1- Introdução Os benefícios da motivação, da afetividade e da relação professor-aluno em sala de aula, são perceptíveis e evidentes no contexto escolar, pois contribuem para o processo de ensino-aprendizagem. Mas, tais benefícios não estão sendo utilizados em sala de aula. Um dos grandes problemas na relação professor-aluno é que alguns professores não se vêem como facilitador da aprendizagem e sim como detentor de todo conhecimento, tornando o aluno um simples receptor de informação. Tendo como objetivo apenas a transmissão de conteúdos, desta forma não é possível que ocorra uma aprendizagem significativa, que desperta o desejo de aprender. Também o professor tem projetado rótulos em seus alunos baseados em estereótipos, tendo simpatia com uns e antipatia com outros. Devido ao comportamento de alguns cria-se alguns estereótipos para esses professores . O processo de motivação é um dos fatores que está intimamente ligado à aprendizagem, sendo dependente do professor e do aluno, no qual ambos precisam estar motivados. Uma vez que, o professor não estando motivado o aluno também não sentirá vontade de aprender. Outro processo ligado à aprendizagem é a motivação intrínseca, que não resulta no treino ou instrução, mais pode ser influenciada pela ação do professor considerando as experiências dos alunos. As trocas simbólicas existentes entre alunos e professores e a transferência também influenciam no desenvolvimento da aprendizagem. Diante de todos esses problemas a escola vivencia uma crise na Educação, que está fortemente ligada ao sistema capitalista, onde as escolas não estão mais se preocupando em formar o individuo em sua totalidade, e sim em formar consumidores em potencial. Deste modo, a educação não está preocupada em formar o sujeito com uma consciência de si mesmo e da sua realidade, formando alienados. É nesta perspectiva que este trabalho se apresenta com uma tentativa de discutir tais problemas, visando não apenas teoriza-los, mas buscar e sugerir ações práticas que possam reverter tal situação. Espera-se com essa discussão contribuir para que o uso dos métodos facilitadores não só ajudem no processo de ensino-aprendizagem como também numa relação saudável entre professor e aluno. 2- Desenvolvimento de uma relação saudável e motivadora no processo ensino-aprendizagem. Sabe-se que no processo de ensino-aprendizagem os principais atores são os professores e alunos, para que esse procedimento tenha um bom desempenho é preciso que ambos tenham uma relação saudável. O ambiente escolar também influencia muito nessa ação, pois oferece estímulos para que ocorra aprendizagem. O professor deve ter consciência de sua pratica e de como está acontecendo o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. Assim, o desenvolvimento do ensino-aprendizagem deve ocorrer de uma forma onde o professor e o aluno sejam peças atuantes no processo do conhecimento e crescimento na formação da competência humana. No contexto escolar o que vem chamando a atenção de pedagogos e psicólogos é a relação professor-aluno e o conflito de poder entre eles. Devido, ao uso arbitrário do poder de muitos professores em sala de aula, que se vêem como o único detentor de conhecimento desprezando os conhecimentos prévios dos alunos adquiridos com a família, amigos, etc.. Tendo na sala de aula autonomia para determinar ações, selecionar o conteúdo, a metodologia de ensino, controlar o tempo, enfim, o professor impõe aos alunos aquilo que acha que é correto e de sua maneira. Tal comportamento tem influenciado no desenvolvimento da aprendizagem, já que os professores não levam em conta que esses conhecimentos prévios dos alunos são peças chaves para que realmente aconteça aprendizagem. Pois, é nessa relação professor-aluno que ambos aprendem, porque no cotidiano da sala de aula quando o professor transmite conteúdos e aceita a opinião dada pelos alunos, criando uma discussão sobre determinado tema, a aula torna-se mais interessante, dinâmica, despertando assim no aluno o desejo de aprender, desta forma o professor acaba ensinando e aprendendo também com seus alunos. Com isso, evidencia-se que a afetividade e a motivação são fatores atuantes na construção do conhecimento. O professor deve levar em conta esses fatores, tornando-se um facilitador da aprendizagem, não mais aquele que transmite e sim aquele que auxilia os alunos a aprender a viver como indivíduos em processo de transformação num mundo de constantes mudanças. E considerar o aluno como um todo, e que o ensino deve ser centrado nele, o aluno deve ser incentivado a buscar o seu próprio conhecimento, consciente de sua constate transformação. Para que exista aprendizagem, segundo Rogers (1978, p.176): O objetivo educacional, se quisermos sobreviver, deve tornar-se a facilitação de mudança e aprendizagem. Por esse ponto de vista, o único homem educado é o homem que aprendeu a aprender; o homem que aprendeu a adaptar-se e mudar, que percebe que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de buscar conhecimento dá alguma base para a segurança. Assim, com a certeza de que nada é constante que tudo pode mudar, fica evidente também que quando a aprendizagem é facilitada surgem verdadeiros estudantes, criativos e praticantes comprometidos com aprendizagem. Dessa forma como a relação professor-aluno está ligada com a motivação, ela deve ser compreendida na relação entre aspectos cognitivos e afetivos da personalidade. A forma de como o professor se comporta em sala de aula influencia na motivação dos alunos. O professor tendo uma postura ditatorial perante os alunos não os respeitando e desprezando os seus conhecimentos tira deles a motivação para participar das aulas, para aprender. Com essa postura o professor impossibilita uma formação ampla dos alunos traduzidas no saber pensar, aprender a aprender e na construção e reconstrução do conhecimento. Também, com a desvalorização, salário baixo, falta de respeito dos alunos para com os professores, a falta de tempo para estudar, pesquisar e planejar aulas interessantes, os professores acabam sendo desmotivados e desmotivam também os alunos. Reforçando está idéia Fita e Tapia (2000, p.88) diz que: Se um professor não está motivado, se não exerce de forma satisfatória sua profissão, é muito difícil que seja capaz de comunicar a seus alunos entusiasmo, interesse pelas tarefas escolares; é, definitivamente, muito difícil que seja capaz de motivá-los. Sendo assim, ambos precisam estar motivados para que ocorra realmente uma aprendizagem significativa. A motivação intrínseca é o processo no qual não envolve recompensa ou punição externa, e sim desperta a curiosidade e o interesse, levando as pessoas a explorar e manipular. Uma serie de fatores devem estar presentes para haver motivação intrínseca como: o desafio, a curiosidade, o controle, a fantasia e a satisfação pessoal. No processo ensino-aprendizagem o professor deve trabalhar com a motivação intrínseca para assim despertar o desejo de investigação do aluno. A transferência na Educação pode ser entendida como um processo em que os alunos atribuem as suas emoções inconscientes aos professores, sentimentos esses que podem variar entre simpatia a aversão. Portanto, o professor precisa ter consciência dessa transferência e buscar não se envolver sentimentalmente nesse processo, reconhecendo que no aluno existem emoções para serem tratadas e resolvidas. Tendo que se pensar nas subjetividades das expressões do inconsciente. As trocas simbólicas existentes em sala de aula são um dos fatores que influenciam no desenvolvimento do ensino-aprendizagem, pois quando o professor se coloca na posição do aluno vivenciando suas experiências, emoções e dificuldades tentando compreende-lo, e o aluno tenta compreender a atitude do professor, e se coloca também no lugar do professor, ocorrendo uma "troca". Assim, um se coloca no lugar do outro para se ajudarem e facilitarem o processo de ensino-aprendizagem e a relação em sala de aula torna-se mais agradável e motivadora. Com a diversidade existente em sala de aula, cabe ao professor identificar e se adaptar a cada estilo de aprendizado do aluno, diversificando a sua ação pedagógica, tendo a consciência do trabalho em grupo e individual. Liderando com habilidade para conseguir êxito em suas aulas no que se refere ao tratamento com os diversos tipos de alunos. Podemos identificar os tipos de alunos como: o perguntador, o sabe-tudo, tagarela, tímido, o do contra, etc.. Identificando esses tipos de alunos o espaço da sala de aula pode se tornar um lugar de prazer onde pode acontece a verdadeira aprendizagem. O comportamento do professor também influencia na aprendizagem do aluno, sendo criado alguns estereótipos para esses professores como: professor bonzinho, professor arrogante, professor lamuriante, professor livresco, entre outros. Tal comportamento em sala de aula está ligado a sua ação pedagógica. Hoje a escola estando vinculada com o sistema capitalista, só se preocupa em formar mão de obra para o mercado de trabalho e consumidores, visando apenas o lucro. Assim, o tipo de professor vai influenciar muito nesse novo modelo de educação, temos professores que irão seguir esse modelo e outros que não, que estão preocupados em formar seus alunos em sua totalidade, conscientes de si mesmo e de sua realidade, outros que se preocupam em passar só os conteúdos e cumprirem sua carga horária. Com isso, a falta de interesse de alguns professores e o compromisso de outros torna-se também um agravante no processo da aprendizagem. Desta forma, são muitos os fatores que estão ligados no processo ensino-aprendizagem, mas para que haja um bom funcionamento desse processo é preciso que exista uma relação saudável e motivadora entre professores e alunos contribuindo na formação de ambos e na construção do conhecimento. 3- Considerações Finais: As discussões norteadas neste artigo foram motivadas principalmente pela confiança de que as relações motivadoras entre professor-aluno são fundamentais para um bom desempenho no processo ensino-aprendizagem, pois quando ambos estão motivados, confiantes e bem relacionados entre si, tem-se maior facilidade para se aprender realmente. O presente artigo não tem a intenção de mudar o processo de ensino-aprendizagem e sim fazer uma provocação e reflexão de tais assuntos, incentivando os professores a tomarem consciência de seu verdadeiro papel em sala de aula. Referências AQUINO, Julio Groppa. Relação professor-aluno: do pedagógico ao instrucional. São Paulo: Summus, 1996. FITA. Henrrique Cártula. "O professor como figura chave nas motivação dos alunos". In __TAPIA, José Alonso. FITA, Henrique Cártula. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. Trad. Sandra Garcia. São Paulo: Loyola. 2000. LA ROSA, Jorge de (org.). Psicologia e educação: o significado do aprender. 6.ed. Porto Alegre: Edipcrs, 2003. LIDGREN, Henry Clary. Psicologia na sala de aula: o aluno e o processo de aprendizagem. trad. Hilda de Almeida Guedes. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos Editora, 1975. MILHOLLAN, Frank. Skinner X Rogers: maneiras contrastantes de encarar a educação. 3.ed. São Paulo: Summus, 1978. Site http://www.centrorefeducacional.com.br/carl-htm acessado em 27/12/07. Sitehttp://www.elisaker.wordpress.com/concepção-de-aprendizagem-de-carl-rogers acessado em 26/12/07. Site http://www.cienciasecognicao.org/ acessado em 26/12/07.