Amigos....

UMA PENA...
A FATALIDADE RODEIA, E QUANDO ELA ALCANÇA ALGUÉM DE PERTO, TRAZ RECORDAÇÕES E CAUSA ANTECIPADAMENTE SAUDADES.

CONHECIA POUCO O "TATÚ", MAS INDEPENDENTE DISSO, SEM DÚVIDA ELE GOSTAVA DE DIZER: "SOU COBRA DO ASFALTO"(Grupo de Motociclistas de Cascavel-PR). Efetuamos algumas viagens  regionais juntos, o tinha como uma pessoa sincera e extrovertida, comunicativa, mas INFELIZMENTE O ASFALTO E O QUE ELE PROPORCIONA, LEVOU "TATÚ". Sim, ceifou uma vida que assim como todos os outros que aqui buscam fazer parte e/ou que fizeram parte, procuram com suas motocicletas, a diversão que todo homem de bem quer viver. Lastimável a forma abrupta e violenta como isto ocorre. Daí à perguntar-nos: Por que?
Sabemos que não temos domínio sobre o nosso momento maior, mas também sabemos, que algo quando nos atinge, havemos de procurar tirar de alguma forma, uma lição, quer seja para nossa mais profunda reflexão, quer seja para onde poderemos incorrer em tais fatos. Claro, não o queremos vivê-los, mas eles também alcançam os bons.
Deus, sabedor de todas as coisas passadas, presentes e futuras, tem tudo na palma de sua mão, quer entendamos, acatemos ou não esta passagem. Mas sabemos que há um Deus. Assim foi dito por todos os que se fizeram presentes em frente ao sepulcro do Tatú e sua esposa, que assim como ele e junto com ele, fizeram partida para moradas eternas, até que se faça julgamento por  ações, quer sejam boas ou más.
Lamentável o fato de perdermos amigos. Mas se você está lendo este REQUIEM, você pode dizer: AINDA ESTAMOS AQUI ! E, neste sentido, procurar ser melhor do que ontem e ter prazer no procurar viver com moderação no presente e no futuro.
Todos gostamos de motos, ou sem elas gostamos de estar com os amigos que angariamos pelas nossas andanças. Eis que pelas motos, hoje temos inúmeros amigos, e pelas motos também, já perdemos outro tanto de inúmeros amigos.Todos gostamos da velocidade, mas , todos temos uma única vida e ela continuará sendo única.
Infeliz do caminhoneiro que fez ceifar a vida dos nossos amigos. Mas o que fazer quando não sabemos o nosso segundo seguinte, e em como ele nos virá, e o que estará embutido nele ??????????????
Infeliz também daqueles patrões que colocam seus funcionários caminhoneiros à lhes produzirem sem descanço. E que talvez incompreendidos, são levados à beberríce para afogarem suas desilusões e tristezas por serem espoliados em suas convivências familiares. Infelizes, levam suas potentes e pesadas máquinas pelas nossas estradas, quer regionais, municipais, estaduais e federais à CEIFAREM pais de famílias, destruindo lares e causando sensação de vazio em seus entes-queridos.
Inclusive, nossos próprios amigos motociclistas por este Brasil à fora que colocam seus funcionários motoristas à conduzirem seus patrimônios rodantes pelas nossas estradas, e aqueles, saem em suas potentes máquinas voadeiras para também enfrentarem outros tantos motoristas ativados a rebite, quando não, muitos sob efeito de narcóticos e drogas afins (sabemos disso pelos estradeiros das rodovias Matogrossenses), eles próprios tornam-se passíveis de serem atingidos pela inconseqüência e por descuido de outros proprietários inescrupulosos, que também dão a mesma orientação aos seus subordinados. É um descalabro total, numa desconsideração generalizada. Uma lástima.
Safados patrões que na ânsia de majorarem seus lucros, tiram pela ganância, o equilíbrio humano entre os limites do permissivo à sobrevivência saudável de seus motoristas por estas imensas estradas brasileiras, causando tragédias e mais tragédias, como temos ouvido e visto. Estes mesmos patrões que sem comiseração, pensando estar ganhando, acabam perdendo o sossego e a paz de espírito, quando vêem seus funcionários envolvidos em tragédias pelos que eles são forçosamente obrigados a incorrerem, ao "compensarem" horários, são forçados à produção de lucro desatinado. Razão de muitos saírem pelas estradas, ceifando tantas e tantas vidas, que iguais a mim e a você, são por outros, depois, levados por seis alças e um invólucro de madeira às sepulturas de nossos cemitérios.
Você poderia me dizer: Mas poderia ser um automóvel. Sim poderia. Mas os meios e os resultados são os mesmos, e neles, poderia estar um de nós dois, quem sabe você e sua família, ou quem sabe a minha.
Gosto da minha vida pelo que ela me causa, e respeito a vida dos outros pelo que a minha vida me proporciona.
Respeito ao próximo como mandamento divino é o que está faltando a muitos motoristas, patrões ou funcionários, enfim, usuários dos meios que dispomos. Agora mesmo, escuto um veículo passar em altíssima velocidade no perímetro urbano em cruzamentos de ruas perigosas. Qual o respeito que essa pessoa tem? Nenhum. Nem à ela, nem ao que ela está incorrendo, e olha, que poderia estar passando numa dessas esquinas, eu , você, ou um de nossos filhos, o qual eu ou você poderíamos depois vir à chorar a perda depois destes inconseqüentes colocarem sobre nossos ombros tragédias anunciadas.
Há os que sobrevivem por mais tempo, e, há os que cedo nos deixam. Tantos outros amigos comuns nos deixaram. Mas ainda estamos aqui em dizer a todos: A VIDA CONTINUA, devemos tirar lições de vida, com os mortos. Particularmente, vivi há alguns anos atrás, esta experiência de perder um amigo em meus braços, Não desejo que ninguém passe por tal feito. Marcou negativamente, pressionou a tomar raciocínio de muitas coisas que não tinha mais limites. Claro, sei que são outros fatos e outras situações, mas assim mesmo, digo que os meios e o objeto e o ambiente são os mesmos. Não sou negativista, absolutamente. Sou uma pessoa que já presenciou inúmeras situações constrangedoras e que me fizeram ver a minha vida, de outra forma. Vivi, vi, e rodei inúmeros quilometros para dizer a eu mesmo: -Pare um pouco e observe o mundo de outro prisma.

Não deixei de gostar de moto, mas passei a ver que como objeto de desejo, poderia estar me levando a perder todos os sonhos que outros depositavam em mim, sem que eu mesmo os soubesse que existiam.

Aos patrões, senhores proprietários de pesadas máquinas, e a nós, senhores amigos de potentes máquinas que destilam veneno nas performance de marcas motociclisticas. precisamos rever nossos conceitos de estar na estrada, sem que com isto deixemos nos levar pelo medo, mas o medo nos previne e pode nos levar à distância do perigo.
Um abraço
Valdir Carvalho
Cascavel-Pr - 08.12.2008 -