RESENHA : PRECONCEITO LINGUÍTICO ? MARCOS BAGNO


Tratar de preconceito linguístico para muitas pessoas é algo desnecessário porque às vezes nem é considerado um problema sociocultural tão grave. Entretanto,Bagno nos traz uma amostra de que idéias preconceituosas,à respeito da maneira com se fala no país,são demasiadamente sérias a ponto de se tornarem verdades únicas ,apregoando nos brasileiros e pelos brasileiros a concepção de que não se fala bem o Português.
O livro consegue abrir horizontes que antes a gramática,baseada em paradigmas tão arcaicos e retrógrados , não nos mostrava porque ainda possuía raízes bem conservadores prevalecendo sobre o ensino da nossa língua. O objetivo principal do texto é identificar e derrubar mitos que foram construídos ,ao longo do tempo, que são divulgados e reforçados difusamente pelos meios de comunicação.
A ausência de políticas públicas faz com que não haja uma regulamentação para os direitos linguísticos de cada variedade e de cada falante determinado já que há nesse país inúmeras formas faladas,afinal a extensão territorial não nos deixa mentir provando que em cada cantinho dessa terra há um jeitinho específico. Vamos então citar os mitos do livro e no final explanarei todos :

Mito nº1
" O português do Brasil apresenta uma unidade surpreendente "

Mito nº2
"Brasileiro não sabe português/Só se sabe português em Portugal "

Mito nº3
"Português é muito difícil "

Mito nº4
"As pessoas sem instrução falam tudo errado"

Mito nº5
"O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão"

Mito nº6
"O certo é falar assim porque se escreve assim"

Mito nº7
"É preciso saber gramática para ler e escrever bem"

Mito nº 8
"O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social"


Mitos sem fundamentos, é assim que devo caracteriza-los. É absurda a idéia de que num país tao grande em extensão territorial exista uma unidade na qual todos são falantes sem qualquer tipo de variação;Também não é aceitável que o brasileiro seja estigmatizado como mau falante da língua portuguesa já que não se pode fazer comparações entre realidades distintas da fala.
Não iremos concordar com a idéia de que Portugal é o 'supra sumo' da dominação da norma culta ,afinal neste país Ibérico também há variações sim;Bem, o ensino da língua portuguesa é feito de maneira rudimentar pela famosa 'Pedagogia tradicional' baseadas em decorar regras e normas da gramática,não respeitando e exorcizando a peculiaridade falante de cada aluno;A instrução não é ferramenta necessária para que melhor se fale,,construindo intrínseco à este comentário um tipo de preconceito social.
Temos conhecimento de que pessoas que nunca tiveram a chance de entrar numa universidade falam bem graças à leitura,sendo desnecessário o estudo completo e cansativo da gramática;Associar o falar corretamente à certas localidades do país é restringir demais a nossa cultura,o mito diz que o estado de melhor fala é o Maranhão porque ele faz faz uso do 'TU' já esquecido por boa parte.
Ora,não é somente por efeito do tu que devemos julgar maneira linguística do país;Como Bagno mesmo diz, se a fala surgiu antes da escrita porque devemos submetê-la às tais normas ? Não há gramática sem o desenvolvimento falante logo é a gramática que deve obedecer as variações da língua ;Como já havia dito antes não é necessários saber todas as regras para ler bem e escrever,mais um vez é imposta ao povo a super priorização destas;Não é sabendo ou decorando estes 'Manuais de como escrever' que a população vai ter acesso a uma vida mais digna,mais justa. Na verdade, um catador de lixo não vai passar a ser um empresário só porque domina tais regras.
Vale salientar que o autor não quer matar as normas,ele quer apenas que exista um novo modo de passar isto para cada brasileirinho,que haja um respeito maior a tantas e tantas variações espalhadas nesse vasto território, para que se dinamize o ensino e que não torne uma tortura para estudantes das várias idades, para que a língua seja posta em primeiro lugar.
O que vem sendo dito de forma preconceituosa errônea é que o Português se extinguirá se continuarmos a 'errar na escrita. Esse tipo de concepção é fruto de uma mente 'tacanha' daqueles gramáticos 'pré-históricos' que não aceitam que a língua vive em contínua mutação .












BAGNO,MARCOS.Preconceito Linguístico: o que é,como se faz
SÃO PAULO, LOYOLA 50ª edição .