La Dolce Vita , realmente é um dos filmes mais instigantes e geniais da história cinematográfica, filmado nos anos 60, Federico Fellini retrata a burguesia italiana, e os modos daquela época, denuncia uma Itália que estava prestes a iniciar um processo de decadência de costumes, tanto que o filme começa com as ruínas das colunas romanas.

Através de um jornalista que é vivido pelo incrivelmente Marcello Mastroiani , que vive Marcello Rubini, um repórter que vive de pequenas reportagens sobre os digamos "famosos da época", na cena do restaurante logo no inicio do filme, vimos o repórter em ação, logo ele pergunta aos garçons o que foi que o príncipe, comeu, bebeu etc. de um certo modo, ele já é um repórter conhecido da sociedade, vale ressaltar também que Marcello é um repórter frustrado, já que sonha em escrever livros.

Outro detalhe da Burguesia é que na saída do bar os fotógrafos comentam algo sobre "ser mais ricos que os Onassis" , ou seja Aristóteles Onassis, que era um poderoso empresário Grego do setor de Marinha mercante, e que já foi considerado um dos homens mais ricos do mundo nos anos 60/70.

No decorrer do filme acompanhamos Marcello dividido entre três mulheres diferentes entre elas Magdalena (interpretada por Anouk Aimée), sofre com o baque da responsabilidade do suicídio de uma de suas namoradas, Emma (Yvonne Furneaux) e, é claro a estrela de cinema Sylvia, vivida pela sueca (Anita Ekberg), o que não pode ficar de fora é que cada uma delas possuem seus estilos, Magdalena é a mais clássica com seu cigarro na boca tomando Vokca, dirigindo seu Cadilac branco, dando carona para uma prostituta e tomando as iniciativas, coisa que deveria ser de um homem, já Emma com o seus cabelos curtinhos e básicos, sonha em formar uma família com Marcello mas ele acha que ela é uma mulher com amor maternal, podemos ver isso na cena em eles estão no carro indo em direção a suposta aparição da virgem, e a Emma fica insistindo colocando comida na boca dele , já Anita é incomparável, possui uma beleza extrema digna de uma grande diva Hollywoodiana, seus dotes avantajados e o seu jeito de viver a vida, na cena clássica da Fontana di Trevi, Sylvia chama marcello para dentro da fonte, a Fontana para os italianos é o símbolo da fonte de beleza e da vida, então nessa cena é como se a Sylvia estivesse chamando o Marcello para viver e aproveitar as delicias da vida, a Sylvia é meiga doce e delicada, e sabe aproveitar o que a vida lhe oferece de bom, só quer saber do amor, amor, amor , saí correndo pela catedral onde também tem a famosa cena do chapéu na sacada da catedral de Roma.

Fellini trabalha vários temas nesse filme, a vida burguesa de Roma que é retratada pelos cafés chiques, pelos passeios nos castelos em há um dialogo dos burgueses que ficam comentando quem tem papas na família, nesse passeio pelo castelo aparece Christa Paffgen, que adotou o pseudônimo de Nico, que é um anagrama da palavra icon( icone) ela fez parte da banda Velvet Underground, uma banda norte americana que tinha como temas de suas canções drogas, prostitutas, sadomasoquismo e até ocultismo, podemos ver esse ultimo na cena em que os ricos ficam invocando os espiritos, Nico que interpreta ela mesma no filme, que é prometida para um duque.

Os detalhes do filme é o figura do paparazzo que é o fotografo que acompanha Rubini que persegue os famosos daí a expressão paparazzi. Fellini também trabalha a questão religiosa, relatando as relação de hipocrisia da Igreja e Estado Italiano, logo no inicio do filme vemos uma estátua de Jesus que se dirige a Roma, O falso milagre, em que Marcello vai como jornalista cobrir um suposto aparecimento da Virgem no interior, para duas crianças que é retratado como algo caricato todo ensaiado pela imprensa.

A falta de comunicação é um tema constante no filme desde o começo com cena do helicóptero sobrevoando as meninas em cima do hotel, passando pela visita do pai de Marcello que resolve passar a noite em um cabaré sem dar tempo de eles terem alguma conversa.
O que não pode ficar de fora, é a trilha sonora criada por Nino Rota, parceiro de Fellini na maioria de seus filmes, o Rock ao estilo de Elvis bem dançante e envolvente.

Sem duvida, A Doce Vida, deixa uma mensagem de que a vida nem sempre pode ser doce como sugere o título, o que nós remete ao caso de Steiner que é amigo culto de Marcello, aparenta ser um homem, completo, casado , dois filhos lindos, bons amigos, boa casa, mas que no final mata seus dois filhos e suicida-se. Marcello então começa a rever seus conceitos sobre a vida, naquela noite se reúne com um grupo de foliões na casa de uma amigo dele, acaba de embriagando e tenta provocar orgias, no amanhecer vão para a praia, que é como se sugerisse uma "novo dia" e cena final na praia um animal morto, uma arraia, simboliza a decadência de Marcello e falta de comunicabilidade, aparece novamente nas palavras de Marcello e Paola que se perdem ao vento, abafadas pelos ruídos das ondas que ele aceita sua incapacidade de entender outras pessoas, então ele encolhe os ombros e volta com os amigos para as festas e se afastam da praia