Educação de Jovens e Adultos

Introdução

O presente relatório de estágio tem seu enfoque a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, um olhar de pesquisa nesta tão graciosa modalidade de ensino formal ou não formal, onde os estudantes desenvolvem suas capacidades enriquecem seus conhecimentos e melhoram suas competências técnicas profissionais tentando atender as suas próprias necessidades e assim contribuir como cidadão na sociedade ao qual está inserido.

Livro relacionado:

            Apesar de o estágio nesta modalidade ser considerado curto, traz grandes contribuições, para ação reflexão do profissional que adentrará no campo da Educação de Jovens e Adultos.

            A observação nas primeiras semanas tem que ser criteriosa, percebendo os anseios, rejeições, ações, metodologias, aceitação da turma que neste momento já identifica outra pessoa além da professora regente em sala de aula.

            A coparticipação precisa ser envolvente, tranquilizando os educandos e deixando um gostinho de: o que vem de diferente ai? Confiança é uma coisa muito importante, mesmo sendo curto o período junto a turma, os enlaces de confiar e de segurança do trabalho que está propondo a turma tem que ser significativo, cordial e consistente.

            A semana de regência é o ápice do trabalho, pois é quando colocamos em pratica realmente o que acreditamos, e desenvolvemos as atividades buscando um avanço no aprendizado recíproco de ideias e saberes diferente.

            O projeto Letramento Cidadão foi um alicerce de grande valia dentro das atividades que foi desenvolvida na semana de regência, pois além de trabalhar alfabetização, tradicional exigida pela professora regente, o letramento veio em parceria dando significado a todas as ações desenvolvidas durante este período.

            O suporte de trabalhar o currículo oculto foi uma opção de grande relevância, pois com força na interdisciplinaridade, transversalidade foi trabalhado assuntos considerados tabu, preconceito, e valores sociais que estão presentes no cotidiano dos estudantes.

            Sendo assim, este relatório tem o objetivo de contribuir para um pensar e repensar do Docente da Educação de Jovens e Adultos, contrastando e refletindo sobre as praticas em sala de aula e porque muitas vezes é tão grande a evasão nessa modalidade de ensino? É uma das principais perguntas que precisamos responder em quanto Educadores. Também em especial objetiva o olhar de minha pratica como formador de cidadãos críticos e autônomos de seu papel na sociedade e na transformação social no meio em que estes estudantes estão vivendo. 

O CAIC - Centro de Atenção Integral à Criança - Jorge Amado é uma escola com capacidade para atender mais de 1.500 estudantes. Foi inaugurado em 29 de setembro de 1996.

Seu projeto original nasceu de um programa financiado, na época, pelo Governo Federal. Possui 30 salas de aula. Atualmente, divide-se em duas partes principais: O Prédio Principal e o Anexo. No Prédio principal, oferecem-se todos os cursos do Ensino Fundamental organizados na modalidade Ciclos de Desenvolvimento Humano, e também as Oficinas do Programa "Mais Educação" (manhã e tarde). Neste mesmo prédio, oferecem-se, no turno noturno, cursos específicos voltados para Educação de Jovens e Adultos, também em nível de Ensino Fundamental. No Anexo (também conhecido como Prédio de Cima), oferecem-se os cursos nas modalidades Creche (tempo integral, para crianças com idade entre um ano e meio e três anos) e Pré-Escola (para crianças com idade entre 4 e 5 anos), este anexo conta com 04 salas de pré-escola, sendo duas para educando de 04 anos e 02 para os educando de 05 anos.

A creche atende em tempo integral, das 07h30min às 17h, oferecendo 04 refeições diárias, a pré-escola atende no horário matutino das 7:30 as 11:30 e vespertino das 13h às 17h oferecendo um lanche em cada turno.
         O CAIC Jorge Amado, está situado no caminho 06, sem número no bairro Parque Habitacional URBIS II, bairro Jardim Primavera é, considerado atualmente, uma das melhores escolas de Ensino Fundamental da Rede Pública de Itabuna. Está vinculado à Rede Municipal de Educação. Possui quadra poliesportiva, auditório, anfiteatro, estúdio de rádio, laboratórios de aprendizagem, laboratório de informática, lan-house, espaços para recreação, refeitório, sala de vídeo e a Biblioteca Valdelice Soares Pinheiro, sob a Coordenação da Profª Zélia Posidônio. Apesar do CAIC contar com uma infraestrutura ampla, bem arejada e de boas dimensões, para a pratica escolar.

Dentro do CAIC, atua uma equipe composta pelo diretor, três vice-diretoras, cerca de 61 professores, 13 coordenadores pedagógicos e 38 funcionários, além de estagiários, monitores de ensino e voluntários diversos.

O estágio que desenvolvi na sala da (EJA) Educação de Jovens e Adultos, da 3° série do Ensino Fundamental regida pela professora Elisabeth no turno noturno era composto por 19 estudantes, sendo 10 do sexo feminino e 09 do sexo masculino. A turma era mista em idade, sendo que o educando mais novo tinha 16 anos e o mais velho 65 anos de idade. Todos conviviam bem, observando com atenção as aulas da professora. Apesar da turma está na terceira série do Ensino Fundamental, perceberam-se grandes dificuldades principalmente na alfabetização – letramento, como também na alfabetização matemática. A maior parte dos estudantes são moradores dos bairros circunvizinhos e tendo uma estudante moradora do bairro Santo Antônio.

O primeiro dia de estágio é sempre uma expectativa grande, conhecer a turma, o professor, saber se será bem recebido e tudo isso aconteceu de maneira tranquila e gradativa. Após ter conversado com a vice-diretora, logo fui apresentado a professora Socorro, que é coordenadora da (EJA) na escola, alguns pontos acertados com ela, principalmente sobre o Projeto Letramento Cidadão, ao qual ela gostou muito logo que começou a ler, e mostrou muito interesse principalmente no que se referia a trabalha currículo pessoal e competição com jogos. Em seguida apresentou a sala dos professores, e fomos para a sala que eu iniciaria a observação.

Adentrando a sala de aula, fui apresentado a professora Elisabeth (Bete) para toda a turma e passou a ser assim para eu também. Ela conversou comigo, falou sobre o perfil da turma, as principais dificuldades, e disse que ajudaria no que precisasse. Eu fui apresentado por ela e logo me sentei para começar a observar. Neste dia compareceu a sala 09 estudantes, perguntei a professora sobre a frequência dos mesmos, e ela disse que nunca os 19 educando ficam juntos, eles se alternam e que naquele dia tinha sido alta a frequência, pois geralmente são 05 ou 6 que comparecem para estudar. Em seguida a professora começou a corrigir uma atividade que tinha passado no dia anterior, mas que eles não tinham terminado verifiquei nesse momento alguns dos cadernos e os mesmos não terminaram a tarefa, alguns por não saber realmente e outros por não terem tempo de responder em casa. A atividade era simples, para retirar do texto do livro duas palavras iniciadas com B, Três com a letra M, e um complete as frases.

O que mais me chamou atenção nessa atividade não foi os estudantes não terem conseguido completar a mesma, mas sim o tipo de atividade, pois não expressava significado sendo que poderia ter sido feita a mesma atividade com um texto que fosse próximo da realidade do estudante.

            Paulo Freire destaca que atividade de leitura/escrita deve ter como base a leitura de mundo feita pelo educando e não a transmissão de conhecimentos. Portanto é necessário que está atividade de leitura escrita seja dinâmica e realizada com a integração do sujeito no seu mundo social. Ele atribui à alfabetização a capacidade de levar o analfabeto a organizar reflexivamente seu pensamento, desenvolver a consciência critica, introduzi-lo num processo real de democratização da cultura e da libertação (Freire, 2000, pág. 09).

            Aproximar as atividades de sala de aula às vivencias do dia-a-dia do estudante da (EJA), independente do que seja a temática ou atividades, por exemplo, texto, exercícios, musica etc. Tudo precisa estar relacionado ao mundo do estudante dessa modalidade, para que o mesmo tenha um maior interesse e aproveitamento das atividades desenvolvidas.

            O segundo dia de observação foi muito participativo, apesar de só terem comparecido 6 dos 19 estudantes da turma, eles já esperavam ansiosos pela minha chegada, a professora Bete organizou uma atividade bem interessante para encontrar respostas em um texto, neste dia a coparticipação que desenvolvi foi muito proveitosa e prazerosa também, pois os estudantes já confiavam em tirar as dúvidas comigo, todos queriam que ajudasse, o grupo se tornou uma equipe onde eu e a professora Bete atuamos como parceiros e para aguçar a vontade de aprender dos que estavam na sala no dia.

            Foi notada desde o primeiro dia de observação que os estudantes nunca estavam presentes todos os dias, e isso dificulta o processo de aprendizagem, pois como a escola é ciclada depende muito da presença e participação de todos, apesar de os estudantes terem vontade de estudar, a rotina dos trabalhos profissional age de contra peso nesse processo de aprendizagem, a evasão escolar principalmente na modalidade (EJA), é um dos principais problemas a serem resolvidos pelas Secretárias de Educação. Indagada uma estudante a cerca de suas faltas em sala de aula ela afirmou:

─ Professor eu sou domestica, trabalho em casa de família e na maioria das vezes, chego em minha casa as 19h. Estou muito cansada para vir, quando eu posso eu venho.

            Outro estudante fazendo o mesmo questionamento diz:

─ Sou pintor e viajo muito fazendo os trabalhos de pintura em prédios e condomínios, eu já fiquei até 15 dias sem vir a escola, afirma o estudante da (EJA).

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