Abdicou de ter vergonha
Em teus rompantes ardidos
Sacrificou a própria identidade
no altar em ode ao amor bandido
vive nele seu próprio eu
Como se d'ele fosse
Feridas de seu orgulho lambeu
Teu ventre abrasivo se contorce
Gemidos pingam exalados
Teu dorso alquebrado
Contraído e desfrutado
Em declínio te ofereces em trégua
Seus domínios delineados
Metrificados a régua
Pra aceitar, todo apetite
Sua vontade de dar se a contra gosto
Deleitando se no enrosco
Rosto a rosto
até que exausta palpite
Resignada, sussurra leniente
Inelutante, reticente
Flagela se à  fúria em torpeza
Contentando se resiliente
Se rendendo a luxúria ardente
Do algoz um amante:
sua volúpia e avareza
Se arrepia instigada ao ensejo
a urticaria te deixa então proza
Tua dor se mistura ao desejo
E teu ser enfim todo goza

Fellipe Knopp