RESENHA CRÍTICA

CRASH ? NO LIMITE

O filme dirigido pelo diretor Paul Haggis foi lançado em 2004 tendo a duração de 100 minutos. É um filme do gênero crime/drama e foi ganhador do Oscar 2006.
O filme apresenta várias histórias que se entrelaçam através da vivência de situações cotidianas, pelas personagens. Todas apresentam em comum, traços que nos remetem a preconceito e discriminação, ligados a cor e a etnias.
O enredo do mesmo nos permite associar claramente os conteúdos estudados até então com as situações expostas nas cenas. É possível identificar nelas pontos bem específicos.
De forma geral, poderíamos falar da maneira como percebemos as pessoas, da forma como as compreendemos estando isto, muito relacionado a questão dos estereótipos.
Adentrando por características específicas de nossos estudos, citamos a questão dos esquemas ? a maneira como se associa uma informação a identificação de algo. Isto está presente, por exemplo, na cena em que dois rapazes negros saem de um restaurante e um deles refere-se a momentos do atendimento em que supostamente teriam sido vitimas de discriminação racial. Uma situação meio ambígua, visto que o outro discorda da maneira como o amigo percebeu as situações.
A cena do lojista persa que contrata os serviços de um chaveiro de cor negra, que lhe informa de que o problema trata-se da porta e não da fechadura, o senhor não aceita, em seguida a loja é assaltada e ele tenta matar o rapaz por julgar ser ele o responsável. Observamos nesta cena as funções do esquema, o senhor infere algo e faz um julgamento errado.
São diversos os momentos em que os estereótipos são evidenciados. Uma delas é o momento em que o chaveiro sofre discriminação da mulher que contrata os serviços da empresa que ele trabalha. Ao olhar para o modo de vestir, tatuagens e cor da pele dele, ela julga ser ele pertencente a um grupo de marginais, pelo fato dele apresentar tais características as quais ela considera ser comuns a um grupo. Isto também se relaciona a teoria implícita da personalidade.
Duas cenas que se dão com a mesma personagem referem-se aos efeitos primazia e novidade. É a cena em que um casal de negros é abordado por policiais e um deles molesta a mulher, a qual fica com uma imagem dele (efeito primazia). Posteriormente, a mesma sofre um acidente do qual é salva pelo policial, que arisca a própria vida para salvá-la, o que vai de contraponto ao conceito que ela havia criado dele (efeito novidade).
Em outro momento, num núcleo de gravação, dirigido por um negro, um dos profissionais faz uma retificação a fala de um personagem que é negro e por isso, no conceito dele, deve aparentar ser alguém com estilo considerado característico aos negros: um linguajar cheio de gírias, um nível intelectual baixo e pertencer a uma classe menos privilegiada. Fundamenta isso retratando as condições que levam a esta condição: miséria falta de escolaridade e outros pontos que os levam a ser marginalizados. Vemos aí claramente a generalização dos estereótipos.
Em oposição a isso, podemos citar a situação do detetive e seu irmão, ambos tiveram as mesmas oportunidades, no entanto, ele torna-se o que é, e o irmão torna-se um marginal.
Não sabemos ao certo se ao final, o autor do filme nos remete possíveis conclusões. O que ficou bem claro do começo ao fim é que o preconceito é algo bem atenuante, na sociedade, de modo geral.
É sem dúvida um filme que colaborou para elucidar o que temos estudado, e que também nos remete a reflexões sobre quem somos, como agimos, percebemos e compreendemos o outro. Uma frase foi marcante no filme "Até onde você se conhece?", o que podemos esperar de nós mesmos?
O filme é recomendável a um público diverso, tendo em vista abrangência de seu enfoque. A nós estudantes de psicologia, pedagogos e profissionais diretamente ou indiretamente ligados a luta contra os diversos tipos de preconceito.