VALE, J. M. F. Educação Urgente: para quê. In: Projeto de Educação Continuada: Módulo 1 – A escola pública e suas relações humano-sociais e educacionais. Bauru: Unesp/DE, 1997.

José Misael Ferreira do Vale é graduado em Filosofia, Bacharel e Licenciado pela Universidade de São Paulo (1967), Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo e Doutor em Educação: História, Política e Sociedade pela Pontífica Universidade Católica de São Paulo (1983). Atualmente é Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Educação com ênfase em Ensino-Aprendizagem.

No texto Educação Urgente: para quê, Vale aborda as questões que envolvem o desenvolvimento da sociedade tendo por base a educação, sua dual forma de se apresentar e a sua importância no contexto social.

O autor inicia o texto descrevendo que a educação está entre as primeiras necessidades sociais, vista como prioridade e principal bem social reconhecido pelo povo e que se alinha com a alimentação, a moradia, o emprego e a saúde. Ainda acrescenta que a Educação adquire uma especial importância quando vista como prática social, num contexto em que percebe a necessidade de superar a desigualdade social que tanto eleva a minoria e coloca abaixo da linha da pobreza a maioria.

Com uma educação emancipadora, uma educação comprometida com o social, muitas dessas pessoas não estariam abaixo da linha da pobreza, não haveria no nosso país tido como rico pessoas miseráveis, haveria emprego, salários dignos, pessoas informadas de seus direitos e deveres dentro da sociedade e ainda mais pessoas comprometidas com a sociedade, consequentimente tiraria essas pessoas da margem da linha da miserabilidade.

Vale ressalta no texto a falta de um projeto nacional que vise a transformação social do país, um projeto que trabalhe com a sociedade política e a sociedade civil e acrescenta que sem a presença do mesmo, torna-se impossível a criar condições mínimas básicas para o crescimento simultâneo das pessoas.

O autor fala que a educação e a economia possuem entre si uma relação dialética, sendo que uma necessita da outra, pois, sem uma economia estruturada não será possível se estabelecer numa sociedade uma educação para todos e de qualidade, pois não oferecerá subsídios necessários para o desenvolvimento da mesma e da mesma forma sem a presença de uma educação de qualidade, estruturada centrada nos interesses e necessidades das pessoas e da sociedade no geral, não será possível se chegar a uma economia moderna, forte, rica e justa que seja capaz de ainda sustentar a cultura.

Vale deixa claro que é urgente sim a Educação hoje, devemos querer saber por que estar da forma que está, quais os interesses para que a mesma continue da forma inerte que se encontra e principalmente qual o motivo da Economia estar tão distante da Educação. Ele ainda fala que a Economia do futuro será uma economia centrada no saber e cita como referencia para essa discussão o pedagogo Manacorda e o economista Mercadante.

Vale traz os argumentos do Pedagogo Manacorda (1986:59-64) que ressalta sobre a educação existente hoje no nosso país, a forma tradicional de ensino, o mesmo não descarta a forma tradicional de ensino, só alerta que na contemporaneidade não há mais vaga para a mesma, pois, já se tornou ultrapassada, precisa-se agora de uma educação que pautada no ensino de ciências, tecnologia e processos eletrônicos de informação, calcado na compreensão e na vida atual e no domínio do conhecimento, ou seja, uma educação contemporânea que torne as pessoas tanto quanto possível contemporâneas de sua própria época.

O economista Mercadante (1993:1-3), evidencia que no novo contexto mundial com economias fortes e competitivas, a formação educacional das pessoas passa por um fator decisivo e estratégico, sem a qual nenhum país poderá atingir níveis até mesmo os razoáveis de desenvolvimento que permitam a convivência com o padrão de vida aceitável e digno para todos.

Mercadante (1993:1-3) ainda ressalta que o Brasil apresenta baixa porcentagem da população estudantil matriculada, sendo que o país é forte em matérias- prima, em fonte de energia, em terras férteis, tamanho, gente, marcado consumidor potencial, etc..

Vale quanto à educação como forma estratégica para o desenvolvimento do país, concorda com o economista Mercadante, porém ressalta que para realmente acontecer deverá existir vontade política para realizar a recuperação da escola pública brasileira que vem sendo esfacelada, manipulado e consequentimente manipuladora, alienada por políticas privativas que atingiram em cheio a formação de professores e o ensino.

O autor acrescenta ainda que é preciso pensar em desenvolver no interior da escola pública um ensino de qualidade e que no decorrer vá eliminando a dualidade da educação, dualidade esta que se explica como dentro de um mesmo sistema educacional haver duas formas de educação, tendo a educação para os filhos dos ricos e a educação para os filhos dos pobres. Deve-se ter um novo olhar para educação, uma educação uma, que contemple a necessidade de todos os educandos sem que haja distinção pobre/rico, uma educação que prepare o indivíduo para a vida, uma educação emancipadora, que fale de questões sociais e políticas dentro da sala de aula.

No texto Educação urgente para quê, Vale traz os requisitos para a melhoria da Educação Pública, iniciando pelo processo da formação do professor, depois com a implantação de um esquema de formação continuada dentro do sistema escolar, indo para a recuperação da sala de aula como espaço privilegiado da Educação escolar e por fim exigir que o dinheiro público seja aplicado na Escola Pública, considerando unicamente o ensino.

Chegando ao fim do texto o autor traz a dialética quantidade x dialética qualidade, acrescentando que numa sociedade que o capitalismo dita as regras e que a escola pública é financiada pelo Estado poderá também realizar na prática a tal dialética citada logo acima, ou seja, havendo o repasse de forma correta do dinheiro público para a educação (quantidade), haverá uma educação digna e de qualidade para todos. Ainda aborda a questão de como se fazer uma educação para todos, que esclarece dizendo que é necessário se criar uma escola pública democrática que dê oportunidade de vida cultural para legiões de deserdados e que a tarefa dos educadores é a de lutar para incluir esses excluídos na ação afetiva das instituições que lutam pela cidadania. O autor finaliza afirmando que cabe a escola pública abrir as portas para milhões de crianças de 07 a 14 anos que ainda no Brasil estão fora da vida escolar regular.

Vale mostra-nos as questões que implicam o desenvolvimento do país, começando pela educação e a economia como dois dos principais bens sociais lembrando que foram escolhidos depois de outros bens escolhidos pela a maioria dos habitantes do país, lembrando que essa maioria é composta pela classe desfavorecida, porém eu acredito que é a Educação o principal bem social juntamente com a Economia, pois, por meio delas vem o emprego com salários dignos para a classe trabalhadora, vem à alimentação, a saúde, etc..

Mas ressalto que não é essa educação que está posta no nosso país que contribuirá para o desenvolvimento do mesmo, não é essa educação mascarada e encoberta de injustiça, exclusão, descomprometimento e tantas outras coisas, mas sim uma educação que tenha o indivíduo como ser formador e transformador de sua história, uma educação que valorize o homem nas suas diferenças, uma educação que inclui a todos, uma educação que não esteja a serviço do sistema.

Resenhista: Naíla Santos Lima

Aluna da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Departamento de Ciências Humanas e Letras

Curso de Pedagogia – VII semestre.