O artigo escrito pelo autor Frederico Mazzucchelli convida o leitor a uma reflexão comparativa sobre a crise de 2008 e a grande depressão vivida em 1929. Através da leitura é possível pensar em fatores comuns e nas medidas tomadas ou como no caso de 1929 a demora nas decisões para desenfrear a crise.

            Sobre as colocações do autor, penso que o conservacionismo e a crença de que o sistema financeiro era estável quando se mantinha o câmbio fixo, colaboraram ativamente para a expansão e durabilidade da grande depressão de 1929. Uma coisa pode-se afirmar a sociedade capitalista e a governamental uniu-se para evitar o mesmo desastre em 2008. Com a intervenção imediata do governo, disponibilizando recursos financeiros em defesa das instituições financeiras, permitindo assim que a crise fosse vista com um olhar mais global e menos egoísta.

            O autor cita que os governos buscaram a restauração do sistema crédito-gasto-renda através da teoria Keynesiana que podemos dizer ser o oposto das atitudes defendidas na era do padrão-ouro vivida na crise de 1929.

            A teoria Keynesiana faz parte das teorias fundadas por John Maynard Keynes e que tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Esta teoria apresenta um conjunto de ideias que propunham a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo de manter uma condição de pleno emprego, consequentemente mantendo a economia aquecida e de certa forma estável.

            Já na era do padrão-ouro era impensável tomar medidas expansionistas com a colaboração estatal, pois mesmo sendo por um período relativamente curto, não eram aceitas as decisões que tornavam o câmbio flutuante. Nesta época cambio fixo e orçamentos equilibrados eram indissociáveis. A defesa do câmbio fixo era o objetivo supremo, desta maneira condicionando a política monetária e consequentemente anulava a política fiscal.

            Claro que estamos falando de épocas e fatores diferentes. Na grande depressão, a maior parte da população dependia da agricultura e dada a maior sensibilidade dos preços agrícolas às variações da demanda, a renda real desta população despencou, o que colaborou para a falência de bancos destas áreas. Já na crise de 2008, podemos dizer que a população busca crédito através de hipotecas que mantêm o mercado imobiliário, mas que são ativos de alto risco. Sendo assim o autor compara a agricultura de ontem com o mercado imobiliário de hoje, ou seja, há pontos em comum entre as crises. É dito no artigo que os pontos em comum são a fragilidade da regulação e o relaxamento dos riscos, ambos colaboram para uma economia especulativa e desastrosa.

            Em ambos os tempos são necessários para a regulação, critérios mais rígidos sobre o sistema financeiro. Roosevelt, empossado em março de 1933, através de medidas legais estabeleceu as bases de regulamentação do sistema financeiro.

            Ele deu início, mas conforme a crise de 2008 ainda são necessárias medidas de controle e acompanhamento mais rigorosos para o mercado financeiro, principalmente quando fala-se da relação entre bancos de investimentos, seguradoras e banco comerciais.

            Não importa a época, é preciso estar atento ao mercado financeiro, a busca deve ser pelo equilíbrio, o que é levado ao extremo não é sustentável por muito tempo. Por isso quando há elevações gigantescas, em algum momento haverá a queda. A única forma de evita-las é através de acompanhamento desde os pequenos sinais evitando assim uma maior proporção do desequilíbrio financeiro.

 

Referências:
MAZZUCHELLI, Frederico. A crise em perspectiva: 1929 e 2008. Novos estudos, Cebrap 82, novembro 2008, PP.57-66.

Resumo elaborado por: Fernando de Assis Carrazoni Nunes - Acadêmico do Curso de Ciências Contábeis