Freire, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar?Paulo freire- 1. Ed ? São Paulo: Olho d?água, 2009 ? 132 páginas.




Flávia Maria do Carmo Nascimento¹




RESENHA



Paulo Freire nasceu no dia 19 de setembro de maio de 1921, em Recife e faleceu em São Paulo no dia 02 de maio de 1997. Entre este período (nascimento e morte) perpetuou seu nome entre os maiores pensadores voltados para o campo da educação do século XX, cuja postura ideológica foi perpetuada através de sua prática, respeitada e divulgada em todas as partes do mundo, que busca pesquisar e conhecer uma proposta educativa com sede de transformação, voltada para as camadas populares.
O mesmo ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Recife, estudou Filosofia da Linguagem, entretanto nunca exerceu a advocacia. Casou com Elza Maia Costa de Oliveira, em 1946 , tendo cinco filhos com sua esposa; no mesmo ano, Paulo Freire foi nomeado diretor do Departamento de Educação e cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, desenvolvendo inicialmente o seu trabalho com analfabetos de camadas populares. No ano de 1961 passou a ser diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, em 1962 ampliou seu Projeto Alfabetizados, amparado por sua equipe alfabetizou 300 cortadores de cana, em Angicos, Rio Grande do Norte. Germinava o Método Paulo Freire, neste momento histórico e político, apoiado pelo então Presidente João Goulart; o então governante aprovou um Plano Nacional de Alfabetização de 20 mil "círculos de cultura" em todo o Brasil. Tempos depois com o golpe militar do governo João Goulart, Freire ficou sem espaço sendo preso por setenta dias e como conseqüência do momento político, foi levado ao exílio, passando pela Bolívia, Chile (durante cinco anos), desenvolvendo seus projetos para a Democracia Cristã e para ONU. No ano de 1967, foi publicado no Brasil seu primeiro livro Educação como prática de liberdade. Neste momento tornou-se professor visitante da Universidade de Harvard no ano de 1069, "pasapoporte" para em 1974 ser publicada no Brasil sua obra Pedagogia do oprimido, entretanto o "passaporte" já havia sido carimbado mundialmente, com sua obra publicada em inglês, traduzida em várias línguas, Paulo falando para o mundo, rompendo fronteiras. Em, 1970, mudou-se para Genebra (Suíça), trabalhando no Conselho Mundial de igrejas e atuando junto a países africanos como Guiné Bissau e em Moçambique na função de consultor em reforma educacional através do Conselho Mundial de Igrejas.


1 Pedagoga e estudante de acesso ao Mestrado da Universidade da Madeira(UMA-Portugal).
Com a Lei da Anistia, Paulo Freire regressa ao nosso país, em 1980, passou a lecionar na PUC ? SP e na Unicamp, filiou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores). Na gestão petista de Luiza Erundina(1989 ? 1993), na Prefeitura de São Paulo, exerceu o cargo de Secretário da Educação, até 1991. No ano de 1986, sua companheira matrimonial Elza vem a falecer. Dois anos depois, o educador casou-se com Ana Maria Araújo Freire.
Diante das numerosas publicações de Paulo Freire, vamos deter o nosso olhar em Professora sim, tia não, para que enquanto educadores possamos manter vivo o legado reflexivo deste grande cidadão do mundo.
Vamos iniciar a resenha fazendo uso da divisão utilizada pelo autor Paulo Freire e sua obra em destaque no nosso estudo, ele dividiu o livro em Primeiras palavras e em seqüência dez cartas com seus respectivos títulos. Procuraremos transcorrer pela obra através da observação e compreensão de suas sugestões e idéias. Quando o Professor Robson Ricardo² deixou livre a opção dos educadores, entre tantos que estudamos e Paulo Freire educador unanimidade, fui por um caminho que nunca trilhei que foi a obra em questão, livro este que na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) nunca foi tocada me levando a cegar até ela e mergulhar, talvez em decorrência deste eterno recomeço que é a formação continuada de nós professores que estamos eternamente a nos convencermos de nossa missão em ação, procurando não perder e sim achar rotas, caminhos seguros em nossa árdua e estreita formação, que nos exige incessantemente continuidade, citando freire a seguir:

Espero confiante que nenhuma leitora ou leitor deixará de ler este livro em sua totalidade simplesmente porque lhe tenha faltado a decisão de trabalhar um pouco mais. Que abandone a leitura porque o livro não lhe agrade, porque o livro não coincida com suas aspirações político-pedagógicas, isso é um direito que lhe assiste. De qualquer maneira, porém, é sempre bom ler textos que defendem posições políticas diretamente opostas às nossas. Em primeiro lugar, ao fazê-lo, vamos aprendendo a ser menos sectários, mais radicais, mais abertos; em segundo lugar, terminamos por descobrir que aprendemos também não apenas com o diferente de nós, mas até com o nosso antagônico.(FREIRE,2009)

Paulo Freire nas Primeiras palavras ? Professora ? tia: a armadilha, ele faz uma leitura de ligação com obras anteriores, Pedagogia da esperança e Pedagogia do oprimido impossibilitando a dicotomização dos temas e de suas obras. O livro é escrito em uma fase da vida do autor em que ele passa pela a experiência recente de ter sido Secretário de Educação da Cidade de São Paulo em uma gestão petista, de uma mulher nordestina, Luiza Erundina (a questão de gênero é colocada em discussão pela historicidade da profissão), o momento político de grandes transições, todavia se faz necessário ressaltar a análise de papéis, possibilidades de fazer o pensador gestor diante de ações que levam ao movimento dinâmico do exercício da construção de uma cidadania coletiva, no trabalho das relações sociais. Ele amplia a idéia de escrever um novo prefácio para a Pedagogia do oprimido, retomou leituras e

² Robson Ricardo é Professor Doutor da UFU(Universidade Federal de Uberlândia e da UMA)

Intensificou o diálogo com nós educadores tias, tios ou não. Entretanto com bastante força na tarefa de ensinar, suas peculiaridades e suas exigências, passando pelo físico, emocional, afetivo e intelectual, fazendo análises amorosas da exigência estreita entre a capacidade científica e profissional e a sua interface emocional. A desvalorização profissional, da manha existente a chamada "tia", seus baixos salários e sua tortuosa identificação profissional, fazendo uma avaliação da prática pedagógica deste profissional. Paulo com sua formação pedagógica socialista marxista vai se revisitando historicamente passando pela gênese social do psiquismo e deságua na consciência social da necessidade e da importância valorativa do outro, dentro de uma prática de criticidade coletiva, a favor dos menos favorecidos, aprender a ler a realidade, conhecê-la para no momento seguinte, poder reescrever essa realidade e transformá-la.
Primeira Carta (Ensinar ? aprender Leitura do mundo ? leitura da palavra), Paulo inicia uma reflexão/ação entre aprender e ensinar, uma releitura em sua caminhada administrativa, agora lidando de madeira bastante direta e burocrática com a base da educação de um país que é o ensino básico e seus personagens, suas engrenagens, suas dialéticas, mas amorosidade da o tom da responsabilidade deste compromisso técnico e burocrático, recorrendo ao momento anterior na trajetória do livro, cito Paulo, fazendo um registro das adversidades e ao mesmo tempo da consistência das formações ideológicas:

O erro de hoje, ou o risco de corrê-la, está em que, atônitas com o que vem ocorrendo a partir das mudanças na ex-União Soviética, ora reativem o medo à liberdade, a raiva da democracia, ora se entreguem apáticas ao mito da excelência do capitalismo aceitando assim, contraditoriamente, que as campanhas políticas não são ideológicas. Há ainda outro erro ou o risco de corrê-la: o de acreditarem na pós-modernidade reacionária segundo a qual, com a morte das ideologias, o desaparecimento das classes sociais, do sonho, da utopia, a administração da coisa pública é questão de pura técnica, desvinculada da política e da ideologia. (PAULO, 2009)

Sua formação não o abandona, ele vê a escola e seus personagens sempre pelo ângulo de leitura de mundo e mergulha na formação de seus pares, trabalhando fortemente a construção da palavra escrita, nossa formação enquanto educadores, cotidianamente generalizada, bate forte, principalmente para o educador que sempre está em busca dos caminhos das pedras, em busca da compreensão dos textos e esbarra na sua dificuldade de discernimento. Em sua fala deixa claro que precisamos nos alfabetizar cotidianamente, "a teoria emergia molhada da prática" (FREIRE, 2009, p.35). O nosso educador aprofunda a relação da formação acadêmica e ideológica tocando em um ponto embrionário no processo do conhecimento do professor questionador (questionar precisa conhecer e ter compreensão crítica de mundo), a necessidade do exercício da escrita da palavra, onde lamenta profundamente o que nós cobramos de nossos educandos, se a base formativa para fazê-lo e da clareza a nossa formação, mudança é a mola fundamental , a mesma sempre interligada as relações dialéticas as quais o mundo e a humanidade caminham intrisiacamente.
Segunda Carta (Não deixe que o medo do difícil paralise você), Paulo considera os medos formativos, a nossa ignorância atrelada ao nosso medo da exposição de nossas fragilidades, encaminhado o desafio apresentado para a luta do enfrentamento da imobilização, ele busca trabalhar a necessidade do saber, a compreensão da capacidade reflexiva das respostas, o que está alem e aquém deste professor que também é formador de si mesmo e do universo ao seu redor (Paulo extremamente filosófico). O estudo formativo, encaminhado ao processo de dever e prazer, lutas inglórias, conhecimento do papel da formação individual e seus reflexos no mundo de tarefas delegadas ao educador, sua missão, suas implicações no diálogo entre os diferentes. A significação de nosso papel no mundo deve ser capaz de gerar desdobramentos que deverão contribuir para produção de conhecimento significativo, o ato de alfabetizar está ideologicamente atrelado a está produção de sentidos ressaltada anteriormente, o educador/leitor, terá consigo o desafio estimulante do seu processo cotidiano de despertar e manter viva a chama da reflexão da capacidade dos desdobramentos das leituras de mundo. Citando Freire, elucido o dito:


É preciso, finalmente, que os educandos, experimentando--se cada vez mais criticamente na tarefa de ler e de escrever percebam as tramas sociais em que se constitui e se reconstitui a linguagem, a comunicação e a produção do conhecimento. (PAULO, 2009)



Terceira Carta ("Vim fazer o curso do magistério porque não tive outra possibilidade"), o autor vai até a sua memória (viva e pungente) de longas caminhadas formativas junto aos pares e resgata as falas, os ecos de tantas professoras (a questão de gênero, ainda é bastante forte na carreira inicial do magistério) e professores, o que levaram eles a estarem ou muitos a permanecerem no magistério, a proposta qualitativa de muitos dos cursos de magistério existente em nosso país, o processo do conhecimento interligado a responsabilidade (ou irresponsabilidade) científica de nossas formações e como isto reflete neste ser e ter profissional, quer seja no momento da mesa de negociação grevista (saber o por que das discussões e para que e quem) , a historicidade da má remuneração do profissional de magistério, como também a compreensão da força de seu trabalho na construção do conhecimento social, compreender é sinônimo de poder. Ressalto a observação feita pelo autor à modalidade de ensino pré-escolar, modalidade esta bastante esquecida na prática das discussões das políticas publicas, quando falamos em base de sistemas educacionais.
Quarta Carta (Das qualidades indispensáveis ao melhor desempenho de professores e professoras progressistas), Freire, qualitativa pontualmente os predicativos para a nossa formação, onde a humildade pedagógica da à tônica ao olhar para com os nossos educandos, a humildade de nos escutarmos na ausência do conhecimento que permeia o novo, o desconhecido para as ambas as partes, o respeito a nós através do nosso ser refletido no outro. O saber arrogante precisa ser desvencilhado, no caminhar progressista do conhecimento, o amor respeitoso ao conhecimento adquirido, revisitado e muitas vezes não compreendido, leva o professor progressista ser um eterno pesquisador, valorando os momentos de possibilidades de construção do saber, quebrando amarras autoritárias, tão intrínsecas na nossa formação histórico pedagógica, independente de exercermos nossa função em espaços públicos ou privados, "A humildade nos ajuda a conhecer esta coisa óbvia: ninguém sabe tudo; ninguém ignora tudo. Todos sabemos algo; todos ignoramos algo. Sem humildade dificilmente ouviremos com respeito a quem consideramos demasiadamente longe de nosso nível de competência."(FREIRE, 2009, p.59). O exercício do olhar tem suas especificidades dependendo de que condição acadêmica nos encontramos e na prática efetiva e afetiva do distanciamento que damos a realidade social que a educação é vivenciada nos alicerce das escolas públicas de nosso pais, o mesmo passa a ser bastante distorcido, ignorando a natureza da construção social e política do movimento cidadão tão fundamental para efetivação de uma prática progressista, acima de tudo honesta consigo e com os pares. O final da Carta fica explícito, a corrente pedagógico filosófica do Realismo de Lev Vygotsky e suas ramificações na sua psicologia desenvolvimentista, o ensino como processo social, da experiência construída diante da relação do homem com seu ambiente, gerando a compreensão do conhecimento, consolidando uma das linhas ideológicas de Freire.
Sexta Carta (Das relações entre a educadora e os educandos), momento de reflexão das análises da relação, honestidade na prática da liberdade do exercício da profissão enquanto dinâmica educativa, desenvolvimento para uma relação democrática a serviço da cidadania, testemunhando ações de professores no seu cotidiano, estabelecendo a construção prática da importância da seriedade que exige a provocação cotidiana de nos construirmos educandos no papel de educadores. Paulo Freire relata momentos peculiares de sua vivência enquanto Secretário de Educação junto as comunidades, se ouvindo junto aos jovens, o reflexo de nossas posturas e convicções enquanto educadores, análise daquele "professor" o qual ele não quis ser e que nós deveríamos querer , ou seja fazer, uso do seu papel mediador sem esquecer a sua responsabilidade interventiva na construção da relação do conhecimento, arregimentando na experiência possibilidades desafiadoras na construção humana das relações, suscetíveis, humildemente falível. O olhar do professor acadêmico, não o distanciou da realidade social ideológica a qual tinha como base de sua formação marxista, ele deixa isto, mais uma vez, bastante elucidado.
Sétima Carta (De falar ao educando a falar a ele e com ele; de ouvir o educando a ser ouvido por ele), a transição histórica do autoritarismo ao exercício da democracia traduzida na relação de poder que próprio ato de mediar o conhecimento, em inúmeras vezes, exerce por si só. Paulo nos remete ao zelo com a democracia, elemento quando não desconhecido, nos fazemos por ignorá-la e neste momento é que nossa formação poderá nos trair, levando-nos a ações de cunho desrespeitoso com os nossos educandos e colocando contra parede a nossa tortuosa desinformação. Democracia, acima de tudo é um espaço de construção da valoração da reflexão, rever cotidianamente nossa teoria versos nossa prática, este momento solidifica o nosso desenvolvimento democrático, construído juntamente a formação de nossos educandos, criticidade, valorização da liberdade concomitantemente a uma responsabilidade social, o fazer político a serviço da conjuntura da cidadania, é indissolúvel. Paulo diz: "Como educadoras e educadores, não podemos nos eximir de responsabilidade na questão fundamental da democracia brasileira e de como participar na busca de seu aperfeiçoamento." (FREIRE, 2009, p.96).

Oitava Carta (Identidade cultural e educação), fala da cultura que está além dos muros da escola e sua valoração social atrelada ao fazer escola, sua importância na formação da auto-estima cidadã e a instrumentalização do poder instituído historicamente, politicamente as classes dominantes. O páreo das desigualdades socias é bastante definido na força do passe do conhecimento. As relações e suas respectivas identidades têm um eixo focado nas oportunidades das práticas educativas formais ou não, que iremos construir ao longo de nossa formação, a herança cultural viva e respeitada, não desvaloriza a ampliação de nossa formação, não inviabiliza oportunizarmos a conhecer e fazer uso do diferente, o conhecimento potencializa as nossas oportunidades de luta por nossos espaços, democratização requer conhecimento e o conhecimento elitista é imperioso por si só, entretanto a cultura integrada ao contexto político cientifico, competentemente passa a ser desmobilizadora e ao mesmo tempo eixo de integração. Educação se faz e se dá na singela complexa da solidariedade, quebrando barreiras culturais em detrimento do fortalecimento democrático da cultura.
Nona Carta (Contexto concreto - contexto teórico) vem trazendo a luz dos nossos conceitos formados a nossa postura ajuizada do outro, voltada muitas vezes para o desrespeito de nossa formação, Paulo diz: "Da importância das relações entre as pessoas, da maneira como se ligam ? a agressividade, a amorosidade, a indiferença, a recusa ou a discriminação sub-reptícia ou aberta". (FREIRE, 2009, p.105). Partindo deste princípio ele transita nas relações interpessoais e seu rebatimento na construção do conhecimento dentro do âmbito da comunidade escolar, comunidade esta que vai além dos domínios da escola, trazendo uma realidade, quando negada, desconhecido para o mediador no papel de educador, levando ele a se chocar com o que lhe foi subtraído na honestidade de sua formação, ficando geralmente em um fogo cruzado ideológico, pois a teoria por si só não faz a estrutura da prática, sabendo nós de sua fundamental importância, entretanto epistemologicamente uma não desabilita aoutra, sua fusão dará a base de sustentação pra a transformação das práticas sociais. O caminhar de Paulo Freire, seu espírito andarilho descompromissado dos conceitos formados, levou a reafirmar a cada passo no mundo a sua opção ideologia, oportunizando as pessoas a falarem e para isso o exercício maior é escutar com a alma despida dos nossos preconceitos, posto neste momento o grande desafio da Nona Carta, a relação que em sua grande maioria de vezes, nos leva a um único canal, que é a fala discriminadamente sub-reptícia. A relação linguagem e escrita também têm um olhar bastante atencioso e fundamental na fala de Paulo Freire, onde os caminhos de aquisição da linguagem escrita aceita socialmente foi discutido diante de um âmbito de possibilidades, para que o educador possa sempre rever o seu contexto prático-teórico, a fim de não reafirmar em guetos culturais, buscando a valoração de forma a possibilitar de maneira não excludente ações afirmativas, concernentes com o leque de possibilidades dos vário contextos sociais.
Décima Carta (Mais uma vez, a questão da disciplina), Paulo encerra as cartas consolidando a disciplina em busca do conhecimento, especificando a arte de ensinar intrínseca ao ato de aprender e que nos educadores temos que construir a façanha produtiva da busca e consolidação do conhecimento, no cotidiano de nossa formação, dando significação a ação do ato de pesquisar e para isso o campo produtivo nada mais é que a própria democracia, possibilitando o exercício da cidadania como instrumento de acesso a novas possibilidades irrestritamente, quebrando barreiras entre educando e educador na demanda que o próprio conhecimento nos remete, quando efetivamente é reconhecido e apreendido.Paulo Freire, nas suas convicções praticas nos remete a uma engrenagem tão simples e tão humanamente complexa que é o respeito aos pares, isto em qualquer tempo histórico e social, exercendo qualquer cargo ou função, todavia no âmbito da escola, como espaço representativo social e dimensionando a opção que fazemos quando assumimos o papel de educadores, faz uma diferença tridimensional ultrapassando os muros da unidade de ensino e efetivamente passando a existir uma comunidade ativamente escola na engrenagem ativa da construção do exercício cidadão, Paulo diz: " Quanto mais respeitamos os alunos e alunas independentemente de sua cor, sexo, classe social, quanto mais testemunho dermos de respeito em nossa vida diária, na escola, em nossas relações com os colegas, com zeladores, cozinheiras, vigias, pais e mães de alunos, quanto mais diminuirmos a distância entre o que dizemos e o que fazemos, tanto mais estaremos contribuindo para o fortalecimento de experiências democráticas". (FREIRE, 2009, p.123/124).
Últimas palavras (Saber e crescer ? tudo a ver), Paulo Freire fecha o livro, trazendo um texto apresentado na cidade do Recife em um congresso realizado em abri/92, reafirmando algumas questões de forma analítica tendo como fundo o cotidiano vivenciado no universo dos educadores as nossas mazelas históricas e a quebra das mesmas através das discussões em torno do exercício coletivo das possibilidades. Estamos a concluir seguindo a mesma linha do pensamento freiriano, que gira em torno do compartilhamento das possibilidades, responsabilidade social diante do compromisso pessoal ideológico e político e isto ele deixa bastante claro, ficando muito mais forte e concreto quando partimos para o verdadeiro embate do cotidiano de ações que nossa profissão nos requisita, todo professor, cidadão educador ou não no que diz respeito a sua formação, tem por necessidade de pesquisa e este é um dos pontos chaves do livro, a responsabilidade do embasamento discursivo, a trinca do saber, a força da informação e as conseqüências de não termos acesso a ela e quando temos o descuido de não socializarmos, não fazermos uso de forma a instrumentalizá-la, dando vida a homens, mulheres, crianças, negros, homossexuais, idosos, pessoas da periferia, o conhecimento a serviço da construção cidadã, a dicotomia histórica e qual a figura l que nós educadores queremos formar. A nossa vivência pessoal, vem a cada linha, de maneira arrebatadora e ao mesmo tempo de uma forma tão singela, Paulo Freire é isso, uma força incomensuravelmente singela, talvez seja esse um dos seus grandes segredos.







LEITURA RECOMENDADA



Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.


Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.


A importância do ato de ler. 45ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d?água, 1997.