O artigo escrito por Cristianini Trescastro Bergue e João Carlos Coimbra e publicado em 2008 na revista Ciências Naturais em Belém-PA, com o título de “Abordagens faunísticas e geoquímicas em microfósseis calcários e suas aplicações à paleoceanografia e paleoclimatologia”, é um artigo de revisão que trata em específico do estudo de três grupos de microfósseis calcários, que são: nanofósseis, foraminíferos e ostracodes.

Os autores fazem inicialmente um detalhamento sobre a escolha desses grupos para sua pesquisa, dentre os motivos citam a abundância de exemplares, a composição carbonática, a grande sensibilidade que apresentam para parâmetros ambientais e a existência de táxons ao longo do tempo.

As comparações temporais dos grupos de fósseis demonstram como foi o desenvolvimento da espécie ao longo do tempo, bem como podem contribuir para contar um pouco sobre a própria história do planeta, mudanças no clima, variação de temperatura, composição da água, por exemplo.

No artigo são citadas as diferenças entre cada um dos grupos citados e a importância que cada um tem na análise:

Os nanofósseis: Recentemente, constatou-se  que  reações  metabólicas  destes  protistas produzem o sulfeto de dimetila, que atua como núcleo condensador de nuvens e, portanto, na regulação térmica da Terra através de sua influência no albedo.

Os foraminíferos: São protistas marinhos, imensa aplicabilidade paleoceanográfica, pois  são  importantes  indicadores  batimétricos  (razão planctônicos/bentônicos)  e  marcadores  de  massas  d’água devido à sensibilidade de algumas espécies à temperatura.

Os Ostracodes: Além do vasto espectro de ocorrência e abundância nos ambientes marinhos, existem táxons viventes com grande distribuição temporal, permitindo correlações atualísticas confiáveis (BERGUE & COIMBRA, 2008).

Os autores abordam sobre as análises bioquímicas que são feitas nos grupos, demonstrando quais os indicadores podem ser encontrados ao se estudar esses fósseis. Como por exemplo, as mais utilizadas em microfósseis calcários que são as de  estrôncio, magnésio e cádmio, indicadoras de salinidade, temperatura e produtividade, respectivamente, que são muito utilizadas em foraminíferos.

Conforme abordado e comentado ao longo de todo o artigo, os microfósseis abordados servem para serem estudados para que se verifiquem as variações climáticas ocorridas na terra ao longo dos anos, pois graças à sensibilidade que eles apresentam frente às mudanças de temperatura, composição da água, corrente marítima etc, são capazes de estabelecer um panorama climática da época.

Os autores foram bem felizes na revisão sobre esses fósseis, pois conseguiram abranger as várias formas de análises, bem como a importância que estas têm no estudo da dinâmica do planeta Terra e como a ação humana afeta os ecossistemas marinhos.

BIBLIOGRAFIA.

AZERÊDO, A. C. (coord.); CABRAL,  M. C.; RAMALHO, M. M.; WRIGHT, V. P.; MARTINS, J. M.; PEREIRA, R.; BARRÓN, E. & MARTINS, S. M.  (2000) - Passagem Jurássico Médio – Jurássico Superior na Bacia Lusitânica: caracterização paleoclimática, sedimentar e estratigráfica.  Relatório  (inédito) Projecto PRAXIS XXI – PCNA/P/CTE/6 /96, FCT/Centro Geologia Univ. Lisboa, Lisboa, 79 p.

BERGUE, Cristianini Trescastro e COIMBRA, João Carlos. Abordagens faunísticas e geoquímicas em microfósseis calcários e suas aplicações à paleoceanografia e paleoclimatologia. Ciências Naturais, Belém, v. 3, n. 2, p. 115-126, maio-ago. 2008.

CABRAL, M. C.; AZERÊDO, A. C. & RAMALHO, M. (199 8) - Estudo preliminar dos  Ostracodos de Pedrógão (passagem Dogger- Tecnol.Geominero España , Madrid, 26: 186-191. Malm). Comun. Inst. Geol. Mineiro, Lisboa, 84 (1): A74- A77.