INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA – GO

CURSO DE PSICOLOGIA

ESTÁGIO BÁSICO III

ELIZÂNGELA MARQUES LACERDA

 

 

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Itumbiara – GO, Dezembro de 2010.

 

ELIZÂNGELA MARQUES LACERDA

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Relatório de atividades apresentado ao curso de Graduação em Psicologia como requisito parcial para aprovação na disciplina Estágio Básico III, ministrado pelo Prof. Espec. Sr. Wellington Luiz Bessa.

1 – INTRODUÇÃO

 

A Reforma Psiquiátrica Brasileira e a Luta Antimanicomial.

Tratar da reforma psiquiátrica brasileira requer abordar a história da psiquiatria no Brasil, bem como a sua concepção acerca da loucura.

“A história da nossa psiquiatria é a história de um processo de asilamento; é a história de um processo de medicalização social”. (Amarante, 1994:74).

 

Origem da Psiquiatria no Brasil

A psiquiatria surge, com a chegada da Família Real ao Brasil, com o objetivo de colocar ordem na urbanização, disciplinando a sociedade e sendo, dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas políticas do século XIX.

É a partir do embasamento nos conceitos da psiquiatria europeia, como degenerescência moral, organicidade e hereditariedade do fenômeno mental, que a psiquiatria brasileira intervém no comportamento considerado como desviante e inadequado às necessidades do acúmulo de capital, isolando-o e tratando-o no hospital psiquiátrico.

“O saber e o poder médicos, artificialmente, criam uma legitimidade de intervenção da classe dominante sobre os despossuídos através da nova especialidade - a psiquiatria - da nova instituição (...) o Hospital Psiquiátrico. O objeto dessa intervenção (...) o sofrimento mental - é reduzido, através de um artifício conceitual, a categoria de “doença mental”, subtraindo-se toda a complexidade de fenômenos diversos, singulares e compreensíveis no contexto da existência humana” (Feffermann et al, 200: 4).

O Manicômio, dentre outros dispositivos disciplinares igualmente complexos, atravessou séculos até os nossos dias, conformando uma sociedade disciplinar com dispositivos disciplinares complementares num processo de legitimação da exclusão e de supremacia da razão.

 

Os primeiros movimentos questionadores

Frente a essa realidade surgem alguns movimentos que questionam essa ordem das coisas, procurando romper com a tradição manicomial brasileira, principalmente com o fim da Segunda Guerra Mundial. Todas essas experiências são locais, referidas a um ou outro serviço ou grupo e estão à margem das propostas e dos investimentos públicos efetivos. Há forte oposição exercida pelo setor privado que se expande e passa a controlar o aparelho de Estado também no campo da saúde.

Na década de 60, com a unificação dos institutos de pensões e de aposentadoria, é criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O Estado passa a comprar serviços psiquiátricos do setor privado e concilia pressões sociais com o interesse de lucro por parte dos empresários. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfrentamento da loucura” (Amarante, 1995:13).

Mesmo diante dessa realidade os movimentos questionadores crescem e têm como principal inspiração a experiência de Trieste, na Itália, liderada por Franco Basaglia.

 

A experiência de Franco Basaglia em Trieste e a repercussão no Brasil

Basaglia, em 1971, fecha os manicômios, acabando com a violência dos tratamentos e põe fim no aparelho da instituição psiquiátrica tradicional. Basaglia demonstra que é possível a constituição de uma nova forma de organização da atenção que ofereça e produza cuidados, ao mesmo tempo em que produza novas formas de sociabilidade e de subjetividade para aqueles que necessitam da assistência psiquiátrica.

Em 13 de maio de 1978 foi instituída a Lei 180, de autoria de Basaglia, e incorporada à lei italiana da Reforma Sanitária, que não só proíbe a recuperação dos velhos manicômios e a construção de novos, como também reorganiza os recursos para a rede de cuidados psiquiátricos, restitui a cidadania e os direitos sociais aos doentes e garante o direito ao tratamento psiquiátrico qualificado.

Esse grande passo dado pela Itália influenciou o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador de sofrimento mental, da humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo de promover a reinserção social.

Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação à política privatizante da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento psiquiátrico à população.

No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país.

 

O Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental

É nesse contexto, no fim da década de 70, que surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. Pequenos núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). A questão psiquiátrica é colocada em pauta:

“... tais movimentos fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão e da violência imposta pelo estado autoritário”. (Rotelli et al, 1992: 48).

 

A violência das instituições psiquiátricas, dessa forma, é entendida como parte de uma violência maior, cometida contra trabalhadores, presos políticos e, portanto, contra todos os cidadãos.

 

A relação entre a Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica

O movimento de reforma sanitária tem influência constitutiva no movimento de reforma psiquiátrica. Nos primeiros anos da década de 80 os dois movimentos se unem, ocupando os espaços públicos de poder e de tomada de decisão como forma de introduzir mudanças no sistema de saúde.

“A Proposta da Reforma Sanitária Brasileira representa, por um lado, a indignação contra as precárias condições de saúde, o descaso acumulado, a mercantilização do setor, a incompetência e o atraso e, por outro lado, a possibilidade da existência de uma viabilidade técnica e uma possibilidade política de enfrentar o problema”. (Arouca, 1988:2).

 

Em 1986, a 8 ª Conferência Nacional de Saúde, foi um marco para a realização desse processo, na qual o movimento “... assumiu definitivamente a bandeira da descentralização, pleiteando a criação de um sistema único de saúde universal, igualitário, participativo, descentralizado e integral”. (Conferência Nacional de Saúde, 1987 apud Paim, 1998:9)

A partir daí foram tomadas várias iniciativas para o alcance desse objetivo como a Constituição Federal Brasileira, promulgada, em 5 de outubro de 1988. Esta possui uma seção exclusiva para a questão da saúde (Art.196 a Art. 200) na qual se consolida a universalização da assistência, a integralidade da atenção à saúde - realizada por ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação -, o reconhecimento do direito e necessidade da participação da comunidade na gestão do sistema - através do Conselho de Saúde -, a hierarquização, a equidade e a descentralização do sistema - com comando único em esfera de governo.

Um modelo de atenção coerente com as diretrizes da Constituição pressupõe o fortalecimento do poder público, capacitando-o a programar políticas de impacto articuladas e integradas nas diversas áreas, buscando melhoria na qualidade de vida. A saúde, dessa forma, passa a ser entendida de forma ampla, determinada socialmente e, portanto, como sendo fruto de políticas de governo que promovam condições adequadas de vida ao conjunto da população.

Este modelo não é viável através de uma política de Estado mínimo, mas da descentralização e da configuração de um verdadeiro poder local de caráter público e, portanto, permeável ao controle por parte da população. Todos esses avanços foram originados pelo movimento de Reforma Sanitária. Ao mesmo tempo em que o movimento de reforma psiquiátrica se articula ao de Reforma Sanitária, ele continua com suas atividades questionadoras e transformadoras.

 

 

 

O Movimento de Luta Antimanicomial

Na década de 80, ocorreram vários encontros, de preparação para a I Conferência Nacional de Saúde Mental (I CNSM), que ocorreu em 1987 e recomenda a priorização de investimentos nos serviços extra-hospitalares e multiprofissionais como oposição à tendência hospitalocêntrica.

No final de 1987 realiza-se o II Congresso Nacional do MSTM em Bauru, no qual se concretiza o Movimento de Luta Antimanicomial e é construído o lema ‘por uma sociedade sem manicômios’. Nesse congresso amplia-se o sentido político-conceitual acerca do antimanicomial.

“Enfim, a nova etapa (...) consolidada no Congresso de Bauru, repercutiu em muitos âmbitos: no modelo assistencial, na ação cultural e na ação jurídico-política. No âmbito do modelo assistencial, esta trajetória é marcada pelo surgimento de novas modalidades de atenção, que passaram a representar uma alternativa real ao modelo psiquiátrico tradicional...” (Amarante, 1995:82).

 

Nesta trajetória é construído o Projeto de Lei 3.657/89, conhecido como Lei Paulo Delgado, que contém três pontos: detém a oferta de leitos manicomiais financiados com dinheiro público, redireciona os investimentos para outros dispositivos assistenciais não manicomiais e torna obrigatória a comunicação oficial de internações feitas contra a vontade do paciente oferecendo: “(...) pela primeira vez um instrumento legal de defesa dos direitos civis dos pacientes”.(Bezerra, 1992: 36).

Em 1990, a conferência ‘Reestruturación de la Atención Psiquiátrica en la Región’, promovida pelas Organizações Panamericana e Mundial de Saúde (OPS/OMS), Caracas, proclama a necessidade premente de reestruturação imediata da assistência psiquiátrica pela adequação das legislações dos países de forma que “(...) assegurem o respeito dos direitos humanos e civis dos pacientes mentais e promovam a reorganização dos serviços que garantam o seu cumprimento”. (CRP, 1997: 26). Essa conferência tem como ponto principal demarcar a crescente tendência internacional de superação dos velhos modelos de psiquiatria e reforma psiquiátrica. O Brasil é signatário dessa Conferência, comprometendo-se com seus objetivos.

Além da Conferência de Caracas, há outro documento político adotado pela Organização das Nações Unidas: “Princípios para a proteção de pessoas com problemas mentais e para a melhoria das Assistência à Saúde Mental”, que visa assegurar os direitos da pessoa portadora de sofrimento mental, tratando-a, dessa forma, como cidadã.

 

Os serviços de saúde mental substitutivos ao modelo manicomial

No campo da assistência, a Portaria nº 224, de 29 de janeiro de 1992 do Ministério da Saúde estabelece as diretrizes para o atendimento nos serviços de saúde mental, normatizando vários serviços substitutivos como: atendimento ambulatorial com serviços de saúde mental (unidade básica, centro de saúde e ambulatório), Centros e Núcleos de atenção psicossocial (CAPS/NAPS), Hospital-Dia (HD), Serviço de urgência psiquiátrica em hospital-geral, leito psiquiátrico em hospital-geral, além de definir padrões mínimos para o atendimento nos hospitais psiquiátricos, até que sejam totalmente superados.

A Portaria nº 106, de 11 de fevereiro de 2000(3), cria os Serviços Residenciais Terapêuticos em saúde mental para pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos.

Além desses serviços, existem os Centros de Convivência, as Cooperativas de Trabalho, dentre e outros criados por municípios. Assim como os outros tipos de serviços substitutivos, eles “... têm garantido a população dos municípios onde se localizam, um atendimento mais humano, sem exclusão e com resolubilidade”. (CRP, 1997: 4).

A Reforma Psiquiátrica pretende construir um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade. Pretende modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminando gradualmente a internação como forma de exclusão social. Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, visando à integração da pessoa que sofre de transtornos mentais à comunidade.

 

Políticas Públicas de Saúde Mental.

As Políticas Públicas de Saúde Mental visam elaborar leis que contribuam para a melhoria no atendimento dos serviços e benefícios para os usuários, transformando aquilo que é individual em ações coletivas, garantindo assim seus direitos sociais. A prática em saúde mental é uma responsabilidade social e deve se relacionar ao desenvolvimento histórico da sociedade.

Assim, as Políticas Públicas de Saúde Mental devem discutir e atualizar todos os meios de acesso da população às informações, estudar as demandas através de critérios epidemiológicos visando melhorias nos serviços principalmente para os usuários facilitando o processo de inclusão e inserção social na comunidade.

 

O movimento por uma sociedade sem manicômios e a reforma psiquiátrica

As políticas para a saúde mental foram objeto de vivo interesse de atores sociais que a influenciaram através de atuações externas à gestão sanitária nas últimas três décadas, determinando, em grande medida, sua trajetória. Amarante define reforma psiquiátrica como um processo histórico de formulação crítica e prática, que tem como objetivos e estratégias o questionamento e elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria (1995). No caso brasileiro esse processo é tributário dos debates teóricos e das experiências que constituem o ideário da "nova psiquiatria" (Venâncio, 1990).

O MTSM (Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), foi o primeiro movimento em saúde com participação popular, não sendo identificado com um movimento ou entidade de saúde, mas pela luta popular no campo da saúde mental (Amarante, 1995)).

A 8ª Conferência Nacional de Saúde, com 176 delegados eleitos nas conferências estaduais, usuários e outros segmentos representativos são vista como um marco e um ponto de inflexão do processo, pois a partir dela o movimento assumiu o lema "por uma sociedade sem manicômios" e criou o Dia de Luta Antimanicomial (Venâncio, 1990).

A reforma psiquiátrica é o tema de um debate em andamento no Brasil há anos, as resoluções tomadas neste processo ainda não foram totalmente implementadas. Em abril de 2001 foi aprovada a Lei Federal de Saúde Mental, nº 10.216, que regulamenta o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil.

 

Defender o cumprimento da Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/01)

Reivindicar a realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental (nove anos após a III, realizada em 2001), que tem a importância de discutir passos fundamentais para o avanço da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, além de estabelecer novos marcos para profissionais da área e portadores de transtornos mentais, que estão cada dia mais atuantes socialmente.

Exigir a efetiva implantação do "Programa de Volta para Casa", criado pelo Ministério da Saúde em 2003 com o objetivo de reintegrar socialmente pessoas com transtornos mentais que passaram por longas internações. O programa dispõe também de um auxílio financeiro para o beneficiário ou seu representante legal.

 

 

Como deve ser a rede de saúde mental?

A rede de saúde mental pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. Esta rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços residenciais terapêuticos (SRT), leitos em hospitais gerais, ambulatórios, bem como com Programa de Volta para Casa. Ela deve funcionar de forma articulada, tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de sua regulação.

 

Rede de atenção psicossocial de acordo com o porte dos municípios.

Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPSi).

Os parâmetros populacionais para a implantação destes serviços são definidos da seguinte forma:

  • Municípios até 20.000 habitantes - rede básica com ações de saúde mental
  • Municípios entre 20 a 70.000 habitantes - CAPS I e rede básica com ações de saúde mental
  • Municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS AD e rede básica com ações de saúde mental
  • Municípios com mais de 200.000 habitantes  - CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi, e rede básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU.

 

A composição da rede deve ser definida seguindo estes parâmetros, mas também atendendo a realidade local.

As ações de saúde mental devem ser organizadas a partir da constituição de núcleos de atenção integral na saúde da família. Estas equipes deverão dar suporte técnico (supervisão, atendimento em conjunto e atendimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação) às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população (PSF e ACS).

 

Devem seguir os seguintes critérios:


  • Os núcleos devem ser constituídos em municípios acima de 40.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 9 a 11 equipe de saúde da família, e para na   Amazônia, nos municípios acima de 30.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 7 a 9 equipes de saúde da família.
  • A equipe de saúde mental deverá ser constituída por 1 psicólogo ou psiquiatra necessariamente e 1 terapeuta ocupacional e/ou 1 assistente social.
  • As equipes devem estar articuladas preferencialmente aos CAPS, onde houver, ou a outro serviço de saúde mental de referência. (ref.: Documento do Departamento da Atenção Básica/SAS - Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família)

 

Para a implantação do CAPS em seu município, deve-se primeiro observar o critério populacional, para a escolha do tipo de CAPS mais adequado ao porte do município. O Ministério da Saúde repassa um incentivo antecipado para a implantação do serviço nos valores de R$ 20.000,00 (CAPS I), R$ 30.000,00 (CAPS II e CAPSi), R$ 50.000,00 (CAPS III e CAPSad).

 

Mas afinal, que é um CAPS ?

 

São os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), cujo objetivo é   oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a   reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos   direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Entre   todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a   Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se   a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os   CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem   atendimento diário.

 

É função dos CAPS:

  •   Prestar atendimento clínico em regime de   atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
  •   Acolher e atender as pessoas com   transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer   os laços sociais do usuário em seu território;
  •   Promover a inserção social das pessoas com   transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
  •   Regular a porta de entrada da rede de   assistência em saúde mental na sua área de atuação;
  •   Dar suporte a atenção à saúde mental na   rede básica;
  •   Organizar a rede de atenção às pessoas com   transtornos mentais nos municípios;
  •   Articular estrategicamente a rede e a   política de saúde mental num determinado território
  •   Promover a reinserção social do indivíduo   através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e   fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Estes serviços devem ser substitutivos e não complementares ao   hospital psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica,   produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao   protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento.

Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria   estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de   suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua   cultura e sua vida cotidiana.

O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais   critérios para o planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades,   e para a implantação de centros de Atenção Psicossocial. O critério   populacional, no entanto, deve ser compreendido apenas como um orientador   para o planejamento das ações de saúde. De fato, é o gestor local, articulado   com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condições mais   adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas de   saúde mental de seu município.

 

Serviço Residencial Terapêutico (SRT)

 

O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia de pessoas com transtornos mentais graves egressas de hospitais psiquiátricos ou hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, que perderam os vínculos familiares e sociais; moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos acompanhados nos CAPS. O número de usuários em cada SRT pode variar de uma pessoa até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. Os SRTs deverão estar vinculados aos CAPS ou outro serviço ambulatorial.

 

 

Conclusão

Assim, os paradigmas da reforma psiquiátrica são sustentados por conferências, documentos e portarias, que versam sobre a substituição progressiva do hospital psiquiátrico por uma rede de atenção integral à saúde mental antimanicomial, sobre o desmonte do aparato jurídico-institucional que legitima a instituição manicomial e o enfrentamento da cultura manicomial, resinificando a loucura.

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) que visa promover o tratamento clínico e a reintegração social das pessoas que sofrem de transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros. A experiência busca analisar o nível de concentração e a visão dos usuários quanto ao acompanhamento prestado pela rede CAPS.

É uma luta árdua que enfrenta grandes interesses lucrativos do setor privado e mudanças culturais a cerca da tolerância frente às diferenças do humano, em suas diversas dimensões, e de suas inúmeras relações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 - CARACTERIZAÇÕES DO CAMPO INVESTIGADO

 

 

O Estágio Básico III foi realizado em um centro de Atenção Psicossocial (CAPS) que é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Professor Especialista Sr. Wellington Luiz Bessa organizou todo o contato com a direção da instituição. Assim que fomos realizar a primeira visita a coordenação do CAPS/CISME – Centro Integrado de Saúde Mental Emmanuel, situado na Avenida Equador nº13, Bairro Dona Marolina, telefone: (64) 3404-1388, na cidade de Itumbiara, estado de Goiás, a coordenação já estava a par das atividades que desenvolveríamos no decorrer do semestre 2010/2.

            Para compor os dados do trabalho, a ficha de controle foi assinada, pela direção e/ou coordenação, após cada observação. Conforme ANEXO I.

Fundado em 1995 o CAPS/CISME é um departamento da ACAMPI, conveniado ao Sistema único de Saúde (SUS). É referencia no tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais e dependência química (álcool), cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. A Instituição atende 560 pessoas/mês – Ambulatório e 50 pessoas/dia no CAPS.

A Instituição disponibiliza uma equipe de profissionais multidisciplinar das seguintes áreas:

ü  Psiquiatria;

ü  Psicologia;

ü  Serviço Social;

ü  Terapia Ocupacional;

ü  Enfermagem;

ü  Arte terapia;

ü  Odontologia;

ü  Farmacêutica;

ü  Educação.

 

O CAPS/CISME visa:

- Prestar atendimento em regime de atenção diária;

- Gerenciar os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clínico eficiente e personalizado;

- Promover a inserção social dos usuários através de ações Inter setoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas;

- Dar suporte e atenção á saúde mental na rede básica, PSFs;

- Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental de sua área;

- Reduzir as frequentes internações dos usuários crônicos;

- Procurar através de atendimento psiquiátrico, medicamentoso e terapêutico o controle dos surtos decorrentes dos sintomas;

- Articular-se com a Equipe Interdisciplinar a atuação dentro de um projeto terapêutico, ético e político, que venha facilitar a recuperação dos usuários e familiares, respeitando suas individualidades, seus valores culturais, seus direitos e deveres como cidadãos facilitando a reinserção sócio familiar e profissional;

- Garantir aos usuários e familiares, através de atividades biopsicossocial em grupo e/ou individual, incentivando a busca de uma vida com qualidade, dignidade, respeito e amor-próprio;

- Incentivar as usuários, através de atividades ocupacionais, culturais, sociais, psicológicas e religiosas para o resgate de sua capacidade e potencialidade facilitando a reinserção sócio familiar e profissional;

- Procurar resgatar, motivar e fortalecer os grupos de apoio ás famílias, através de um projeto biopsicossocial, ético e político, visando á garantia de ajuda, apoio e orientação a estas famílias proporcionando compreensão do tratamento e melhores formas de agir nas situações difíceis; Desenvolver um programa pedagógico e profissional, junto com os professores em parceria com o Projeto Inclusão da Secretaria Estadual de Educação (SEE), sensibilizando usuários impossibilitados de ingressar ou continuar o Ensino Fundamental;

- Procurar atender o usuário não só com vista a sua saúde mental, mas dentro de uma visão global do ser humano;

- Trabalhar com intra e transdisciplinaridade para eliminar todas as formas de preconceitos, ainda existente com relação á Saúde Mental, e dependentes de álcool e substâncias psicoativas, incentivando o respeito á diversidade e participação na discussão das diferenças;

- Articular com a Equipe de Saúde Mental a garantia do pluralismo, através do respeito ás correntes profissionais existentes e suas expressões teóricas com constante aprimoramento intelectual.

 

 

POPULAÇÃO DESTINATÁRIA

 

A proposta do CAPS CISME é de atender, diariamente pessoas que apresentam intenso sofrimento psíquico, que lhes possibilita de viver e realizar seus projetos de vida. São, preferencialmente, pessoas com transtornos mentais severos e/ou persistente, ou seja, pessoas com grave comprometimento psíquico, incluindo os transtornos relacionados ás substâncias psicoativas (álcool e outras drogas).

Cada usuário do CAPS deve ter um projeto terapêutico individual, isto é, um conjunto de atendimento que respeite a sua particularidade, que personalize o atendimento de cada pessoa na unidade, propondo atividades durante a permanência diária no serviço, segundo suas necessidades. A depender do projeto terapêutico do usuário do serviço.

O CAPS poderá oferecer, conforme as determinações da Portaria GN 336/02:

- Atendimento intensivo: trata-se de atendimento diário, oferecido quando a pessoa se encontra com grave sofrimento psíquico, em situação de crise ou dificuldades intensas no convívio social e familiar, precisando de atenção contínua.

- Atendimento Semi-intensivo: nessa modalidade de atendimento, o usuário pode ser atendido até 12 dias no mês. Essa modalidade é oferecida quando o sofrimento e a desestruturação psíquica da pessoa diminuíram, melhorando as possibilidades de relacionamento, mas a pessoa ainda necessita de atenção direta da equipe para se estruturar e recuperar sua autonomia.

- Atendimento Não-Intensivo: oferecido quando a pessoa não precisa de suporte contínuo da equipe para viver em seu território e realizar suas atividades na família e/ou trabalho podendo ser atendido até três dias no mês.

A capacidade máxima de atendimento do CAPS é de 25 (vinte e cinco) usuários no regime intensivo, 50 (cinquenta) no semi-intensivo e 90 (noventa) no não intensivo.

 

 

AÇÕES DESENVOLVIDAS

 

Algumas das atividades realizadas pelo CAPS CISME são feitas em oficinas terapêuticas, outras são individuais e outras destinadas ás famílias. Os usuários atendidos no CAPS têm acesso a vários recursos terapêuticos:

- Atendimento individual: prescrição de medicamento, psicoterapia e orientação.

- Atendimento em grupo: oficinas terapêuticas, expressivas, de alfabetização, reinserção social e atividade física.

- Atendimento para a família: atendimento nuclear e a grupo de familiares, atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de orientação.

- Atividades comunitárias: atividades desenvolvidas em conjunto com outras instituições existentes na comunidade, que tem como objetivo as trocas sociais, a integração do serviço e do usuário com a família e a comunidade (passeios programados mensalmente: fazenda, cinema, clubes, exposição de orquídeas, etc.).

As oficinas terapêuticas são um das principais formas de tratamento oferecido pelo CAPS/CISME. Essas oficinas são atividades realizadas em grupo com a presença e orientação de um ou mais profissionais. Elas realizam vários tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse dos usuários, da possibilidades dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas e o exercício coletivo da cidadania.

 

 

As oficinas terapêuticas oferecidas pelo CAPS/CISME são:

 

  • Oficina do saber – essa oficina contribui para que os usuários que não tiveram acesso ou que não puderam permanecer na escola possam exercitar a escrita e a leitura, como um recurso importante na reconstrução da cidadania. Ela oferece aos privados de alfabetização, em decorrência de seu sofrimento psíquico, a oportunidade para aprender a ler e escrever, e poder trocar sua Carteira de Identidade (de impressão digital, poder assinar seu próprio documento), garantindo seu espaço e acesso aos aspectos essenciais á vida. Busca desenvolver uma educação com direito a todos sem quaisquer descriminações, utilizando metodologia e técnicas de acordo com a capacidade, potencialidade e limitações do usuário de saúde mental. Também oferece oportunidade aos usuários a reinserção no processo educacional durante o tratamento sem prejuízos desse processo.

 

  • Oficina de Reciclagem: uma experiência transformadora – essa oficina terapêutica tem como fio condutor á reciclagem. E é a partir desse tema e o a que disto pode ser construído e vivenciado que se criam vínculos e se iniciam os processos de transformação de alguns materiais como também de cada usuário ali presente. De modo geral, essa oficina tem por objetivo a reciclagem favorecendo reflexões e discussões sobre temas ambientais e o que a partir disso pode ser vivenciado no nosso cotidiano, bem como usar materiais reutilizáveis como processo artrítico e criativo, independente do tempo de cada usuário em poder transformar os objetos. Como objetos específicos têm: Reciclagem e Meio Ambiente (no qual são discutidos assuntos como poluição, cuidados com o planeta, respeito á vida, gentileza, educação; reflexão sobre o meio ambiente e tudo o que possa remeter a prática da reciclagem como gesto de civilidade e de cidadania; problemática do lixo e suas diversas formas de tratamento. A reciclagem e sua importância; os produtos recicláveis e os não recicláveis; o respeito ao meio ambiente); Integração e Desenvolvimento Grupal (nesse item desenvolvemos a construção de vínculos; os papeis que nos cabem dentro e fora da oficina; direito e deveres na relação com os outros e consequentemente na vida cotidiana; dentre outros); Prática Artística (no qual é trabalhados o desenvolver da expressão artística; o despertar da criatividade e o aperfeiçoamento das habilidades manuais por meio da arte; confecção de bombonas, mandalas, reutilização de embalagens, quadros, entre outros com objetos recicláveis).

 

  • Grupo de expressão – onde são realizadas psicoterapias de grupo com usuários que apresentam algum tipo de transtorno mental, visando oferecer subsídios para o atendimento dos processos psiquiátricos e psicopatológicos, despertando a sensibilidade do indivíduo, para as relações entre o seu mundo interno e a sociedade em que vive, fornecendo também a estruturação ao sujeito e a aceitação da realidade e facilitar a inter-relação do paciente nos grupos, ressaltando o respeito a si próprio e ao outro.

 

  • Grupo de Apoio a Familiares de portadores de Transtorno Mental – a psicoterapia familiar visa integrar a família ao tratamento, informar e esclarecer sobre o transtorno mental, buscar a facilitação da convivência com o paciente e suas limitações, estimular a troca de experiências entre familiares que compartilham um problema e estimular a autonomia na busca de recursos e soluções junto á comunidade.

 

  • Expressão Corporal – nesta oficina terapêutica são realizadas atividades de alongamento, dança e ginástica, buscando desenvolver e estimular o equilíbrio físico e psíquico, melhorar a percepção corporal, a desenvoltura muscular e esquelética.

 

  • Relaxamento – oficina onde os usuários são conduzidos a se desligarem dos problemas, do negativismo e entrarem em sintonia com si mesmo. O estado descontraído da musculatura promove aquietação, revigoramento, reanimação e ativação completa do organismo, desta forma atingem também o estado mental despertando pensamentos de calma e de bem-estar.

 

  • Arte terapia – é um trabalho que utiliza a arte e a expressão como facilitadores, induzindo o criar terapêutico, buscando melhorar a vida do ser humano. A arte referida não se preocupa com a estética, composição, perspectiva, combinação de cores e outros para a produção de uma obra harmoniosa. Os recursos artísticos são utilizados para revelar os sentimentos conscientes e inconscientes do indivíduo, ressaltando a importância do elemento criador na elaboração do processo terapêutico. O autoconhecimento norteia o caminho que propicia a cura interior promovendo a transformação.

 

  • Grupo de Expressão para Dependentes – o atendimento é realizado em grupo por ser uma unidade dinâmica que proporciona aos usuários o fortalecimento através de laços afetivos. Essa motivação torna-se imprescindível no processo terapêutico, pois a interação, o estabelecimento de vínculos, as trocas de experiências, vivências e sentimentos facilitam a compreensão e elaboração da problemática acerca da dependência. Durante a expressão gráfica são utilizados recursos plásticos moduláveis ás emoções, como nos desenhos, pinturas, modelagens e colagens, desta forma oportunizamos aos usuários a expressão de seus conflitos e desejos, sendo consideradas formas de comunicação de enorme valor terapêutico no entendimento do mundo interno dos sujeitos. Dentre os principais objetivos terapêuticos do Grupo de Expressão para Dependentes são: resgatar o nível de adaptação funcional dos usuários, estimulando comportamentos e atitudes socialmente aceitáveis e valorizados; possibilitar expressão simbólica e subjetiva, a qual se estabelece pelo real processo de comunicação terapeuta-paciente-atividade; promover compreensão a respeito da problemática relacionada ao abuso de substancia química, através de uma aprendizagem centrada na realidade do usuário; incentivar melhoria da qualidade de vida, atentando para a reformulação de hábitos e estilos de vida; melhorar vida de relações (família, trabalho, sociedade), através da continuidade do vínculo terapêutico no contexto transdisciplinar.

 

  • Grupo de Apoio para Dependentes – as reuniões do Grupo de Apoio são somente para os alcoólicos e toxicômanos. Nela os membros encontram uma oportunidade de compartilhar uns com os outros tudo o que se refere aos problemas relacionados com formas e costumes de beber e/ou usar drogas, assim como seus esforços para alcançar um sobriedade estável. O grupo de apoio visa á reabilitação do usuário, cujo objetivo é ajudá-lo a viver sem álcool e/ou drogas na circulação sanguínea, através da abstenção completa e da modificação de comportamento e atitudes, buscando equilíbrio psíquico que o liberte da tentação de achar que o álcool e as drogas possam ser soluções para seus problemas. Outro interesse do grupo é a manutenção da sobriedade dos usuários que procuram ajuda, portanto, faz-se necessário realizar discussões de diversos elementos do programa de recuperação, o qual se baseia nos 12 passos do A. A. O grupo de apoio tem como virtude a possibilidade dos usuários dividirem experiências e perceberem que não são os únicos a enfrentar tais problemas. È comum o paciente acreditar ser a única pessoa a passar por este problema e que essa atitude, inclusive, faz parte da própria compreensão da doença. A oportunidade de compartilhar o problema pode ser um excelente recurso que existe no grupo, o qual gera um grande encorajamento para o usuário prosseguir numa vida de sobriedade. Além de compartilhar experiências, o grupo de apoio serve para manter o usuário informado sobre tudo que envolve a doença ou o problema que enfrentam. E isso é essencial na recuperação dos pacientes, pois quanto mais você conhecer sua doença, mais chances de recuperação você tem.

 

  • Grupo de Apoio a Familiares de Dependentes – esse grupo tem como objetivo a inclusão da família no tratamento de dependentes químicos, sendo a abordagem utilizada no grupo o modelo de doença familiar, a qual considera o alcoolismo ou o uso nocivo de drogas como uma doença que afeta não apenas o dependente, mas também a família. Este modelo envolve o tratamento dos familiares sem a presença do dependente. O grupo ajuda os familiares a entender os efeitos e consequências do consumo de álcool e drogas por parte dos dependentes; melhor compreensão do quadro de dependência química; troca de experiências e compartilhamento das dificuldades; recuperar o equilíbrio emocional e a serenidade, como também substituir o desespero pela esperança e melhorar o relacionamento familiar e saber lidar com as mudanças do usuário no período de abstinência.

 

  • Oficina de Cidadania e Inclusão Social – nessa oficina participam usuários acometidos de transtorno mental, decorrente ou não do uso abusivo de álcool e substâncias psicoativas, visando resgatar a cidadania os usuários, possibilitando o conhecimento dos seus direitos e deveres, como também facilitar a acessibilidade dos mesmos e seus familiares nos projetos sociais e de saúde, melhorando assim a qualidade de vida.

 

  • Horta, Sabonete e Cestaria são oficinas voltadas para melhoria de qualidade de vida do indivíduo, auxiliando-o a escolher, organizar e conduzir atividades cotidianas. Essas oficinas têm como objetivo desenvolver e estimular a socialização, diminuir ansiedades, estimular responsabilidades, comunicação verbal, interesse, segurança, regras e condutas, promover integração grupal, estimular novas aptidões, favorecer percepção da autoimagem, resgatar autoestima, valorização, organização, favorecer maior estruturação do cotidiano e preservar potencialidades.

 

  • Grupo Medicamentoso – está direcionada a todos os usuários do CAPS com objetivo de esclarecer e orientar os mesmos e familiares quanto á finalidade, necessidade e efeitos colaterais dos psicofarmacos.

 

  • Oficina de Tapeçaria – Como no fio da vida, cada usuário tece o seu tapete, e é a partir da atividade de tecer tapetes que se busca a descoberta das habilidades, o equilíbrio psicológico e o resgate da autoestima dos usuários, levando em consideração a capacidade individual e a criatividade de cada um. A atividade de tecer auxilia na percepção do estado emocional em que os usuários se encontram, desta forma observa-se a seguinte analogia entre a tapeçaria e a vida:

ü  Tela: o campo onde realizamos nossas obras;

ü  Agulha: o meio de realizar o objetivo: o homem e seu caminho;

ü  Tecido: recurso para realizar cada obra;

ü  Nós: ação do homem em relação aos seus objetivos;

ü  Cores: emoções com as quais o homem se coloca para cada empreitada;

ü  Tempo de execução: tempo de execução do objetivo;

ü  Acabamento: avaliação do resultado final do trabalho;

ü  Apreciação da obra: sucesso do objetivo;

ü  Finalidade de obra: direcionamento do objetivo;

ü  Emprego da obra: integração do objetivo com o propósito da vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

 

 

            Nesta etapa do Estágio Básico III, os alunos da disciplina foram orientados pelo professor a não ultrapassar grupos de quatro estudantes por vez para as visitas na Instituição.

 

 

3.1 - Primeiro encontro.

Em oito de outubro de dois mil e dez, das 08h às 11h. Oficina Semanal: Final de Semana Consciente.

 

Nesta data, participei de uma oficina, Final de Semana Consciente, com dez pacientes dependentes químicos. Sob orientação e coordenação da arte terapeuta, o grupo estava reunido em uma sala cuja porta permaneceu fechada, discutiram formas de ocupar o tempo ocioso aos fins de semana. Foram sugeridos que o tempo livre fosse preenchido na leitura de um texto, filme ou livro. Ocupando assim, o tempo dos pacientes. Vários opinaram e um deles, sugeriu que a atividade proposta fosse baseada em conteúdo de auto estima, o que agradou a todos os presentes. Os pacientes relataram suas conquistas com o tratamento, a disposição para continuar o mesmo, bem como seus projetos futuros. Alguns disseram que estavam obtendo o respeito gradual tanto no âmbito familiar como no social. Ao término escolheram um texto como atividade de leitura para o fim de semana e que seria discutido na próxima oficina.

Quando a oficina foi encerrada, questionei a arte terapeuta sobre o motivo da mesma. Relatou que os pacientes sentem-se confiantes e respeitados quando tem a chance de escolherem as atividades que desempenhariam. São encorajados a opinarem. Afirmou que as atividades quando propostas em comum acordo são desempenhadas com mais sucesso do que aquelas impostas sem a consulta prévia com os pacientes.

 

IMPRESSÕES PESSOAIS: De início, notei que os presentes estavam tímidos, não queriam falar. Porém, assim que a coordenadora me apresentou aos participantes, notei um início de relaxamento que em poucos minutos se dissipou o constrangimento dos mesmos. Todo o tempo, a coordenadora orientou e incentivou os presentes a falarem sobre si; suas opiniões, seus sentimentos, seus desejos e sonhos. E expôs a atividade do fim de semana consciente e pediu opiniões, ao qual foram várias expostas pelos presentes. Observei muito respeito com os participantes e que suas falas eram ouvidas e respeitadas pela coordenadora. Ao final, a atividade proposta foi de comum acordo entre os integrantes.

 

 

3.2 Segundo encontro.

Em três de novembro de dois mil e dez, das 08h às 11h – Oficina Semanal do Saber.

 

Esta oficina estava sob orientação de uma professora pedagógica com a presença de doze pacientes em sofrimento mental. Os participantes estavam em uma sala ampla e arejada, se encontravam sentados em volta de uma mesa. A professora indagou a cada um deles, como havia sido o final de semana, o que eles haviam feito, como foi o convívio com os familiares, o que se lembravam. Cada paciente foi questionado e encorajado a responder as perguntas. A cada resposta a orientadora, pedia para que os mesmos falassem a toda à turma, caso se sentissem à vontade. Aqueles que não quiseram responder, não foram pressionados, porém incentivados a participarem das conversas.

Ao término da oficina, conversei com a orientadora e questionei o motivo desta reunião. Explicou-me que era uma forma de estimular a concentração, a memória e saber como os pacientes se sentiam quando estavam em casa e a convivência com seus familiares.

IMPRESSÕES PESSOAIS: A professora, coordenadora da oficina, a todo o momento encorajava os presentes a falarem como haviam sido o final de semana, o que fizeram o que lembravam. Houve alguns momentos em que alguns dos participantes pediam para saírem da sala, mesmo a porta estando aberta e a professora pedia de maneira cordial, para que permanecessem na reunião e era atendida. Em outros momentos, alguns diziam não querer mais falar e novamente eram incentivados e com alguma insistência da professora, acabavam falando o que se lembravam. Notei nesta oficina, empenho da coordenadora em relação a informações que queria obter. A professora tratava todos de forma carinhosa e respeitosa.

 

 

3.3 – Terceiro encontro.

Em quatro de novembro de dois mil e dez, das 08h às 11h – Oficina Semanal de Cognição.

 

Esta oficina foi realizada com dez pacientes em sofrimento mental. Sob orientação de uma Psicóloga e uma Professora de Educação Física. O grupo estava reunido em uma sala ampla e arejada cuja porta permaneceu aberta. Os pacientes sentaram-se em volta de uma mesa. As orientadoras me apresentaram ao grupo e participei ativamente das dinâmicas. Foram distribuídas três cartas de um baralho de figuras a cada um dos participantes, incluindo as orientadoras. Os pacientes deveriam escolher uma figura, mostrar aos colegas e memorizar. Em seguida, os pacientes foram orientados a dizer qual era a figura que cada colega portava. A sequencia foi repetida por três vezes com todos os participantes. Posteriormente, os participantes deveriam falar qual era sua cor preferida e em seguida, deveriam memorizar e repetir os nomes das cores que os colegas disseram. O mesmo aconteceu com o nome de um prato culinário preferido de cada um.

Ao encerramento da reunião, questionei a psicóloga a respeito das dinâmicas aplicadas. Ao qual explicou que se tratava de estimular a interação, a memorização, concentração, vocabulários dos pacientes.

 

IMPRESSÕE SPESSOAIS: No decorrer da oficina, observei que os pacientes foram incentivados a permanecerem nas dinâmicas, mesmo quando diziam não querer ou que haviam esquecido o nome da figura, da cor preferida ou o nome do prato preferido dos colegas. Foi respeitado o tempo de cada participante e estes eram aplaudidos toda vez que lembravam a figura, os nomes que os colegas haviam dito. As coordenadoras da oficina tratavam a todos os presentes de forma carinhosa e respeitosa.

 

 

3.4 – Quarto encontro.

Em oito de novembro de dois mil e dez, das 13:00h às 16:00h – Reunião Semanal com a Família.

 

Participei desta reunião como ouvinte que foi realizada com familiares de pacientes em sofrimento mental. Contou com a orientação de uma Psicóloga e oito familiares de diferentes pacientes. Cada participante foi questionado sobre o comportamento do seu familiar e como estavam procedendo em relação ao paciente. Todos foram ouvidos e receberam orientações em como proceder com seu familiar.

Questionei a Psicóloga ao término da reunião sobre a importância da mesma. Explicou que há a necessidade de acompanhar a rotina familiar dos pacientes. Pois o êxito do tratamento depende muito da família.

 

IMPRESSÕES PESSOAIS: No decorrer da reunião, os participantes expuseram suas preocupações com seus familiares. Falaram das dificuldades enfrentadas diariamente com os mesmos. Pois a maioria dos pacientes volta para suas residências ao final de cada dia ou nos finais de semana. Responderam à Psicóloga sobre a rotina de cada um, a administração dos medicamentos em casa e foram orientados como poderia ser a melhor maneira de proceder com cada familiar em sofrimento mental. Observei preocupação dos presentes em relação aos seus familiares. Falaram com carinho de cada um e expuseram seus medos e aflições no que tange a doença mental. A coordenadora da reunião, respondia a cada questionamento com segurança e orientava aos presentes a terem paciência, serenidade e perseverança.

 

 

3.5 – Quinto encontro.

Em nove de novembro de dois mil e dez das 08h às 11h – Oficina Semanal: Atualidades.

 

Esta oficina foi realizada com doze pacientes em sofrimento mental. Sob orientação de uma psicóloga, os pacientes foram orientados na atividade de palavras cruzadas, desenhos livres, escreverem cartas. Contavam com papel, lápis, borracha, lápis coloridos, giz de cera, canetas. Foram estimulados na realização das tarefas. Participei desta oficina ativamente, colaborando com os pacientes quando solicitada. Alguns pacientes se recusaram a desempenhar uma ou outra atividade, e eram incentivados pela psicóloga a continuarem nas tarefas.

Ao fim da oficina, questionei a Psicóloga a razão destas atividades ministradas aos pacientes. Explicou que devia ao fator de verificar a coordenação motora, a capacidade de concentração, a criatividade, a interação entre os mesmos e com a coordenação da oficina.

 

IMPRESSÕES PESSOAIS: Um dos pacientes começou a conversar comigo sobre assuntos variados que não faziam sentido. Não sabia como proceder, então, pedi licença a ele, fui até a Psicóloga e perguntei como eu deveria proceder. Respondeu que eu deveria ouvi-lo com atenção. Aceitei a recomendação, voltei ao paciente e o ouvi atentamente até o fim da oficina. Observei que os presentes eram incentivados e encorajados, a todo o momento a concluírem suas atividades. Aqueles que manifestavam desejo por não participar, não eram obrigados. Saiam da sala e retornavam se assim o desejasse. A coordenadora conduziu a oficina de maneira alegre, porém firme com os presentes, mas com respeito e carinho.

 

3.6 – Sexto encontro.

Em onze de novembro de dois mil e dez das 13h às 16h – Oficina Semanal de Cognição.

 

O grupo contava com a participação de doze pacientes em sofrimento mental, estavam em uma sala ampla e arejada cuja porta permaneceu aberta, sentaram-se ao redor de uma mesa, sob a coordenação e orientação de duas psicólogas, os pacientes foram direcionados a um jogo de baralho onde quem portava a carta “uno” seria o vencedor. Participei ativamente do grupo. Tanto eu, quanto as orientadoras fomos constantemente solicitadas ao auxílio dos pacientes e explicamos várias vezes como os mesmos deveriam proceder. Assim que um ou outro paciente portava a carta “uno” era considerado o vencedor da rodada, havia aplausos e nova sequencia se iniciava.

Ao fim da oficina, conversei com as Psicólogas sobre o motivo deste jogo. Explicaram-me que através deste, poderiam verificar a capacidade de concentração, memorização, discernimento de certo ou errado e interação entre os participantes.

 

IMPRESSÕES PESSOAIS: Em alguns momentos, algum paciente apresentava uma carta, mesmo não sendo a sua vez; porém as coordenadoras explicavam que deveriam esperar a sua vez chegar. Essas explicações foram feitas diversas vezes, mas com muito carinho. Quando algum participante ganhava “o jogo”, os outros ficavam alegres e diziam querer ganhar também, sendo assim, iniciavam nova partida. Observei alegria, descontração, mas ao mesmo tempo, concentração dos participantes.

 

 

3.7 - Sétimo encontro.

Em vinte e dois de novembro de dois mil e dez das 13h às 16h – Encerramento do Estágio Básico III e término da coleta de dados da instituição.

 

Compareci ao CAPS/CISME, apenas para encerrar o Estágio Básico III e terminar a coleta de dados da instituição para a conclusão do relatório a ser apresentado do professor ministrante da disciplina.

IMPRESSÕES PESSOAIS: Mesmo não participando de nenhuma oficina ou reunião, fui bem recebida pelos profissionais que trabalham na instituição. Forneceram todos os dados necessários à conclusão do estágio. Responderam a questões feitas a cerca dos atendimentos aos pacientes, como também, a quantidade dos mesmos, bem como o atendimento a população que procura o CAPS/CISME. Mesmo, sendo a última visita como estagiária do Estágio Básico III, conversei com alguns pacientes sobre o tratamento. Alguns conseguiram responder lucidamente, outros não.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. SITUAÇÕES OBSERVADAS

 

Conforme informações recebidas em conversas com colaboradores do CAPS/CISME, a instituição foi construída com recursos próprios, ou seja, membros da sociedade da cidade de Itumbiara se uniram e resolveram criar um espaço onde pacientes em sofrimento mental pudessem receber atendimento adequado. Com o passar do tempo, houve parcerias com a prefeitura da cidade.

O que me chamou muito a atenção foi essa união de pessoas preocupadas com a saúde mental nesta cidade, algo raro de acontecer nos dias de hoje.

Quanto à localização do CAPS/CISME, considero apropriada, haja vista que a instituição foi feita por doações de populares, ou seja, foi feito o que deu para fazer, porém mesmo assim a unidade fica numa grande área populacional, mesmo sendo afastado do centro da cidade, mas está cercada de verde e ar puro, com ponto de ônibus e também é de fácil acesso.

Segundo a teoria apresentada em sala de aula, o ideal é que o CAPS seja de aparência residencial para poder oferecer a ideia de reinserção social, desmitificando o caráter de hospital. Já o CAPS onde o Estágio Básico III foi realizado, a situação é diferente. Mesmo com área verde e espaçosa, ainda assim tem aparência de um posto de saúde. Conforme informações dos profissionais que lá trabalham, realmente funciona mesmo com um posto de saúde, pois há o atendimento ambulatorial quando necessário aos pacientes e pessoas da comunidade que buscam atendimento psiquiátrico.

Ainda segundo informações internas do CAPS/CISME, quando acontecem episódios de pacientes estarem em crise, os mesmos são levados ao hospital municipal na ala de psiquiatria, ou seja, uma junção de atendimento oferecido aos pacientes em sofrimento mental. Neste ponto fica esclarecido que um serviço complementa o outro.

Outro ponto que chamou a atenção foi o fato de que os pacientes que lá estão são cuidados e protegidos, mas não são obrigados a permanecerem na instituição. Segundo a Psicóloga que conversei, explicou que os pacientes não estão ali obrigados a nada, eles são convidados a participarem das oficinas, reuniões, atividades; porém em momento algum são obrigados a desempenhar ou fazer alguma coisa que não queiram. Eles possuem seus direitos respeitados.

Porém existe sim um controle na entrada e saída da unidade. Pois a partir da primeira vez que estive na instituição uma psicóloga me orientou a usar um crachá de identificação para facilitar a entrada e saída da mesma. Pois para ter acesso ao interior da instituição às pessoas que não são pacientes conhecidos dos funcionários devem se identificar.

Observei que o café da manhã é oferecido em primeiro lugar aos pacientes e só após eles terem sido devidamente medicados é que eram servidos o café da manhã aos funcionários.

O que chamou a atenção também é em relação ao rigor de que os medicamentos são ministrados aos pacientes, pois todos são chamados e conduzidos ao local dos medicamentos, são acompanhados na ingestão dos mesmos, assinam a ficha de controle e só após são liberados para as atividades.

Registro aqui que em momento algum presenciei nenhum tipo de maus tratos aos pacientes, nem àqueles que não queriam tomar algum medicamento ou realizar alguma atividade, pelo contrário, eram conduzidos com carinho e paciência para tomar o medicamento e enquanto às atividades de forma alguma eram obrigados a realiza-las; foi deixado inclusive um aparelho de som com karaokê ligado para aqueles que se recusavam terminantemente a participar de alguma oficina pudessem se distrair cantando.

Baseado no que foi relatado neste tópico, foram essas as observações que mais me chamaram a atenção durante as visitas que realizei no CAPS/CISME.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. Análise e discussão

 

 

Os CAPS possuem equipe multiprofissional - composta por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, técnicos administrativos, etc. - e oferecem diversas atividades terapêuticas: psicoterapia individual ou grupal, oficinas terapêuticas, acompanhamento psiquiátrico, visitas domiciliares, atividades de orientação e inclusão das famílias e atividades comunitárias. De acordo com o projeto terapêutico de cada usuário, estes podem passar o dia todo na Unidade, parte do dia ou vir apenas para alguma consulta. Comparecendo todos os dias estarão em regime intensivo, alguns dias da semana em regime semi-intensivo e alguns dias no mês em não-intensivo. As necessidades de cada usuário e os projetos terapêuticos, compreendendo as modalidades de atendimento citadas e os tempos de permanência no serviço, são decididas pela equipe, em contato com as famílias também, e igualmente as mudanças neste projeto segundo as evoluções de cada usuário.

Como serviços de saúde mental, atendem pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, como psicoses e neuroses graves, buscando amenizar e tratar as crises para que estas pessoas possam recuperar sua autonomia e se reinserir nas atividades cotidianas. Por possibilitar que seus usuários voltem para casa todos os dias, os CAPS evitam a quebra nos laços familiares e sociais, fator muito comum em internações de longa duração.

Os CAPS trabalham bastante articulados com a rede de serviços da região, pois têm a função de dar suporte e supervisão à rede básica também, além de envolver-se em ações Inter setoriais - com a educação, trabalho, esporte, cultura, lazer, etc. - na busca de reinserção dos seus membros em todas as áreas da vida cotidiana.

Neste estágio foram realizadas 07 (sete) visitas ao CAPS/CISME, sendo 04 (quatro) oficinas, 02 (duas) reuniões e 01(uma) visita de encerramento e término de coleta de dados.

Conforme informações da equipe, O CAPS/CISME – Centro Integrado de Saúde mental Emmanuel atende diariamente, de segunda a sexta-feira, no período das 07:00 às 17:00 pessoas que apresentam doenças mentais (psíquicos) e alcoolismo.

Cada usuário do CAPS tem um projeto terapêutico individual, isto é, um conjunto de atendimento que respeite suas particularidades, que personalize o atendimento de cada pessoa na unidade, durante a permanência diária como usuários da Instituição, assim domo grupos com a família dos mesmos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6 - AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA DE ESTÁGIO BÁSICO III

 

 

Sabendo que a disciplina Estágio Básico III tem como objetivos mostrar na prática o funcionamento do CAPS –Mental, e oferecendo apoio e suporte necessário para tal, foi possível viver, mesmo que por um breve momento a realidade deste atendimento.

Como foi explicado em sala de aula, segundo a Linha Guia: os portadores de sofrimento mental devem, ter como todas as pessoas, uma trajetória de vida no espaço social. O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Em sala de aula soubemos que para ser atendido no CAPS, pode-se procurar diretamente esse serviço ou ser encaminhado pelo Programa de Saúde da Família ou por qualquer serviço de saúde. A pessoa também pode ir sozinha, mas na maioria dos casos é levada pela família, devendo ser acolhida em seu sofrimento a fim de construir um vínculo terapêutico e de confiança entre o profissional e o indivíduo que procura o serviço. Posteriormente é traçado um projeto terapêutico individual, construído de forma estratégica para atender as atividades de maior interesse para eles, respeitando o contexto em que estão inseridos, e atendendo também as suas necessidades. Fato que constatei na prática.

Diante do exposto, além de poder se alcançar objetivos da disciplina cursada, foi possível verificar na prática os conhecimentos adquiridos em sala no contexto de saúde mental, indo além das meras observações. “É possível identificar, na Psicologia, uma compreensão do exercício teórico como atividade geradora, por excelência, do conhecimento ou de sua apreensão, e do exercício prático como a aplicação da teoria” (DEL PRETTE,1996, p. 148). Assim sendo, nota-se que a disciplina de estágio teve grande importância e contribuiu de forma significativa para a aquisição de mais conhecimentos e a forma como aplicá-los à realidade inserida.

O estágio nos possibilitou o conhecimento da realidade de um CAPS, pois vimos como é o cotidiano de pacientes e funcionários dessa instituição. Sendo assim, considera-se que os objetivos foram atingidos, porém é necessário a realização de mais trabalhos como este, pois a cada trabalho realizado é adquirido maior experiência e novos conhecimentos.

Vale ressaltar que o Estágio Básico III, ministrado pelo Prof. Espec. Wellington Bessa foi de grande importância, nos possibilitou o contato, a interação com pacientes em sofrimento mental. Pois muitos dos estagiários não têm em seu cotidiano o contato com os mesmos, e muito menos o contato e o conhecimento do funcionamento do CAPS, bem como o trabalho dos seus funcionários.

Deixo aqui registrado meu contentamento e satisfação por ter cursado esta disciplina, ministrada por tão competente professor e ter feito parte, nem que por um período, do cotidiano de um CAPS, instituição que eu desconhecia completamente, mas que passei a admirar e respeitar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

Em participação das oficinas e reuniões no CAPS/CISME na cidade de Itumbiara – GO, verifiquei que em todas as atividades, os orientadores dispensaram atenção, estimulo, auxilio com todos os pacientes em sofrimento mental. Na reunião com os pacientes dependentes químicos observei que suas sugestões e opiniões foram levadas em consideração e na medida do possível e em comum acordo, colocadas em prática. No que tange a reunião com os familiares de pacientes em sofrimento mental, observei que os mesmos mostram preocupação e buscam aprender constantemente a melhor forma de auxiliarem seus membros, o que eram prontamente atendidos pelas orientadoras.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia, os psicólogos que atuam nos CAPS realizam grande diversidade de atividades e buscam desenvolver novas estratégias de ação para lidar com os desafios e as dificuldades que permeiam o cotidiano, dentre eles:

- Atendimentos individuais: são realizados pelos psicólogos de diferentes formas e são nomeados como sendo: psicoterapia, acolhimento, acompanhamento, escuta, terapia breve e outros;

- Coordenação de grupos: as atividades grupais aparecem como sendo uma das principais ações nos CAPS; os profissionais realizam grupos sozinhos ou em dupla com outro profissional da mesma ou de outra área:

- Grupos de abertura das atividades do dia: realizar um grupo no inicio de cada dia com os usuários, visando identificar como estão chegando ao CAPS;

- Oficinas terapêuticas: realizam oficinas terapêuticas para os usuários;

- Grupos dirigidos à geração de renda: grupos com duplo objetivo: a geração de renda e terapia ocupacional para os usuários;

- Assembleias: realização de assembleias com funcionários e usuários. Possuem caráter informativo e também servem de espaço de discussão, estabelecimento de regras de funcionamento e de definição de programações de eventos;

- Grupos temáticos: os psicólogos atuam na coordenação de grupos com temas específicos, tais como: tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, prevenção de recaídas, dependência química, preparação para o fim de semana, processos de alta, entre outros;

- Atendimento psicológico aos familiares: é realizado individualmente e em grupo.

Os psicólogos atuam com os funcionários do CAPS sob três modos distintos, como: grupos de capacitação, grupos de supervisão e grupos que visam possibilitar um espaço de discussão sobre as questões vivenciadas no cotidiano. Como também realizam a visita domiciliar, que é feita para orientar os familiares dos usuários, ouvi-los e ajuda-los a encontrar melhores formas para agir em momentos de crise dos pacientes. É realizada também para usuários com dificuldades de se deslocar até o CAPS, para identificar os motivos da ausência e para usuários que estão em crise.

Para os psicólogos que trabalham nos CAPS existem muitas atividades que são desenvolvidas em equipe. Realizam consultas, discutem casos e planos de intervenções terapêuticas com outros profissionais, de modo formal ou informal, além de atuar em duplas ou trios de profissionais de diferentes áreas na condução de oficinas.

Estes profissionais atuam buscando fortalecer a rede de serviços existentes e atuam intensamente na comunidade, buscando divulgar os serviços e auxiliar na aproximação da comunidade com os serviços, como:

- Realizam encaminhamentos de usuários dos CAPS para outras instituições ou serviços de saúde e educação;

- Fazem reuniões e visitas nas diferentes instituições e serviços;

- Atuam diretamente com as comunidades, dando palestras, com os agentes comunitários e com o PSF;

- Participam de fóruns de discussão;

- Realizam visitas aos usuários;

- Divulgam o serviço do CAPS nas comunidades e instituições da rede.

Muitos psicólogos assumem a gestão dos CAPS, coordenando as atividades técnicas e administrativas dos mesmos. Na maior parte das vezes são os psicólogos que, além da gestão, responsabilizam-se pelo treinamento de suas equipes e pela articulação da rede de apoio, bem como pela representação do equipamento em outros órgãos municipais. Há ainda, os psicólogos que participam na construção de politicas publicas para o campo da saúde mental, contribuindo em discussões para a desospitalização.

Em resumo, os profissionais da Psicologia que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial desenvolvem diversas atividades que estão diretamente ligadas aos objetivos dos centros e utilizam diferentes perspectivas teóricas para orientar as suas praticas.

Diante do exposto e das observações realizadas na instituição de saúde mental, pode-se afirmar que os objetivos foram alcançados, sendo que ficou evidente a necessidade e a função social desempenhada por um profissional da Psicologia inserido nesse contexto, bem como os outros citados anteriormente.

A proposta da instituição é acolher o usuário com transtornos mentais, e estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca de autonomia, oferecer-lhes atendimento merecido e psicológico, constituindo-se como instrumento estratégico de Reforma Psiquiatra.

Considerando o exposto podemos dizer que o CAPS configura-se como um novo modelo de atendimento à população de sua área de abrangência, realizando acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Isso se deve ao trabalho conjunto da equipe interdisciplinar onde o Psicólogo também se encontra incluído junto com outros saberes vem proporcionando melhorias de vida para os usuários, sendo assim a atuação deste profissional tem sido muito importante principalmente no que se refere ao desenvolvimento de atividades com os usuários, familiares e equipe.

Enfim, fica claro ainda a necessidade, de desenvolver novos trabalhos e novas observações tanto na instituição observada, como em outras, a fim de que se possam fazer comparações entre elas e possibilite um aprofundamento maior nessa possibilidade de atuação do psicólogo na área de saúde mental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8 - Bibliografia

 

 

AMARANTE, P. D. de C., 1994. Psiquiatria social e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro, FIOCRUZ.

AMARANTE, P. D. de C., (coordenador), 1995. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica na Brasil. Rio de Janeiro, FIOCRUZ.

AROUCA, S., 1988. A Reforma Sanitária Brasileira. Radis, FIOCRUZ, Tema 11, ano VI, novembro.

BEZERRA, Benilton, 1992. Da verdade à solidariedade: a psicose e os psicóticos, Psiquiatria sem hospícios - contribuições ao estudo da reforma psiquiátrica (Bezerra, B. et al org.) Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 41-55.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA, 1997. Trancar não é tratar. Liberdade: o melhor remédio. 18 de maio. Dia Nacional da Luta Antimanicomial, São Paulo, CRP/6 ª região.

DEL PRETTE, Zilda A. P. e cols. Habilidades Envolvidas na Atuação do Psicólogo. In E. WECHSLER, Solange Múglia (org.). Psicologia escolar: pesquisa, formação e prática. Campinas: Alínea, 1996, 240 p. (pp. 140-156).

FEFFERMANN, M et al, 2000. Estudo do Perfil das Potencialidades dos Municípios do Estado de São Paulo para o desenvolvimento e Implantação de Propostas Assistenciais de Atenção em Saúde Mental na Perspectiva da reforma psiquiátrica. São Paulo, projeto do Instituto de Saúde, (não publicado).

Legislação em Saúde Mental: 1990 - 2004 / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Secretaria de Atenção à Saúde - 5. ed. ampl. - Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

ROTELLI, F. et al, 1992. Reformas Psiquiátricas na Itália e no Brasil: aspectos históricos e metodológicos, Psiquiatria sem hospícios - contribuições ao estudo da reforma psiquiátrica (Bezerra, B. et al org.) Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 41-55.

Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_psiqui%C3%A1trica_no_Brasil obtido em 26/11/2010 às 14:18m.

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela=1 obtido em 26/11/2010 às 17:17m.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_de_Aten%C3%A7%C3%A3o_Psicossocial obtido em 26/11/2010 às 17:17m.

http://www.webartigos.com/articles/32908/1/CAPS-E-SERVICO-SOCIAL-UM-NOVO-PARADIGMA-NO-CAMPO-DA-SAUDE MENTAL/pagina1.html#ixzz17AHXVGJm. Obtido em 27/11/2010 às 09:21m.

http://www.webartigos.com/articles/32908/1/CAPS-E-SERVICO-SOCIAL-UM-NOVO-PARADIGMA-NO-CAMPO-DA-SAUDE-MENTAL/pagina1.html#ixzz17AHvFW78. Obtido em 27/11/2010 às 13:42m.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9 – ANEXO