REGIÃO COSTEIRA DO AMAPÁ

                                                   Emanuel Cavalcante

                                           Pesquisador da Embrapa Amapá 

         A região costeira do Estado do Amapá possui uma extensão linear de aproximadamente 650 km e uma área de 67.518 km2, definida com base na área geográfica dos municípios. Assim, segundo o PNGP – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, a região costeira do Amapá, apresenta a seguinte duas setorizações:

       A primeira chamada de setor costeiro atlântico ou oceânico - espaço costeiro correspondente acima do Rio Araguari, abrangendo os municípios de Tartarugalzinho, Pracuuba, Amapá, Calçoene e Oiapoque. Esse setor corresponde a 450 km de extensão e 57.001 km2 de área, representando 40% da superfície total amapaense e 84% da zona costeira. Abriga menos de 10% da população do Estado, com uma densidade demográfica <0,6 hab/km2, o que resulta ainda num espaço sub-povoado;

       A segunda setorização chamada de setor costeiro amazônico ou estuarino – espaço costeiro correspondente a faixa compreendida entre o Rio Araguari e o município de Santana. Esse setor possui 200 km de extensão e 10.517 km2 de área, diferenciando-se do setor costeiro atlântico, na medida que abriga a capital do Estado, que é Macapá, onde reside cerca de 60% da população amapaense, além de Santana, município que possui a principal infra-estrutura portuária do Amapá.

       As características fisiográficas da região costeira do Amapá estão relacionadas com o sistema estuarino do Rio Amazonas, responsável pelo lançamento ao mar de enorme quantidade de sedimentos e água doce, que são arrastados pelas correntes, indo depositar-se ao longo da costa, formando extensa planície de lama.

        Devido a intensa ação das marés e correntes d’água nesta região ocorre a modelação da costa do Amapá, configurando espaços caracterizados pela predominância da atuação de processos erosivos e outro fenômenos onde se observam faixas estritamente de adição de materiais (Cabo Cassiporé e Cabo  Orange). Estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do Pará, na costa do Amapá, têm demonstrado e quantificado o condicionamento hidrodinâmico na formação do espaço costeiro desta região.

        A propósito dos manguezais ocorrentes ao longo do setor costeiro atlântico, cuja composição denota verdadeiramente o grau de influência da foz do Rio Amazonas, impressiona pela extensão de seus bosques, sendo estruturamente bem formados, com altura média entre 20 metros e 30 metros, distinguindo-se três tipos florísticos predominantes: 1- o siriubal, ambiente  dominado pela siriúba ( Avicenia germinans, Jacq.); 2- o mangal, ambiente dominado pelo mangue vermelho (Rhizophora spp.) e 3- o tintal, ambiente dominado pela tinteira (Laguncularia racemosa Gaertn.)

     Desta forma, essas características, qualificam a região costeira do Amapá como de grande importância para produtividade biológica, principalmente quanto aos estoques de peixes, camarão e crustáceos. 

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