O autor nos mostra que para se chegar a uma conclusão em uma  investigação científica é necessário uma série de processos investigativos, de observação, experimentação e por fim a conclusão. Apresenta-nos o Método Crítico Dialético, onde primeiramente se afirma uma tese, isto é, uma realidade que se  oferece, após, uma antítese que negará esta tese, culminando em uma síntese, uma nova maneira de se ver, podendo ainda sofrer transformações pois nunca será uma visão absoluta das coisas. Eis o exemplo do autor: Ao observar-se uma flor artificial, a princípio, esta flor poderá ser confundida como uma flor natural (tese). Depois, observando melhor, negamos o objeto como não sendo flor (antítese) para enfim entender-se que é uma flor artificial feita de seda (síntese).

Em seqüência, a obra nos resgata a importância da Observação Científica, ou seja, observa-se as coisas como elas são apresentadas. Contudo, necessita-se conhecer a coisa. Exemplificando, se observo uma folha de papel em cima de uma escrivaninha, só saberei que é uma folha de papel se tiver um conceito do que é uma folha de papel, caso contrário, ao descrever o objeto, falarei de uma coisa branca que está sobre minha escrivaninha, com algumas linhas regulares. Mas é importante frisar que teria que conhecer a cor branca e a escrivaninha para poder atingir este conceito, ou seja, observar é interpretar.

Ao conceituar “fato”, eis a seguinte definição: “Digo que é um fato se considero que é algo indiscutível, que ninguém pelo menos até agora, o coloca em questão.” Este “até agora” diz respeito á possibilidade de futuramente este “fato” ser colocado em cheque. O autor nos exemplifica: Em gerações passadas, acreditava-se que o “Sol girava ao redor da terra”, porém, hoje, sabe-se que “a terra gira em torno do sol”. O fato assim, é um modelo de interpretação, que se estabelece ou se prova. Para se afirmar que a terra é que gira em torno do sol, houve a necessidade de se provar o alegado. A prova deste modo seria uma releitura do mundo.

Ao tentar divisar ponto de partida, a obra nos mostra que “chega-se sempre tarde para descobrir o primeiro ponto de partida”, ou seja, quando se observa um célula no microscópio, já se está interpretando o funcionamento do aparelho e da célula, e portanto, este não seria o ponto de partida, pois segundo o autor, “não existe um ponto de partida indiscutível da ciência”.

A obra define também a diferença de proposições empíricas e teóricas, concluindo que a primeira difere da segunda de acordo com a convenção prática ligada ao trabalho científico de determinado momento. E exemplifica dizendo que  a água ferve quando atinge 100 graus centígrados (dado empírico), verdadeiro para determinado momento, porém isto não quer dizer que esta afirmação não poderá ser questionada e transformada de um dado empírico para um teórico.

Para Fourez, uma definição científica “é a releitura de um certo número de elementos do mundo por meio de uma teoria”, e sintetiza dizendo que definição científica “é uma interpretação”, usada para padronizar objetos científicos. O autor explica também que o conceito de algo “objetivo” passa pelo crivo daquilo que é convencional e aceito socialmente, ao passo que, fora destas convenções organizadas, toma a forma “subjetiva”, podendo estar no limite da loucura, e dá o exemplo do indivíduo que deseja que um elefante rosa dance sobre a mesa. Certamente este indivíduo será taxado como maluco, pois não admite-se socialmente um elefante rosa dançar em uma mesa.

Já sobre sujeito, temos que a definição parte do pressuposto que o termo “sujeito é o conjunto das atividades estruturantes necessárias á observação”, e este conjunto forma o Sujeito Transcendental, como denominava Kant, ou seja, para ele, é o sujeito que produz o conhecimento, e não o contrário, pois no momento em que se conhece algo, o sujeito está usando suas faculdades para tanto. O sentimento de realidade para Fourez é objetivo e afetivo. O autor comunica que pessoas próximas, principalmente os familiares, quando possuem coisas em comum com o sujeito, geralmente passam á ele o sentimento de realidade, ao passo que, quando determinada pessoa recebe em sua existência conceitos ambíguos por pessoas próximas, tendem a sofrer problemas emocionais. O real então é algo individual, depende do mundo em que cada um está inserido. Por exemplo, um bebê enxerga como realidade a realidade de seus pais, pois é aquele mundo que ele vive. Deste modo, torna-se improvável fazer com que este bebê enxergue as coisas de maneira diversa, e talvez se a fizesse, poderia ser declarada louca, pois estaria na contramão da sociedade.

Fourez finaliza suas explanações com o conceito de Revolução Copernicana ou seja, “uma construção do sujeito, e não a descoberta de que alguma coisa estará lá, independente do sujeito observante”. Copérnico, não se contentando com o que estava estabelecido na época, ousou e comprovou que o sol está parado, e que é o restante dos planetas que giram ao seu redor. Este fato amplia e fomenta a necessidade de se investigar e contestar o pré estabelecido