UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

Por: José Carlos de Oliveira Ribeiro , 2005.

 Resenha critica: "Mulher, Mãe e Pobre "

 FONSECA, Claudia. Mulher, Mãe e Pobre.  In PRIORE, MERY.   Dell (org).  História das Mulheres no Brasil, 2a ed. São Paulo: contexto, 1997. (P 511-531).

Resenhado por José  Carlos de  Oliveira  Ribeiro,  Acadêmico do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Claudia Fonseca, para tratar do tema citado, procurava de certa forma demonstrar os fatos ocorridos no inicio do século XX. Que a mulher era vista apenas como objeto de uso exclusivo dos homens. Elas não tinham nenhum direito, mas sim, muitos deveres. O homem visto como um autoritário e que na verdade o era, e a mulher total submissão a ele.

Segundo a autora, o homem tinha todo direito sob a mulher, a ponto de processá-la quando as mesmas o traia com outros.

Nesta época aconteciam vários movimentos no país, como as greves dos operários, revoluções dos tenentes, semana de Arte Moderna e a fraqueza do presidente Artur Bemardes. Todos esses movimentos demonstravam uma certa inquietação da população insatisfeita com as questões sociais que assolavam o país, período em que o capitalismo estava aflorando-se de maneira muito cruel sob uma população bastante diferenciada de um lado pobre operários e do outro lado burgueses exploradores da mão-de-obra barata e farta.

Além do mais, as indústrias tirava dos operários o lazer do final de semana; pois se trabalhavam 12 horas diárias e obtinham apenas a metade de um dia de repouso semanal; era sem duvidas uma carga horária que esmagavam a todos.

Contudo, recebiam um salário de fome. Os homens conseguiam ganhar os melhores salários, mas não tinham estabilidade no emprego. As mulheres que trabalhavam recebiam 30% a menos que os homens, com essa vantagem chegou a ponto dos empregadores admitirem muitas mulheres e crianças, por que assim, o lucro seria com certeza, maior.

A mulher pobre cercada por uma moralidade oficial completamente desligada de sua realidade vivia entre a cruz e a espada. O salário minguado e regular de seu marido chegariam a suprir as necessidades domesticas só por um milagre.

O tratamento de inferioridade, o assédio sexual pelos seus próprios patrões ou qualquer homem poderoso da época, a obediência e total submissão aos maridos deixava a mulher numa situação de abandono e desprovida dos direitos perante a justiça e a sociedade, porque não tinha onde morar, se caso viesse separa do marido. O problema da moradia era serio e mesmo aquelas que viviam com os maridos precisavam trabalhar para sustentar a casa, porque nem todos os homens se preocupavam com o sustento do lar.

A mulher não conseguia ter profissão reconhecida e muitas delas eram suspeitas de serem mulheres prostitutas, e eram vigiadas pelos maridos e pela sociedade.

A situação da mulher pobre desemboca sempre na ameaça: a da "mulher decaída" sem valor diante da sociedade que em nenhum momento reavaliava os valores que elas o tinham era vista como uma coisa perante os seus maridos.

Depois de muitas reviravoltas e sofrimentos as mulheres finalmente chegaram ao século XXI com outra personalidade e valores reconhecidos diante da sociedade, porém, muito ainda deve ser feito para elas conseguir o seu espaço dentro da sociedade. Existem momentos para comemorar, pois a mulher do século XXI está presente em todos os setores da economia, da política e recebe o salário igual em relação aos homens. Pode-se dizer que as mulheres são vitoriosas.

Sem duvida, trata-se de uma obra instigante e esclarecedora para aqueles que se interessar em conhecer a história da mulher pobre do início do século XX, bem como procurar entender as reais condições em que as mulheres viviam na época, sejam professores e futuros professores.