SILVA, Andressa S.; IZAIAS, Juliana. 

Relatório

Durante as aulas de filosofia dos dias 08, 09, 22 e 23 de novembro de 2012 foi proporcionado acesso a revistas específicas de filosofia para a elaboração de relatório sob a orientação da professora especialista Andressa S. Silva. Foi escolhida a reportagem “Ética e Política nas Eleições” de Renato Janine Ribeiro porque ela realmente chamou-nos a atenção, mais do que qualquer outra, mesmo não entendendo muito de política. Ajudou-nos a construir uma opinião melhor sobre o assunto.

“O Brasil, em trinta anos, avançou muitíssimo em matéria democrática. Antes, nosso recorde de liberdade democrática eram as duas décadas incompletas entre o fim da ditadura Vargas e o começo do regime militar. De 1982 para Ca, mudou bastante coisa. O partido comunista foi legalizado – ele tinha sido proibido ao longo de quase toda sua história. A inflação, que fazia troça da política, foi controlada. As políticas sociais, que eram sacrificados em nome da luta contra a inflação, vieram para ficar. A sociedade brasileira até 2005 era uma pirâmide, na qual as classes A/B tinham menos gente que a C, que era menor que as D/E. Em 2010, era já um losango, no qual a classe C supera tanto os mais ricos quanto as mais pobres. Cinquenta milhões de pessoas subiram da pobreza para a classe média. Hoje, ninguém concorre ao poder com chance se não tiver um projeto de maior inclusão social. Em três décadas, fomos da ditadura, com má distribuição de renda, para uma democracia que parece consolidada. Este é o quadro das eleições desse ano” (p. 82). O avanço do Brasil em relação à liberdade na política é extremamente notável, e deveríamos ser gratos pelo que nossos antepassados lutaram tanto para ter, mas não somos. Não queremos votar, porque diferente deles, não acreditamos em uma mudança e não estamos dispostos a lutar por ela. Diz o texto que a chance de ser eleito é maior se tiver um projeto de inclusão social, mas na verdade, é aquele que mentir melhor que será eleito. E no fim, já não nos importamos mais.

“O auge da vida democrática é o momento do voto. A democracia, regime em que a maioria escolhe os governantes, é também o regime da igualdade, em que todos têm o mesmo valor, sejam ricos ou pobres, integrados ou excluídos. Por isso, tenho sustentado que ela é o regime mais ético que existe. Melhor dizendo é o único regime que hoje podemos considerar ético. As formas de governo que a teoria antigamente chamava de monarquia ou aristocracia, considerando-as legítimas, atualmente apenas podem ser chamadas de ditaduras. Uma ditadura em nossos dias, é ilegítima. Só a democracia é legitima” (p. 82). Na hora da votação, sim, somos todos iguais. Não há ricos ou pobres. E realmente é a maior liberdade e igualdade que temos, podemos escolher sem sermos julgados ou presos. Mas quanto tempo dura toda essa liberdade?Um dia?Uma semana?Ás vezes nem isso. Os políticos precisam de nós na hora da votação, e por incrível que pareça, estamos sempre lá. Mas e quando nós precisamos deles?

“Mas surge um problema sério. Na ética operamos com o certo e errado, o bem e o mal. Não existe uma tabela única do certo e errado “em si”, ou “para Deus”, ou para a humanidade inteira. Divergências ocorrem. Mas, sejam quais forem, concordamos quanto a muitos valores. “Não matarás” é um deles, mesmo que discutamos como defini-lo: esse preceito proíbe a legitima defesa? Inclui a falta de solidariedade com o faminto? Em que pesem essas diferenças quando falamos em ética, atribuímos valores, positivos e negativos, ás condutas” (p. 82). Cada cultura possui o seu certo e errado, cada religião possui o seu “Deus”, mas ainda assim devemos respeitar umas as outras. O conceito de paz é o conceito universal, o único talvez. Mas o que cada um considera paz?Indiferente do que considera, nenhum de nós está “lutando” por ela. E embora todos sejam contra o ato de homicídio, somos mesmo em todos os casos?Seria uma mãe contra a morte daquele que estuprou sua filha de cinco anos?Iria um faminto se sentir culpado por não dar sua única comida a outro faminto?Iria uma vitima evitar atacar o bandido?A resposta é não para todas essas opções, e todos concordamos com elas. O ser humano é o ser mais hipócrita que existe, mas apenas ele mesmo pode ser, os de sua mesma raça não possuem esse direito.

Concluímos que embora o texto tenha como tema a política, ele fala muito mais da ética do ser humano do que da política. E não apenas na hora de votar e sim na vida. Temos o incrível poder de “distorcer” a ética para que fique melhor para nós, e todos concordamos com isso. E talvez por isso haja tantas injustiças, porque se um distorce o outro também pode, e que irá dizer quem está certo ou errado, se este existe apenas figura mente. É um texto para pensar muito.

Referência

RIBEIRO, Renato Janine. Ética e Política nas Eleições. Filosofia Ciência & Vida, ano VII, n° 74. São Paulo: Araguaia, 2012. p. 82.