Relação Geografia e Turismo

Marcelo Carvalho

Curso: Licenciatura em Geografia

INTRODUÇÃO

O turismo é algo que movimenta as cidades, os estados e os países. Podemos incluir nessa lista as famílias, os negócios e até mesmo as viagens individuais / pessoais. A necessidade de conhecer um novo lugar, uma nova cultura está no ser humano.

            Sempre se pensa em viajem, traça-se um roteiro, determina-se um local, quantos dias ficarão, onde se hospedarão, o meio de transporte utilizado, se será uma viagem sozinho ou acompanhado, seja com familiares, namorada (o), trabalho. Cada tipo de turismo determina um roteiro específico.

DESENVOLVIMENTO

Para Krapf apud Beni (2001, p.36), turismo é “a soma dos fenômenos e das relações resultantes da viagem e da permanência de não-residentes,  na  medida em  que  não  leva  à  residência permanente  e  não  está  relacionada  a  nenhuma  atividade  remuneratória.”

            Há de se pensar também no objetivo desse turismo ou viagem, pois cada cidade possui um potencial turístico específico. Tem o turismo urbano, onde as pessoas gostam de conhecer cidades grandes como São Paulo, Nova York, ou seja, cidade com shoppings para “compras”, museus, teatros. Há também o turismo do litoral, onde as pessoas passam por praias e ali se alocam durante o período determinado, como Angra dos Reis, Búzios, Cabo Frio, Nordeste. Mesmo quando se faz uma viagem a negócios pode-se tratar como turismo, pois está se deslocando de uma cidade para outra cidade, um outro estado e até mesmo um outro país. Há uma referencia de dias que serão necessários, locais que precisará passar, sendo assim, esse tipo de turismo tem um objetivo mais específico e direcionado.

            O meio de transporte para os determinados tipos de viagens é um fator a ser considerado, pois está intimamente ligada a geografia do turismo, pois falamos de distância. Um viagem intra-estadual e interestadual pode-se ir de carro, ônibus. Mas quando passamos a tratar de viagens internacionais o meio de transporte passa a ser avião e até mesmo navio (Cruzeiros Marítimos). Em casos de viagens onde na própria cidade não há aeroporto ou alguma linha específica de ônibus, serão necessários dois meios de transporte, exemplo carro e ônibus; ônibus e avião; entre outros.

            Em uma viagem o turista avalia todos os detalhes para não perder tempo com detalhes que possam reduzir o período estipulado para a atividade fim, como por exemplo, acessibilidade e o tempo de percurso até o destino. Há de se considerar que grande parte opta por um meio de transporte mais rápido para usufruir mais dos dias no destino escolhido. Muitas pessoas e famílias mapeiam (cartografia) o percurso por onde seguirão para aí definir a melhor rota e melhor transporte a ser utilizado.

            Cada localidade turística apresenta um tipo de atratividade que a torna turística, como por exemplo, clima, cultura (ex: Bahia, Pará), geografia local (locais com praias e cachoeiras), um monumento (ex: Cristo Redentor, Estátua da Liberdade, Pirâmides do Egito), isso faz com que as pessoas queiram conhecer e passar um tempo nessas cidades por diversos motivos. Para essas cidades turísticas é de grande valia, pois movimenta a economia local gerando uma receita significativa.

            A geração de empregos em cidades turísticas é grande, em alguns locais o turismo é ou foi à fonte de desenvolvimento econômico. Muitas pessoas e famílias se deslocam para cidades turísticas em busca de uma oportunidade de trabalho. A população local se beneficia com o turismo, pois há melhorias nas instalações, serviços, na estrutura da cidade, melhorias ambientais, entre outros.

            Há cidades que foram potencialmente transformadas em locais turísticos, como a cidade de Tiradentes, uma cidade histórica que possui muita memória dos 500 de colonização do Brasil. Para Robinson (apud OLIVEIRA, 2003) cidade histórica turística é:

...um lugar que atrai um grande número de pessoas e que tem, em seu ambiente, características especiais que fazem o turismo representar um papel muito importante em sua existência em seu desenvolvimento. Essas características são mais especificas no ambiente construído, que é a atração principal, seguido pela paisagem natural, que o complementa (p.36).

                O turismo passa a ser um importante elemento na geografia urbana, pois é através dele, como já mencionei acima, que ocorrem melhorias na infraestrutura das cidades, fazendo com que a acessibilidade para esses locais tenham uma atenção especial. Como exemplo há Penedo, um distrito da cidade de Itatiaia/RJ. Penedo é uma colônia finlandesa que atrai milhares de turistas, está justamente às margens da Rodovia Presidente Dutra trecho RJ x SP, facilitando o acesso aos turistas que ali se hospedam e frequentam. Penedo oferece vários hotéis, restaurantes de excelente qualidade, diversas lojas, cachoeiras, trilhas, fazendo com que o turista gaste com seus bens e serviços. Ou seja, o turista também passa a ser um agente importante na rede urbana.

            Porém, Penedo é turístico, um centro local, não há cinemas, hospital, teatro, grandes supermercados, universidades. Caso um turista ou morador precise de algum serviço mais direcionado precisará ir à cidade de Resende, um centro sub-regional. Para situações muito específicas deverá ir para a metrópole nacional Rio de Janeiro.

            Por mais que Penedo esteja ao lado de Resende, Resende não é uma cidade turística, e sim uma cidade industrial, está localizada também no trecho RJ x SP. Possui diversas indústrias multinacionais do segmento automobilístico e siderúrgico. Muitas pessoas se deslocam para Resende justamente pela oportunidade de trabalho nessas indústrias.

            Quando há um feriado em Resende, como aniversário da cidade, onde o comércio e fábricas fecham, o volume do turismo em Penedo aumenta muito, pois as pessoas se deslocam de Resende para passar o dia em Penedo.

            Interessante quando se define um roteiro turístico é se deparar com a geografia cultural daquela localidade. Vestimentas, comidas, clima, músicas, formas de agira, paisagem, todos típicos de um determinado estado ou país. Seja no Brasil ou no exterior, há de observar a diversidade cultural existente. Sendo assim, se um turista decide passar suas férias por exemplo em um local frio, onde neva, a estrutura de vestimentas, alimentação, passeios, será diferente daquele turista que opta por um local de clima tropical. Exemplo de quem vai passar as férias na Finlândia, um território frio, onde tem muita neve, dias cinzas, inclusive uma paisagem acinzentada, o turista deverá se preparar e ir com muitas roupas quentes, lá se alimentará de comidas mais sofisticadas como lagostim, muitos produtos integrais como centeio, cevada e aveia. Já ao contrário de quem vai para o Nordeste, totalmente oposto, clima tropical, altas temperaturas, praias, uma paisagem colorida, cultura característica e muita comida típica como baião de dois, moqueca, carne de sol, sarapatel e outros. Ou seja, os hábitos e culturas são diferentes em cada localidade.

            Porém a geografia cultural tem trabalhado para que aja respeito para as culturas de cara região, respeitando as crenças, costumes e valores sem que ocorra uma exposição turística desnecessária.

            Quando acima falamos da cidade de Tiradentes, podemos perceber que nos dias de hoje em seu território há um contrataste significativo de “modernidade” e preservação do patrimônio histórico, isso devido à geografia histórica. A história, arquitetura, foram preservada nessa cidade, mas sua geografia com o passar dos anos e com o avanço da tecnologia foi se adequando a um novo século. Um exemplo é a gastronomia local, é sofisticada e cara, um contraste para uma cidade com população em torno de 5 mil habitantes. Hotéis com arquitetura histórica, porém com piscinas, uma estrutura do mundo moderno. A rugosidade da localidade transformou em um local turístico e procurado, proporcionando um turismo cultural cheio de valores e história.

            Outro fator importante a ser destacado é o que trata da geografia política, novamente um distrito foi mencionado acima e que também mencionado no caderno didático capítulo 06 páginas 139 e 140 que é Penedo. Como já destacado, é um local turístico devido a sua beleza arquitetônica, remete ao país Finlândia, tendo uma forte influência do “Papai Noel” em sua decoração. Porém, nas ruas internas de Penedo é que mora a população, na rua principal Av. das Mangueiras é totalmente turística, muitas lojas de artesanato, restaurantes, barzinhos e dificilmente você encontra a população local transitando nessa rua, justamente por seus produtos e serviços serem bem mais caros. A prefeitura de Itatiaia investe nessa rua justamente pelo volume de turistas que passam por lá. A geografia local é uma forma de atrair receitas para a cidade através do turismo.

CONCLUSÃO

            Hoje para se fazer uma viagem de turismo há diversas possibilidades de transporte, carro, ônibus, trem, avião, navio, tudo relacionado a geografia local. Alguns transportes são fundamentais para viagens de longas distâncias, internacionais que necessitam cruzar oceanos, como por exemplo, o avião. Hoje o uso do transporte aéreo passou a ser mais corriqueiro no dia a dia da população. Trechos pequenos como Rio de Janeiro x São Paulo  são feitos de avião, justamente pela otimização do tempo levado com esse transporte, custo e acessibilidade.

            A evolução do transporte favoreceu o turismo mundial, seja turismo de curta distância ou de longa distância. Lopes E.  (2010, p. 89) salienta:

Mais informado, mais exigente, mais sofisticado, domina a Internet e as tecnologias de informação e comunicação, com maior disponibilidade financeira, valoriza a individualidade, a oferta de diversidade e da autenticidade bem como de experiências únicas/personalizadas, enfim, não consome o que lhe oferecem, procura incessantemente o que quer, e aquilo que quer tem de ser único e autêntico. 

            Com as diversas possibilidades de transporte o turista se motiva a conhecer novos lugares, remetendo a novas experiências através do turismo.

         

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 5 ed. São Paulo: SENAC, 2001.

Caderno didático CEDERJ, 2016 capítulo 06 páginas 139 e 140

Lopes E. (2010), A constelação do turismo na Economia Portuguesa, Ed. Jornal Sol, Lisboa, Portugal

OLIVEIRA, F.V. de. Capacidade de Carga nas Cidades Históricas. Campinas, SP. Papirus, 2003 (Coleção Turismo).