RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Introdução

A educação especial e inclusão escolar é um grande desafio que vem sendo bastante discutido ao longo dos anos, vários planos e metas foram estabelecidos para que o aluno com deficiência pudesse ser aceito no ensino regular, sabe-se que a inclusão escolar não se dá apenas pela matricula do aluno, mas pela aceitação, inserção, participação, acessibilidade e aprendizagem, ainda assim o movimento da educação inclusiva é um grande desafio na busca de uma educação que privilegie a todos. Nesse sentindo, a escola deve caminhar rumo a uma educação de qualidade para todos, assim como os professores precisam rever suas práticas, refletindo sobre o papel social na inclusão do aluno com deficiência, afim de garantir o seu acesso e a sua permanência no ensino regular. Silva (2012) acredita que para garantir o acesso, a permanência e o sucesso do aluno com necessidades especiais em sala de aula do ensino regular é preciso que a prática do professor seja baseada nas necessidades, nas potencialidades, e nos interesses desses estudantes.

A educação especial e inclusiva vem ganhando cada vez mais espaço no sistema educacional, permitindo a todos os seres com deficiência ou não estarem no mesmo ambiente escolar, mas para que ela ocorra com qualidade muito ainda precisa ser feito, as escolas ainda precisam se adequar tanto estruturalmente quanto as práticas dos professores, a caminhada para uma educação inclusiva de fato é longa, mas não é impossível, exige apenas esforço e determinação dos envolvidos.  A sala de Atendimento Educacional Especializado veio para reafirmar e garantir o direito à inclusão.

A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva define o Atendimento Educacional Especializado:

O atendimento educacional especializado exerce a função de diagnosticar, criar e selecionar recursos pedagógicos e de acessibilidade que possibilitem espaços para a participação e interação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substituída à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (Secretaria de Educação Especial, 2008, p.15).

 O AEE (Atendimento Educacional Especializado) é o atendimento oferecido aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação, de forma complementar e/ou suplementar ao ensino regular, considerando as necessidades desses alunos. Então, cabe ao professor do AEE, observar o aluno e identificar suas necessidades, e assim dependendo das limitações desses sujeitos organizar atividades e recursos pedagógicos e de acessibilidade a fim de facilitar o processo de construção de aprendizagem do sujeito. É importante salientar, ainda, que as atividades oferecidas pelo AEE não se configura como reforço escolar, uma vez que se diferencia daquelas realizadas na sala de aula do ensino comum. O professor deverá de forma criativa e inovadora buscar atividades e recursos que estimulem o aprendizado do aluno naquelas áreas em que ele encontra maiores dificuldades. Dentre algumas atividades e recursos do AEE tem- se a Língua Brasileira de Sinais; Ensino da Língua Portuguesa para Surdos; Código Braille; Comunicação aumentativa/alternativa; Uso do sorobã; Enriquecimento curricular; Produção e adaptação de materiais didáticos e pedagógicos; Atividades da vida autônoma.

No contexto do AEE, cabe ao professor ensinar e também utilizar os recursos de Tecnologia Assistiva (TA). A tecnologia assistiva é um recurso ou uma estratégia utilizada para ampliar ou possibilitar a execução de uma atividade necessária e pretendida por uma pessoa com deficiência. A tecnologia assistiva favorece a participação do aluno com deficiência nas diversas atividades do cotidiano escolar, vinculadas aos objetivos educacionais comuns. São exemplos de tecnologia assistiva na escola os materiais escolares e pedagógicos acessíveis, a comunicação alternativa, os recursos de acessibilidade ao computador, os recursos para mobilidade, localização, a sinalização, o mobiliário que atenda às necessidades posturais, entre outros.

O relatório justifica-se ainda pela oportunidade de reflexão na tentativa de tornar a educação inclusiva acessível a todos, cientificamente o relatório proporcionou à pesquisadora a superação de lacunas e o aprofundamento do conhecimento na área.

2.Desenvolvimento

O estágio que foi desenvolvido na Escola professora Adelina Almeida com duração de três meses, acontecendo um encontro semanalmente, abordou como temática nesse projeto a importância da leitura no processo de aprendizagem com o auxílio dos jogos e brincadeiras na educação especial, tendo como sujeito da pesquisa alunos com necessidades especiais, especificamente com D.I. O corpo desse desenvolvimento é constituído pela identificação da instituição, a caracterização da turma visitada, o registro do perfil da turma, o registro das observações, relato dos professores, legislação, regime e grade escolar, que serão abordados nos próximos parágrafos.

2.1. Identificação da Instituição

A Escola Professora Adelina Almeida, ocupa uma área de 1.028,04m². Criada pelo ato nº 532 de 24 de Fevereiro de 1969 e inaugurada em 18 de Maio de 1969, cujo nome na época foi sugerido pelo Senador Dr. Nilo de Souza Coelho, Governador de Pernambuco na época em homenagem a sua primeira professor.  Em 14 de Março de 1979, é elevada à categoria de Escola de 1º Grau, e através do decreto nº 5709. Em 24 de Abril de 2007, a referida instituição é autorizada a funcionar o Ensino Médio através da Portaria da Secretaria de Educação nº 2575. Esta instituição de ensino insere-se no contexto das escolas públicas da Rede Estadual de Pernambuco, sob a jurisdição da GRE- Gerencia Regional de Educação do Sertão Médio São Francisco. A escola fica localizada na Avenida Monsenhor Ângelo Sampaio, S/N. Areia Branca, Petrolina-PE. CEP: 56.328-905. Telefone: (87) 3866-6522. Email:[email protected].

A Escola possui 12 salas e conta com 76 educadores funcionando em 03(três) turnos com o Ensino Fundamental Anos Finais, Ensino Médio, Programa de Correção de Fluxo-Travessia- Ensino Médio, Educação Especial nas áreas de Surdez, Cegueira e Déficit Intelectual e o Programa Mais Educação. Atendendo uma demanda de 1.122 alunos, oriundos dos bairros e localidades do município de Petrolina e outros, como Juazeiro-BA, Lagoa Grande e Casa Nova- BA. Incluindo parcerias em várias instituições de natureza municipal, estadual, federal e privada. Considerando o contexto sócio- cultural e econômico, a comunidade desta Escola não foge as especificidades da sociedade contemporânea, os estudantes são provenientes da família de baixa renda, chegando a determinada época do ano, interrompendo os estudos para trabalhar na colheita de uva, manga e tomate.

A Escola tem como missão construir ações que garantam aos jovens uma educação de qualidade, baseada na participação, cooperação, respeito, ética, atuação e inclusão, refletidos na visão de ser reconhecida como uma instituição capaz de desenvolver habilidades necessárias à formação pessoal e profissional dos estudantes. A missão e visão debruçam nos seguintes valores: educação com qualidade, parcerias, valorização dos recursos humanos, solidariedade e compromisso. Sendo assim, a escola apresenta seu PPP que apontará a direção e o caminho a percorrer para realizar com eficiência sua função educativa.

Dentre os fundamentos propostos o educador deixa de ser um repassador de conteúdos e respostas imediatas pré-determinadas, para ser um problematizador da ação pedagógica construída numa atitude dialógica com os estudantes como também com os seus colegas educadores e técnico-administrativos, portanto, cabe ao educador e a nossa escola possibilitar o acesso ao indivíduo, ao conhecimento construído numa visão interdisciplinar de forma contextualizada dos saberes acumulados pela humanidade. Participar dessa proposta requer do educador: -Domínio profundo de sua área de formação e atuação; -Formação continuada para manter-se atualizado; - Ter presente que a concepção de educação, explicitada na proposta pedagógica orienta as práticas pedagógicas; - Organização e atualização do Currículo Escolar; - Uso de práticas pedagógicas inovadoras e motivadoras que atendem para as necessidades dos estudantes; - Seleção e utilização de materiais variados, usando as tecnologias educacionais; - utilização do livro didático, apostilas, e/ou de outras produções textuais, como referencial criterioso, possível, mas não único.

2.2. Caracterização da turma

A turma atendida na sala de AEE é bem variada, não se teve acesso ao número total de alunos que são atendidos, eles por sua vez são alunos do ensino fundamental anos finais ao ensino médio. As deficiências atendidas são Deficiente Intelectual, Surdez, Cegueira.

O Surdo apenas utiliza-se de outra língua, mas não tem prejuízo intelectual; Cegueira não tem prejuízo intelectual, apenas faz o uso do Braille; Deficiência Intelectual tem limitações no cognitivo, em alguns casos, varia de acordo com o grau de deficiência são elas leve, severa e moderada. Na instituição estagiada há apenas 1 caso de deficiência severo e os demais moderados. Os alunos com deficiência intelectual possuem um atraso cognitivo, ou seja, apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. Estas limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas.

A relação entre os professores e alunos dentro do AEE é bem amigável, percebe-se a parceria entre ambos, é possível também notar que os professores que estão ali possuem boa vontade e disposição para ajudar os alunos não apenas no pedagógico. Como disse uma professora, somo mais que professores, somos amigos, conselheiros, eles confiam em nós para desabafar sobre a vida pessoal e os ajudamos como podemos.

O trabalho varia em seu desenvolvimento de acordo com a necessidade educacional do aluno, tem alguns que se utiliza de jogos didáticos para estímulo da coordenação motora, raciocínio lógico, memorização entre outros. Já alguns, vão para a sala e não querem fazer nada, ficam saindo o tempo todo até encerrar o atendimento, tem também aqueles que acham que os professores estão ali para ajuda-los em suas atividades escolares.

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