Hoje, eu quero apenas o mínimo dos extremos. Quero ser lâmina afiada
Que de tão bem cortar,
Corta a si mesmo.
E que se encontra de verdade no abrir do corte, na dor.

Quero ser anti-opinião,anti-dedução e frio.
Tatear com o gélido de minhas mãos
Os meus inimigos; guerrear !
Se me chamarem poeta,
Errarei todos os erros de Português inventados
E ainda criarei mais.

Quero ser distinto numa sociedade de porcos.
Quero afogar tudo nessa lama fedida.
E daqui, ser o rei.
Quero liderar a revolta dos ansiosos.
Quero suor na pele fria.
Acordar, pela manhã, sendo um
E ,à noite, não me reconhecer no espelho
De tão vazio que foi o dia.

Assim, eu cravo os dentes no que me aflige.
Espero, com olhar fixo, sua agonia de
Se romper ao fio, lentamente, como porco febril;
e me lanço também, nu, à navalha fina
Só para sentir a dor que causei
E viver a louca vida de quem é contra,
anti-si.