliados isoladamente; valor intangível adicional da empresa" (P. 61, 2010).
Os autores citam de forma interessante o conceito de "empresa flexível, alinhada e adaptada aos seus clientes, com serviços inteligentes através da participação direta desses" (P.62, 2005). Hoje cada vez mais deve existir uma adequação dos critérios de ensino ao perfil do aluno. Em apenas sete anos, o número de estudantes da classe D se multiplicou por cinco e soma hoje 887,4 mil, ante 423,4 mil pertencentes à classe A (JORNAL ESTADAO, 2010), logo, deve haver uma equalização às novas necessidades.
É-nos chamada atenção quando se cita JOIA (2001) "o capital humano não pertence à empresa, sendo conseqüência da soma das habilidades e especialidades de seus empregados" (p.63 ? 2005), pois tratar o capital humano como capital intelectual e o capital estrutural como hardwares e softwares é o que dá valor agregado ao uma IES.
O artigo sugeriu a aplicabilidade do navegador Skandia por seu dinamismo operacional: "a dinâmica do navegador Skandia possibilita que esse se adapte as diferentes realidades das IES" (p.63 ? 2005). Devemos refletir sobre a missão de uma IES versus o foco financeiro do navegador supracitado, pois a missão da universidade pública no sentido mais estrito só pode ser o de desenvolver e promover um progresso intelectual de massas, ou seja, para o público, e promover a cultura, a ciência e tecnologia como bem comum da humanidade, como saber e conhecimento universal. (REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO Nº 87, 2008).
Os autores referenciam no texto "Uma empresa com uma área de recursos humanos bem sucedida, contribuirá para que todas as demais atividades de criação de valor dêem certo" (ANTUNES 2000).de forma muito propícia, pois a área de recursos humanos é o filtro da empresa, a porta de entrada. (REVISTA VOCÊ S/A, 2008).
Os autores citam reflexão de que: "professores terão que identificar cada vê mais as características dos estudantes, e as mudanças acontecerão à medida que se priorizar esses pontos (DRUCKER, 1997)", (p.65, 2005), contudo, a Lei das Diretrizes de Base Educacional Nacional é datada de 1996. Assim, deve ser questionado em como é possível equalizar o valor intangível do capital humano em um ambiente onde a grande maioria é de IES privadas associada a uma legislação da época que havia concentração de IES públicas. Creio que não faz sentido a citação ao autor.
Em síntese, o artigo tem como ponto chave as discussões acerca da centralidade do trabalho de gestão das IES quanto aos ativos intangíveis conceituados como capital intelectual, frente ao crescimento mercadológico e obrigatoriedade no cumprimento de metas definidas pelo Plano Nacional de Educação. Assim, o artigo se torna referência pela riqueza das análises abordadas, levando os leitores a uma leitura interpretativa e relevante para estruturação e formação de estudos sobre ativos intangíveis nas IES do Brasil.

Webiografia:
JORNAL ESTADAO - http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,classe-d-ja-e-o-dobro-da-a-nas-universidades,45256,0.htm
REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO Nº 87, 2008 http://www.espacoacademico.com.br/087/87roio.htm
REVISTA VOCÊ S/A http://vocesa.abril.com.br/escolha-sua-profissao/podcast/importancia-rh-491955.shtml

Bibliografia:
PADOVEZE C. Planejamento Orçamentário ? Pearson 2ª Edição 2010.