Num dia reservado a família ele brinca no quintal sob meu olhar encantado, embriagado de felicidade por poder estar ali em um momento a dois.Nada demais acontecia, ele brincava mas um olhar de mãe é sempre profundo, especial.
Um instante de distração e ele arranca a muda de chá que eu plantara com tanto carinho e ansiosa esperava crescer, o chá me trazia cheiro de infância, da dor de garganta , um chá fumegante pego na horta da vizinha. Seria um resgate emocional.
Num ímpeto tomei de suas mãos o pequeno galho e meu filho percebendo minha angústia logo disse:
_ Eu planto de novo mamãezinha!
Será ? cá eu com meus pensamentos que foi mais longe, levou-me a refletir sobre tantos replantios que tentamos fazer durante a nossa vida na busca por ser feliz. Nem todos vingam , carece de amor, mais do que vontade, e o amor anda meio fora de moda, contatos sim! Há momentos que somos literalmente forçados a replantar pelo simples pulsar da vida que no seu dinamismo exige acontecimentos.
Busquei uma auto avaliação e percebi que tardiamente consegui replantar com mais eficiência e que esse processo foi duro, remexeu feridas mas cicatrizaram e pela vida passei a ter mais intimidade.
Mas é prudente que o aprender a replantar seja sempre um desafio para poder executá-lo da melhor forma e requer dedicação um ato muito temido pelas pessoas.
Nas ilhas Salomão se mata uma arvore com um ritual que muitos sem se dar conta realiza dentro de suas casas, a palavra usada de forma negativa, ritmada por ódio desferida ao próximo , ao filho e elas criam um campo de força pesado, capaz de secar árvore, capaz de secar o homem.
Como "replantar" um ser humano? A arvore não consegue reagir sozinha, nós sim! Essa luta está em cada um ,em doses mais brandas, outras mais fortes.
Olhando meu filho na tentativa de recolocar o galho na terra não o ajudei por acreditar no sua capacidade e na oportunidade única que a vida nos reserva de aprender e ela possui maneiras eficazes de atingir esse objetivo.
Observando o carinho com que recolocava o galho na terra nas habilidades de seus pequenos dedinhos pude reconfortar meu coração de mãe na certeza de que meus descendentes tentariam com amor replantar.