Resenhista: Maura Schwanck Maia

O romance de Flaubert, "Madame Bovary", é considerado por muitos críticos literários a obra que dá início ao Realismo. Baseada em fatos da vida real, a história retrata a infidelidade de Emma para com Charles Bovary, seu marido, sendo esse o motivo que levou o autor a condenação por insultar a moral e os costumes da época.

Emma era uma jovem que frequentou um colégio de freiras, onde se tornou uma pessoa requintada e sonhadora. Lá, atraída pelos romances franceses, iludiu-se desejando ascensão social ao lado de um homem com quem pudesse viver uma grande paixão e lhe pagasse os caprichos de uma vida glamurosa.

Dessa forma, a personagem, criada por Flaubert, representa a futilidade feminina em meio a uma sociedade conservadora, bem como o histerismo e o consumismo como forma de compensação sentimental, já que o casamento com o médico Charles Bovary não satisfez os seus anseios de realização como mulher.

A angústia causada pela insatisfação de Emma levou-a ao encontro de outros homens, consumando o adultério que, como se não fosse sério o suficiente, a fez acumular muitas dívidas decorrentes dos presentes destinados aos amantes.

As traições de Emma levaram-na ao suicídio, vistas as perturbações psicológicas pelas quais passou a personagem. A morte dela, por sua vez, foi a causadora do infarto fulminante de Charles, que morreu de amor pela esposa perdida.

Com isso, consuma-se a tragédia conjugal que, ainda hoje, é fato na sociedade contemporânea, visto que muitos casais dão um fim aos relacionamentos, não por influências literárias, como no caso de Emma, mas por uma série de outros fatores externos da vida cotidiana que interfere na vida particular, familiar e social de cada um.