O livro A República de Platão[1] está subdivido em dez capítulos, denominados pelo autor de Livros. No Livro I, Platão discorre sobre Sócrates onde ele foi a uma festa em homenagem a deusa que na Grécia era conhecida como Atena, juntamente com Glauco irmão mais velho de Platão.  Em um diálogo com Sócrates, Adimanto conta-lhe que estaria organizando uma espécie de corrida de cavalo em honra a deusa. Sócrates ficou surpreso, pois para ele, era algo novo, pois até então não tinha visto nada igual. Apesar da surpresa, Sócrates e os demais, aceitaram o convite e permaneceram para a cerimônia.

Numa roda de conversa, Polemarco, Sócrates e Céfalo discorrem e procuram uma expressão para de fato o que seria justiça. Na roda de conversa, Céfalo aborda que a idade é uma passagem na vida do ser humano em mostrar seus sentimentos. Sócrates concorda com isso, porém diz que as pessoas são vãs considera-lo feliz pela sua riqueza. Após isso surge às indagações: qual o significado d palavra justiça? Por acaso seria simplesmente pagar suas contas? Ou seria algo mais? Vale a pena ser justo? Ou basta parecer justo? Há diferença entre o justo e o injusto? O justo pertence ao bem? Essas são as questões em que permeiam a conversa dos mesmos. Para Simônides, a justiça, resume-se em fazer amigos e mal aos inimigos. Sócrates rebate indagando: - E agora quem é mais capaz de fazer bem a amigos doentes e mal a inimigos, em questão de doença e de saúde? E aos navegantes, relativamente aos perigo do mar? E o justo em que atividade e para que serviço é mais capaz de ajudar os amigos e prejudicar os inimigos?

No que diz respeito a justiça e a injustiça,Trasímaco afirma que o homem só tem a ganhar uma única vantagem injusta enquanto o injusto ganharia uma vantagem obre qualquer um; Sócrates, para responder esta questão, recorre a semelhança do assunto com as artes. E este diz que o músico, médico, artista qualificados de qualquer espécie, não procuram ganhar mais do que o nível de qualificações, mas apenas mais que os trabalhadores não qualificados. Sendo assim, o justo seria o nível de qualificações do sujeito, e o injusto é o menos qualificado, sem formação e instrução nenhuma. Sócrates prolonga a conversa afirmando que cada arte tem um fim e uma excelência ou virtude no qual o objetivo é ser realizado. Acrescenta ainda: Por acaso não será da mesma forma o fim da alma a felicidade, a justiça? Não é esta a excelência da alma através da qual a felicidade é alcançada? Logo, justiça e felicidade são inseparáveis. A questão é saber se o justo ou o injusto são felizes. 
A esta problemática Sócrates afirma que a harmonia da alma e do corpo, e das partes das almas com uma outra, uma harmonia mais justa do que a de notas musicais, é o verdadeiro modo de conceber a perfeição da natureza humana. Esse pensamento vai abrir caminho para a discussão da qual irá tratar o livro segundo da República.

Com reflexões a cerca do Livro II, o diálogo entre Glauco e Sócrates continua, onde Glauco indaga: - “Sócrates, queres aparentar que nos persuadiste ou persuadir-vos de verdade, de que de toda a maneira é melhor ser justo do que injusto? No entanto faz uma réplica e diz que gostaria de convencer-vos de verdade, caso estivesse ao alcance do mesmo.

Sócrates na p. 45 discorre sobre a essência da justiça, afirmando que:

“Dizem que uma injustiça é, por natureza, um bem e sofrê-la, um mal, mas que ser vitima de injustiça é um mal maior do que o bem que há em cometê-la. De maneira que, quando as pessoas praticam ou sofrem injustiças umas das outras, e provam ambas, lhe parece vantajoso, quando não podem evitar uma coisa ou alcançar a outra, chegar a um acordo mútuo, para não cometerem injustiças nem serem vitimas delas. Daí se originou o estabelecimento de leis e convenções entre elas e a designação de legal e justo para as prescrições entre elas e a designação de legal e justo para as prescrições da lei. Tal seria a gênese e essência da justiça, que se situa a meio caminho entre o maior bem – não pagar a pena das injustiças – e o maior mal – ser incapaz de se vingar de uma injustiça. Estando a justiça colocada entre estes dois extremo, deve, não preitear-se como um bem, mas honrar-se devido à impossibilidade de praticar a injustiça”.

A injustiça, de acordo com o autor, nos remete ao fato de quem é vitima de uma injustiça, se sobressai melhor do que cometer tal. É a partir das reflexões de justiça/injustiça, que chegaremos à junção do bem e do mal, do justo e do injusto.

O dialogo entre Adimanto, filho de Céfalo indaga Sócrates para lhe perguntar que semelhança ele vê com a investigação sobre a justiça. Sócrates rebate com outra pergunta, onde diz: a justiça é de um só indivíduo ou é também de toda a cidade? Adimanto responde que não é apenas do indivíduo, mas também de toda a cidade. Em seguida Sócrates lhe pergunta: A cidade é maior que o indivíduo? Ao que Adimanto respondeu positivamente. Sócrates continua dizendo que talvez exista uma justiça numa escala mais ampla, e mais fácil de apreender. Sócrates afirma que a sociedade decorre dos desejos do homem. O primeiro desejo do homem é alimento; o segundo é querer uma casa; e terceiro, um casaco. O sentido dessas necessidades e da possibilidade de satisfazê-las por troca, este é o início de um Estado, que nós tomamos a liberdade de inventar, mas a necessidade é real inventora. Sócrates afirma que são quatro ou cinco, pelo menos, os cidadãos necessários para se fazer uma cidade. Agora o homem tem diferentes naturezas, e um homem vai fazer uma coisa melhor do que muitos os que irá gerar a divisão de trabalho em diferentes empregos; no comércio, fabricantes de ferramentas, operários, pastores, etc. Uma cidade que inclui tudo isso ultrapassou o limite de quatro ou cinco, e ainda não é muito grande.

Sócrates diz que uma cidade tem a sua origem, segundo fato de cada um de nós não ser autos-suficiente, mas sim sermos necessitados de muitas coisas. Neste sentido, o mesmo coloca que um homem precisa do outro para uma necessidade, e outro ainda para outra, e, como precisam de muita coisa, reúnem numa só habitação companheiros e ajudantes. É aqui que Sócrates, nesse conjunto, chama de cidade (p. 56).

Como necessidades de suprimentos e vivencias, Sócrates destaca quatro pontos, que são eles:

  • Alimentos;Habitação;Vestuário e coisas do gênero.

No que diz respeito ao Livro III, Sócrates fala a respeito da realidade da religião e discute quepara poder purifica-la, é preciso banir o medo, no sentido de que o homem não pode e nem deve ter medo da morte, pois um m bom homem instruído não se prostra diante da perda de um filho ou da fortuna, pois a morte não é algo terrível é, portanto, lamentações sobre os mortos não devem ser praticadas por homens sábio, mas isso deveria ser preocupação das pessoas inferiores apenas. Ele coloca ainda “que devem rejeitar-se todos os nomes terríveis e medonhos relativos a estes lugares, “Cocito” e “Estige”, “Espíritos dos mortos” e “espectros” (p. 76), pois, segundo ele, são palavras terríveis, que faz qualquer ser humano se arrepiar e sentir-se receio destas. Sócrates diz que o homem honesto não considera terrível a morte de outro homem honesto, pois “um homem assim se basta perfeitamente a si mesmo para viver feliz e que, diferentemente de outros, precisa muito pouco de outrem” (p. 76). Sócrates discute sobre os elementos presentes na alma humana, no qual segundo ele, são o apetite, a coragem e a razão. É assim que ele chega à conclusão de que dependendo da parte que o homem evolui ele acaba pertencendo a uma classe social dentro do Estado, marcada pelo seu elemento.

Para Sócrates a escultura e a pintura são importantes para a educação do cidadão. E de todas estas influências a maior é a educação dada pela música, que encontra um caminho para a alma e transmite o mais profundo sentido da beleza. A respeito da ginástica afirma que esta forma a alma. A alma está relacionada com o corpo como uma causa para um efeito e, portanto, se nós educarmos a mente pode-se deixar a educação do corpo a cargo da ginástica.

Ainda discorrendo sobre como se deve governar, Sócrates discute diversas condições para aqueles sujeitos que se disponha a esse cargo na cidade. Primeiro, o idoso deve governar o mais jovem, e o melhor dos idosos serão os melhores guardiões. A seguir Sócrates faz uma observação de que o médico deve ter conhecido o que é doença em sua própria pessoa para depois tratar dos doentes. Porém o juiz não deveria ter tido nenhuma experiência semelhante do animal. Acrescenta ainda:

“Porém o juiz, meu amigo, governa a alma por meio da alma, à qual não convém desde nova ser criada no convívio com as almas perversas nem ter percorrido todas as injustiças, cometendo-as ela mesma, de modo a poder conjecturar com precisão, pelo seu próprio exemplo, os crimes dos outros, tal como a avaliativa das doenças pelo seu corpo. Deve antes se inexperiente e estar intacta dos maus costumes na juventude, se quer tornar-se perfeita, para julgar escorreitamente o que é justo. Por este motivo é que as pessoas de bem, quando jovens, se mostram simples e fáceis de ludibriar pelos injustos, por não terem em si modelos com sentimentos iguais aos dos perversos (p. 102-103).

Ou seja, ele deve ser um bom homem que, tendo passado a sua juventude na inocência, pode conhecer mais tarde na vida ativa com os vícios dos outros. 

Em relação ao Livro IV, discorrendo sobre a cidade, o autor coloca que “toda a cidade tiver aumentado e for bem administrado, consentir a cada classe que participe da felicidade conforme a sua natureza” (p. 114), exemplificando melhor, Sócrates diz que se um oleiro enriquecer, ele se tornará preguiçoso e descuidado, pois com sua riqueza, ele deixará de praticar tal profissão, tornando se assim passivo e uma aversão ao trabalho. Ele acrescenta ainda que “se, devido à sua pobreza, não tiver à mão utensílios ou qualquer outro objeto para o seu trabalho, executará obras piores, e ensinará a serem piores artífices os filhos ou quaisquer outros que aprendam com ele” (p. 114).

Para Sócrates, as virtudes na república são consideradas por ele em primeiro lugar o direito e, em seguida, felicidade. Sobre a felicidade, ele afirma que maior felicidade do indivíduo é, certamente, ser encontrado em uma vida de virtude e bondade. A paixão segundo ele força o homem contra a sua razão, no sentido de que ele se censura a si mesmo, e se irrita com aquilo que, há dentro de si.

Enfim, a partir do estudo da cidade idealizada por eles, Sócrates e Adimanto chegam a uma conclusão sobre o conceito de justiça. “Mas escuta Adimanto, e diz se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das sua formas, a justiça. Ora, nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais adequada” (p. 135). Isso é a justiça para ambos.

Dando continuidade, no Livro V, Sócrates considera como uma cidade e uma constituição como boa e reta, quando ela é direita, no que se refere à administração das cidades ou organização do caráter da alma individual. Glauco na conversa com Sócrates faz diversas indagações, entre elas, esta “-Se, portanto, utilizamos as mulheres para os mesmos serviços que os homens, tem de se lhes dar a mesma instrução”, onde a resposta de Sócrates, é sim, pois aos homens, foi-lhe atribuído a música e a ginástica. É neste sentido, que Sócrates discorre que “Portanto, teremos de ministrar às mulheres estas duas artes, e também a da guerra, e de nos servir disso para os mesmos propósitos” (p. 146). Ou seja, neste tópico, percebe-se que há muito tempo, a ideia de igualdade entre gênero, permeava nas ideias do autor, pois, segundo ele, a música e a ginástica deveria também ser ensinadas as mulheres. Sócrates acrescenta ainda:

“não há na administração da cidade nenhuma ocupação, meu amigo, própria da mulher, enquanto mulher, nem do homem, enquanto homem, mas as qualidades naturais estão distribuídas de modo semelhante em ambos os seres, e a mulher participa de todas as atividades, de acordo com a natureza, e o homem também, conquanto em todas elas a mulher seja mais débil do que o homem” (p. 150).

A seguir, Sócrates discorre a respeito dos jovens. Jovens guerreiros têm de aprender, mas eles não devem correr perigo, embora um certo grau de risco vale a pena sofrer quando o benefício é grande. Neste caminho mais uma questão é levantada: como é que deve ser tratados os inimigos da cidade? Devem eles ser escravizados? Sócrates em certo ponto concorda com essa posição. Para ele a guerra não é contra toda uma nação, que é uma multidão de homens, mulheres e crianças, mas apenas contra alguns culpados; quando estes forem punidos, a paz será restabelecida. 

No Livro VI, de inicio há uma longa discussão entre Sócrates e Glauco, sobre “quem é que é filósofo e quem não o é”. Filósofos, afirma Sócrates, são aqueles que são capazes de atingir aquilo que se mantém sempre do mesmo modo, os que não o são se perdem no que é múltiplo e variável. Como as leis e os costumes do Estado devem refletir o eterno, somente os filósofos, capazes de conceber as ideias eternas, devem ser estabelecidos guardiões por serem capazes de guardá-las.
A alma filosófica ao “contemplar a totalidade do tempo e do ser”, colocará a própria vida e a morte em segundo plano e se “apaixonará pelo saber que possa revelar-lhe algo daquela essência que existe sempre, e que não se desvirtua por ação da geração e da corrupção” (179-180).

O bom uso da profissão, bem como, o trabalho com a filosofia, Sócrates diz que “a extensão e qualidade da perdição e corrupção da melhor das naturezas para se exercer uma profissão superior, natureza, aliás, pouco frequente como dissemos. É de homens dessa espécie que provêm os que fazem o maior mal às cidades e aos particulares, e os que fazem o mal às cidades e aos particulares, e os que fazem o maior bem, quando se der o caso de se deixarem arrastar para esse lado. Mas uma natureza medíocre jamais fará algo de grande a alguém, seja a um particular, seja a uma cidade” (p. 191). Ou seja, o sujeito que decai de sua profissão no qual se enquadrava perfeitamente deixaria a filosofia de certa forma solitária e incompleta.

As reflexões a cerca do Livro VII, o diálogo continua em torno da temática a educação do futuro governo filosófico. Sócrates imagina a educação seria, por conseguinte, a arte do desejo. A faculdade do pensar, segundo ele, é um caráter divino, mais do que tudo,, ela nunca perde sua força e, conforme a volta que lhe derem, pode tornar-se vantajosa e útil, ou inútil e prejudicial (p. 214).

A educação deve estar pautada numa visão de foco principal de todos os seres humanos. O autor coloca que se “desde a infância se operasse logo uma alma com tal natureza, cortando essa espécie de pesos de chumbo, que são da família do mutável e que, pela sua inclinação para a comida e prazeres similares, gulodices, voltam a vista da alma para baixo; se, liberta desses pesos, se voltasse para a verdade, também ela a veria nesses mesmos homens, com a maior clareza, tal como agora vê aquilo que está voltada” (p. 214). É neste sentido, que a educação deve/tem que ser prioridade para nós, para que assim nos tornamos homens de bom.

As quatro práticas do bem: sabedoria, coragem, temperança e justiça são a partir desse quarteto nos quais deve ser construído o Estado Ideal, só são conhecidas, úteis e valiosas a partir da ideia de bem. Assim, a ideia do bem se constitui no mais alto saber, ao quais os guardiões devem aspirar e serem conduzidos. É mediante tal ideia que tudo se torna compreensível: “no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto de justo e belo há; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para ser sensato na vida particular e pública” (p. 232). 
O autor coloca que para que o guardião, futuro filósofo-rei, atinja o bem, é preciso “sair da caverna e contemplar o Sol”. É aqui no livro VII que está a “alegoria da caverna”, a mais sugestiva imagem da República, que trata dos níveis do conhecimento humano. 

Sócrates coloca ainda que “Quem é livre não deve aprender ciência alguma como escravatura. E que os esforços praticados à força, não causam mal algum ao corpo, ao passo que na alma não permanece nada que tenha entrado pela violência” ou seja, nenhuma profissão o sujeito tem que ser escravo dela. Ele acrescenta ainda que “não devemos educar no estudo pela violência, mas a brincar, a fim de ficares mais habilitado a descobrir tendências naturais de cada um” (p. 234).

Já no Livro VIII, o diálogo continua com Glauco, onde dissertam que “na cidade que o sujeito quiser administrar com perfeição, haverá comunidade das mulheres, comunidade dos filhos e de toda a educação, e do mesmo modo comunidade de ocupações na guerra e na paz, e que dentre eles serão soberanos aqueles que mais se distinguirem da filosofia e na guerra” (p. 239). Entender a cidade como uma comunidade diversa, onde haverá, guerra, paz, amor, ódio, negros, brancos, pobres, ricos e cabe aquele que estuda instruir e sair da situação passível a chegar numa filosófica e eficaz.

Sócrates descreve as transformações que as formas de governo podem sofrere recapitular as regras do “Estado Comunista”, onde os governantes, assim como os soldados e atletas, possuirão tudo em comum (mulheres, filhos, casas e educação). Para ele, a forma ideal de governo é a aristocracia, comandada por aqueles que amam o saber, o bem e o justo. Mas, se tudo o que nasce está sujeito à corrupção, nem uma constituição como essa permanecerá para sempre, há de dissolver-se.

No penúltimo Livro IX, Sócrates diz que é necessário analisar o homem tirânico, como se transforma a partir do democrático, e, uma vez originado, qual é o seu caráter, e que espécie de vida leva, se desgraça ou é feliz. Para responder a essas questões, Sócrates vai tecendo sua linha de raciocínio e diz que:

 “entre os prazeres e desejos não-necessários, há alguns que me parecem ilegítimos, que provavelmente são inatos em toda a gente, mas, se forem castigados pelas leis e pelos desejos melhores, com o auxílio da razão, em alguns homens, ou se dá a libertação deles ou os que restam são poucos e débeis; ao passo que em outros se tornam mais fortes e mais numerosos” (p. 269).

Esses desejos para Sócrates seriam “daqueles que despertam durante o sono, sempre que dormem a parte da alma que é dotada de razão, cortada e senhora da outra, e quando a parte animal e selvagem, saciada de comida e de bebida, se agita, repudia o sono e procura avançar e satisfazer os seus gostos” (p. 269).

No último Livro X, vem tratar da doutrina da poesia, onde a intenção de Sócrates era de estar criando uma cidade perfeita. Acrescenta ainda que “quem fizer elogio a justiça falará verdade, e quem fizer o da injustiça mentirá. Com efeito, quem tiver em conta o prazer, a boa fama e a utilidade, se exaltar a justiça, fala verdade; mas, se a censurar, a sua crítica é malsã, pois não sabe o que critica” (p. 290).

Considerações finais...

A título de considerações finais, cabe relembrar que a obra A República de Platão onde em seus escritos o autor deixa claro sua concepção filosófica sobre o universo, sobre o homem, o Estado, a física, a metafísica. É neste sentido, que suas análises representam a conjuntura síntese de sua produção filosófica.

A partir da leitura, são perceptíveis diversas lições sobre os princípios que devem administrar a vida, no que se refere dimensão pública e política, onde o ideal de Estado corresponde ao ideal de homem. No que se refere à educação na visão de Platão, como vimos, a educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter para ele nada melhor do que uma educação voltada para ginástica para o corpo e música para a alma. A obra nos remete a rever a educação de antigamente, para assim traçarmos novos objetivos em relação a que educação que queremos. Esses clássicos nos possibilitaram pensar uma educação em toda sua singularidade, claro, como novos arranjos, novas metodologias, novos autores que discutem a educação, etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

PLATÃO. A república [ou sobre a justiça, diálogo político] / Platão ; tradução Anna lia de Almeidda Prado ; revisão técnica e introdução Roberto Bolzani Filho. – São paulo: Martins Fontes, 2006.



[1]Aristócles, que ficou conhecido no mundo inteiro como Platão, nasceu em Atenas, por volta de 427 a.C. Filho de pais aristocráticos, nasceu em uma família rica, envolvida com políticos.Platão se interessou pela filosofia e pela política logo cedo. Tornou-se discípulo de Sócrates aos 18 anos e o acompanhou durante cerca de 10 anos, até que fosse condenado à morte(Fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/platao/biografia/).