Descrita como um exímio estudo acerca da anti-história do Brasil e das ações de seus principais personagens antagonistas, atuantes no enredo nacional e responsáveis pela construção de uma identidade satírica do brasileiro, que quase não escapa de sua definitiva morte, é o que se observa, de modo contundente, na obra Viva o povo brasileiro de João Ubaldo Ribeiro.

            Os eventos históricos transcritos na obra referem-se acima de tudo a um povo, vítima de espólios de toda ordem, bem como de ofensas, e da brutal violência que atinge o âmago de quaisquer seres humanos: a da dominação, do corpo, da mente e de um fatídico destino escravizado. A rigor, o painel histórico que traça a formação do povo brasileiro é o resultado de uma abordagem cultural com vistas à desmistificação dos verdadeiros heróis de nossa gente.

            O desafio é ambicioso: narrar quatro séculos de história da Bahia, isto é, do Brasil, desde a chegada dos holandeses à Bahia, no século XVII, até os anos 70 do século XX, na torrente da memória e da ficção, nas quais se misturam à verdade do já-dito, da história modelar, a paródia que deforma e a sátira que corrói.

            Recurso estilístico de uma literatura convencionalmente denominada de pós-moderna, a paródia é amplamente utilizada pelo autor de Viva o povo brasileiro, e em sua tarefa precípua de deformar e censurar um objeto preexistente, conforme o dicionário de termos literários de Carlos Ceia, o tom irônico conduz à auto-reflexividade das personagens, assim como dos leitores, em relação à ideologia propagada a partir de um texto-base temático: o da colonização do Brasil e a imposição de uma identidade cultural.  

            A sátira bem como a paródia também adota os critérios de ridicularização, ironia, como técnica da argumentação, e ocasião de protesto ao objeto parodístico e satírico, ambas destroem a ideologia do texto-objeto, de maneira que a obra Viva o povo brasileiro, apropria-se da história de imposição e adaptação cultural[1] do Brasil ao longo dos séculos, para censurar e deformar criativa e comicamente a realidade posta.

Não há paródia sem alteração, metamorfose do sentido.

            Pode-se eleger algumas características afins da sátira e da paródia. São elas: “Utilidade e recreio” [2], haja vista a importância da crítica ferina ao modelo de cultura brasileiro, alicerçado nos padrões estéticos e intelectuais de uma nação eurocêntrica, no qual o mítico-religioso perde espaço para uma literatura eminentemente erudita, conforme nos diz Antonio Candido (2000, p. 164).

            Em Viva o povo brasileiro, a sátira trai o protótipo de literatura modelar, razão pela qual, no intuito de valorizar o discurso polifônico o autor realiza dentro da sua produção o grotesco, aliado ao riso na dessacralização dos seus personagens, a exemplo de Perilo Ambrósio, o Barão de Pirapuama e o seu insaciável apetite sexual, Amleto Ferreira, mulato identificado com os valores capitalistas do homem branco, da exploração, do roubo ao tesouro do Barão, e de modo especial, ao recusar o pedido de ajuda de uma viúva, o mesmo afirma ”não poder ajudar a humanidade” [3].

            Outra variante no comportamento de Amleto Ferreira trata-se do anseio em adquirir as características fenotípicas do europeu, pois, afinal, ”só ele nascera com aquela naringanga esparrachada e aqueles beiços que mais pareciam dois salsichões de tão carnudos_ um negróide, inegavelmente, um negróide (...)” [4]. Nesse sentido, a atitude de ataque aos costumes, à história, ou à cultura e até mesmo ao comportamento do negro, isto é, do nativo da terra, tal como é percebida em Viva o povo brasileiro, aproxima-se mais da sátira do que da paródia, porquanto traduz uma política de rebaixamento dos valores étnico-raciais negros.

             Para tanto, o efeito cômico percebido, sorri da identidade deste povo que não é resultado apenas do orgulho, da inveja e da miséria do negro/mulato, mas também, resultado de uma síntese mal ajustada, de um europeu clássico, afeito a títulos, à dominação, e com ojeriza a tudo quanto diz respeito ao mundo negro, e por outra via, avulta-se a figura de um negro herói, de sua gente, da sua cultura, e querendo o ser da sua própria história, é o se observa no discurso de Pedro Macário direcionado ao seu irmão Bonifácio Odulfo, dizendo-lhe acerca da universalidade do povo brasileiro.

 

_Para você todo mundo é povinho, com exceção dos quatro ou cinco gatos pingados que você julga estarem a sua altura. Que povinho? Todos? Porque são todos, realmente todos os brasileiros a que você se refere com esse desprezo. [5]

 

 

            A este respeito, vale destacar ainda a valorização da estética branca dentro da obra, em detrimento da desreferencialização da beleza negra, mais um alvo do riso satírico.  Ricardo Franklin Ferreira (2000, p. 72) explica que a imagem branca está associada ao ”correto, positiva, nacional, e bem desenvolvida”, desse modo, o afro-descendente passa a idealizar o mundo branco inconscientemente, hostilizando a sua própria cor, imagem e cultura, afinal ele não se encaixa no modelo.  

            O autor ainda afirma que os indivíduos negros assumem a sua insignificância perante o mundo, afinal segundo o personagem Nego Leléu da referida obra: ”Quem é que pode querer ser preto? Nascer preto, não se pode fazer nada, mas querer ser preto? Mostrasse um que podendo, não ficaria tão branquinho quanto uma garça!”[6] e a partir dessa etapa, passam para um estágio de submissão, seja passiva ou ativa.

            A ativa passiva se constitui de um total estranhamento do negro em relação à sua cultura e características físicas, adotando atitudes preconceituosas. Já as pessoas com identidade passiva, apropriam-se de termos negros pejorativos, aceitando-os, exaltam também os estereótipos adequados aos indivíduos brancos, como sublimes, no entanto, tal fato pode ser constatado implicitamente. Martinha, personagem de Viva o povo brasileiro, encarna a referencialização branca, em um processo de retroalimentação da discriminação, que se amplia, graças a adesão de alguns negros ativa ou passivamente:

 

_Ora minha filha, tu acha que eu vou deixar de papar um meninozinho limpinho, cheiroso e disposto, tu acha que eu vou deixar passar a ocasião de papar um fidalguinho (...). Eu não gosto de não me dar valor, tem que saber que não está pegando coisa de ouropel, aqui é ouro fino minha filha... Eu digo assim: meu nenenzinho, branquinho lindo, safadinho, dê benzinho aqui bem em Martinazinha suazinha.[7]

 

 

            A expressão cultura atravessou séculos de mudança, tendo nesta trajetória dialética o seu significado também alterado. O circuito da cultura compreendeu desde o trabalho mais rude ao mais elaborado com técnicas específicas, a nível de especialista. A Idade Moderna enxerga na raiz do radical de cultura colere, no latim cultus, relativo a culto, um latente significado religioso, sagrado, segundo o autor Eagleton, uma espécie de ”verdades culturais” [8] a serem resguardadas e exaltadas.

                                

                                 Brasil nunca poderia atingir “os mais altos graus de desenvolvimento, como a América do Norte”, por causa de suas      origens. Essa triste história começou com a colonização pelos         portugueses, ”povo em decadência”.[9]

 

            A rigor, percebe-se que o terreno cultural assemelha-se a um campo minado, recheado de tensões, conflito dos contrários: esquerda, direita, segundo Eagleton na ”evolução e revolução, racionalidade e espontaneidade”[10], entre outros, o forte paradoxo do fazer, em ser, que promete bombardear que se atrever a ferir seus princípios, e ou modos de organização, uma vez que trata-se de ir ao encontro do sagrado.

            Apesar da real dissociação entre universos culturais distintos, vigora ainda depois de séculos, a luta, o combate, a repressão dos discursos, a liberdade escravizada, em um primeiro momento dos índios, definidos por Pero Vaz de Caminha, não como um povo, mas sim, como uma “gente bestial e de pouco saber”[11]. E num segundo momento, observamos os negros no panorama brasileiro dos engenhos sendo reduzidos a “peças”, acessórios por sua vez destituídos de quaisquer dimensões culturais, tal como Antonil descreve no seguinte trecho: “Toda a escravaria (que nos maiores engenhos passa o número de cento e cinqüenta e duzentas peças, contando as dos partidos)” [12].

            Nesse sentido, o escrivão ignora o mito de que a raça decide a capacidade cognitiva e cultural de seus membros, não existindo desse modo culturas mais avançadas que outras, conforme nos diz Silva Cintra Franco (2006, p.11).

            A herança social de um homem não está tão somente associada à cor da sua pele e as suas características fenotípicas. Importa, sobretudo, dizer que progresso, desenvolvimento, evolução são aspectos próprios de cada cultura, a depender do seu “cultivo” _ originariamente o significado da palavra cultura _ em maior ou menor intensidade, de forma que a herança racial decisivamente não interfere na variável desenvolvimento cultural de um povo, e de modo especial do povo brasileiro, ainda que este povo seja um amálgama de uma gente estúpida, ignorante, e reconhecida como peça menor tal qual em um jogo de tabuleiro.

            O povinho descrito em Viva o povo brasileiro, sem terra, nação, sem justiça, reflete a pobreza e a sujeição de uma gente marcada a ferro por um dono estrangeiro, é o que se verifica no fragmento abaixo:

 

Bote na mão de um brasileiro um terreno, bote na mão de um japonês outro igualzinho e você vai ver que, dentro de um ano, o japonês está rico e o brasileiro já vendeu o terreno para tomar cachaça e fazer filhos, esta é que é a realidade. É um problema de formação, de mentalidade... O brasileiro é mulher, cachaça, futebol, carnaval e molecagem, esta é que é a verdade. Você veja que os únicos lugares em que há algum progresso no Brasil são exatamente onde entrou o sangue estrangeiro, alemão, o italiano, o japonês... Como é que você explica o analfabetismo, a preguiça, a doença (...)

 

 

            O policlassicismo na obra Viva o povo brasileiro permite um rico nível de interlocução entre os personagens tanto para auto-sustentação do seu status quo, como para hegemonia sobre qualquer outra entidade cultural. Maestri & Carboni (2006, p. 12) explicam que a ausência de sons divergentes, de ”linguagens contraditórias”, designa uma espécie de reprodução dos sons. Contudo, em Viva o povo brasileiro, observa-se vozes desarmônicas, o colonizador na ânsia de dominar a língua, e posteriormente a classe dos colonizados, estes por sua vez, almejando a libertação de sua linguagem e, portanto, de sua classe, resultando em uma polifonia social, onde prevalece o embate de ideias, a respeito da concepção de cultura, povo e pátria. 

            Pedro Macário ao ser preso pelo bando de Maria da Fé julga-a traidora da nação, no exercício de “atividade inimiga da Pátria” [13], afinal ele mesmo é a Pátria, tal como é apresentado no fragmento ao lado:” O que é a Pátria? _A Pátria sou eu!... A pátria é você?_E o povo é você. _Não falava em povo, falava em Pátria! ”[14]. A personagem Maria Dafé é descrita como um ser humano que exala fé no seu povo, na possibilidade de devolver aos negros, mulatos, mestiços, a justiça mutilada de corpos virgens violados, de casas e fazendas saqueadas, da honra destruída, segue assim a saga de uma mulher guerreira, heroína do povo, porque proveniente do próprio povo brasileiro, orientada acima de tudo por princípios morais elevados.  

            Sob este particular, pode-se analisar a figura do personagem Nego Leléu, avô por devoção de Maria da Fé. Seu processo de libertação instaura-se a partir de um estágio mais avançado, denominado de Estágio de militância, segundo Ferreira (2000, p. 81). Desenvolve a estrutura de uma identidade afrocentrada, estereotipada nos gostos, nas vestes, no desejo de espoliar os brancos, de maneira que está referencializado nas raízes africanas. Dentro dessa perspectiva, uma das matrizes de identidade afro-brasileira que se consolida dentro da obra ao lado da figura heroína de Maria da Fé, é a de Nego Leléu, um negro corrupto que joga dentro da narrativa com o  jeitinho brasileiro, moderadamente oportunista, brinca com os vacilos e enganos dos brancos, de modo satírico.

 

Esse negro, por intermédio de muitas artes, conseguindo enganar os brancos e se safar por aqui e por ali, juntou dinheiro e ficou até que mais ou menos bem de vida, tinha sua casa, tinha seu borguezim, tinha sua roupa de festa... Nego Leléu sorridente no caixão, mais lorde que um visconde, mais guapo que um marquês, fato preto bem passado, botas tinindo de lustro, barbinha feita a capricho, carapinha escovadinha, mãos mui limpas cruzadas sobre o peito, camisa mais que cheirosa e engomada.[15]

 

            Apesar de ser apegado aos seus bens resultantes de furtos, vivencia as dores e os tropeços do seu povo, lastimando o regime segundo o qual o mundo é organizado, no entanto, fura o bloqueio desse regime ao planejar a morte dos brancos que assassinaram a mãe de sua querida neta, Maria da Fé, concorre neste sentido, ao título de herói de sua gente ao se vingar e reclamar para os seus um regime mais justo e menos cruel, mesmo se concretizado com suas próprias mãos: “Elas podem ser gado, essa negralhada toda parte pode ser gado, esse pode até ser o regime do mundo, mas desta vez o regime é meu.” [16]

            No tocante a figura e os atos grotescos de Perilo Ambrósio, pode-se considerar uma alusão ir a própria classe dominante brasileira e os seus irônica procedimentos predatórios de apossar-se da riqueza da terra, do outro, e da imposição da sua cultura.    Contudo, o personagem Perilo Ambrósio morre vítima do seu próprio veneno, cultiva nos escravos um ódio mortal em decorrência da severa punição a que eram submetidos, bem como aos recorrentes estupros de suas mulheres e filhas.  Após beber uma infusão venenosa preparada por um grupo de escravos, Perilo Ambrósio morre para a alegria e liberdade dos negros. Minutos anteriores a sua morte, contudo, profere uma sequência de palavras contrastantes que dão o tom irônico à sua vileza e extrema vulgaridade, o narrador apresenta a versão heróica das últimas palavras de Perilo Ambrósio, o barão de Pirapuama: “Pátria, honradez, luta, abnegação. Haverei servido bem a Deus e ao Brasil?”[17].  A inicial afirmação de Perilo é seguida de uma plangente dúvida, que por sua vez, à luz de uma investigação dos fatos de sua vida, seria facilmente dissolvida, afinal o Barão, serviu a si mesmo enquanto autoridade política na sociedade brasileira, o seu ideal de Pátria não passava de um engodo, bem como sua suposta honra, lutara apenas para se firmar no solo brasileiro como um personagem herói da pátria, contudo, todas as suas ações conduziam-no a um grotesco ritual de devoração encerrado pelos escravos, os únicos a enxergar tirania do nobre e respeitado Barão de Pirapuama. 

           

Eram todos heróis e não nasceram heróis, eram gente do povo... que suportavam muitas dessas coisas, e muito pior, sem ir à guerra nem ser chamada de heróica. Estava seguro de que um dia teria mesmo esse orgulho, se a luta e o sofrimento fossem não para preservar um Brasil onde muitos trabalhavam e poucos ganhavam, onde o verdadeiro povo brasileiro, o povo que construía, o povo que vivia e criava, não tinha voz nem respeito, onde os poderosos encaravam a sua terra apenas como algo a ser pilhado  e aproveitado sem nada darem em troca, piratas de sua própria terra.[18]

 

            Ora, precisamente nesse momento de revolução, vai se configurando a noção histórica de brasilidade, e de quem é realmente o brasileiro, um povo resultado de miscigenações, de vícios, paixões, marcados pela luta, guerras, mas também revestidos de força, ousadia, honradez, que proclama com o seu sangue a justiça e paz almejadas. Uma identidade extremamente complexa e, por conseguinte, contraditória, em função do processo dialético no qual estão envolvidos os seus atores: o imigrante e o afro, os quais só alcançam a plenitude, à medida que incorpora caracteres nacionais, quer seja da religiosidade, dos sons e ritmos brasileiros, quer seja de um amor para além da cor, e do pejorativo estigma cultural imputado aos brasileiros, afinal, a nação brasileira, o povo brasileiro, em seus mais diversos desdobramentos, cujas vozes, no frio, na desesperança, na dor, revelam sinais de nítido heroísmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

 

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982.

 

CANDIDO, Antonio. A educação pela noite & outros ensaios. Vol 1. 3°ed. São Paulo: Ática, 2000.

 

SKIMORE, Thomas E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Tradução de Raul de Sá Barbosa. 2ª ed. Rio de Janeiro: RJ, Paz e Terra, 1976.

 

FERREIRA, Ricardo Franklin. Afro - descendente: identidade em construção. São Paulo: EDUC, Rio de Janeiro: Pallas, 2000.

 

MAESTRI, Mário & CARBONI, Florence. A linguagem escravizada: língua histórica, poder e luta de classes. 2° Ed. São Paulo: Expressão popular, 2003.



[1] CANDIDO, Antonio. A educação pela noite & outros ensaios. Vol 1. 3°ed. São Paulo: Ática, 2000, p. 164.

[2] FELÍCIO & CABRAL, José Colaço Barreiros.  Memórias e Sátiras. Porto, 1995, p.87. 

[3] RIBEIRO, João Ubaldo. Viva o povo brasileiro. 11°ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1984, p. 330.

[4] Idem ,ibidem, p. 322.

[5] Idem ,ibidem, p. 584.

[6] Idem ,ibidem, p. 376.

[7] Idem ,ibidem, p. 273.

[8] EAGLETON, Terry. A idéia de cultura. Trad. Sandra Castelo Brando. São Paulo: UNESP, 2005, p.10.

[9] SKIMORE, Thomas E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Tradução de Raul de Sá Barbosa. 2ª ed. Rio de Janeiro: RJ, Paz e Terra, 1976, pág. 79.

[10] EAGLETON, Terry. Ibidem, p. 14.

[11] CAMINHA, Pero Vaz. Carta  a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil (Atualização e Notas).

[12] ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982, p. 05-07.

 

[13] Idem ,ibidem, p. 402.

[14] Idem ,ibidem, p. 403.

[15] Idem, ibidem, p. 370; 517.

[16] Idem, ibidem, p. 350.

[17] Idem, ibidem, p. 203.

[18] Idem, ibidem, p. 483.