O individuo humano, desde os tempos imemoriais, sempre teve a necessidade de outras pessoas que não ele próprio para se relacionar, levando assim busca pelo sagrado. Portanto a religião provavelmente é a instituição humana mais antiga e duradoura, sendo quase impossível esquecê-la. Segundo Feurbach (1973) a religião é a primeira consciência de si do homem, ou seja, inicialmente o homem desloca para seu exterior sua própria essência antes de encontrá-la em si mesmo. Para ele a religião e a essência infantil da humanidade.
A religião pode trazer grandes benefícios para a saúde em geral e principalmente para a saúde mental, pois, muitos dos primeiros hospitais destinados ao cuidado de pessoas com doenças mentais foram organizados por monges e sacerdotes. O tratamento que valorizava o papel da religião tornou-se o tipo de cuidado psiquiátrico dominante por diversos países no século XIX.

Esse cenário,entretanto, mudou pois no inicio do século XX o escritor de psiquiatria Sigmund Freud acreditava que a religião gerava neurose e que as teorias psicológicas iriam substituir as religiões propiciadoras de visão de mundo e fonte de tratamento. Por conseqüência durante a maior parte do século XX o campo dos cuidados à saúde mental subestimou e desqualificou as crenças e práticas religiosas dos pacientes.

Durante a virada do século XXI, contudo, mudanças começaram a ocorrer no campo da saúde mental, investigações mostrando que nem sempre pessoas que eram religiosas poderiam ser neuróticas e que pessoas de grande fé religiosa, lidavam melhor com as doenças, seja elas físicas, ou mentais.

A pessoa, portanto, que sofre de uma determinada doença mental necessita de apoio de seus grupos (a família, o trabalho, os amigos), isto é, que estes grupos estejam cientes de seu sofrimento e de suas dificuldades e que não o excluam, não o descriminem, tornando mais difícil o momento que vive, pois, na maioria das vezes a associação de medo, pavor e desespero faz com que a religiosidade torne-se importante para esses indivíduos.
Sendo assim é de fundamental importância debater e dialogar tal tema, porque a religiosidade também está presente na comunidade hospitalar, e se manifesta de maneira intensa no setor psiquiátrico como foi percebido por essa pesquisadora em uma visita acadêmica como requisito da disciplina Psicologia Religiosidade do curso de Ciências da Religião ? UEPA. Esse fato foi o ponto de partida para iniciar a investigação sobre essa temática. Percebemos que os pacientes mentais reagiam e apresentavam forte conteúdo religioso em seus delírios. Alem disso, manifestavam esperança de cura por meio da religião, assim como os seus familiares.
Essa investigação parte, portanto, de um interesse pessoal, por considerar que a saúde mental, em muitos casos, se confunde com questões da ordem religiosa, por isso pretendo investir pesquisas nessa área, que consideramos tão complexa, porem de extrema importância na vida do ser humano, em especial os pacientes mentais.