Michael Bakthtin discute em sua obra, dividido em três capítulos, a questão do Marxismo e Filosofia da Linguagem sobre a ótica dos signos. O autor inicia seu primeiro capítulo analisando sobre as bases de uma teoria marxista oriundas de uma criação ideológica. Para o autor, os estudos sobre o conhecimento científico, bem como a literatura, a religião, a questão da moral entre outros, estão basicamente ligados aos problemas da filosofia da linguagem. Logo no inicio ele ressalta que a palavra é um signo ideológico, e que assim reflete e refrata a realidade social.  Destaca ainda a natureza ideológica dela como signo linguístico, com seu caráter social, dialógico e interativo.

O autor comenta que tudo o que é ideológico é um signo, e sem estes não existiria ideologia. No entanto, afirma ainda que “todo corpo físico pode ser percebido como símbolo” (p. 31). Aqui o autor cita o exemplo da simbolização do principio da inércia e de necessidade da natureza por um determinado objeto único, ou seja, qualquer imagem artístico-simbolico determinada por um objeto físico particular já é um produto ideológico. Afirma também que qualquer produto de consumo, pode ser transformado em signo ideológico, cita o exemplo do pão e do vinho como um signo de representação do corpo de cristo na religião católica.

Na página 36, Michael Bakthtin discute que os estudos das ideologias não dependem em nada da psicologia e assim não possui necessidade da mesma. O autor faz essa colocação pela psicologia se apoiar  no estudo das ideologias.

Sabemos que o ser humano, por depender de diversas necessidades, adapta-se a situações, e com isso vai se ajeitando, se reinventando, estabelecendo relações sociais na qual “cada época, cada grupo social têm seu repertório de formas de discurso na comunicação sócio-ideológica” (p. 43). Aqui o autor discute sobre a questão dos problemas lingüísticos, ressaltando que em cada grupo, há diversas formas diferentes e pertencentes ao mesmo gênero, chamado pelo autor de discurso social.

Nos três últimos capítulos, Michael Bakthtin aborda questões sobre os processos que determinam o psiquismo, destacando que o psiquismo subjetivo é o objeto de uma analise ideológica, de onde se depreende uma interpretação sócio-ideológica. Aborda sobre a tarefa da psicologia, que esta pautada em descrever e explicar a vida psíquica, detalhadamente e sob minuciosas análises. Destaca ainda sobre o objeto da psicologia, que é a atividade mental efetivada ou em vias de efetivar-se. Ressalta que não há diferença entre psiquismo e ideologia.

E por fim, fala da língua, fala e enunciação, destacando a distinção entre ambas. “A língua se apresenta como sistema de normas rígidas e imutáveis” (p. 90). É através da língua e do sistema lingüístico que o locutor, fala se expressa. A enunciação constitui um elemento inalienável e se define como uma resposta a alguma coisa.