O texto de Carime Rossi e Margarete Axt tem como objetivo problematizar e analisar dois aspectos do ensino-aprendizagem: a aprendizagem de modo neutro em que o aluno recebe os conhecimentos de determinados conteúdos de modo passivo, ou a aprendizagem na qual o próprio aluno vai construir o determinado conhecimento e apenas o professor será um orientador, ou seja, irá ajudar o aluno, orientá-lo ao processo do aprender.
A escola estabelece um sistema de regras nas quais os professores devem obedecê-las. Estes ensinam o conteúdo, imaginando que se o aluno fica calado na sala de aula, olha para o professor, possui uma determinada postura que a escola julga como disciplina, o aluno está aprendendo.
A escola como um todo não se questiona se aquele aluno está realmente passando para um processo de aprendizagem. Mas, o que a escola entende como aprendizagem? Será que a dicotomia professor- aluno, em que há uma distância entre ambos; não há uma interação mútua e na qual o professor detém o saber e o aluno subjulga-se que não sabe nada; será que essa relação entre os dois que ainda é estabelecido pela escola faz com que os alunos aprendam realmente?
O texto trata, portanto, desses aspectos inicialmente. Outro aspecto importante é a definição e o estudo da designação, manifestação, significação no processo de aprendizagem. A designação refere-se à associação das palavras a imagens, isto é, o objeto.
Por exemplo, o professor que irá ministrar um determinado conteúdo irá transmiti-lo com o objetivo do aluno ouvir, captar aquele assunto e apenas internalizar para si. Além disso, o professor não irá relacionar aquele conteúdo ao cotidiano dos alunos, por exemplo. O que seria interessante seria justamente o contrário. O conteúdo ensinado ao aluno deve suscitar nele indagações, críticas e perguntas em sala de aula. Deve existir uma construção do conhecimento a partir do conteúdo. Não pode haver, apenas, o ensinamento de um assunto e os alunos receber a informação e considerá-lo como certo e verdadeiro. É necessário o questionamento.
A manifestação, segundo o texto, diz respeito a quem diz. O professor, no campo escolar, é a figura central em sala de aula. Ele é que detém o saber. Esse tipo de afirmação demonstra que só o professor é que sabe enquanto os alunos que estão na sala de aula vão à escola, supõe-se, sem nenhum tipo de conhecimento.
O professor quando vai ministrar sua aula impõe um determinado conteúdo e este é o considerado o certo e por isso os alunos têm que aprender. Além disso, o professor quando vai explanar esse conteúdo utiliza um discurso pronto, científico, usa o saber de alguém e transmite em sala de aula, por exemplo, um professor que irá ensinar gramática vai falar o que é substantivo a partir do livro didático, com conceitos já formulados não abrindo espaços para falar o que é substantivo do seu ponto de vista e para trabalhar com os alunos o seu conceito e a partir daí criar discussões em sala de aula. O professor fala um discurso científico já estabelecido e os alunos têm que aprender aquele conteúdo, repetir esse mesmo discurso e assim por diante, isto é, não dá oportunidade ao aluno pensar, refletir e sim repetir conceitos e mais conceitos como se o mesmo não fosse capaz. Não há, portanto uma construção da aprendizagem por parte do discente.
O que acontece no campo pedagógico é a distância entre professor-aluno.
Em relação à aprendizagem e a significação o autor fala que na perspectiva escolar, a escola contribui para o aluno mergulhar no mundo do reconhecimento do que é dito pelo outro (professor). Além disso, o ensino seria de o aluno repetir o que foi descoberto, reproduzir experiências já feitas, estudar regras e aplicá-las, ou seja, um estudo sistemático, movido de regras que o aluno precisa aprender sem a necessidade da interpretação própria do sujeito. O ensino sempre centrado no professor. O aluno recebe passivamente o conteúdo, como muitos dizem, como se fossem uma " tábua rasa". O aprendizado se dá de modo homogêneo, linear e previsível.
No tópico de aprendizagem e sentido, a uma questão estabelecida. Primeiro que esse método do professor transmitir o conteúdo de modo passivo, não se leva em conta se o aluno realmente está aprendendo. O ensino não é centrado no aluno. O principal objetivo é ensinar o conteúdo e se os alunos aprenderam ou não, parece não importar.
É importante estabelecer algumas questões: Quando o aluno está em sala de aula, será que ele está prestando atenção? Mesmo calado, olhando para o professor, o aluno está compreendendo o conteúdo? Como esses alunos aprendem? Será que esse modo passivo é um método eficaz na aprendizagem de um indivíduo? Essas questões não são percebidas e analisadas. A aprendizagem, portanto, é heterogênea na qual para acontecer o processo de aprendizagem é preciso construir, haver interação e um relacionamento mais próximo de professor-aluno.