Segundo Edmund Husserl, somente na Grécia Antiga houve um interesse de vida universal (cosmológico) no modo essencialmente novo de uma atitude puramente “teórica”, sendo na forma comunitária em que tal interesse adquire eficácia mediante fundamentos internos. Os gregos são quem buscam e alcançam a teoria e não diferente desta, onde o crescimento e aperfeiçoamento contínuo, com aumento do número de colaboradores e a chegada das novas gerações por ordem de sucessão, são, enfim, incorporados pela vontade com o sentido de uma tarefa infinita a todos comum.

Husserl afirma em A Crise da Humanidade Europeia e a Filosofia que: "Falando em termos gerais, atitude significa um estilo habitualmente fixo da vida volitiva em direcções da vontade ou interesses por ele prefigurados, em fins últimos, em realizações culturais cujo estilo de conjunto fica, portanto, deste modo determinado". 

Sendo o termo teoria entendido como uma questão independente, atitude teorética, por sua vez, consiste na contemplação da verdade. A atitude teorética é caracterizada, sobretudo, pelo caráter objetivo que assume, pelo objeto ideal e não real. Por ser ideal, abre espaço para uma infinidade de produção de conhecimentos, pois é uma atividade mental e não prática. 

A atitude teorética é a atividade mental que marca o início da Filosofia na Grécia Antiga, onde se destaca o método retórico. Este era utilizado por Sócrates como discurso para negar, enquanto pelos sofistas era utilizado par afirmar determinado diálogo. Este fato se caracteriza pela atitude crítica, tanto em Sócrates quanto nos sofistas, pois nos dois casos ocorre uma atividade mental fundamentalmente crítica. A atitude crítica atua em prol de uma ciência universal, constituindo a principal característica da Filosofia e da sociedade europeia. O saber científico não é real, é ideal. Portanto, o objeto é conhecido por julgamentos através de valores. 

A atitude teórica é puramente ideal (não no sentido platônico do termo) posto que não há prática. É uma ideia discursiva. Não é entidade existente, mas uma atitude mental, a atitude de questionar. É ideal, critica sempre uma ideia. Esta faz do homem um mero expectador sem compromisso de manter a ordem do mundo.

A atividade teorética tem na sua essência o idealismo e esta sempre será crítica. A crítica a constitui. O conhecimento é empurrado ao infinito porque há uma infinidade a ser conhecida. Por ser uma atitude crítica, sempre será criticada, refutada, reavaliada, infinitamente. Daí surgem as tarefas infinitas.

As tarefas infinitas se apresentam como uma nova forma de compreender e, assim como a atitude crítica, também são constituídas pela crítica e pela autorreflexão. Ambas são adeptas da objetividade, que é a ideia da ingenuidade ao tomar um conhecimento singular como se fosse universal. 

As tarefas infinitas fazem uso da “unilateridade” como a passagem da ideia para o “concreto”, sendo a “ideia” fundamentalmente infinitas possibilidades de conhecimento (ilimitado) e o “ser concreto” uma possibilidade de conhecimento realizado (limitado). Resulta disso a existência de outras possibilidades de concretização e realização do conhecimento. 

As Tarefas Infinitas tornam o conhecimento ilimitado, em virtude do surgimento de teorias infinitas a partir do avanço das ciências em consequência ao Iluminismo, pois elas ingenuamente fazem do campo de estudo uma verdade universal, sendo válida apenas momentaneamente para um povo ou nação. Com isso, buscam-se outras ciências (teorias infinitas) para tornar essa verdade absoluta e universal. 

Portanto, atitude teorética e tarefas infinitas, para Husserl, estão intimamente entrelaçadas e dessa forma tornam possível o avanço filosófico. Isso ocorre na medida em que o conhecimento pode ser reavaliado e as ditas verdades absolutas são substituídas por verdades flexíveis. As tarefas infinitas agem no através da história no tempo e no espaço, criticando as atividades teoréticas anteriores. Esse processo é contínuo e infinito.