Relação professor-aluno e a motivação do aluno no ensino fundamental

O cotidiano escolar é permeado por muitas situações, e dentre elas, um fato vivenciado em meu período escolar marcou profundamente minha experiência como aluna. Como aluna, tinha que ser submissa e apática, pois o professor não dava opção de questionamento. Nas dificuldades durante a aprendizagem, era reprimida quando solicitava uma nova explicação do conteúdo, e isso ocorreu tantas vezes que minha autoestima se desfez, provocando um conflito interior que me desmotivou a continuar estudando.   

   Minha família, mesmo com baixo poder econômico, me matriculou numa escola particular para fazer o Ginasial, já que não era nosso privilegio ter este direito na escola pública.

  Sentia-me entusiasmada por estar nesta fase escolar, mas quando na escola, esta animação diminuía, pois o professor entrava na sala e não dava um bom dia.

  Não havia diálogo, este se resumia à explicação dos conteúdos basicamente contidos nos livros didáticos. O professor era o transmissor do conhecimento, um ditador, e eu aluna passiva, que ficava horas atrás de uma carteira fazendo cópias e em silêncio.

  Abordando o papel da escola, não posso deixar de considerar a influência que o professor tem na vida do aluno e na sua aprendizagem, servindo como modelo no desenvolvimento das habilidades sociais. Considerando essa abordagem, embasado em fundamentos teóricos, busco uma visão crítica sobre o desempenho e os métodos adotados pelos docentes no dia a dia, sua atitude social e a motivação como fator  que rege o aprender discente.

  A educação não é estática, e a sala de aula um espaço onde aprendemos valores e atitudes.

  Silva (apud FREIRE 2007), argumenta que a educação é livre e não acontece de modo isolado, individual.  O ato de conhecer ocorre pela intercomunicação, e desse modo os homens se educam numa perspectiva dialógica.

   Espera-se que a escola possa desenvolver o conhecimento dos alunos, e isto não ocorre quando   o professor assume o papel de detentor do saber, em relação aos conteúdos que precisam ser apreendidos por seus alunos. Essa maneira tradicionalmente desempenhada pune quando há fracasso e premia quando há sucesso.

    Por muito tempo predominou a educação tradicional que alienava os estudantes, deixando-os inseguros em relação ao processo de aprendizagem. Professores que não admitiam mudar, não criavam raízes, apenas ancoravam seu conhecimento consigo para transmiti-los aos seus alunos, o que tornava as aulas maçantes e cansativas. Entretanto hoje, face às novas concepções  do  processo  educacional, o diálogo  passou a constituir o centro  de  interesse de todo processo educativo.

 

  A medida da motivação afigura-se como um problema de extrema importância prática, nos mais variados campos da atividade humana e, sobretudo, na escola, sendo esse conhecimento a chave do controle do comportamento, e de grande valia para o professor saber que alguns motivos predominam sobre outros, de modo a orientar seus alunos ao alcance dos objetivos da aprendizagem. Não basta explicar bem o conteúdo que ensina, e exigir que os alunos aprendam. É necessário despertar a atenção do aluno e criar nele o interesse, estimulando seu desejo de conseguir bons resultados no processo de aprendizagem, cultivando nele o gosto pela atividade.

  A falta do diálogo conduz ao aumento da tensão emocional, a problemas disciplinares, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe.

   O estudante passa grande parte do cotidiano escolar  fazendo algo que não deseja, e das quais não há um reforço positivo. Faz o que tem de fazer porque o professor detém o saber e a autoridade. Freire (1987) nos lembra desta situação quando cita que “o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que escutam docilmente”. (p.34)

  Grande parte das dificuldades na aprendizagem tem sua origem nos problemas da relação do professor – aluno, ou seja, o professor não diagnostica os interesses e as necessidades do aluno. Na verdade o diálogo e a interação representam para o professor, uma necessidade que nem sempre utiliza, principalmente numa sociedade democrática, quando os conteúdos e métodos da educação devem respeitar os motivos individuais e os da comunidade onde vive o educando. Como orientador das atividades, o professor deve mediar os objetivos ao interesse pela educação, criando situações que incentive o educando.

  O prazer por aprender não é uma atividade que nasce espontaneamente nos alunos, e para cultivar este hábito, é necessário que o professor desperte a curiosidade dos alunos, acompanhe suas ações na solução das atividades, auxiliando o aluno no desenvolvimento de sua autonomia. Um elogio, por exemplo, é um reforço positivo e eficaz para a construção do autoconceito, tornando o aluno confiante e competente em suas conquistas.

   A arte de ensinar está na apresentação de tarefas e atividades que proporcionem prazer aos alunos, que possam  interagir de maneira dialógica e criativa na sala de aula.

  A fundamentação da educação é a condição de sujeito do educando, que tem como característica, a   sua vontade  de aprender, e do    querer  aprender. Essa   ação proporciona a

 

condição para que o aluno se eduque, mas o importante é que haja uma educação mútua, e que os professores aproveitem o potencial e a bagagem que o aluno possui, fazendo da aprendizagem um movimento democrático e motivador.

   O professor reflexivo e crítico visa o diálogo, o afeto, as trocas e, sobretudo a motivação do alunos como maneira de estimular a aprendizagem.   O ensino deve transpassar a metodologia tradicional e a forma arbitrária que conduz o processo da educação, para dar lugar à motivação e ao ensino potencializado dos alunos.

   Este tema, relação professor-aluno envolve profundamente a motivação, e motivar é uma parte complexa e difícil do ensino, pois é uma função do meio físico, social e emocional na sala de aula. Para que se crie um bom ambiente de aprendizagem, é essencial que o professor conheça o aluno, e as circunstâncias do ambiente que inspira as atividades.

  Os métodos usuais de educação, não permitem aos alunos relacionar materiais e idéias com suas experiências pessoais, ou adequá-las ao seu nível de entendimento. As restrições nas atividades e as limitações de aprendizagem por vezes causam problemas comportamentais, uma vez que o aluno modifica seu ambiente, e este também o modifica, conforme salienta Marx (1983) em sua teoria sobre o homem e a natureza, tornando ou não a sala de aula em lugar dinâmico e envolvente.

  A capacidade criadora e a imaginação são geralmente vistas como qualidades positivas, que gostaríamos de poder estimular em nós, e nos outros. Através da imaginação, o homem constrói novos universos ‘mais próximos do desejo do coração’. O encanto da imaginação, o poder que dá ao aluno transformar seu mundo, num mundo novo de prazer.

  O Professor deve ser um facilitador, um amigo que auxilia o sujeito a conhecer o mundo, seus problemas, seus fatos, suas injustiças e suas solidariedades, de modo que ele possa expressar-se e ser sujeito de suas ações no momento de aprender.

  Conhecemos a dor e a humilhação de aprender por exercício de repetição. A aprendizagem por decoração é semelhante ao processo de condicionamento de animal de laboratório, muito embora  associemos um nome a um rosto, uma palavra ao seu sentido, o mesmo ocorrendo com a aprendizagem por decoração na vida diária.

   O professor deve refletir sobre sua prática para transformar suas ações, reconhecendo as diversas dimensões humanas que compõe o espaço escolar. Freire (1987), em sua proposta dialógica de educação, enfatiza que a fala tem um lugar especial, pois o silêncio caracteriza o ensino tradicional, tendo a forma dialógica como o melhor desempenho para o trabalho educativo.

   A aprendizagem se dá por associação, no entanto os alunos conhecem a experiência mais agradável de aprender por compreensão e pensamento, apesar de saber que as competências exigem a formação de associações, e que estas podem formar-se quase que instantaneamente.

   Para algumas escolas, a educação é vista como mercadoria e o professor funcionário, entretanto, pode valer-se das atividades e dos impulsos sociais que os alunos trazem para a escola, e trabalhar com tais impulsos.  Essa motivação pode ser definida como um esforço consciente do professor para estabelecer um motivo em seus alunos, de forma que os objetivos sejam alcançados.

   Por que motivar? Porque é uma maneira intencional de ensinar e aprender com prazer, e é vital para o ensino, pois pode determinar se o aluno aprendeu ou não. O fato de o professor ter ensinado não garante que a aprendizagem ocorreu. Um aluno pode permanecer o ano todo na sala de aula sem aprender, apenas porque não tem razão-não tem motivo para aprender. Conforme argumenta Morse e Wingo (1979), a motivação é fator importante, pois se não o fosse, alunos de mesma idade e com mesmas condições físicas, teriam resultados semelhantes na classe.

   Silva (apud ESLAND 2007), enfatiza que tudo o que se aprende se dá por intermédio das trocas e das relações sociais. Os professores dedicados, dotados de caráter e ética, pois sua conduta influi na motivação, se preocupam com a aprendizagem dos alunos, e procura estimulá-los, ensina, busca formas de motivá-los, dando-lhes segurança para alcançarem seus objetivos. É preciso considerar todas as habilidades, os interesses, as atitudes e os conhecimentos adquiridos dentro e fora da escola, pois a aprendizagem acompanha a vida de cada um, na qual o homem aprende a conhecer a natureza e ajustar-se adequadamente ao seu ambiente físico e social. A aprendizagem deve ser inspirada nas relações cotidianas porque é um processo importante para o sucesso da sobrevivência do sujeito, entretanto  é preciso que haja meios educativos para tornar essas relações eficientes, de modo que métodos didáticos, programas, currículo e objetivos sejam alcançados, já que aprender envolve a participação total e global do educando em seus aspectos físicos, intelectuais, emocional e social. O aluno aprende pela participação em atividades de todo gênero, como um processo dinâmico, portanto este trabalho propõe discutir Currículo, Avaliação e Propostas Pedagógicas, numa perspectiva dialógica como estratégia para a aprendizagem.

   O objetivo desta pesquisa é analisar a relação professor-aluno e a importância para a aprendizagem, reconhecer que é possível modificar o ambiente escolar num espaço de interação e novas construções, e fornecer diferentes visões sobre a prática, utilizando novos instrumentos que auxiliem a práxis escolar.

  A aprendizagem é resultado das mudanças ocorridas naquele que aprende. O aluno é um ser que pensa, sente e atua, e todo o processo apreendido possui componentes motores e afetivos. O ser que aprende, forma um significado deste processo: se é interessante ou enfadonho, ou se constitui de um exercício agradável, adquirindo sentimentos referentes à atividade para apreciá-la, valorizá-la ou desprezá-la, determinando-a como positiva ou negativa.

  Diante do exposto, está o desafio do professor de quebrar a rotina pedagógica programada, estabelecendo uma relação prazerosa entre o conhecimento e o saber de seus alunos.

   A metodologia será baseada nas pesquisas bibliográficas, e no trabalho de campo, que forneçam subsídios para contribuir com a reflexão e a importância do tema em questão.

   Hoje se conhece a importância do diálogo, da motivação para o aluno, e de como devem ser dinâmicas as aulas, alimentando a capacidade de participação para a formação de alunos críticos e conscientes. O aluno sujeito da ação enquanto o professor é formador, integrador, comunicador, questionador, criativo, colaborador, eficiente, flexível, gerador de conhecimento, e comprometido com as mudanças.

 Esse deve ser o perfil do professor em sua relação com os alunos.