A história do filme acontece em Veneza, durante o século XVI. Tendo como base a obra de mesmo nome feita por William Shakespeare, o principal tema abordado é a discriminação sofrida pelas comunidades judias, que eram consideradas estrangeiras, não-cidadãs e sofriam constante humilhação pela dominante comunidade cristã.

Os acontecimentos do filme são voltados a Shylock, um judeu agiota de grande fortuna; Antônio, um mercador cristão à beira da falência; Pórcia, uma jovem princesa que vive em Belmonte e Bassânio, amigo do mercador que o solicitou um empréstimo para viajar em busca de conquistar a princesa.

O contrato, feito para viabilizar o empréstimo, foi feito entre Shylock e Antônio. Nele, estava especificado que o judeu cederia 3 mil ducados ao mercador e, caso este não conseguisse efetuar o pagamento no prazo estipulado, teria direito de retirar uma libra de carne de seu peito, em frente à corte.

Devido ao atraso de Bassânio à entregar o dinheiro a Antônio, e este não tendo recursos para sanar a dívida, o judeu fez valer o que estava assinado no contrato e convocou uma audiência. Durante o julgamento, ele se mostrava completamente irredutível, determinado a fazer valer seu desejo de retirar uma libra de carne do cristão, chegando inclusive a rejeitar ofertas muito superiores aos 3 mil ducados originais.

Nesse momento, a princesa Pórcia, disfarçada como um jovem juiz chamado Baltazar, inicia sua participação no julgamento e, em pouco tempo, percebe falhas no contrato, induzindo e deixando Shylock em uma situação comprometedora, onde só teria a perder.

Por fim, o judeu implora clemência ao então réu e, mesmo perdendo parte de seus bens para o Estado, é permitido à ficar com 50% de seu patrimônio. No entanto, como exigência para que se sele de vez a sentença, Antônio diz que Shylock deveria abdicar do judaísmo e se tornar cristão.

O filme tem, por intenção, demonstrar a situação de conflito acerca dos cristãos e judeus na Idade Moderna, quando estes não possuíam “status” de cidadãos e, por isso, eram negligenciados pela maioria cristã. Usemos como exemplo a necessidade dos judeus de usar o chapéu fora dos guetos; não terem direito à propriedade e na última condição que Antonio exige de Shylock.

Também é importante destacar o aspecto jurídico do filme, mostrado de maneira clara como lacunas e ambiguidades em documentos assinados podem acabar prejudicando a quem, por princípio, deveriam beneficiar.