Camacho inicia seu artigo falando sobre a relação entre língua e sociedade, abordada pela Sociolinguística, e sobre as áreas de estudo específicas que lidam com linguagem e fatores sociais, citando a Sociologia da Linguagem e a Etnografia da Comunicação. A área de interesse em que desenvolve seu estudo neste artigo é a Sociolinguística Variacionista (ou, Sociolinguística) que aborda a relação entre a estrutura lingüística e a social, onde as variações derivadas do contexto social auxiliam na busca de respostas para problemas referentes à variação no sistema lingüístico.

A sociolinguística correlaciona as variações de natureza lingüística (presentes na expressão verbal) a diferenças de natureza social, enxergando seus fenômenos como acontecimentos estruturados e regulares. Desta maneira, as escolhas lingüísticas feitas pelos falantes, produzindo variações, não ocorrem de forma aleatória, arbitrária e inconseqüente, mas sim de forma sistemática a regular, dentro da propriedade de variação.

Camacho nos fala sobre a variação entre /s/ (presença do fonema) e [Ø] (ausência do fonema /s/), que pode aparecer como indicador de plural, como, conforme citado pelo referido autor, em "os livros / os livro", podendo aparecer também em nomes próprios, como "Carlos / Carlo", não marcando plural, podendo também ser eliminado. O autor considera também o fonema /s/ aparecendo em palavras como "ananás" e "arroz", ao podendo jamais, nestes casos, ser eliminado, pela falta de ocorrência na língua portuguesa de "ananá" e "arrô".

Cita também a diferença entre "meninas" e "Carlos" na sentença "Carlos enganou as meninas na troca de figurinhas", em que o /s/ final de "Carlos" não exerce função, sendo apenas um segmento fonológico, não sendo possível dizer o mesmo do de "meninas", em que o /s/ é indicador de plural. Os sistemas lingüísticos submetidos ao processo de variação fonológica que podem comprometer o aspecto semântico (como, no caso, a pluralidade), aparecem em maior freqüência no uso onde a oposição entre singular e plural é mais neutra e menos relevante funcionalmente (cf. Tarallo, 1990).

Por fim, Camacho nos fala sobre a importância da variação. A diversidade, sendo propriedade funcional intrínseca aos sistemas lingüísticos, consiste no enfoque da Sociolinguística, partindo de um caráter fundamentalmente lingüístico e extra-linguísticos. Sendo a linguagem a expressão mais forte do comportamento social, não é possível separá-la de suas funções sócio-interacionais.

Referência Bibliográfica:

CAMACHO, Roberto Gomes. Sociolinguística ? Parte II. In: MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística ? domínios e fronteiras. 7. Ed. ? São Paulo: Cortez, 2007.