O filme 1492, A Conquista do Paraíso, dirigido por Ridley Scott, retrata, em essência, o desenvolvimento dos momentos que compuseram a descoberta do Brasil e seu transcorrer histórico. A trama mostra como foi o primeiro contato dos espanhóis com os nativos que habitavam o então território desconhecido e como se deu este processo de colonização, sempre atentando para os eventos que contribuíram, substancialmente, para o desenvolvimento de boa parte da cultura brasileira, o que dignifica, indubitavelmente, os fatos relatados e conhecidos até hoje acerca deste célebre acontecimento.

Os instantes que antecederam a viagem de Colombo ao seu pretenso destino também foram amplamente explorados pelo filme; isso, de certa forma, precedeu tons de esclarecimento à obra, visto que as ocorrências futuras fizeram referências àqueles fatos. O surto de Colombo, por exemplo, foi fundamental para o seu entusiasmo no momento em que os marujos, desolados por conta do longo período em mar aberto, quiseram, sorrateiramente, provocar um ligeiro motim, o que concedeu originalidade à história.

Um dos momentos mais importantes do filme, segundo o próprio Scott, foi a chegada dos estrangeiros às terras brasileiras. Apesar da encenação artística se referir a este momento como um ato passivo, com cumprimentos próprios e saudações peculiares por parte dos índios, historiadores o contradizem, alegando que o encontro entre as duas personalidades, europeus e indígenas, foi completamente divergente daquele retratado no longa-metragem.

Herbert Coover, por exemplo, afirma em sua obra, A Essência do Colonizado, que “o encontro entre colonizados e colonizadores não foi, literalmente, um encontro de culturas, mas sim um desencontro de culturas, uma desordem natural dos aspectos sociais”. Para Coover, aquele encontro não foi pautado em passividade ou calmaria, mas sim em caos e conflitos puramente territoriais, o que torna o filme um antro de ideologias incoerentes, não obstante a maior parte de seu conteúdo se volte às questões reais e comprovadas desta narrativa.

Oscar Melhem, em seu livro As Civilizações, diz que “para Colombo, o fraco potencial de trabalho cívico e o traço cultural até então desconhecido, proporcionou o massacre de boa parte da população indígena há muito estabelecida neste território”. Melhem demonstra, de fato, os verdadeiros acontecimentos ocorridos nesta inóspita descoberta.   

Em essência, as revelações apresentadas pelo filme expressam com rigor o desenvolvimento da viagem de Colombo à América. Mesmo com os obstáculos e empecilhos no translado, os objetivos foram alcançados e a colonização sucedeu conforme as expectativas, apesar da reação dos nativos quando da chegada das caravanas. Dito isto, pode inferir que este processo contribuiu sumariamente para o progresso da civilização moderna, conquanto seus meios de execução tenham deflagrado os aborígenes locais.