SILVA, Rogério Forastieri. Historia da Historiografia. SP/Bauru: Edusc, 2001. p.169 – 231.

Rogério Forastieri nasceu em São Paulo – SP, é graduado em Ciências Sociais pela USP, e realizou seu Mestrado e Doutorado em História Social pela USP. Foi professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), sendo autor de livros didáticos diversificados para o Ensino Médio. Dedica-se a formação de professores de História e desenvolve pesquisas historiográficas.

No capítulo II – A Nova História e os estudos historiográficos, Forastieri demonstra que os livros na área da historiografia é vasta, e vai do pesquisador saber pelas quais obras de relevância ele vai optar para suprir sua necessidade frente ao seu trabalho. Alude também o autor que com o surgimento da Nova História, a história clássica escrita desaparece e unem-se as ciências sociais e partir das pesquisas a partir dela defronta-se com várias respostas sobre o tema pesquisado ou há inúmeros questionamentos sobre o mesmo. A Nova História surge a partir de uma necessidade de se enfatizar uma história que não mais seja centrado em grandes personalidades que ficaram marcadas na história, e sim em outros fatores sobre o contexto pelo qual se destacaram outras pessoas em determinado período. Essa Nova História surgiu nas discussões entre as ciências sociais, filosóficas e históricas no século XX.

As personalidades históricas defrontaram-se com uma forte oposição dos produtores da revista dos Annales, como Marc Bloch e Lucien Febvre, esses "heróis" que conduziam a história perderam seus estatus diante as teorias desses autores que buscavam enfatizar o anônimo da sociedade. As estruturas braudelianas encaminharam os historiadores a se desligarem das barreiras impostas pelo tempo, os acontecimentos deixaram de ser teorizados apenas em si, como os acontecimentos isolados, mas foram colocados em uma totalidade dos fatos ocorridos. Assim a História se transformou em uma fonte de construção ao pesquisador histórico, que deve organizar os acontecimentos a problemática em que se depara. O historiador do tema trabalhado deve se enfocar na relação política, cultural, econômica, psicológica de sua pesquisa. Bloch e Febvre são os que formularam e articularam juntos uma Nova História, eles tinham um pensamento de se inovar a ciência histórica tradicional, em suas teorias articularam e formalizaram e deram um rumo na Nova História.

Lucien Febvre em sua posição frente à Nova História se identifica pela maneira que pensa o tempo histórico como um tempo das almas e mentalidades dos povos, sua meta principal de pesquisa são as mentalidades em geral, partindo da história cultural ou também intelectual da sociedade.

Antes da Nova História os fatos ocorridos eram produzidos a partir de algum personagem em destaque em determinada sociedade, a partir da Nova História essa visão se encerra abrindo caminho para novas visões em diferentes aspectos sociais, ou seja, para não só haver uma centralização nas histórias dos vencedores, mas também para se compreender a história em diferentes classes sociais, por exemplo, as dos menos favorecidos economicamente, mas com uma grande experiência de vida.

Peter Burke mostra um caminho da construção do conhecimento na sociedade aludindo grandes revoluções intelectuais, como a Revolução Científica, o Iluminismo da Europa moderna e o Renascimento. Nos anos 1450 e 1750, que foi os períodos que marcaram o surgimento da imprensa tipográfica, Burke mostra que foi o fato da imprensa passar para as pessoas uma maneira ampla de ver a sociedade em que viveram, e assim, poderem adquirir conhecimentos de determinados assuntos mudando a maneira das reflexões das pessoas naquele período.

Forastieri alude a imensa influência da historiografia francesa pelo seu poder de grandeza que ela tem em sua sociedade, ela foi muito valorizada não só pelos estudiosos, mas também pela sociedade em geral, e essas produções intelectuais foram de grande marco na área política e social da França, o que se tornou uma área de estudo muito considerável na época. Assim a historiografia torna-se uma maneira de verificar as formas em que se relaciona a produção do pensamento do pesquisador histórico, e centrando sempre essas teorias entre o tempo e a sociedade em que se depara.