Resenha do filme: "Quanto vale ou é por quilo?"

O filme retrata duas épocas diferentes o período da escravidão no século XVIII e a realidade do século XXI, os dois períodos assemelham-se com a realidade atual. Conforme apresentado no filme, se mantem a impunidade e a violência nas diferenças sociais e econômicas. No século XVIII havia a exploração da escravidão com todas as crueldades possíveis praticada pelos caçadores de escravos foragidos para vendê-los aos senhores visando o lucro e alimentando os instintos da maldade humana. Hoje nos deparamos com situações semelhantes, como miséria e falta de conhecimento que são exploradas com atividades assistencialistas por governos, políticos e outros setores da sociedade. Ambas as épocas retratadas permitem a visualização e o confronto das situações representadas no filme pelo modelo de assistencialismo, por exemplo de acordo com dados do IBGE publicado pela revista IP (Interesse Público) o número ONGS tem crescido no Brasil em 1996 eram 2800 ONGS em 2002, este número passou para 8.600. A maioria delas são empresas que se escondem atrás de uma organização dita como sem fins lucrativos para tirar proveito usando a miséria das pessoas para sonegar impostos, sem deixar de falar em institutos que são criados com financiamento de dinheiro público.

É inegável que dentre os milhares de organizações há pessoas e entidades honestas. Existem instituições serias que cumprem seu papel social, mas entende-se que isso acontece devido à total ausência do estado na área social. Infelizmente abre-se espaço para aqueles que querem levar vantagem em tudo. Hoje em todo Brasil são milhares de voluntários que que se dedicam as causas sociais, mas também é impossível negar que muitos são aqueles que se das utilizam de ONGS para obter altos lucros, desviar verbas públicas, lavar dinheiro sujo ou acobertar negócios escusos. Tudo isso está escancarado no filme.

Particularmente no que se refere a esse ponto, o filme é muito real e brilhante ao mostrar como muita gente faz do assistencialismo uma forma de expiar suas culpas e promover a imagem conforme descrita na perua utilizada para transporte das crianças passando um marketing de (consciência social). O filme mostra cenas chocantes, a escrava grávida que aborta o filho, racismo, escravidão, maus tratos e atos de violência para ganhar dinheiro, ou seja, em todas a cenas fica claro um jogo de interesse. Enfim, devemos ser cidadãos mais críticos e não é normal esta situação de desigualdade e injustiças de que fazemos parte. O caminho a ser percorrido é longo porem como ponto de partida investir na educação, começando com as crianças, para que quando chegar na idade adulta, seja um cidadão reflexivo e ativo na sociedade, pois só assim podemos contribuir com mudanças para uma sociedade mais justa.