RESENHA DA OBRA AS MULHERES DE MANTILHA
ADRIANA LUCIANO SANTOS
JAISY Y. DA S. MENEZES

As Mulheres de Mantilha Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br>. Acessado em 19 de março de 2010, às 15h00min.
Joaquim Manuel de Macedo nasceu no RJ em 1820 e formou-se em Medicina. Além de médico, Macedo foi jornalista professor, deputado, historiógrafo, dramaturgo, poeta, cronista literário romancista, membro do Instituto Histórico e patrono da cadeira número vinte da Academia Brasileira de Letras. Sua grande importância literária está no fato de ser considerado um dos fundadores do romance no Brasil e, certamente, um dos principais responsáveis pela criação do teatro no Brasil. "A Moreninha" certamente foi a primeira obra da Literatura Brasileira a alcançar êxito de público e é um dos marcos do Romantismo no Brasil. Escreveu, posteriormente, muitos outros livros, com temática parecida: histórias de amor, cheia de sentimentalismo e uma visão do mundo real e da vida familiar. Macedo foi feliz na análise psicológica e moral de certos tipos humanos, a escrever romances, novelas, contos e peças de teatro
As Mulheres de Mantilha é um romance histórico romântico do ano de 1870, composto por 180 páginas e 54 capítulos divididos em dois volumes e pode ser considerado o retrato do Rio de Janeiro quando se tornara a capital do Brasil. Esta obra é introduzida por fatos históricos cruciais para o entender do tempo cronológico em que se passam os personagens.
Na introdução, Joaquim Manuel fala sobre os quatro anos de aflição, vividos pelos habitantes da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, causada pelos mandos e desmandos do novo vice - rei Antônio Álvares da Cunha, conde da Cunha, o qual governou despoticamente com extorsões, recrutamentos arbitrários, atentados contra a liberdade contra a propriedade, coação, imposição de trabalho escravo nas obras públicas. Tudo isso sem que a população tivesse direito a queixa, por que tal era considerado crime. E o pior de tudo era a impunidade do oficial de sala do vice - rei, Tenente Coronel Alexandre Cardoso de Meneses ? especializado em desrespeitar e deflorar as mulheres. Além dessas mazelas Alexandre Cardoso era o responsável pela maioria dos abusos cometidos pelo governo de Conde da Cunha, este muitas vezes não se dava conta dos infortúnios do excesso de confiança que detinha por seu oficial de sala. Por conta destes acontecimentos os habitantes não podiam se rebelar de um todo, por causa da tirania, mas usava as palavras como forma de ridicularizar a opressão, a criar cantigas sarcásticas e zombeteiras que feriam o governo e o bispo D. Fr. Antônio do Desterro. O segundo por causa da religiosidade severa e o primeiro por fatos já citados.
Ao fim destas informações sobre a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro na época em que se passa o romance, o autor inicia os capítulos, a narrar os acontecimentos do período de 05 de janeiro a 19 de março de 1767, data esta em que o romance alcança seu clímax, pois o cruel Tenente Coronel fora destituído do cargo e condenado a prisão até segunda ordem. Porém, Joaquim Manuel ainda não dá por terminado sua obra, ele ainda conta numa breve conclusão que o Ministro do Rei D. José I, Marquês de Pombal, no dia 21 de novembro e 1767 demitiu de forma desagradável o vice-rei Conde da Cunha e o substituiu por Conde de Azambuja, o qual não governou mais que quase dois, sucedendo-lhe o Marquês de Lavradio.
Além de discorrer sobre os fatos políticos Manuel de Macedo alude com audácia a leviandade da prostituição, traição e o sentimento homossexual entre mulheres. Este último não se concretiza, pois não passou de uma ironia de Macedo, já que uma das mulheres revelara-se homem, com isso as duas, ou melhor, os dois terminam juntos. Portanto observamos que escritor tratou neste livro a homossexualidade como uma confusão de sentimentos de menina, o qual fora sanado ao saber-se que a pessoa amada era seu verdadeiro desejo, um sexo oposto. Mas o homossexualismo estava presente e poderia ter sido real para os personagens, se o autor quisesse chocar bem mais seus leitores da época.