Sua Majestade o Rei Mohammed VI dirigiu quarta-feira, 20 de agosto 2014, um discurso á nação por ocasião do 61º aniversário da Revolução do Rei e do Povo.

Eis o texto integral  do discurso real:

"Louvado seja Deus Paz e salvação sobre o Profeta, sua família e seus companheiros

Caro povo,

Comemoramos hoje o 61º aniversário da Revolução do Rei e do Povo. Ao fazê-lo, nós celebramos não apenas um épico nacional da liberdade e da independência, mas também, e sobretudo a renovação do pacto, perpetuando uma revolução de concretização das aspirações legítimas e da consolidação da posição de Marrocos como importante ator no seu contexto regional e internacional. 

Desde a nossa ascensão ao trono, temos preocupado com esta comunhão, nascida espontaneamente entre você e eu, como a pedra angular da edificação de uma sociedade avançada, soldada, acolhidora para todos seus filhos, inspirando a cada marroquina e a cada marroquino o orgulho de pertencer. 

Porque, de fato, o país pertence a todos. O dever é que todos os marroquinos, individualmente e coletivamente se impliquam firmemente e decididamente na defesa da unidade da nação e investem no processo de desenvolvimento do seu país.

Os marroquinos são um povo habilitado pela ambição de atingir os mais altos picos e junto á diapasão das nações avançadas. Mas esse plano não é um sonho ou uma criação ex nihilo. Pelo contrário, proceda-se de uma realidade palpável e se apoia sobre realizações concretas que Marrocos inscreveu no seu ativo no caminho da democracia e de desenvolvimento. Pergunto onde Marrocos é agora? Em que categoria você pode classificar a economia nacional em comparação com outros países? Podemos considerá-lo como um país competitivo, ou coloca-lo entre os países emergentes?

Todo mundo sabe que não há um padrão específico emergente. Cada país prossegue em materia de desenvolvimento, um caminho próprio, de acordo com os recursos naturais e econômicos e naturais do qual disponha em função do seu capital civilizacional, e das armadilhas e dificuldades que ele tem que encontrar.

Mas há critérios e ativos que precisa fazer  para fazer parte desta categoria de países emergentes. Trata-se notadamente de um nível de desenvolvimento democrático e institucional, do progresso económico e social, bem como das perspectivas  de abertura regional e internacional.

Caro povo,

Como se sabe, nenhum estado pode passar de um nível para outro do dia para a noite, mas deve necessariamente capitalizar sobre os avanços positivos que ele tem acumulado ao longo de sua história.

Marrocos, neste caso, representa um modelo para este propósito. Ele foi capaz, ao longo dos últimos quinze anos, de consolidar a sua democracia, reforçando as bases de um modelo de desenvolvimento integrado e sustentável, impulsionado pelo imperativo para iniciar projetos de desenvolvimento, ligados á vontade de promover o desenvolvimento humano e sustentável.

De fato, a economia nacional sofreu uma profunda transformação em sua estrutura e diversificação em seus setores produtivos. Ela tem realizado uma taxa de crescimento e constante, e foi capaz de manter o equilíbrio global, apesar dos efeitos da crise econômica global.

As Estratégias sectoriais têm permitido a este respeito, alcançar resultados concretos que têm contribuído para o esclarecimento da visão e do reposicionamento da economia nacional, tanto a nível regional e internacional. 

Por exemplo, o Plano Marrocos Verde e o Plano Halieutis têm contribuído para a conquista de Marrocos do Prêmio da FAO, alcançado dois anos antes, em termos de Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em matéria de luta contra a pobreza e a fome.

Esse desempenho é sobre o qual ambos os planos são baseados seja a busca de um equilíbrio entre os grandes projetos de altos retornos, e as ações de promoção de culturas de subsistência e solidária e da pesca artesanal, tendo em conta o seu papel na melhoria e na sustentabilidade de renda.

Da mesma forma, o Plano de Emergência Industrial, que tem base uma abordagem integrada, de formação profissional adequada, apoiada por um salto qualitativo experimentado pelo setor comercial e financeiro e da economia digital, tem contribuído para o fortalecimento da posição da economia nacional em nível continental.

Se as infra-estruturas contam entre os pilares com base as economias emergentes, as conquistas que Marrocos inseriu em seus ativos nesse domínio, terão contribuído para aumentar a competitividade das empresas e do produto nacional. 

Na mesma linha, a atratividade da economia nacional foi reforçada pelos esforços contínuos que estão sendo feitos para melhorar o clima de negócios e criar centros econômicos competitivos, como o pólo industrial Meloussa-Tânger.

Queremos expressar o nosso apreço pela contribuição que muitas empresas do setor privado e instituições públicas têm trazido para o desenvolvimento da economia nacional, tanto internamente como externamente.

O Escritório “Chérifien” de Fosfatos, a este respeito, constitui um modelo em termos de estratégia nacional e internacional, eficaz como visão clara, de boa governação e de eficiência que são inerentes. Todos esses fatores consagram a integração de Marrocos no mercado mundial de fosfato,  recursos que se tornam  um desafio mundial, tanto em termos restritos ligados à segurança alimentar como do desenvolvimento nacional.

As economias emergentes tendem a apoiar-se principalmente no desenvolvimento sustentável e na utilização racional das oportunidades ofertas pela economia verde.

Assim, o sector das energias renováveis tem crescido segundo os principais projetos que temos lançado, em conjunto com a adoção da estratégia de eficiência energética e da política ambiciosa de mobilização dos recursos hídricos.

Neste sentido, o plano marroquino de energia solar e eólica é mais uma prova da nossa capacidade para enfrentar os desafios. Se assim for, é graças notadamente a uma visão clara e proativa, combinada com um planejamento cuidadoso das prioridades urgentes, assegurando as necessidades energéticas de nosso país e reduzir sua dependência dos países estrangeiros e, através do uso criterioso de nossos próprios recursos energéticos renováveis.

Marrocos precisa certamente de ter alguns esforços suplementares para avançar resolutamente e com confiança no sentido da integração entre os países emergentes. Mas já a sua política de abertura econômica tem reforçado a sua posição como centro de comércio internacional.

Esse desempenho é ilustrado pelo desenvolvimento de parcerias de sucesso, tanto com os países árabes em particular os Estados do Conselho de Cooperação do Golfo como os países da África sub-saariana, onde Marrocos é o segundo maior investidor em África.

Também vale ressaltar a este respeito, o Estatuto avançado ligando Marrocos à União Europeia e os acordos de livre comércio com muitos países, inclusive e principalmente, os Estados Unidos da América, além da parceria estratégica que desenvolvimos para aprofundar com a Rússia, e a parceria que estamos desenvolvendo com a China. 

Além disso, Marrocos é um elo essencial na cooperação tripartite e multilateral, em particular, para assegurar a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento em África.

Caro povo,

Conquistas e realizações engajadas não devem levar a autosatisfacção. Eles devem ser um forte motivo para redobrar seus esforços e ficar constantemente mobilizados. De fato, a economia marroquina seja uma economia emergente com suas potencialidades e energias de coordenação de todos os seus componentes, ou seja a perde de seu encontro com a história.

Nosso modelo de desenvolvimento atingiu um nível de maturidade que o permite fazer uma entrada definitiva e merecida no concerto dos países emergentes. No entanto, os próximos anos serão cruciais para preservar os ganhos, corrigir os desfuncionamento e estimular o crescimento e o investimento.

Assim, este modelo pode crescer, superando os desafios e eliminar os obstáculos a serem confrontados?

Se os países baseiam-se principalmente sobre a competitividade de suas empresas, notadamente aquelas que exportam seus produtos para os mercados mundiais, a economia marroquina registrou, infelizmente, um atraso significativo na matéria, por causa da dispersão, do tissido fraco industrial e da concorrência do sector informal.

Esta situação exige a criação de grupos fortes e de poderosas empresas permitindo fortalecer a resiliência da economia nacional, tanto para enfrentar a concorrência internacional como para construir parcerias com empresas de pequeno porte, capazes de promover o desenvolvimento em nível nacional.

Se dotar de recursos humanos qualificados é um pré-requisito importante para aumentar a competitividade e atender as exigências do desenvolvimento e do mercado de trabalho e apoiar o crescimento e a diversificação que conhece a economia nacional.

Como todos sabem, a boa governação é a chave de qualquer reforma bem sucedida. É essencial a realização dos objetivos dessa estratégia.

Até que ponto o atual sistema de governação em setores produtivos marroquinas pode contribuir para a atualização e o desenvolvimento da economia nacional?

É verdade que o objetivo de unir os países emergentes só pode ser alcançado se continuamos a melhorar o clima de negócios, notadamente em avançar na reforma da Justiça e da Administração, da luta contra a má gestão e a moralização da vida pública. Acreditamos que essa tarefa é uma responsabilidade da sociedade inteira, cidadãos e associações, sem que esteja o único campo de ação do Estado. 

Também é necessário reforçar o papel estratégico do Estado na regulação e  na organização e engajar corajosamente grandes reformas, nomeadamente em matéria de pensões e impostos, garantindo a aplicação contínua de regras de boa governação em todos os setores.

Caro povo,

O processo de desenvolvimento de alguns países emergentes é caracterizada pelo aparecimento de sintomas negativos mostrados pelas lacunas entre as classes sociais.

É por isso que estamos preocupados com o desenvolvimento econômico que vai lado a lado com a melhoria das condições de vida do cidadão marroquino. De fato, nós não queremos um Marrocos a dois níveis: ricos que desfrutam dos resultados do crescimento e que se enriquecem cada vez mais, e pobres que ficam de fora da dinâmica de desenvolvimento e expostos a mais pobreza e privação.

É nesse espírito que se inscrevem os programas da Iniciativa Nacional para o Desenvolvimento Humano, uma experiência de vários países que  manifestam o desejo de desfrutar, assim como o aspecto social dos planos setoriais que atribuem um particular importância para o desenvolvimento local e humano.

Queríamos destacar e confirmar a reputação de marroquinos conhecidos por sua seriedade e dedicação ao trabalho. De fato, os nossos cidadãos têm demonstrado a sua capacidade de dar e criar, desde que eles disponham dos meios e condições adequadas para realizar qualquer ação de qualquer espécie, grande ou pequeno, intelectual ou manual e que, apesar do flagelo do desemprego.

O elemento humano continua a ser a verdadeira riqueza de Marrocos e um dos principais componentes de seu capital intelectual. Temos feito apelo no Discurso do Trono a quantificar e alavancar esse capital, dado o lugar que merece no impulso de todas as obras e todas as reformas em materia da inserção na economia do conhecimento.

Os progressos realizados por Marrocos não é devido ao acaso. É o resultado de uma estratégias e esforços claros e rigorosos, e dos sacrifícios consentidos por todos os marroquinos.

Neste sentido, congratulamo-nos com os governos que se sucederam até agora graças  ao patriotismo sincero e elevado sentido de responsabilidade que eles têm mostrado na gestão do país.

Nós também prestamos homenagem ao papel fundamental desempenhado por  empresas cidadãos no impulso de desenvolvimento econômico e social do país.

Saudamos também o papel crescente das organizações da sociedade civil e da sua participação efetiva na dinâmica de desenvolvimento.

Prestamos homenagem especial aos partidos políticos e sindicatos serios que a Constituição consagrou como atores e principais intervenientes no Estado e na sociedade, dada a sua capital da militância, e tendo em vista o patriotismo sincero e civismo responsável do qual fazem prova no tratamento de grandes questões da nação.

Nós estendemos uma expressão de nossa gratidão a todas as organizações sindicais pelo rol importante que têm desempenhado ao longo dos últimos 15 anos, na consolidação da paz social em sentido amplo, sem portanto renunciar a seus princípios constantes, unindo a defender os direitos e os interesses sociais e econômicos da classe trabalhadora.

Além disso, foi possível aceder a consulta que nos foi apresentada pelos sindicatos sobre a sua representação na Câmara dos conselheiros, na qual pertencem, na primeira versão do projeto da nova Constituição, uma Câmara reservada apenas aos representantes das coletividades territoriais.

Temos no coração de ver essas organizações continuar a desempenhar o seu papel na sociedade e no desenvolvimento. Elas têm de cumprir as obrigações nacionais que as correspondem em termos de construção, de reforma e de consolidação da paz social, e ao mesmo titulo que elas disfrutam nos direitos sob a lei.

Nos temos, além disso, a prestar homenagem aos profissionais de ensino, homens e mulheres, especialmente aqueles que trabalham em áreas rurais, por seus esforços dedicados á formação de gerações de quadros qualificados, tendo trazido sua contribuição para a implementação de projetos de desenvolvimento. Também saúdo seus sacrifícios a favor da educação das futuras gerações.

Caro povo,

 Ganhar a aposta de alcançar os países emergentes não é impossível, mesmo se essa empresa tem muitas dificuldades e múltiplos desafios.

Marrocos, graças a Deus, tem de responder a estes desafios, com todo o potencial necessário, em primeiro lugar, através da sua juventude lúcida e responsável.

Estamos convencidos de que, sob o patriotismo, os valores da cidadania construtiva e fênio criativo que caracterizam os nossos jovens, meninos e meninas, serão capazes de contribuir para o desenvolvimento de seu país e enfrentam os desafios ligados á entrada para o clube dos países emergentes.

Então, nós continuamos todos a levantar a tocha da Revolução renovada do Rei do povo, forte de um simbiose indissociável entre os componentes da Nação, e constantemente fiel á memória de seus heróis gloriosos imaculados, nosso avô, Falecido sua Majestade o Rei Mohammed V e seu companheiro de luta, nosso Ilustre Pai, Sua Majestade o Rei Hassan II, que Deus esteja com sua alma, sua memória de valores dos mártires da Resistência e da Libertação. Wassalamou Alaikum wa warahmatoullahi Barakatuh. "

Traduzido por

Lahcen EL MOUTAQI